That's My Secret escrita por Clary Avelino


Capítulo 11
Por que tão sério?




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Agosto

Puxei todo ar o meu corpo e sentei na primeira cadeira que vi na frente. Isabella ria da dança estranha que o namorado fazia enquanto eu estava ofegante pelas inúmeras gargalhadas que saíam involuntariamente de minha garganta. O pai de Isabella não achou suficiente a falta de fôlego da filha e sobrinha por Eduardo e se juntou ao garoto na coreografia estranha.

Todos convidados fizeram uma roda aonde sogro e genro eram as atrações principais. Sério, eles deviam ir para algum concurso de dança, como tio Patrick consegue rebolar assim? Pesquisar mais tarde.

– Venha cá Isa! – o pai chamou a garota que apenas negou com a cabeça um tanto acanhada.

– Vai Isabella – levantei da cadeira e corri um tanto animada, pulando nas costas de minha amiga – Mostre a todos suas habilidades.

– Eu vou se você for. – falou num tom desafiador, apenas dei de ombros e andei até Eduardo, que me chamava com o dedo.

Caminhei em sua direção, mexendo os pés de maneira estranha. Reconheci a música que tocava, uma de LMFAO um tano antiga, mas ainda assim, bem legal.

– I’M SEXY AND I KNOW IT – joguei os braços para cima e comecei a rebolar rápido, deixando as mãos direcionadas para minha barriga, numa tentativa estranha de deixar a dança mais engraçada.

Olhei para Eduardo de modo cúmplice e tapei o nariz, fingindo que estava sendo afogada ou afundando, vendo meu amigo me olhar estranho mas logo depois imitar meu gesto.

Fiz biquinho quando a música parou e comecei a me abanar, um tanto cansada e com muito calor.

– Preciso beber água. – comentei comigo mesma, amarrando novamente o cabelo que tinha feito o favor de soltar sozinho. Voltei a me abanar e peguei o primeiro copo que eu vi na frente, sorrindo comigo mesma ao beber algo gelado.

– Você dança muito bem. – ouvi algo atrás de mim e me deparei com imensos olhos castanhos com um brilho um tanto enigmático, ele tinha lábios volumosos e seus cabelos loiros caiam sobre seus ombros. Sua pele era um tanto rosada, de um jeito meigo e que se destacava em seu smoking exageradamente arrumado – Sou o Diggory. – entendeu sua mão com um sorriso no rosto, sua voz era rouca e percebi que ele aparentava ter mais de dezoito anos.

– Eu sei que está elogiando minha dança porquê viu minha bunda, aquilo foi ridículo. – suspirei limpando a camada de suor que se formava em meu rosto – Ah, e eu sou lésbica, gosto de outra coisa. –menti descaradamente, sorrindo de forma cínica.

– Tenho provas de que essa afirmação é mentira. – mais uma voz foi ouvida atrás de mim e uma onda de ódio invadiu meu corpo.

– Tenho certeza que seu rosto não aguenta outro tapa. – mantive o sorriso e fiz questão de soltar o cabelo – Agora, se me dão licença rapazes, não quero estar atrapalhando a discursão de vocês dois sobre minha suposta sexualidade.

– Clarissa, eu quero falar com você. – Luigi gritou, correndo atrás de mim. Sua camisa social estava dobrada no seu antebraço e seu blazer pendia no ombro esquerdo.

– Vai pedir desculpa de novo? E depois me xingar de algo pior? Como Bárbara por exemplo?

– Clary... – ele pôs a mão no meu ombro, fazendo meu corpo se virar em direção ao dele.

– Meu nome é Clarissa. Se quiser mesmo me chamar, chame direito. – tirei sua mão do ombro com a ponta do dedo, como se estivesse com nojo – Agora, por favor. Eu não quero mesmo conversar com você.

– Por que você faz isso? – ele estava fazendo alguma piada? Eu? Ok Luigi Bennet, vamos voltar a jogar.

– Porque eu sou uma vadia mimada, Luigi. Não sabia disso? É com toda certeza o pior tipo de pessoa que você pode encontrar. Agora não venha atrás de mim, porquê eu não quero mesmo começar uma gritaria.

– Tudo bem. – seus olhos ficaram sérios e ele deu de costas, sentando numa cadeira próxima á mesa de doces e consequentemente, ao centro do salão, aonde haviam algumas pessoas dançando.

Avistei minha amiga atacando alguns doces e corri em sua direção, um tanto alegre.

– FERRAZ! – ela arregalou os olhos e escondeu o rosto entre as mãos um tanto envergonhada – Preciso te dizer duas coisas.

– Diga.

– Você conhece algum Diggory?

– Sim, um alto e com o cabelão loiro? – afirmei – Ele é meu primo, por que?

– Arranje alguém para ele, porquê ele estava dando em cima de mim – revirei os olhos e sorri logo depois – E preciso que você coloque uma certa música para tocar.

– Que música? – ela me olhou apresentando certa malícia no olhar.

Come and get it – sorri abertamente.

– Seu pedido é uma ordem. Agora, eu vou realizá-lo e sentar para apreciar o show.

– Sente mesmo, porquê o show vai começar.

Isabella caminhou até a bancada de John e fez o pedido, atraindo olhares confusos quando a música que tocava parou repentinamente.

Verifiquei se meu vestido estava cobrindo pelo menos minhas coxas e cumprimentei algumas pessoas que tentavam reconhecer a música que acabara de começar.

Passei as mãos no cabelo e encostei o corpo numa garota desconhecida que estava em minha frente. Ela deslizou as mãos pelo meu quadril e encaixou seu corpo no meu.

Uma garota também desconhecida encaixou o corpo atrás do meu e eu repeti o gesto da garota da frente, mas fazendo questão de apertar sua bunda com a ponta dos dedos.

Senti meu corpo reagir e acompanhei os rebolados da garota atrás de mim e ao sentir alguém apertar minha cintura com certa força – a garota de trás –, abri a boca num suspiro quase imperceptível. A não ser por Luigi, que me fitava com uma mistura de admiração e desejo.

Olhei em sua direção, cantando sem emitir som nenhum. Levantei o dedo indicador e o chamei. Ele apenas negou com a cabeça e passou a língua pelos lábios entreabertos. Dei de ombros e voltei a mexer os quadris no ritmo da música.

Deixei a boca entreaberta e minhas mãos deslizaram por toda extensão coberta e descoberta do meu corpo, causando arrepios e lugares aleatórios.

Virei minha cabeça em direção a Luigi, que já estava mais próximo de mim, com um sorriso altamente malicioso no canto dos lábios.

Entreabri as pernas empurrando um pouco a garota que estava em minha frente. Comecei a mexer a bunda no ritmo da música e deixei meu corpo ser levado pela vontade insaciável de descer até o chão.

Quando eu voltei a ficar de pé, meu corpo foi puxado bruscamente e eu já não estava no chão.

Minhas pernas encaixaram nos quadris de Luigi e eu senti um frio percorrer a extensão do meu pescoço até meu colo. Aonde a boca quente e macia dele distribuía beijos e mordidas.

Levei minhas mãos até seu pescoço e deixei minhas unhas arranharem levemente o local. Abaixei minha cabeça, parando os lábios em sua orelha. Não fiz nada a não ser abrir a boca e deixar minha respiração descompassada causar calafrios no corpo de Luigi.

Calafrios esses que foram confirmados por mim quando eu senti seus dentes cravarem na parte exposta da extensão que um dia fora branca e agora pulsava num vermelho vivo – extensão essa denominada pele.

Suas mãos invadiram meu vestido pelas costas expostas e mais um tremor se apoderou do meu corpo. Ele estava retribuindo tudo o que eu fiz com ele: Ver, deseja e não poder ter.

Subi os dedos, invadindo aos poucos os fios sedosos e pretos, quando senti mais calafrios percorrerem meu corpo por culpa das mordidas exageradas, fiz questão de puxar seu cabelo sem medir pudor.

Ele começou a se mexer e mais uma vez senti minhas costas se chocarem contra a parede, causando uma dor que foi substituída por prazer logo depois.

– Minhas costas agradeceriam se você fosse menos violento.

– Não posso te bater, mas se você fosse um garoto já estaria bem machucado. – sua voz saiu baixa e acompanhada de algumas falhas no tom – Clary, eu quero tanto te bater, mas não posso. Então essa é minha forma de descontar a raiva.

– Você quer me bater, Luigi? – perguntei em meio a sussurros, parando de me mexer.

– Eu quero fazer tanta coisa com você, Clary. – sua boca entreaberta passou pela minha bochecha, deixando um rastro de saliva pelo local.

– Então faça – sussurrei, levantando a cabeça e encarando seus grandes olhos azuis – Faça antes que eu me arrependa dessa merda toda – me aproximei, falando de modo que minha respiração invadisse seu espaço. Segurei seu rosto com as mãos e por alguns segundos, notei que ele segurava minha cintura de forma carinhosa.

Então, pela primeira vez na noite eu percebi.

Percebi que só por essa noite, eu me renderia a Luigi Bennet.

– Tem certeza que não vai se arrepender? – perguntou, com os olhos fechados e com a pele roçando na minha.

– Seu nariz ainda está doendo? – perguntei, fazendo um carinho no seu cabelo, ele sorriu levemente e assentiu com a cabeça – Então eu não vou me arrepender.

Apertei minhas pernas e controlei os impulsos de suspirar ao sentir os dedos de Luigi passearem por minhas costas nuas. Eles pararam em meu pescoço e o empurrou para baixo, causando um impacto ao sentir seus lábio se chocarem contra os meus.

Me permiti deixar um gemido escapar quando senti sua língua invadir minha boca sem permissão. Movi a boca contra a sua e percebi o quanto eu senti falta daquilo.

Sua língua emanava o mesmo gosto da primeira vez, mas agora com um gosto quase inexistente de álcool. Seus lábios pareciam mais quentes e mais macios, com um gosto alta e perigosamente viciante.

Fechei os olhos involuntariamente e apertei os dedos, puxando alguns fios de cabelo que ali estavam presos.

Soltei as pernas de sua cintura e as joguei para baixo, entrelaçando os braços ao redor do pescoço de Luigi. Por alguns segundos, fiquei pendurada no ar e depois senti meus pés alcançarem o chão.

Mas logo depois eu estava na ponta dos pés, consequência das mãos de Luigi que seguravam minha bunda com certa precisão.

– Luigi, – o chamei baixinho, quase sem ar – eu preciso respirar. – sua boca se separou da minha e eu inalei toda quantidade de ar possível.

– Respirar, isso. Parece ser bom. – abri os olhos e levantei o queixo, só para olhar que cara ele fazia – Parece que suas parceiras de dança não gostaram que você a abandonou.

– Hm. – as olhei por cima do ombro de Luigi e percebi que realmente elas não estavam fazendo uma cara amigável, uma parecia estar com raiva e a outra parecia um tanto surpresa – Você quer que eu volte a dançar com elas?

– Não – ele respondeu de imediato me fazendo rir baixo – Esse lugar que você está agora, é de bom tamanho.

– Presa entre a parede e você? Maravilha. Me sinto uma vagabunda assim – foi a vez dele de rir, fiz cara de entediada e pus minha língua para fora. Seu polegar parou em meu queixo, o levantando mais ainda.

– Clary, você não devia dizer essas coisas para mim. Eu tenho a mente suja! – exclamou e eu senti que estávamos numa luta interna para não explodir em gargalhadas.

– Presa entre a parede e um tarado. Tem coisa melhor? – passei os braços em sua cintura e apoiei meu queixo em seu peito, ainda com os olhos nele.

– Eu queria te dizer coisas bonitas, coisas que fariam você sentir outra coisa. Eu tento dizer as vezes, mas elas nunca serão boas o bastante para você.

– Elas sempre serão boas demais para mim. Não perca seu tempo pensando nisso Luigi, eu não mereço palavras bonitas. Lembre-se que eu sou a garota que planejou partir seu coração.

– É fácil falar, difícil mesmo é conseguir partir meu coração.

– Você acha? – arqueei a sobrancelha de modo desafiador, fazendo Luigi sorrir levemente.

– Claro que não, te dou um mês para fazer isso. – fiquei na ponta dos pés, desencaixando meus braços de sua barriga para conseguir fazer o contorno em seu pescoço. Aproximei meu rosto do seu, passando os lábios levemente pelo seu pescoço.

– Você cheira bem. – falei para mim mesma, sabendo que ele ouviria devido a aproximação – Seu cheiro é tão bom... – confessei, roçando o nariz e absorvendo o perfume que estava marcado em sua pele.

– Eu estou suado, Clarissa.

– Isso deixa o cheiro ainda melhor. – sorri ao passar os dedos sobre seus lábios entreabertos.

– Já que você diz... – ele deixou a frase no ar e abaixou os olhos, finalmente encontrando os meus.

Pensei em sorrir, mas percebi que eu estava sendo mole demais. Mas afinal, wh0 cares? Eu só queria sentir o gosto daquela boca.

– Vem cá, vem. – chamou, então eu me permiti não pensar demais – Faz as coisas sem hesitar. Faz o que você realmente quer.

– Tudo bem – passei a mão em seu pescoço, o puxando para mais perto de mim.

Diferente do outro, fiz questão de tocar seus lábios levemente antes de iniciar um beijo lento e calmo, aproveitando cada segundo daquilo.

Senti um arrepio percorrer minha barriga e diminuí o espaço entre nós dois, apertando mais ainda seu pescoço com as mãos.

Dessa vez quem deixara um grunhido escapar fora Luigi, que riu um tanto espantado com a própria reação. Quando eu percebi que ele ia quebrar o beijo, soltei minhas mãos de seu pescoço e pus suas mãos em minha cintura, refazendo os inúmeros calafrios que percorreriam meu corpo quando sua pele entrava em contato com a minha.

Continuei o beijo e alguns segundos depois senti uma imediata saudade dos quinze centímetros a mais que meus saltos proporcionavam.

Da segunda vez, deixei ele parar o beijo, sentindo tanta falta de ar que minha pele poderia estar encaminhando para um vermelho estranho.

Percebi que minha respiração estava tão falha quanto a de Luigi. Balancei a cabeça negativamente, rindo de minha reação.

– OLHA SÓ QUEM ARRANJOU COM QUEM FICAAAR! OLHA AQUI SEU BOBOCA. A DAWSON SUMIU! Se você tiver brigado com a garota mais uma vez e feito ela chorar, eu juro que o murro agora é em seu olho! – Eduardo gritou, fazendo-me esconder o rosto na camisa de Luigi, assustada com o grito mas alegre pelo comentário.

– Hm, oi Drummer. – virei minha cabeça de modo que só ela apareceria ao lado do braço de Luigi – Acho que não precisa do murro.

– Acha? – Luigi arqueou a sobrancelha e virou o rosto para um Eduardo um tanto assustado.

– Só por precaução – dei de ombros passando por debaixo dos braços dele e sorrindo exageradamente para meu amigo, que continuava com a cara de paisagem.

– Por que parece que ele vai gritar? – Luigi perguntou, fazendo cara de assustado.

– Porque eu acho que ele vai. Será que ele se assustou demais? – cutuquei Eduardo que ainda estava parecendo que viu um fantasma – Drummer, você está bem?

– Clary, seu pescoço está vermelho. – ele apontou para o pedaço de pele que parecia começar a pulsar – Vou te perguntar apenas uma vez, ele te bateu?

Gelei, Luigi era o melhor amigo de Eduardo, como em sã consciência ele conseguia pensar nisso?

– Eduardo, ele me mordeu. – falei num tom de voz assustado, espremendo os olhos para acreditar que era ele mesmo ali – Isso é um chupão.

– Clary, pra que mentir? Eu bati em você! Eu dei um tapa em sua cara, por isso ela está quente e vermelha. E Deus sabe o que eu fiz para deixar o pescoço da garota desse jeito... Ah, e ela estava presa entre a parede porque eu estava tentando estupra-la!

Fechei os olhos e passei as mãos pelo rosto, temendo pela expressão e até mesmo a posição que Luigi estaria nesse momento. E com razão, da ultima vez que eu o vi desse jeito, ele estava sem camisa, cabelo molhado e com raiva de mim.

– Lu, calma... – apelei para seu apelido, pondo as mãos em seu peito para tentar segurá-lo – Luigi, ele não falou por mal. Foi só uma pergunta inofensiva.

– Clarissa, você vai mesmo defender ele? Ele achou que eu bati em você! Não faria isso no meu pior estado! Eu disse algumas coisas que por segundos podiam ser suspeitas, mas apenas você as ouviu! Você mais que ninguém sabe que eu não sou covarde o bastante para isso! Eu, eu não faria isso no meu...

– Pior estado, eu sei. – virei para ele de vez e passei os dedos nos cabelos bagunçados, sorrindo levemente – Ele se assustou, somente.

Não ponha palavras em minha boca, Dawson.

– Ouviu, Clarissa? Ouviu o que ele disse?

– QUE DR MAIS INSUPORTÁVEL! CHEGA! MAS QUE PORRA! – gritei, encaixando minha mão na de Luigi, dei um passo para trás e fiz o mesmo com Eduardo – Vocês dois, venham comigo. – nenhum dos dois se mexeu – Se vocês não vierem por bem, eu vou puxar os dois pelas devidas orelhas, fazendo questão de machucar.

– O que você planeja fazer? – Eduardo perguntou, com a voz vinda bem atrás de mim.

– Uma coisa, confiem em mim. – virei para Eduardo sorrindo falsamente – Alguma vez eu decepcionei vocês? – percebi que ambos tinham aberto a boca para responder, mas os interrompi imediatamente – NÃO OUSEM RESPONDER, SEUS INGRATOS! – suas risadas abafadas foram ouvidas quando eu revirei os olhos – Já estão rindo juntos. Mas mesmo assim, venham.

Fui puxando os dois para o banheiro masculino, atraindo a atenção de muitas pessoas. Uma delas até perguntou se eu tinha camisinha ou se dois meninos eram mesmo necessários.

Mas eu apenas sorri e disse que não sabia qual dos dois era o pai do filho que eu estava esperando e precisava resolver isso.

Arranquei risadas dos dois garotos, que agora estavam dentro do banheiro – trancado, diga-se de passagem – comigo.

– O que você quer, Dawson? – Luigi perguntou, com um tom de voz grosso demais. Como se tentasse esconder a risada.

– Eu? Nada. Vocês vão conversar – sorri e senti minha boca se fechar involuntariamente pelas expressões enraivadas que recebi – P-A-C-Í-F-I-C-A-M-E-N-T-E!

– Clary, assim você tira toda a graça da brincadeira. – Eduardo deu de ombros e sentou na pia – Estou me mantendo numa distância aceitável para ouvir a explicação de vocês.

– Claro pai. Quer saber como e com quem foi meu primeiro beijo? Qual foi meu maior amasso e aonde? Não me coloque no meio, Eduardo. A briga é entre você e Luigi.

– Seu primeiro beijo foi com Fernando que agora é segundo ano e logo depois você vomitou. Seu maior amasso foi aquele com Luigi na piscina.

– Na verdade, acho que aquele de agora supera o da piscina. – respondi e senti meu rosto corar. Eu estava assumindo que era uma quase santa, fruta que caiu. – Ou foi aquele com o Bruno na casa da Amanda?

– Eu não conheço esses dois. Quem são? – Eduardo arqueou a sobrancelha e fez uma cara confusa.

– Eu tinha uma vida antes de vocês, sabiam? – retruquei, sentando ao lado de Eduardo na pia.

– Então por que você nunca falou deles para mim? – mais uma vez, Drummer perguntou e os dois garotos enviaram olhares curiosos para mim.

– PORQUÊ ELE NÃO EXISTE, OKAY? – pus a mão no meu rosto e eles começaram a rir escandalosamente – Meu maior amasso foi com Luigi Bennet numa festa! SATISFEITOS?

– Presa numa parede, com um vestido curto, mãos bobas por todos lados, mordidas e chupões na pele e com telespectadores. Não foi tão ruim assim... – ele se aproximou e encaixou o corpo entre minhas pernas, aproximando o rosto do meu.

– EI EI EI EI. OLHA A FALTA DE VERGONHA DO MEU LADO. – a mão de Eduardo empurrou Luigi para longe de mim, gargalhei alto e virei para meu melhor amigo que tinha uma cara de mandão e ciumento – Seu pai não gostaria de ver isso.

– Tudo bem papai, agora vá se desculpar do seu melhor e lembrando de passagem, único amigo.

– Merda Clarissa, você poderia ser um homem. Sei lá, agora tenho que apelar pro Luigi... – ele fez uma cara de nojo forçada e engraçada e virou para o amigo – Mil perdões meu lorde amado, meus modos não foram bons o bastante para vossa alteza e com toda certeza minha audácia foi merecida de punição. – ele abaixou os olhos e deu um sorriso sacana – Pode me bater, eu deixo.

– Va á merda Drummond. – Luigi empurrou o amigo rindo dele e veio em minha direção, virado para ele mas com o corpo encostado no meu.

– Drummer, posso fazer uma pergunta quase séria? – murmurei, passando os dedos no cabelo de Bennet – Por que você teve aquela reação? – perguntei estreitando os olhos para Eduardo, que agora parecia um tanto irritado com a pergunta – Drummer?

– Você pode guardar um segredo? Vocês, alias... – assenti, percebendo que Luigi repetira meu gesto – Uma vez, eu cheguei em casa tarde, faz tanto tempo isso... Meus pais estavam na mesma posição que vocês estavam, eu não entendi, sabe? Era um moleque de 10 anos e só sabia jogar vídeo game com os vizinhos. Eu chamei minha mãe e ela saiu por baixo dos braços de meu pai. Descabelada, vermelha e suada. Mas ela estava com marcas roxas e uma mão marcada no rosto. Eu nunca fiquei tão assustado em toda minha vida. Meu pai me mandou para o quarto e eu fui. Eu podia ter defendido minha mãe, mas eu só fui para meu quarto...

– Ei, Drummer, não foi culpa sua. Você não podia fazer nada. Mas ele melhorou não foi? Seu pai. Caso contrario, eles não estariam juntos até hoje. Isso é bom.

– Ah, claro. Aquele desgraçado melhorou sim, quando morreu e levou minha mãe junto num maldito acidente de carro.

Congelei e fechei os olhos disfarçadamente. Como eu teria uma reação para isso? Pensa Clary... Melhor, o que eu falaria para ele? Sinto muito pelos seus pais?

– Com quem você mora? – Luigi perguntou, apertando minha pele pela abertura do vestido. Ele estava achando aquilo muito estranho, igual a mim.

– Com meus tios. Eles eram próximos demais de minha mãe e nunca tiveram filhos. Com o tempo peguei a mania de chama-los de pais

– Isso explica algumas coisas...

– Drummer, olha. Não teve nada. Estamos bem, você não precisa ficar com isso na cabeça. Eu sei que não é fácil superar isso, nem estou mandando você fazer tal coisa. Mas precisa errar em relação a isso, precisa fazer uma coisa que eu não gosto. Você precisa confiar. – vomitei as palavras sendo mais um conselho para mim mesma do que para ele, eu precisava confiar mais – Precisa confiar nos seus melhores amigos.

– Tudo bem – me desfiz do corpo de Luigi e fui abraçar meu melhor amigo. Fechei os olhos absorvendo o cheiro dele, me sentindo bem com aquilo. Ele era meu escudo para todas essas coisas. Apesar do pouco tempo, ele era melhor do que gente que conheci durante toda minha vida.

– Como vai ser você e o Bennet agora? – sussurrou em meu ouvido, fazendo vários tipos de pensamentos ecoarem pela minha cabeça.

– Foi só um... Uns beijos. E antes que fale mais alguma coisa, eu sei o que acontece no final dessa história, mas eu estou disposta a ver.

– O que os dois estão falando? – Bennet perguntou atrás de mim, respirando perto do meu pescoço. Balancei a cabeça, espantando todos pensamentos maliciosos em relação àquilo.

– Eu estava comentando com a Clary sobre como vai ser divertido nós três e a Isa num quarto pelo resto da noite...

– Oi? – perguntamos juntos, desmentindo completamente a farsa de Eduardo.

– Bem, como Luigi sabe, ele e eu combinamos com a Isabella de dormir na casa dela e depois ela lembrou que tinha combinado com você também. E como minha garota é uma ótima amiga, dos nós vamos dormir lá.

Putelvis que los pario! EU DURMO NA CAMA DA ISA COM ELA!

– Ei, minha garota, minha parceira de cama!

– Vamos ver se o tio Patrick vai deixar... Não dormirei com Luigi!

****

– Oi? Como? Você quer mesmo que eu durma na mesma cama que Luigi Bennet? Que tipo de amiga você é?

– Vamos lá Clary! Ele não tem doenças contagiosas! Qual o problema de dormir com ele? – Isa cruzou os braços e arqueou a sobrancelha esquerda.

– A) Eu nunca dormi na mesma cama que um garoto! B) Você viu o que fizemos com as pessoas olhando, imagina sozinhos num quarto! C) Eu sou virgem e não quero dar adeus a minha companheira por causa de Luigi! D) É Luigi! Você está mesmo pedindo isso para mim? ALIÁS... O que você pretende fazer sozinha num quarto com Eduardo?

– Só dormir. Não tenho coragem para fazer isso... – seu rosto ficou rosa e ela olhou para baixo, balançando os pés de forma envergonhada.

– Vou pensar no seu caso... – eu ia ceder, ia desistir do meu orgulho por causa de minha amiga. Uma causa nobre... E idiota – Mas ele vai dormir no chão. Vamos, eu quero ir para casa logo!

A mãe de Isabella nos esperava na porta do espaço da festa para irmos embora. Puxei minha amiga pela mão e a arrastei até o carro, aonde dois garotos com roupas bagunçadas e sorrisos sacanas, estavam encostados.

– Desistam. Eu sorrindo sou mais malvada do que vocês dois assim. Se ao menos tivessem jaquetas de couro. Mas não...

– E ai, convenceu nossa garota malvada? – Eduardo perguntou, entrelaçando os dedos no da namorada.

– Sim – respondi seca, abrindo a porta do carro e sentando na frente – Luigi vai dormir no chão.

– Não quer dormir comigo, então dorme você no chão.

– O homem é você, seja um cavalheiro uma vez na vida!

– Com alguém que não é uma dama? – virei o rosto, sentindo parte dele mudar de cor devido a irritação.

– Tia, você se importa? Se houver uma tentativa de assassinato no carro?

– Não querida, eu adoro um teatro, mas não era você quem estava aos amassos com ele? Um tempinho atrás? – olhei indignada para a mãe de Isabella e virei o corpo para frente, encaixando o cinto de forma bruta – Ninguém vai dormir sozinho, os meninos colocam o colchão no chão do quarto da Isa e os casais podem dormir juntos, contanto que antes do almoço vão para a outra cama. Isa e Clary estarão juntas e Luigi e Eduardo também. – ela parou no sinal vermelho e esperou os gritos de alegria atrás de mim cessarem para voltar a falar – Aí, se Patrick imagina que eu deixei isso... Darei adeus a meu casamento.

– Nós vamos dormir mãe, apenas dormir.

– Querida, eu não estou falando de sexo. Longe disso, mas sabe como os pais são, eles são preocupados demais. Ainda mais que você é a mais nova. Sua irmã é mais fechada, mais madura e... Puta que pariu, esqueci a Dom na festa!

– Papai ainda está lá.

– Ah, voltando... E Dom não tem namorado. Eu confio no Drummer meu amor, não confio em você.

Um tapa na cara doeria menos.

– Por que todos estão usando MEU apelido? Eu não deixei, fui eu quem inventei! Ainda existem milhões de apelidos para Eduardo!

– CHEGAMOS! Obrigada, meu senhor. Não gritem tanto no quarto. Incomoda todos gritos seguidos! Não quero ouvir gritos, estão me entendendo?

Muito menos gemidos.

****

– Clary, larga o celular e da atenção pra gente! – ouvi Isabella resmungar e aumentei o volume da música. Voltei os olhos para o jogo – Clarissa, larga o celular! – neguei com a cabeça e balancei os pés no ritmo da música.

– Dawson? – dessa vez era Eduardo, não respondi, aumentando o volume ainda mais – Uma merda que ela vai ficar assim. – senti os fones serem arrancados de meus ouvidos e as minhas mãos continuaram na posição do jogo – Suck it and see? Sério? Esse lado apaixonado da vida não combina com você.

– Essa música não é para apaixonados! E devolva meu celular que eu estou jogando Plants Vs. Zombies!

You got that face, just say “Baby I was made to break your heart”. – cantarolou, tirando os fones do celular e jogando-os em sua mochila – Corrigindo, você estava jogando Plants Vs. Zombies. E só vai ouvir música se ouvir com todos nós... Qual música vocês querem?

In my veins! – gritei.

Dark Horse! – Isabella deu um pulo empolgado.

The Scientist! – agora quem gritara fora Luigi.

– Vai ser Million Dollar Man – Drummer deu de ombros e colocou a música. Repeti seu gesto e deitei no colhão e fui acompanhada dos três, que ficaram na mesma posição que eu. Luigi deitou ao meu lado com o corpo junto ao meu, de barriga para cima. Se batendo com minha cabeça, estava Eduardo e ao seu lado Isabella, do mesmo jeito.

Alguns segundos depois me incomodei com o silêncio que só era quebrado pela voz de Lana. Então comecei a cantar, sendo acompanhada pelo coro.

And I don’t know how you, get over, get over. Someone as dangerous, tainted and flawed as you. One for the money, two for the show. I love you honey, I’m ready, I’m ready to go. How did you get that way? I don’t know. You’re screwed up and brilliant. You look like a million dollar man, so why is my heart broke?

– Credo – Isabella bocejou – Estamos acabando com a música – riu passando os braços por cima do corpo do namorado – Temos que parar de ouvir música dessa mulher, a voz dela faz alguma coisa com nossas cabeças.

– Ela é maravilhosa... Quero ser que nem ela quando crescer. Quem sabe assim as pessoas gostem de mim. – confessei, rindo do meu próprio comentário.

– É crime gostar de você assim? – a voz rouca e sonolenta do garoto ao meu lado, soou baixinho.

– É crime gostar de mim de qualquer jeito. – virei o corpo de lado e deitei a cabeça sob minha mão. Balancei ela negativamente e levantei do colchão, pronta para expulsar o casal de minha cama – Dormiram. Putelvis que los pario! Como eles ficam fofos dormindo juntos! Deixe eles dois ai e vamos subir para cama. – sentei na ponta da cama e estendi minha mão para ele, o mesmo segurou meus dedos, encaixando nos dele. Puxei o corpo dele para cama e tentei sorrir sinceramente, mas provavelmente saiu parecido com uma exposição de caninos.

– Não vai deitar? – perguntou, já esparramado na cama.

– Vou – deitei ao seu lado, virada para ele na mesma posição de minutos atrás.

– Você parece distante e perdida.

– Ah, não esqueça de citar confusa.

– Parece gostar de estar assim. Como se já estivesse acostumada com todo esse gelo dentro de si.

– De fato. Não existe nada dentro de mim que seja quente o suficiente para derreter esse gelo.

– Isso não te deixa perdida? – seus dedos deslizaram entre os fios de meu cabelo, então fechei os olhos, apreciando o carinho.

– Sempre dou um jeito de me encontrar. Não é difícil assim. Mas tem dias que é complicado lidar comigo mesma.

– Tem outras pessoas aí dentro?

– Várias.

– Posso conhece-las?

– Não consegue lidar com uma, imagina com todas elas. Não é algo muito fácil para entender... – falei, soprando o ar em seu rosto. Sua mão desceu para meu pescoço e a restante parou por cima de minha cintura.

– Posso tentar entender todas elas.

– Daqui que você entenda todas, já enlouqueceu de vez. – ri do meu modo sério de falar e fiz carinho no pé de seu pescoço.

– Está se denominando louca? – sorriu, fazendo as pontas dos meus dedos involuntariamente deslizarem pelos seus lábios.

Inclinei minha cabeça e beijei sua boca, sorrindo em meio ao beijo. Sua mão puxou meu pescoço para apertar o beijo. Toquei seus lábios, selando mais um beijo e voltei para minha posição inicial.

Meu celular ainda tocava música, sendo o pedido de Luigi agora.

– Eu nunca disse que me entendia.


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