You and Me escrita por Emna Ai


Capítulo 30
Breathe Me - Dia 34


Notas iniciais do capítulo

Não sei como escrevi isso, nunca falei sobre o tema, mas quando ouvi a música e vi o clip essa ideia ficou na minha cabeça e eu tinha que escrevê-la, enfim... Boa leitura.

PS: A música foi sugestão de uma leitora : Lulluh Chan . Não sei se é isso que você esperava, mas foi o que apareceu na minha cabeça :)



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Breathe Me (Sia)

Me ajude, eu fiz de novo

Já estive aqui muitas vezes

Me machuquei de novo hoje

E o pior é que não há ninguém pra culpar

O ar era sufocante naquele quarto fechado. Ela não gostava de luz. Luz machucava seus olhos. Ela preferia a escuridão com a qual estava acostumada, tanto fora quanto dentro.

O único som era o barulho de seus dedos que inquietos se arrastavam na parede. Não queria se sentar, não queria deitar-se, então andava, dando voltas e mais voltas no quarto escuro, já conhecendo cada cantinho não esarava em nada.

— Saída de emergência...

Ela recitava aquelas palavras como um mantra. Sabia que não devia fazer aquilo, mas já era tarde demais. Os sentimentos já estavam misturados e a dor roubava sua respiração. Ligou o abajur. A doto dele sobre o pequeno criado-mudo era um aviso.

Naquela noite ela virou a foto para baixo. Ele não poderia fazer nada pois não compreendia aquela dor. Ela queria se livrar da dor, e a única forma era com mais dor.

Abriu a gaveta pegando o que precisava e se sentou no chão. Era sempre o mesmo ritual. Em dois anos daquilo já não era tão difícil saber o que fazer, com cortar e onde cortar. Era naqueles momentos que a dor do vazio que sentia desaparecia, apenas naquele momento.

Tirou o casaco e olhou par ao braço. Os últimos ferimentos já tinham cicatrizado e ela queria fazer novos ali.

—Desculpe... — Sua voz não passava de um sussurro. Uma oferenda para aquele que não estava ali. — Eu sinto muito.

Ele nunca seria capaz de entender seus motivos. Fez o primeiro corte e sentiu o sangue escorrer pelo seu braço. Aquela era única forma de apagar o horror de ser violentada durante quatro anos por um padrasto. Seu sangue era a forma de respirar que encontrou naquele mundo sem ar que a vida dela tinha se transformado.

Seja meu amigo

Me segure, me proteja

Me descubra, eu sou pequena e necessitada

Me aqueça e me respire

Ele ficava fora por uma semana e aquilo tudo acontecia. Sabia que não devia ter feito àquela viagem, mas ela parecia estar tão bem. Fora um erro deixa-la na casa da tia. Não devia ter confiado.

Não quis nem ouvir as desculpas da tia, apenas entrou e sentiu seu coração morrer ao vê-la naquele estado, novamente. Tirou a garota do chão e amarrou os pulsos dela com a atadura que tinha encontrado em uma das gavetas. Se ele queria que ela não repetisse aquilo não podia deixa-la naquela casa que tinha tantas lembranças dolorosas.

Ignorou os argumentos da mulher que viu ele levando sua sobrinha para o carro. Ela não tinha o direito de opinar, não havia protegido a garota da forma correta. Agora ele seria seu protetor e mais nada daquilo aconteceria.

Os pulsos não sangravam e aquilo era um bom sinal. Ela dormia alheia ao mundo que estava ao seu redor. Sasuke queria que quando ela acordasse ela estivesse bem, mas sabia que aquilo não era possível. Ao entrar na vida de Sakura e descobrir todos os segredos delta descobrira também que nada seria fácil se quisesse permanecer na vida da moça.

Já não havia volta. Ele a amava. Amava cada parte dela, até os lugares mais obscuros de sua mente. Ele queria ser a corda de salvação para quando ela estivesse afogada em lembranças de um passado ruim.

Lembrou-se da primeira vez que tentou tocá-la. Os olhos cheios de medo, as lágrimas fazendo com que brilhassem as mãos em frente ao corpo em forma de defesa. Ele sentira seu coração se partir quando ela começou a contar.

Os anos de sofrimento que passou dos doze aos dezesseis, quando sua mãe morreu de uma grave doença nos pulmões, deixando Sakura a mercê de um padrasto doente. Em todo tempo de convivência com o padrasto Sakura sofrera os mais diversos tipos de violência, da física a mental.

Ai, eu me perdi de novo

Me perdi e não estou em lugar nenhum pra ser encontrada

É, eu acho que devo estar quebrada

Eu me perdi de novo, e me sinto desprotegida

Quando ela acordou pode sentir que não estava no mesmo lugar que adormecera. Sentou-se rapidamente na cama encarando os pulsos e procurando vestígios de perigo. Não encontrou nenhum. Sasuke dormia ao seu lado, com a respiração tranquila.

E ela chorava. Chorava por não ser perfeita e por causar tanto problemas a ele. Queria não ser daquela maneira, queria apenas sumir, amava-o tanto que chegava a doer, por saber que não era o que ele merecia. Saiu da cama procurando suas coisas iria embora e nunca mais voltaria. Ela sabia que sua vida era um erro e não queria que ele tivesse que conviver com aquilo.

— Sakura não se mova.

Resignada deitou. Não havia possibilidade de desobedece-lo ela simplesmente ela obedecia. Tinha vergonha, colocou os braços em baixo do corpo e olhou para ele. Ele era mais do que ela merecia.

— Não vou sair da sua vida.

Ela sabia que ele continuaria ali, mesmo que ela gritasse, brigasse e se cortasse. Ele não lhe abandonaria. Ela queria ser uma pessoa diferente, sem aquele passado horrível.

Quando ele a beijou naquela noite ela teve certeza que o passado ainda existiria, mas ele conseguiria fazer a dor passar, e que o futuro com ele seria repleto de momentos felizes, sem tempo para pensar em coisas ruins.


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Notas finais do capítulo

Qual a música de amanhã gente???



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