Pérfido escrita por nha-chan


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Bom, primeiro capítulo... Tomara que gostem.

Tenho que agradecer mesmo a Luna, teve paciência pra me ajudar a escolher o nome e fazer a capa para mim. Obrigada, Luninha!

Boa leitura.



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O vento batia nas costas da pequena de forma bruta, a fazendo sentir os pelos ouriçarem, era pleno inverno, a neve caia, deixando a fina camada de gelo sobre a cidade. Seus dedos eram trêmulos segurando o metal negro, deixou este escorregar emitindo um som alto é estridente ao contato do chão. Logo caiu de joelhos, as lágrimas corriam de medo, a boca semi-aberta, tentando puxar ar para seus pulmões, mais isso só fazia seu peito doer com o ar tão gelado.

-Oohh... – Sentiu a mão quente do homem encostar em sua cabeça, cerrou os olhos com raiva, mesmo que as lágrimas fossem de medo, ainda sim sentia o sangue ferver com o ódio. – Então? Esse foi a primeira pessoa que você mata... – O hálito quente deste encostou em seu ouvido. – Sente a sensação de poder?

-Por que... – Ofegou um pouco, mas logo voltou a respirar normal. – Por que me fez fazer isso?

O moreno voltou a ficar reto, sorriu para o céu onde se via a neve cair. Pegou de seu sobretudo negro a carteira de cigarro, bateu de leve no fundo fazendo a ponta do mesmo sair para fora, pegou este com os lábios carnudos e guardou a carteira. Acendeu o isqueiro na segunda vez que tentara, tragou o tabaco e soprou a fumaça para fora dos pulmões. Retirou o cigarro dos lábios e sorriu novamente, mas dessa vez, seus olhos fitavam o vermelho do chão.

-Não percebes criança? – Os negros brilhavam com o tão rubro vivo escorrendo pelo chão branco. – Esta noite você quase foi estuprada, violentada. Deve a vida a mim, sou tão bondoso ao ponto de entregar minha arma a você e permitir que atire... – Aproximou o cigarro dos lábios. – O mundo está podre, se queres mudar isso, venha comigo.

 

O mundo está podre...

 

Foram essas palavras que me fizeram abrir os olhos, minha mãe estava morta, meu pai também. Eu estava sozinha, a única coisa que me restava era vagar por ai, sem rumo. E talvez ser morta pelo frio que caia sobre Mie... Naquela noite eu quase fora violentada por um homem, mas por incrível que pareça, alguém me ajudou... Não... Alguém me abriu os olhos para o mundo que nunca havia visto.

O que eu falei a esse homem?

 

-Quero ir... Não quero ver esse mundo ser tão corrupto.

 

O que ele me respondeu?

 

-Bem-vinda a Yakuza. – Um sorriso brotou de seus lábios. – Sou o líder de Mie, Shiroyama Yuu... Mas me chame de Aoi.

 

(...)

 

Eu olhava apenas para o chão do carro, me sentia mais cansada do que o normal, talvez fosse pelo esforço mental de não cair no choro e desistir de tudo, mas agora não havia retorno, estava na Yakuza. Uma grande máfia, que de lá você só sairia morto. Olhei para frente, onde podia ver Aoi olhando para rua e sorrindo.

O que o fazia sorrir tanto?

Voltei a olhar o chão do carro, queria esquecer a morte daquele homem, não queria ver o seu rosto contorcido de pavor. Eu havia feito aquilo mesmo?

 

-Então? – Olhei para o homem que me olhava sorrindo. – Seus pais morreram, você é sozinha, vagava pelas ruas e agora entra na Yakuza? – Não respondi, sentia o tom desafiador para eu abrir a boca e falar algo. Aoi riu, seus olhos negros fitaram a janela do carro. – Oh Kami. Você é uma garota corajosa.

 

Não respondi novamente, apenas fitei minhas mãos, ainda estavam tremulas, talvez não estivessem preparas para puxar um gatilho. O que eu me transformara matando alguém?
O carro parou, me fazendo bater no encosto, olhei para Aoi que já estava saindo do automóvel, segui ele sem contestar.

Senti o frio bater contra mim novamente, me encolhi, continuei segui-lo e tremi mais ao ver o pavilhão que iríamos entrar, não era de frio, sim de medo. Mas não me deixei abater, continuei seguindo os passos de Aoi. O portão foi aberto quando estávamos chegando perto, entramos, o ar lá dentro já estava mais quente. Suspirei aliviada e logo tranquei a respiração.

Aquilo era uma casa, não um galpão.

-O que foi? Assustada com tamanho conforto? – Maldita ironia! Eu o odiava, a cada instante meu corpo gritava mais de raiva. Cada pedaço de mim berrava aquilo. Sim... Eu odiava Yuu.

Caminhei em silêncio olhando o grande salão, todos pareciam ser sociais de mais para máfia. Ri sozinha. Que grande ironia...

Sentei em um sofá sem ser convidada, também, danem-se os outros. Olhei para um dos grandes sofás brancos em minha frente, levantei as sobrancelhas a ver quatro homens sentados neste. Olhei cada um, analisando os traços e as roupas. O baixinho com roupas chamativas piscou pra mim, me fazendo encolher. Lembrei do homem me segurando a força, a falta de ar voltou.

 

-Senhores! – Olhei para Aoi que chegava com braços abertos. – Perceberam nossa nova integrante? Vejam! – Ele colocou a mão sobre a minha cabeça, como se fosse seu cachorro. – Não é uma linda garota?!

 

-Por que nós chamou aqui, Aoi? – O baixinho que antes piscara para mim falou com voz calma. – Era só para apresentar seu novo bichinho? – Cerrei os olhos, quem ele achava que era pra me chamar de bichinho?

 

-Claro que não! – Retirou a “pata” sobre minha cabeça e sentou ao meu lado. Estalou os dedos, vi que um homem virou as costas para pegar algo. – Sabem que mulheres não podem entrar na Yakuza... – Senti a falta de ar voltar, mas o tom de Aoi parecia de divertido. – Então, ela não vai ser oficialmente da Yakuza, vai ser... Minha filha.

 

Meus olhos se arregalaram juntos com os de todos presentes, fitei Aoi em choque, o homem que antes havia virado as costas agora chegava com uma taça de vinho na mão. Aoi pegou das mãos dele e bebeu um gole.

 

-Mas então...  – Começou o baixinho de novo. – Vai cuidar dessa criança? – Apontou para mim com um ar desconfiado.

 

-Hahaha! – Ele riu parando de beber o vinho, fitou o loiro que cerrava os olhos para o mesmo. – Eu não tenho tanto cuidado com crianças... Posso até matar ela de fome... – Olhei para ele com raiva, Aoi achava que eu era um cachorro? – Então Ruki-San, você vai cuidar desta pequena para mim.

 

Ruki? Que nome estranho, dei nos ombros pensando sozinha, como seria morar com aquele baixinho?
Olhei para cima, tentando pensar em coisas boas, mas era sufocante, lembrei novamente daquele homem sobre mim... A sensação de medo, os olhos dele de desejos... Tremi e senti meus olhos encherem de lágrimas.

 

-O que a garota tem? – Escutei uma voz mais grossa falar, o que me tirou da minha dor particular, fitei quem falou. Levantei as sobrancelhas, era um loiro que tinha faixa no nariz. Que estranho... Mais do que Ruki. Aoi me fitou, cerrando os olhos e logo rindo, deu nos ombros e caminhou até os companheiros.

 

-Pequena! – Ele não sabia meu nome? – Vou apresentar todos eles, aquele baixinho é o Ruki, o da faixa no rosto é Reita, o de cabelos loiros queimados é Uruha e o sorridente ali, é Kai. – Fitei cada um deles nos olhos. Cada um com uma maneira, cada um com um sorriso, cada um com ambição. – Então! Algo a perguntar?

 

Novamente meus olhos se passaram para todos, eles negaram com a cabeça, me levantei olhando para os lados.

 

-Hum... – Senti alguém me tocar no ombro, me virei e vi o loiro com a faixa no rosto. – Darei aulas de tiro para você.

 

Levantei as sobrancelhas assustada tamanha frieza das palavras.

 

-Eu darei aula de tortura... – Um sorriso brotou dos lábios de Uruha. – Tens que saber algo dessa maneira. – Ele cruzou as pernas encostando a cabeça no ombro.

 

Fitei Kai que sorria feliz, logo cerrei os olhos em sua direção, não sei explicar o por que... Mas parecia que sorria muito sincero mesmo...

 

-Bom... Sabe? Não sou bom com as palavras, mas sei o dom da manipulação... – Um sorriso frio invadiu o rosto delicado. – Posso te ensinar algumas coisas...

 

Apenas afirmei com a cabeça, tudo aquilo me deixava tonta, eu me tornaria um monstro junto com eles. Aprenderia ser de certa maneira fria, mas... Por mais que temia aquilo, sentia que queria fazer.

Mais um monstro para o mundo podre.

 

-Bom! – Escutei a voz calma de Ruki chamando atenção. – Eu não te darei aula de nada, serei seu “pai”.

 

-Não, não, não, Ruki. – Olhei para Aoi que balançava a cabeça com a taça no meio dos dedos. – Você será a “mamãe”, eu serei o pai... – Riu divertido com o rosto de Ruki. – Agora! Vamos! Vamos! Leve essa pequena daqui, antes que ela durma em pé.

 

Aoi havia percebido que estava cansada, que bom pelo menos. Fitei Ruki que me olhou fazendo um aceno com a cabeça, me mostrando a saída. O segui, mas fui puxada pela mão, me virei e enterrei meu rosto no peito de Aoi, que me abraçava feliz.

 

-Adeus, meu amor... – Ele me beijou na testa, logo fazendo uma cara de interrogativo. – Qual é seu nome mesmo? – Realmente...

 

-Hajime.

 

-Que bom... – Ele sorriu. – Esse é um ótimo começo...

 

Eu odiava Shiroyama Yuu.

 


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Notas finais do capítulo

Terminou, pra quem gostou, comentem.
Pra quem não gostou, que pena, não vou fazer o Uruha de puta do Aoi pra agradar alguém.

Então, acho que é só.
Até.