That's My Secret escrita por Clary Avelino


Capítulo 5
Antes de você ir embora




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Junho

Subi as escadas contendo o riso, será que Luigi tinha falado para a mãe dele que eu tinha repetido a oitava série? Acho que não.

Luigi vinha logo atrás de mim, abriu uma porta que continha vários adesivos colados na madeira e entrou no cômodo. Era seu quarto.

– Por favor, não preste atenção na bagunça. – ele falou baixinho, ainda com o rosto corado, mas agora suas bochechas estavam iguais a um rubi, de tão vermelhas – Bem, para falar a verdade, eu já fiz o trabalho inteiro com o resumo que a Isa fez e achei umas imagens legais, só queria que você revisasse tudo e visse se está realmente bom. – uma parte de mim ficou com raiva, quer dizer que eu não tinha feito merda nenhuma? Mas pelo menos só iria ter que revisar algumas coisas.

Observei seu quarto e percebi que não era bagunçado, talvez fosse dez vezes mais arrumado que o meu. O quarto era todo azul claro, com uma parede pequena só com fotografias e um pôster gigante de Harry Potter. Meu coração palpitou. HARRY POTTER! HARRY POTTER! Bem, voltando ao mundo real. Ele tinha apenas a cama e um imenso guarda-roupa que provavelmente, ocupava uma parede inteira. Ambos brancos. Seu quarto era interessante de um jeito muito descolado.

Uma coisa chamou minha atenção. Não tinha mesa de computador nem nada, muito menos cadeiras. Onde eu iria sentar?

Luigi pegou um controle branco e ligou o ar-condicionado do seu quarto, o que não ajudava muito pois sua porta estava aberta.

– Não fica gelado se a porta ficar aberta – disse num tom de voz desagradável. Duas coisas que eu não gostava. Calor e ficar num cômodo sozinha com Luigi Bennet. A primeira vez que isso aconteceu, não foi uma das mais agradáveis. O que esperar da segunda?

– Tudo bem – ele deu de ombros e fechou a porta do quarto.

– Bem, – em cima da cama estava um notebook branco, coloquei meu celular no bolso e minha mochila no chão e na maior cara de pau, me joguei na cama de Luigi de barriga para baixo e balançando os pés – eu vou olhar o slide e acrescentar o necessário, onde está seu livro? – abri o notebook e liguei, esperando carregar e sorrindo.

Luigi me observou por cinco segundos e depois voltou ao mundo real.

– A senha é 1983, está na tela inicial, acho que dá para você achar pelo nome, porque eu não lembro o titulo que pus – ele caminhou até o imenso guarda-roupa, empurrou um pouco a porta para direita e lá estava uma grande e invejável estante de livros. Pelos segundos que eu pude ver, tinha mais livros do que eu pude contar. Ele gostava de Harry Potter e de ler? Como assim produção?

Tirei os olhos dele e abri o arquivo, olhando tópico por tópico e ainda balançando os pés, só que agora eu me segurava para perguntar de livros para ele, o que fugia completamente do assunto colégio, mas abria uma porta para uma amizade.

Luigi sentou-se no chão, do meu lado e abriu o livro no capítulo do assunto enquanto eu procurava erros no seu slide. O que foi frustrante, pois o trabalho inteiro estava perfeito, do design escolhido até as imagens do assunto, talvez 15 vezes melhor do que meu melhor trabalho.

– Tenho noticias ruins – meu tom de voz era uma mistura estranha de frustração e alegria. Luigi me encarou com uma cara assustada, como se tivesse algo realmente ruim naquele futuro 10 – Eu sou inútil! Não precisa de correção nenhuma! Mas olhe pelo lado bom, – comecei acompanhando os olhos de Luigi – sem nada para fazer, você pode passar mais tempo olhando para minha bunda!

Isso foi o cumulo! Agora Luigi parecia roxo e sua cor estava sendo encaminhada para um preto ou coisa parecida, se eu não fosse a culpada pela vergonha, estaria com vergonha alheia pela cara que ele fez.

– Então, Isabella e Eduardo não precisam vir e você infelizmente veio a toa. Vamos ficar sem fazer nada? – seu sorriso pareceu amistoso, mas algo em mim dizia que aquele nada tinha outro sentido.

– Bem, primeiramente podemos falar de seu pôster de Harry Potter e quem sabe depois, falaremos da biblioteca particular que você tem no seu guarda-roupa! – agora eu estava realmente animada que senti vergonha de mim mesma pela tamanha animação.

– Bem, minha infância foi resumida em Harry Potter, então eu amo essa saga mais que minha vida. Ler também, esses livros são abrigos para mim. – ele suspirou e me encarou com certo deboche estampado nos olhos – Mas quem sabe podemos falar na cara que você ficou quando viu minha mãe? Acho que faltou pouco para seu maxilar quebrar. – agora eu senti vergonha.

Bem, se é pra brincar, vamos entrar na brincadeira.

– Se ela não fosse sua mãe e provavelmente, mais de vinte anos mais velha que eu, eu pegava ela. – Luigi me olhou do jeito que eu olhei para sua mãe, quase quebrando o queixo.

– Você é lésbica? Isso explica não ter pedido para ficar comigo e por ser a única garota da oitava série que eu ainda não beijei. – bem vindos aos segundos de revelação!

– Eu não sou lésbica. Estava apenas tentando curtir com a sua cara. – Suzana, Barbara, Clara, Silvia, Carolina, Alexandra, Giulia, Leticia, Maria Júlia, Paula, Cecilia, Gabriela, Daniela, Diana, Karla, Bianca, Maria Clara, Flávia, Kelly, Cristina e Bruna... Acho que são as garotas de toda as turmas. Eca – Bem, sendo assim sou a única garota que tem juízo por não ficar com você – parei por três segundos e pensei nos nomes, faltava uma garota – VOCÊ FICOU COM A ISABELLA? QUANDO? COMO? ONDE?

Luigi olhou para mim e soltou uma gargalhada alta e sincera, ele começou a rir como se estivesse vendo um palhaço ou uma pessoa caindo de uma bicicleta. Rindo de um jeito que eu gostaria de entender.

– Ela não te contou? – neguei com a cabeça ainda assustada – Ela foi a primeira. Mas não foi a melhor. Aqui para nós, ela não beija muito bem. – não consegui responder ou coisa parecida, ainda estava com a boca aberta.

– Então, por que continuou correndo atrás dela por semanas? – perguntei curiosa, se ela não beijava bem e mais outras 20 e poucas garotas queriam ficar com ele, por que diabos ele havia insistido em Isa?

– Porque ela disse que da próxima vez teria mais coisas – ele me olhou de modo safado e eu senti vontade de estapear sua cara com uma sandália de couro – Mas depois de um tempo eu desisti.

– Pelo menos em uma coisa eu não me enganei em relação a oitava série desse ano. – resmunguei brincando com os dedos – Realmente só tem vadias nessa classe.

– Bem, então por sua visão, uma garota se torna vadia por ficar comigo? – ele levantou e ficou de joelhos e direcionou o rosto para perto do meu, com um sorriso que dizia mais coisas do que eu gostaria de entender – Suponho então que você não queira ser uma vadia – arqueei a sobrancelha e deixei meu rosto ainda mais próximo do dele.

Ele ainda sorria daquele jeito, era um sorriso mais que irresistível, não pude mentir, um sorriso que faria todas as garotas do mundo querer o beijar naquele exato momento, inclusive eu.

– Você quase sempre supõe coisas erradas – sorri do mesmo jeito que ele sorria para mim e quando ele chegou mais perto, esperando um beijo, eu disse: – Mas em relação á isso, você acertou. – e mudei de posição, deitando na cama dele de barriga para cima – Então, Luigi Bennet, quem você vai pegar até o final do ano? Vai ficar com a Barbara ainda? Dar mais cornos nela? Ou vai pegar os garotos agora? Já que pegou todas as vadias daquela classe.

– Bem, você é meu projeto inacabado. Alguma chance de conseguir completa-lo até o fim do ano? – ele olhou nos meus olhos, tentando me hipnotizar com aquela imensidão azul.

– Podemos conversar sobre isso no natal – mordisquei meu lábio inferior e olhei também no fundo dos seus olhos – Mas você tem que ser um bom garoto – falei num tom de voz mais sexy do que eu gostaria.

– Eu posso começar a ser um bom garoto agora, só depende de você. – ele venceu, no tom de voz que ele falou e do jeito que ele me olhou, eu senti uma imensa vontade de beijá-lo naquele exato momento.

– Estamos em junho ainda, você tem mais um semestre para me conquistar. – levantei num pulo e peguei meu celular e mandei uma mensagem, coloquei minha mochila nas costas e fui em direção a porta – Meus pais estão me esperando no clube, já vou. Tchau.

– Mas Isa e Eduardo ainda vem para cá! E minha mãe fez o almoço só para vocês! Seria muita grosseria de sua parte sair assim. – verdade – E bem, seus pais sabiam que você iria almoçar aqui, então eles não vão sentir sua falta.

– Isa não vem mais, ela disse que teve que viajar oito horas porque hoje é o aniversário da avó dela. Eu já sabia, mas não quis falar.

– Mas Eduardo vem ainda, poderíamos passar a manhã fazendo alguma coisa legal. Mas por favor, não vá embora. – o olhar dele era mais que sincero, ele queria mesmo que eu ficasse.

– Luigi, eu vou para... – ele foi em cima de mim e me beijou, eu não queria que ele tivesse feito isso, não queria mesmo, mas eu não consegui simplesmente empurrá-lo e parar o beijo. Virei um pouco a cabeça e fechei meus braços ao redor de seu pescoço, fiquei na ponta do pé para conseguir chegar mais perto dele. Os braços de Luigi apertaram minha cintura de um jeito que doeu, segundos depois ele soltou um pouco e me puxou para cima. Eu senti seu corpo ficar preso ao meu e depois fiquei arrepiada ao sentir a superfície gélida e lisa da porta do seu quarto.

Então por isso que todas as garotas ficaram com ele, por causa desse beijo. Luigi parou de movimentar a boca, mas não se afastou, continuou ali, com os lábios juntos aos meus. Me afastei e continuei na ponta do pé para conseguir olhar no seus olhos e ver sua expressão.

– Bem, você conseguiu não foi? Completou sua lista de alunas. Agora por favor, – tirei os braços de seu pescoço e o empurrei – saia da minha frente porque eu quero ir para casa.

Antes que ele pudesse falar algo, abri a porta e desci as escadas rapidamente, me batendo com Agatha ao chegar perto da saída.

– O que houve? – ela parecia preocupada, seu tom de voz era uma mistura de surpresa e curiosidade – Pensei que fosse ficar para almoçar.

– Eduardo ainda virá. Você não vai sentir minha falta. – falei tentando não ser grosseira.

– Mas por que você não vai ficar? – ela perguntou – O que houve? – repetiu a pergunta e me olhou de modo curioso.

– Seu filho me beijou. Eu não queria que ele tivesse me beijado pelo fato de ter beijado todas as garotas das duas oitavas séries. Quer mais alguma explicação?

– Ah – ela suspirou, como se fosse apenas isso, como se não estivesse surpresa pelo seu filho ter chupado a língua de todas as garotas de duas turmas.

– Não parece surpresa.

– Não estou – ela sentou na bancada da mesa e começou a balançar os pés – Eu desconfiava que ele tinha beijado a escola inteira. Mas saber que foi apenas a oitava série significa que não foi tão ruim. Por que ele te beijou?

– Porque eu estava indo embora.

– Ele achou que se beijasse você, ficaria aqui. Golpe baixo. Bem, o que ele não sabia era que isso faria você querer estapear a cara dele e daria vontade de ir embora, certo? – assenti com a cabeça, ela me entendia, mais que ninguém, o que é até estranho, pois ela é a mãe do garoto que eu quero capar – Bem, eu tive sua idade. Luigi é igual ao pai, ele fez a mesma coisa comigo. Mas houve uma grande diferença entre eu e você.

– Qual? – perguntei num tom curioso.

– Eu fiquei grávida meses depois. Tive Luigi com 15 anos. Meus pais quase me mataram. Mas eles estavam certos. George não tinha um pingo de responsabilidade. Mas graças a Deus, o tempo mudou ele. – Agatha sorriu de modo sereno e continuou a balançar os pés – O que você fez quando ele te beijou?

– Retribui o beijo – meu tom de voz era baixo e envergonhado, se eu não tivesse deixado, ele nem teria começado direito – Mas depois eu gritei com ele – como se isso fosse alguma defesa, eu tinha deixado ele me beijar, não podia ficar com raiva.

– Bem, eu peço que você fique para almoçar conosco. – assenti com a cabeça, que mal faria fazer amizade com uma mulher que só é 16 anos mais velha que você? – Você pode me ajudar a levar as coisas para o térreo?

– Térreo?

– Bem, hoje é sábado. Todos os sábados nós almoçamos no térreo e depois ficamos na piscina. Espero que tenha trazido um biquíni.

E eu trouxe. Que sorte.

Encachei a mochila nas costas e peguei alguns pratos de porcelana branca e depois enfiei os talheres prateados num recipiente de plástico para não caírem e se espalhar pelo chão. Agatha estava com tantas coisas nos braços que eu me senti inútil, foi na frente e com alguma magia negra, abriu a pequena porta que prendia os dois cachorros e sumiu da minha vista.

Esse portão levava á uma escada e depois tinha uma pequena porção de piso um pouco íngreme, logo depois tinha algo que se parecia uma garagem de bicicletas e lá atrás, eu vi um pequeno paraíso particular.

Haviam dois coqueiros e uma mangueira bem no fundo, o chão era misto, alguns lugares havia uma grama verde e em outros, um piso colorido e chamativo. A piscina era gigante, ocupava a metade do quintal, haviam duas mesas brancas com guardas sol e cadeiras também brancas. Um chuveirão se encontrava ao lado do quiosque que Agatha arrumava as coisas em cima de uma grande mesa de vidro.

Caminhei até o quiosque – havia um pequeno caminho com as pedras coloridas que dava até o local –, arrumei os pratos e os talheres em ordem. Agatha foi até um pequeno freezer e jogou um saco de gelo – que apareceu também com magia negra – e depois sentou em uma das cadeiras da mesa.

– Bem, eu espero que esse tal de Eduardo realmente venha.

– Ele é um pouco tapado, quieto, mas quando abre a boca assusta um pouco. – assumi, Eduardo era um garoto idiota e normal para a idade.

– Tapado? Do tipo Luigi ou do tipo video game?

– Por favor, na presença de Eduardo não murmure a palavra video game, nem pense nela. O menino sabe até o nome dos criados dos jogos e não é algo agradável para ficar ouvindo durando alguma horas. – murmurei com certa repugnância, eu odeio video games – Luigi é um tapado? De que tipo? – ela me olhou como se eu perguntasse em que planeta nós vivemos – Por favor, não me olhe assim. Acho que seu filho tem dupla personalidade, porque tirando essas coisas de garotas e galinhagem, ele é bem maduro. E muito educado. Na verdade, eu nunca imaginei que ele fosse tão educado.

– Não achou que quem fosse tão educado?

– Você. – respondi mudando o tom de voz para uma mistura de azeda e insuportável, olhei atravessado para e depois virei o rosto lentamente e direção a mãe dele.

– Também não achei que você fosse tão chata. – resmungou.

– E eu Luigi, achei que você não gostasse de dividir saliva com todas as garotas da sua classe. – ri abafadamente, de um jeito radiante – E também pensei que não beijasse garotas só porque elas se irritaram com sua presença.

– Você contou para ela? – assenti com a cabeça ainda rindo – O que faria se eu chagasse para seu pai e dissesse a ele que nos beijamos?

– Eu ficaria parada vendo ele te espancar e depois arrancar seu peru. – dei de ombros e sorri – Agora, se não se importam. Eu vou trocar de roupa e colocar meu biquíni. – comecei a caminhar em direção a uma pequena porta com uma placa escrito MULHERES.

– Mas seus pais estão te esperando no clube – vi Agatha dar um tapa no braço de Luigi de relance e continuei rindo. Entrei no banheiro e troquei de roupa rapidamente, coloquei uma saída de praia preta por cima do biquíni, enfiei minha roupa na mochila e sai do banheiro.

Eduardo havia chegado e estava conversando empolgado com Luigi, ele não era um garoto chato, mas tinha amizades erradas. Com ele, eu descobri coisas que pareciam muito intrigantes, como o fato de Luigi ter 16 anos e ter perdido a oitava série no ano anterior – e passou a alfa viajando, então nunca se estabilizava em uma escola –, do mesmo jeito que ele também perdeu e por alguma coisa do destino, Isabella também.

Me aproximei dos garotos e ouvi Luigi dizer algo parecido com “Falando no cão.”

– Bem, eu adoraria saber o que estavam falando de mim. – coloquei minha mochila encostada atrás da mesa e sentei na bancada – Hm, deixe-me adivinhar. Vocês estavam falando sobre como Luigi me agarrou no quarto dele? – meus olhos tinham um ar sarcástico e eu tinha um sorriso no canto dos lábios.

– Quase isso. Na verdade, eu estava falando que finalmente você entrou para o clube de vadias da oitava serie, por ter me beijado. – imediatamente meu sorriso sumiu e eu fiquei sem reação. Idiota, idiota, idiota. Como eu achei que podia ser amiga disso?

– Bem Luigi, tem uma coisa que você não sabe sobre mim – pulei da bancada e fiquei de pé, caminhei até a piscina e parei na ponta, soltando meu cabelo de forma que balançasse com o vento e quando percebi que os garotos seguiam na minha direção, puxei minha saída de praia e fiquei apenas de biquíni – Eu fundei o clube das vadias.

Mergulhei perfeitamente na piscina e segundos depois, levantei colocando a cabeça fora da água e batendo os pés para conseguir ficar de pé.

– Por que vocês não entram, garotos? A água está uma maravilha. – abaixei novamente e ouvi um estrondo bem atrás de mim. Luigi e Eduardo haviam pulado juntos na água. Nadei rapidamente para algo que me parecia o raso, onde havia uma elevação. Um lugar onde eu poderia ficar totalmente em pé – Ei – chamei os dois garotos que estavam em pé – Vamos brincar de pega-pega! – eles realmente não prestavam atenção no que eu disse. Estavam parados olhando para meu corpo.

Quando se tratava do meu corpo, eu sempre tinha vergonha ou algo do gênero, mas uma coisa dentro de mim avisava que os hormônios á mais para quem tinha apenas 15 anos ajudavam muito naquele momento.

– Então, eu disse para brincarmos de pega-pega na piscina! – gritei e eles rapidamente olharam para mim – Lu, você pega. Conte até dez e pode pegar qualquer um. – dei o sorriso mais malicioso de minha vida e pensei na merda que eu estava fazendo.

Mergulhei mais uma vez e percebi que Luigi estava contando de olhos fechados, passei pelo seu corpo e fiquei bem atrás dele, apoiando as mãos na quina da piscina e sorrindo.

– Dois, um... – ele abriu os olhos e viu que Eduardo estava do outro lado da piscina, procurou dos lados e olhou para baixo, abaixei rapidamente e passei por baixo de sua perna enquanto ele virava para onde eu estava.

O braço de Luigi segurou meu calcanhar e me puxou, comecei a me debater de modo engraçado enquanto ele sorria. Respirei profundamente ao conseguir colocar a cabeça para fora. Luigi me segurou forte, como se não devesse me soltar.

– O que está fazendo? – me soltei de seus braços e voltei para o lugar que estava antes, encostando o corpo na parede da piscina e fazendo ele se virar em minha direção, assim que ele viu o modo que eu sorria, puxou minhas pernas e fez um circulo com elas ao redor de sua cintura – Depois de fazer todo aquele escândalo, vai fazer o que eu quero?

– Na verdade, – empurrei meu corpo para frente, apertando minhas pernas e levando a boca a orelha de Luigi, mordi o lóbulo e puxei a pele para baixo, depois, com um breve sorriso, terminei a frase – estou fazendo o que eu quero.

– E o que você quer? – ele usou o mesmo tom de voz sexy do quarto, se eu não estivesse tão determinada, já estaria com as pernas bambas.

Esse é meu segredo.

Mordi seu lábio inferior sentindo seus pelos ficarem arrepiados, segurei seu braço e me apoiei nele. Suas mãos deslizavam e subiam pelas minhas costas, fazendo um carinho que certamente não me ajudava muito a ficar concentrada. Luigi abaixou a cabeça e começou a passar a ponta do seu nariz nos meus lábios entreabertos, depois de segundos seus lábios encontraram os meus. Abri a boca, fazendo menção para sua língua, que invadiu minha boca, segundos depois. A sensação de algo gelado na sua boca, devastava todos seus sentidos. Retribui o jeito que ele me beijava, fazendo sua língua brincar com a minha segundos depois.

Parei para respirar, sentindo o sorriso dele em minha boca.

– Então, esse é seu segredo? – Luigi parecia tão ofegante quanto eu – Você beija seu travesseiro?

Seu hálito quente, seus dedos fazendo carinho em minha nuca, sua boca macia roçando na minha pele, os pingos de água que caiam do seu cabelo molhado. Tudo me fazia querer derreter em seus braços. Mas nada daquilo me fez querer se apaixonar por ele. Eu sou boa demais parra isso.

– Não, – sussurrei em seu ouvido, voltando os lábios para os dele e os tocando levemente – se é um segredo, ninguém deve saber.

Me soltei dos braços dele, pulei para fora da piscina colocando minha saída de praia de volta em meu corpo. Comecei a andar em direção ao quiosque e fiquei lá.

– Oi Eduardo – acenei sorrindo.

– Oi – ele retribuiu meu aceno um pouco pasmo com tudo aquilo que havia acontecido.

Luigi apareceu no meu ângulo de visão, ele não parecia muito amigável. Seria muito tolo se estivesse com um sorriso no rosto. Suas narinas pareciam maiores que o comum, seus olhos estavam um pouco escuros e furiosos, a linha fina e rígida que matinha a boca era séria e ao mesmo tempo sexy, eu simplesmente acharia graça de qualquer coisa que viria a seguir.

– Por que ainda está aqui? – ele perguntou alterando seu tom de voz em cada palavra, ele falava alto e sem um pingo de paciência – Você acabou de me fazer de otário na frente do Eduardo, me fez acreditar em coisas que não eram verdades e ainda...

– Ainda o que? – perguntei o interrompendo, aquilo era prazeroso, ver seu olhar confuso e sua expressão ainda mais atordoada, ele parecia cambalear em seus pensamentos.

– Ainda me fez acreditar por alguns segundos que você é capaz de sentir algo. – suspirou olhando para baixo, ele parecia decepcionado por dentro, ele não estava realmente chateado ou coisa do tipo, aquilo não passava de um teatro, para eu sentir pena dos seus sentimentos e dar mole para ele.

– Você está dizendo que não tenho sentimentos? Meu amor, assim eu fico ofendida! Você não sabe o que se passa dentro de mim, como pode julgar uma pessoa tão rápido só porque ela foi diferente com você? – sua expressão tinha mudado bruscamente, voltando para o urso assustador. Ele transmitia fúria no olhar, o que deixava as coisas mais interessantes – Meu bem, isso é um jogo. Você tem que se atualizar um pouco. Tsc tsc, está muito feio para você, não saber o que se passa aqui. Afinal, fora você quem fundara a brincadeira de gato e rato.

– O que está fazendo? – ele perguntou pela segunda vez no dia, mas agora, ele não estava tão empolgado como na primeira vez.

– Estou apenas mostrando que eu sei jogar. – misturei meu tom de voz sarcástico ao meu sorriso no mesmo estilo – Mas vamos e convenhamos, eu jogo bem melhor que você.


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