O escolhido escrita por Claramelo


Capítulo 16
Violet Schreave


Notas iniciais do capítulo

deixem a opinião de vcs :D



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O lugar era um tanto assustador, parecia uma casa velha cheia de entulhos, igual aos filmes de terror, não ajudava em nada ele ter me deixado sozinha naquele cômodo.
Eu entendia o fato dele estar chateado por eu ter mentido pra ele quando nos conhecemos, na verdade eu não tinha mentido, tinha apenas omitido certas coisas sobre mim.
Quando ele finalmente havia reparado que era eu, ele me encarou por vários minutos, sem dizer nada. Depois simplesmente virou e entrou mais fundo naquele lugar, e só voltou no fim do dia para trazer algumas roupas uns cobertores e sanduíche.
Eu estava cansada, e a sua atitude imatura só me fez ficar irritada, minha noite não tinha sido das melhores e se ele achava que iria me ignorar hoje daquela maneira estava muito enganado.
Levanto-me e sigo pela porta que ele havia entrado noite passada, após me entregar o sanduíche. A porta leva a um corredor comprido, mal iluminado e fedendo a mofo. Vejo várias portas à frente. Por não saber em qual delas ele está, vou abrindo uma por uma. Quem iria morar num lugar assim?
Abro mais uma porta e vejo o único quarto arrumado e limpo de todo aquele lugar. Era bem bonito, do tipo que toda adolescente comum gostaria de ter.
– O que você tá fazendo? - ouço uma voz que me da um susto tão grande que meu coração parece que vai pular pela boca.
Quando viro para ver quem me assustou daquele jeito, vejo-o parado, recostado na parede oposta com os braços cruzados, tinha esquecido o quanto ele era bonito.
– Eu... - fico momentaneamente distraída com seu jeito discontraido, que o tornava tão bonito. - Estava procurando você.
– Bom já encontrou. - diz erguendo a sobrancelha. - Quer alguma coisa ou só vai ficar me encarando?
O seu jeito presunçoso faz eu lembrar da raiva que estava dele.
– Não seja prepotente. - digo irritada, fazendo ele sorrir, me deixando mais irritada. - Eu não gosto de ser deixada sozinha daquela maneira, você deveria ser mais educado.
– Perdoe meus modos alteza. - diz fazendo uma mesura. - Não estou acostumado a lidar com pessoas do seu nível, talvez eu soubesse se não tivesse mentido pra mim.
Ele vira e sai andando pelo corredor, bato a porta do quarto com força e começo a segui-lo.
– Você está se comportando como um idiota. Eu não menti pra você, eu apenas..
– O que? Usou uma peruca e foi brincar de fazer os outros de otario - diz me encarando com raiva. - Esse é um novo jogo pra vocês riquinhos, tipo, meu pônei tá dormindo, então vamos sair por aí e fazer os outros de idiotas!
Ele entra em outro quarto, mas não fecha a porta, então eu o sigo sentido meu sangue ferver de raiva.
– Em primeiro lugar eu não tenho um pônei. - digo depois me sinto uma idiota - Em segundo você queria o que? Que eu chegasse com você e tipo, oi sou Violet Schreave a sua princesa, daí você conseguiria uma bela foto para a revista idiota pra onde você trabalha!
Ele volta a me encarar.
– Nao sou como esses abutres que vivem rondando você e sua família!
– E como eu iria saber?! - vejo que minha pergunta fez sua raiva se dissipar. - Minha vida toda, cada passo, cada erro, cada acerto, foi vigiado de perto, eu queria uma única vez na minha vida, poder ir em uma festa sem ser o centro das atenções.
Eu nunca havia desabafado daquela maneira com ninguém, nem mesmo com Amberly ou Olívia, eu mal conhecia aquele garoto, mas alguma coisa nele, fazia eu agir diferente.
– Sinto muito. - diz fazendo minha atenção voltar para ele. - Por ter sido um idiota.
– Sem problemas, lido com idiotas todos os dias. - digo sorrindo.
Ele deve ter percebido que eu estava brincando pois retribui o sorriso, mas logo em seguida volta-se para uma estante repleta de pergaminhos.
Eu não havia reparado no interior daquele cômodo, até agora. Tinha uma tamanho médio e era repleto de estantes, algumas atulhadas de pergaminhos, outras transbordando com livros velhos. Fora duas mesas encostadas a parede e umas duas poltronas, não havia outros móveis.
– Nossa... - digo olhando ao redor maravilhada.
Quando volto-me novamente para Heitor, vejo que ele me encara com um sorriso.
– O que foi?
– Nada, é só que você é diferente.
– Diferente?
– As garotas que já trouxe, ficaram entediadas e só se preocupavam com aranhas que pudessem ter entre os livros.
– Você já trouxesse garotas aqui... Digo, nao tenho medo de aranhas e adoro livros, quanto mais antigos melhor.
Vou em direção a uma prateleira, para me afastar um pouco dele, torcendo para que ele não tenha ouvido o que eu disse sobre as garotas.
– Só duas, era amigas de escola, quando morei na Itália. Mas naquela época, aqui era mais.. Vivo.
– Você morava aqui?
– Não, esse era o antiquário de um amigo da minha mãe.
– Era?
Vejo um pesar tomar conta de Heitor, ele fica alguns segundos calado apenas encarando os sapatos.
– Ele morreu ontem, durante o ataque.
Uma certa culpa toma conta de mim, quantas pessoas inocentes não morreram durante o ataque? Minha família estava a salvo, de acordo com as notícias que ouvi de um pequeno rádio que encontrei perto do sofá, onde dormi ontem à noite.
Mas o caos ainda estava instalado lá fora, corpos ainda eram recolhidos, de vez em quando era possível ouvir alguns tiros quando algum rebelde era encontrado e capturado.
– Sinto muito. - digo sem conseguir encará-lo.
– Ele era um bom homem... Ia me ajudar a encontrar...
Ele se cala e volto a olhar para ele.
Parece estar dividido, se irá me contar ou não.
– Preciso encontrar uns pergaminhos, mas com toda essa bagunça eu irei demorar, quer me ajudar?
– Claro, eu adoraria. O que está procurando?
– Qualquer pergaminho que faça menção a uma pedra da vida ou pedra de anubis.
– Por que precisa disso?
– Por que se eu encontrar esse pergaminho, encontrarei um jeito de descobrir onde meu pai está.
– Seu pai?
– É uma longa história, mas assim que encontrarmos, seguirei minha viagem ao Egito, e deixarei você com sua família.
– Ah claro... Mas por que Egito?
– Meu pai estava trabalhando lá.
– Sempre quis conhecer o Egito.
– Deveria vir comigo então. - diz rindo.
Eu começo a rir junto com ele, mas uma ideia um pouco insana surge em meio a piada. E se eu fosse com ele?


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