Fluxo - JuGil escrita por HJ


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

O capítulo 2 será narrado pelo Gil e pela Ju. Boa leitura galera!*-*



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( Pov Gil)

Gilberto Porto

Disseram outros nomes, mas eu não ouvi.

Então era isso. Eu teria que entrar naquele ônibus, viajar durante algum tempo com uma chuva torrencial caindo e passar os próximos 12 meses em um alojamento distante dos meus grafites, da minha guitarra. Da minha namorada. Foi então que eu percebi o quanto a Ju estava me apertando. Ela havia me enlaçado em um abraço urgente, desesperado. Porém suas palavras, mesmo com a voz embargada, eram otimistas:

– Tá tudo bem! Você vai servir durante um ano e vai voltar, e eu vou continuar aqui!

Então uma lágrima caiu lentamente pelo seu rosto e eu a enxuguei antes que ela chegasse ao queixo. Puxei-a para um abraço e aproveitei para sentir o seu cheiro novamente. Eu não sabia se realmente aguentaria viver aquilo, mas mesmo assim sugeri:

– Ju, você não precisa interromper a sua vida durante todo esse tempo só porque eu vou estar longe. Sinta-se totalmente livre pra fazer o que quiser.

– Sabe o que eu queria fazer durante esse tempo? Isso! - e me deu um beijo. Curto, já que estávamos com poucos minutos, porém intenso - Eu queria fazer isso muitas e muitas vezes, mas só com você. Gil, eu não vou interromper a minha vida. Eu vou continuar estudando, vou continuar postando no vlog, talvez eu até faça mais alguma campanha como modelo, vai se saber. Mas eu vou fazer tudo isso com apenas um garoto aqui - apontou para a cabeça - E aqui - apontou para o coração.

– Garoto de sorte! - foi tudo o que eu consegui dizer. E era verdade. Eu era o garoto mais sortudo que eu conhecia, pois mesmo não sendo a melhor companhia do mundo, e eu tinha plena consciência disso, eu tinha a namorada mais incrível do planeta.

Convocaram todos os chamados para embarcar, então eu passei o guarda-chuva para a Ju, dei nela o meu beijo de despedida e fui em direção do ônibus. Sentei-me em uma janela que tinha a vista da praça. Lá eu via rostos com sorrisos aliviados e muitas despedidas. Porém a imagem que mais me doeu foi a de uma menina linda chorando. Sem que eu pudesse consolá-la, o ônibus pegou seu rumo.

(Fim do Pov Gil)

(Pov Ju)

Quando eu cheguei no Misturama, com os olhos completamente inchados, com o rosto vermelho e sem o Gil, ninguém disse nada. A Lia veio me abraçar e o Nando comentou:

– Então o meu pupilo vai servir? Vai ter que se desfazer do tão cuidado cabelo? Essa é boa - claro que a intenção era das melhores, porém eu não tinha o mínimo estômago para sentir graça de alguma coisa.

– Lia, você pode abrir a sua casa pra mim? - perguntei.

– Claro, vamos lá.

A Lia me deixou sozinha um pouco e eu segui para o quarto do Gil. Tudo estava perfeitamente arrumado. A guitarra, o pôster, o canivete, os desenhos. Me aproximei da mesinha e observei alguns. Sorri ao ver o quanto ele tinha talento. Várias desenhos impressionantes passaram aos meus olhos, mas um em especial me chamou a atenção. Um casal, visivelmente apaixonado, olhava-se enquanto prédios, pessoas, ruas, o mundo se destruía. Talvez o Gil tivesse previsto o nosso futuro, porém com um erro: eu não podia vê-lo e ele não podia me ver. Parecia que nosso namoro passaria pela maior prova a partir dali.

(Fim do Pov Ju)

(Pov Gil)

Já era noite, e eu estava me acomodando, já careca, em minha beliche quando o rapaz com o qual eu a dividia chegou, muito simpático:

– Eaí cara! Eu sou o Tales. Qual o seu nome?

– Gil. - sei que devia ter dito mais alguma coisa, mas eu definitivamente não era bom em conversar com estranhos.

Mas ele não deu importância e continuou a conversa:

– Eu sempre quis ser oficial. Com o tempo, isso aqui pode me dar um boa vida, além do que eu posso sair logo da casa dos meus pais. Você ainda morava com seus pais?

– Não. Eu não tenho pais. Meu pai morreu quando eu era criança e minha mãe faleceu a alguns meses. Se eu fosse você, não gostaria de sair logo da casa dos seus pais, eles são importantes.

– E você que já é órfão? Quem você julga importante?

– Essa garota aqui - e mostrei-lhe uma foto da Ju - É a minha namorada. Ju.

– E você acha que ela vai continuar te esperando por um ano?

– Eu tenho certeza. Ela prometeu.

– Olha, eu não conheço a Ju, mas eu conheço os caras da nossa idade. E eles não vão deixar uma menina linda como essa sozinha durante tanto tempo. Eu te achei um garoto bacana Gil, e eu só acho que acreditar cegamente em uma promessa pode fazer você se decepcionar depois. Promessas são muito fáceis de serem quebradas.

– Tá, valeu. - e deitei-me na cama, sem realmente ter absorvido alguma coisa daquele discurso. Ele não conhecia a Ju. Ela não cederia aos encantos de qualquer um. Ela me esperaria. Ela havia prometido.


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Notas finais do capítulo

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