Fluxo - JuGil escrita por HJ


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, pessoal!!



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(Pov Gil)

Estava quase na hora. Eu terminava de arrumar minha mochila quando o Tales chegou, comentando:

– Sabe, Gil, a gente conviveu durante tanto tempo, mas eu não sei quais são os seu planos de futuro. Eaí? Quais são?

– Eu já falei que você é muito curioso?

– Já. Um milhão de vezes. E sim, a minha pergunta só reforça a sua tese. Mas responde aí.

– Tá. Meus planos? Eu pretendo entrar naquele ônibus ali - apontei para janela - E depois, provavelmente eu vá sair daquele ônibus ali - apontei novamente para a janela, sabendo que o meu suspense iria tirar ele do sério e eu estava certo.

– Cara, eu tô falando de um futuro mais a longo prazo, tipo faculdade, casamento, essas coisas.

– Antes de servir eu queria fazer desing, mas não sei, vou ter que pensar melhor quando eu voltar pra casa. Quanto ao casamento, eu ainda acho que sou muito novo, mas eu gosto muito da Ju, e como você disse, mais a longo prazo, eu quero sim me casar com ela.

– Olha, eu não conheço a Ju, mas diz pra ela que já considero ela uma grande amiga. Quem sabe no futuro eu não viro até padrinho desse casamento aí?

– Pois é, cara, mas só falta uma madrinha, né? Sério que quando você entrou aqui, você não tinha ninguém lá fora?

– Ter sempre tem, mas ninguém nunca provocou em mim esse amor todo que você demonstra aí.

– É, esse sensação a gente tem, com sorte uma vez na vida. - ouvi o chamado para o ônibus - Eu tenho que ir - dei um abraço nele - Boa sorte na carreira de militar.

– Valeu, cara. Foi muito bom ter te conhecido aqui. Boa sorte também, em todos os seu planos. - ele deu um sorriso maroto.

Assenti com a cabeça e fui em direção ao ônibus, certo de que havia feito um grande amigo.

Depois de algum tempo de viagem, chegamos ao local de desembarque. Todos estavam com a mãe ou com alguém da família esperando, menos eu. Será que a Ju não havia entendido que eu chegava naquela data?

Fui em direção ao sobrado, e enquanto andava, percebi que depois de muito tempo, eu estava quase completamente feliz. Só ficaria completamente feliz quando encontrasse com ela, e isso não demoraria muito. Quando me dei de conta disso, apressei ainda mais o passo.

Chegando mais perto, escutei uma música, acompanhada de gritos e risadas, vinda do Misturama. Nem eu sabia que estava com tanta saudade daquilo. Um sorriso sincero se abriu no meu sem que eu percebesse, e eu resolvi deixá-lo ali. Eu era o retrato da felicidade.

Mas tudo mudou quando eu cheguei na pracinha e vi uma cena que acabou com todas as minhas certezas e com todos os meus planos.

– Que palhaçada é essa aqui? - eu estava furioso. Como ela teve coragem de fazer aquilo? Eu vi ela se agarrando com o Nélio nas escadas do escorregador. Quase no mesmo lugar que nós havíamos nos beijado pela primeira vez.

Pelo visto, meu grito tinha assustado os dois. A Ju me olhou apavorada e balbuciou:

– Gil? Nã...não é nada do que você tá pe...pensando. Eu posso expli...

Ela estava muito nervosa tentando se defender quando o Nélio se meteu:

– Qual é cara? Não tá vendo que tá interrompendo? - ele falou com a voz arrastada. Ele estava bêbado? A Ju teve a capacidade de ficar com um idiota completamente bêbado? Eu não ia ficar ali pra ouvir as mentiras dela.

– Desculpe, não era essa a minha intenção. Eu só queria chegar na minha casa e encontrar com a minha namorada. Mas pelo visto, esqueceram de me avisar que eu não tinha mais uma. - ironizei o máximo que eu pude pra que ninguém percebesse que eu estava destruído. Como eu não sabia mais por quanto tempo eu poderia evitar que as lágrimas caíssem, virei as costas e fui em direção à parte de cima do sobrado.

Eu só não pensava que ela viria atrás de mim. Ela me segurou pelo braço e só aquele toque fez com que eu me virasse. Por essas alturas do campeonato, a música já havia parado e todos prestavam atenção nas desculpas que o corno iria receber. Ela estava chorando, e entre soluços, expôs suas mentiras:

– Gil, o Nélio estava me obrigando a ficar com ele... Ele é muito mais forte do que eu... Eu não consegui impedir... Por favor... Acredita em mim...

– Para de mentir! Eu vi muito bem vocês se agarrando ali! Só me explica uma coisa: como você conseguiu ser tão vadia a ponto de ficar com um cara, mesmo depois de olhar nos meus olhos e me jurar fidelidade? Eu acreditei em você!

– Não Gil... Não fala isso... Eu fui fiel... Tenta entender que eu não tive culpa... Eu te amo!

Aquelas palavras me doeram, mas eu não ia me render. Ela tinha me mentido, me enganado e me traído. Descaradamente, publicamente.

– A única coisa que eu vou fazer é te dizer: some da minha vida! E nem tenta me seguir pra se explicar! Você foi a minha maior decepção.

Então entrei em casa e finalmente deixei que as lágrimas rolassem.

(Fim do Pov Gil)

(Pov Ju)

Ele havia entendido tudo errado, e agora, como eu previa, as pessoas estavam comentando. Enxuguei minhas lágrimas e disse, alto o suficiente para que todos me ouvissem:

– Vocês ainda não perceberam que a festa acabou? Vamos! Todo mundo saindo!

Aos poucos as pessoas foram se dispersando. Não vi mais o Nélio. Ainda bem, pois se eu visse, nem sabia o que eu seria capaz de fazer com aquele idiota. Sentei-me em um balanço, e fiquei olhando para o nada, apenas deixando que as inacabáveis lágrimas caíssem.

Só percebi que a Lia tinha se sentado do meu lado quando ela perguntou:

– Que barra, hein? Como é que você tá?

– Acabada. Você ouviu as coisas que ele falou? Ele me chamou de vadia! Eu esperava que ele pelo menos deixasse eu me explicar, mas não... Ele nem me deixou falar!

Ao passo que eu falava, me dava de conta do quanto que eu tinha me humilhado, e a tristeza começava a dar lugar a raiva.

– Olha Ju, ele viu uma cena meio... complicada, e você ouviu muita coisa que não precisava, mas vocês dois estavam de cabeça quente. Dá um tempo pra ele e pra você também se acalmar. Eu vou tentar falar com ele. E você vai pra casa, tenta descansar um pouco. Fica bem, viu? - ela me deu um beijo na testa e foi para casa e eu resolvi seguir seu conselho e fazer a mesma coisa.

(Fim do Pov Ju)

(Início do Pov Gil)

Eu entrei no meu quarto com dor de cabeça. Apesar de tudo, era até engraçado perceber como tudo podia mudar em poucos minutos. Notei que o quarto estava perfeitamente arrumado, sem aquele tipo cheiro de cômodo fechado por muito tempo. Vi que a minha guitarra não estava ali, mas eu não tinha cabeça para procurá-la. Fui em direção a minha mesinha e liguei o computador. Me atualizei no mundo e fiquei sabendo que as ações do C.R.A.U haviam tomado dimensões maiores que o Rio de Janeiro. Entrei no site e vi algumas fotos das ações. Uma delas me chamou a atenção: era de uma dinâmica com o foco na confiança que era feita em dupla. Em uma foto, todas as duplas com sorrisos nos lábios, divertindo-se. Menos uma dupla, lá no fundo da imagem. Os lábios da Ju e do Nélio estavam um no do outro. Observei a data do evento e faziam apenas dois meses que eu tinha sido chamado. Então era um caso antigo.

A raiva tomou conta de mim de novo, então peguei minhas economias e meu boné e sai de casa. Encontrei a Lia na porta, ela me parou e indagou:

– Peraí! Onde você vai? Eu preciso falar com você.

– Qual é, Lia? Você não vai tentar defender a Ju, né? Olha, eu tô saindo, não tenho hora pra voltar e nem adianta me ligar que eu não peguei telefone.

–Pelo menos me diz o que pretende fazer...

– Ué, e você ainda pergunta? Eu tenho um ano de pegação pra botar em dia! - virei-me e sai, sem dar tempo para ela tentar me impedir.


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Notas finais do capítulo

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