Eu caminhei na direção da trilha, mas antes que eu pudesse alcançar o carro, deixei a dor me tomar por completo, cai de joelhos na terra úmida, enquanto a chuva ainda me encharcava, por mais que eu não tivesse o direito de me sentir daquela forma, todo o meu corpo tremia, eu podia sentir o chão rodopiando embaixo dos meus joelhos, e a dor era cada vez mais excruciante, o buraco estava se rasgando novamente, e eu estava afundando.
Quando nossos lábios se tocaram fora como se todos os anos perdidos, voltassem num piscar de olhos, todas as lembranças dançaram dentro da minha mente,parecia que o tempo não havia passado, todo o sentimento estava ali vivido, latente em meu peito.
Mas então a culpa me assolou, eu não podia estar fazendo aquilo, eu tinha que me manter firme e manda-lo embora, eu precisava me recuperar, a dor atravessou meu peito e subiu pela garganta, e então eu respirei fundo e levantei correndo para o mais longe que eu pudesse, sem olhar para trás, eu simplesmente não podia cair naquele buraco novamente, porque dessa vez eu não resistiria.
Eu já havia perdido a noção de quanto tempo eu estava dirigindo, Phoenix estava cada vez mais perto, e as lágrimas brotavam em meu rosto como um rio, minhas mãos ainda tremiam, e meu coração estava completamente despedaçado.
Não conseguia parar de pensar em sua expressão quando lhe disse que estava partindo, os vincos de dor em seu rosto, as lágrimas de sangue manchando o rosto angelical, toda nossa conversa, os sentimentos que pareciam estar voltando a superfície, então a culpa me invadiu como uma adaga sendo cravada em meu peito, ao mesmo tempo que eu começava a me sentir horrível por tudo que estava acontecendo, por tê-lo beijado, por não ter contado para Damon sobre sua volta, e os sentimentos que ressurgiam.
Eu não queria ir embora, mas eu havia quebrado todas as minhas regras, e Damon com certeza não merecia nada do que estava acontecendo, não demorou para que eu fosse desperta dos meus devaneios, pelo celular tocando insistentemente, encarei o visor aonde estava escrito " Damon", talvez fosse melhor que eu ligasse para ele depois que chegasse em Phoenix, com certeza agora não era boa hora para falar com ele, não da maneira que eu estava me sentindo, ainda mais sabendo que Damon podia ler meus pensamentos, eu não queria magoa-lo.
Quando cheguei em casa, respirei aliviada por perceber que o carro de Damon não estava estacionado na entrada, o que me dava algum tempo para planejar como eu contaria todos os acontecimentos para ele, porque por mais que eu apenas quisesse esquece-los, isso não seria possível, por mais que eu não permitisse ele ler meus pensamentos sem minha autorização, ao me ver no estado em que eu me encontrava, isso não seria uma opção.
Depois de tomar um banho demorado, e me jogar na cama tentando relaxar, fora preciso muito esforço para que eu não caisse no impulso de correr de volta para Forks, finalmente as lágrimas haviam secado, e tudo que restara fora os soluços vazios, afundei a cabeça no travesseiro, o cansaço começava a tomar conta do meu corpo, quando fui tragada pelas memórias dolorosas.
A culpa e a dor eram tudo que me restavam.
Então era isso as coisas haviam chegado ao fim, não havia esperanças para nós dois.