A Herdeira (Livro 1 - Saga A Herdeira) escrita por Katerine Grinaldi


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Mais uma música: http://www.youtube.com/watch?v=N2JW3wVwQPY
Bésame, Banda Camila.



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Caramba! Não sabia avaliar o que era pior. Desmaiar em uma festa ou recobrar os sentidos em meio a uma discussão. No início, não estava entendendo muito bem o que eles estavam falando e nem conseguia identifica-los, porém na última frase dita antes de interromper, consegui distinguir tudo.

“Ela já cheirou várias coisas, não acorda e VOCÊ está ficando nervosa?!”

Téo falava bem alto, não porque ele estivesse sendo arrogante, era apenas para competir com a música que vinha do porão. Sentei-me no sofá assim que acabei parcialmente com o nervosismo deles e me preparava para levantar quando ele interveio.

— Preciso ir ao banheiro. – Lola nos olhou, acho que tentando imaginar como me livraria da situação.

— Ok. Onde fica? – ele estendeu a mão para me ajudar e não aceitei. Não podia aceitar, não é que não quisesse.

— Está tudo bem. Já estou melhor. – se não fizesse isso não conseguiria chegar ao banheiro e ligar para a polícia comunicando da emergência daquela senhora. E sério, nunca tinha falhado em uma visão e me sentiria bem mal se isso acontecesse. Téo olhou-me um pouco curioso com a minha atitude, mas não foi isso que o impediu de me acompanhar ao banheiro.

Tranquei a porta, sentei sobre o vaso sanitário fechado e lembrei que não estava com o celular ali. Ele tinha ficado dentro da bolsa que estava sobre o sofá. Ótimo! Para completar, Téo estava do lado de fora do banheiro me esperando, achando que poderia desmaiar novamente a qualquer momento.

“Téo. Preciso da minha bolsa. No sofá.”

Fiquei ali esperando. Ele pensaria que estava precisando de absorventes e essa ideia era muito melhor do que a realidade. Não demorou muito para que eu recebesse a bolsa e recuperasse meu tão desejado celular.

Chamada de emergência. “Qual a ocorrência?”, a voz feminina do outro lado da linha iniciou a conversa. “Um assalto na Rua Lisbela, número 1103. Dois rapazes. A vítima é uma senhora.” “Há alguém ferido?” Respondi que não sabia afinal a minha visão não me proporcionara a resposta.

“Com quem você está falando? Está me chamando?”

Droga! Ele tinha me ouvido. Agora se concentraria em meus pensamentos. Precisava finalizar aquela ligação o mais rápido possível ou ele saberia o meu segredo.

“Sabe se eles estão armados?”

“Será que você não pode simplesmente mandar uma viatura ao invés de me fazer trezentas perguntas? Não sei de nada. Apenas os vi tentando entrar na casa.”

Desliguei o telefone assim que a atendente disse que já havia solicitado um carro para o local. Ótimo! Era só isso que eu queria e que aquela senhora precisava. Respirei fundo porque meus braços e mãos ainda tremiam por causa do desmaio. Lavei meu rosto e abri a porta. Por que era Lola quem estava me esperando? Tinha apenas alguns minutos que escutara Téo, quer dizer, que Téo invadira meus pensamentos.

— Ligou? – confirmei com a cabeça. — Téo está indo embora. Aconteceu alguma...

Tive que deixá-la falando sozinha porque tinha que impedi-lo. Eu o convidara para a festa e aí, de repente desapareço, desmaio, ele se preocupa e não quero dividir meus segredos?!

Meu corpo ainda estava fraco, mas não demorei muito para chegar até a varanda e vê-lo entrando no carro. “Téo!” Minha chamada o fez parar. Inclinou o corpo sobre o veículo e ficou me esperando. Caminhei calmamente porque ainda precisava pensar no que falaria. Como começaria aquela explicação?! Então, Téo, vejo coisas do futuro e algumas vezes desmaio por causa disso. Isso não estava certo, não podia simplesmente despejar uma realidade como aquela sobre ele. Parei à sua frente e o encarei enquanto despejava todo o meu nervosismo em minhas mãos. Lola, Jane e minha mãe eram as únicas que sabiam até aquele momento.

— Acho bom do jeito que falou.

—Ai. – demorei, mas entendi o que ele queria dizer. Estava confusa enquanto caminhava e Téo acabara lendo meus pensamentos. — Acho que preciso me acostumar com isso.

— Isso soa bem. – os cantos de sua boca ergueram-se em um lindo sorriso. — Significa que me quer por perto. – ele dissecou a minha frase quando nem eu mesma o tinha feito. Mas acho que não me importava que ele pensasse assim. Não tinha qualquer motivo para afastá-lo.

— Você me deixa à vontade.

Liberei todo o ar que vinha prendendo pelo caminho. Saber que ele era como eu facilitava muito a minha vida. Quando poderia fazer alguém me desculpar apenas em pensamentos?! Sentei-me no meio-fio.

— Ok. Entendi o que você explicou, mas os desmaios não podem ser normais. Você realmente me assustou. – ele sentou ao meu lado enquanto interpretava a expressão “me assustou”. Poxa! Devia estar horrível naquele sofá.

— Essa é a sua forma de dizer que eu não estava bonita?! – arqueei uma sobrancelha e o olhei, tentando manter-me séria.

— Quis dizer que fiquei preocupado. E, por acaso, tem algum momento em que você não esteja bonita?

Téo estava retribuindo a minha brincadeira. Pelo menos foi o que pensei até ele estender a mão direita na direção do meu rosto e acariciar a minha bochecha. Assim que ele me tocou senti um calor subir pelo corpo e sabia que tinha corado. Só que dessa vez não queria afastar o olhar. Era como se ele me tivesse presa ali. Seus dedos percorreram mais um pouco até encontrar a minha orelha e então a minha nuca. Aquilo era bom e sentia como se estivesse perdendo o controle da situação. As partes da minha pele onde ele tocava formigavam e já não conseguia mais senti-lo. Era como se estivesse em transe, fora de mim. Queria puxar sua camisa para que ficássemos mais próximos, mas havia algo de errado com meu braço porque não tinha força suficiente, na verdade, nem conseguia tocar sua blusa.

Minha mão atravessara seu corpo e... oh! O que estava acontecendo? Eu tinha quatro braços naquele momento.

Não! Podia me ver completamente porque estava fora do meu corpinho. Abri bem meus olhos querendo analisar a situação. Eu estava realmente fora de mim?! Não era eu quem se debruçava na direção de Téo. Havia uma mulher com cabelos longos e castanhos como os meus só que nossas roupas eram diferentes. Ela usava um vestido comprido cor de creme que parecia ter saído de séculos passados, talvez do século XVII ou do XVIII... Esquece isso, Kate! Não é momento para pensar em história.

Téo tinha meu rosto em suas mãos. Para ele nada estava diferente porque meu corpo realmente estava lá, apesar de ter sido roubado por outro espírito. Tinha que impedi-la e capturar minha vida de volta. Por que queria meu corpo? Com tantos por aí tinha que escolher justo o meu? E justo quando estava quase beijando alguém?

Vi quando olhou na minha direção e observei seu rosto pálido com manchas escuras ao redor dos olhos, que estavam um pouco vermelhos, e sua boca tinha uma forte coloração rosada, além de alguns machucados que escorriam sangue. Caminhei até ela e tudo escureceu.

Aos poucos comecei a sentir Téo me tocando. Só que suas mãos estavam em meus braços e não, mais, em meu rosto. Devo ter feito alguma expressão esquisita enquanto recuperava meu corpo e ele deve ter interpretado como um sinal de “PARE”.

Ótimo! Agora não era mais eu quem fugia dele. As forças dos outros mundos não queriam isso ou Téo era tão lindo que até o fantasma do século XVII voltara apenas para um doce beijo.

Desviei do seu olhar tentando compreender o que tinha acontecido, mas antes pude ver que Téo respirava fundo e parecia atordoado. Será que tinha notado?

— Está tudo bem?

Tomei a iniciativa de perguntar por que tudo aquilo estava me deixando muito confusa e queria entender o que tinha acontecido, ao menos na parte em que não consegui enxergar nada.

— Acho que você é perigosa demais. – ele expirou o ar com muita força e seus olhos pareciam perdidos ou, melhor, pareciam inebriados.

— Você chegou a beber Téo?! Por que seria perigosa? – usando a minha boca para externar meus pensamentos consegui sentir a realidade das minhas palavras. Será que tinha tentando machuca-lo?!

— Beber? Não mesmo. – ficou em silêncio como se pensasse em algo. — Depende. Se você considera paixão algo que possa ser bebido, então, estou embriagado.

Ai meu Deus! Sério que ele dizia estar embriagado de paixão? Se os seus olhos não estivessem correspondendo às suas palavras não acreditaria. Aquelas bolinhas de outono me fitavam com tanto desejo que me sentia corando novamente.

— Téo. Acho que você deveria beber uma água e me explicar porque sou perigosa.

— Não preciso de água lindinha. – respirou mais uma vez. — Quando te toquei, senti minhas mãos fervendo como se fosse explodir. E foi só aumentando. Não tinha mais controle do meu corpo e, por um momento, não consegui enxergar nada.

Ai! Que alívio! Só esperava que ele não tivesse enxergado nada ao mesmo tempo em que eu. Será que também vira o espírito? Acho que pela sinceridade dele se tivesse visto teria falado. Ser sincero era uma das qualidades que conseguira observar facilmente nele.

— Você deve ser proibida. – riu com seu próprio comentário. —Não acredito que passei mal só de te tocar. Isso é realmente inacreditável.

— Se for te tranquilizar, eu também fiquei sem enxergar nada. - ainda não tinha certeza se deveria mencionar o espírito. Sei lá. Já tinha falado sobre as visões, os desmaios e ainda bombardeá-lo dizendo que via fantasmas? Pelo menos o fato de não enxergar nada tinha sido compartilhado, não era uma peculiaridade minha.

— Desculpa. – ele abaixou a cabeça.

— O que você fez senhor sinceridade? – sorri e ele virou seu rosto o suficiente para que visse incredulidade em seus olhos.

— Estou me desculpando porque eu te toquei. Se não tivesse colocado a minha mão no seu rosto você não teria passado mal. – respondeu a minha pergunta, mas enquanto falava seus olhos percorriam exatamente o caminho por onde seus dedos tinham passado e isso me deixou sem ar. — Era esse o apelido fofo a que se referia? – apertou os lábios como se tentasse controla-los.

— Acho que posso arranjar melhores. É só porque você sempre fala a verdade por mais que ela seja arrebatadora. – olhei para baixo e estiquei minha mão até a dele, entrelaçando nossos dedos. — Agora você não precisa se desculpar. Toquei você também. – ele apertou a minha mão carinhosamente. — Está sentindo alguma coisa? – me olhou inebriado mais uma vez e não pude evitar morder meu lábio. Caramba! Ele estava mexendo com as minhas emoções.

— Além do desejo incontrolável de te beijar?

Téo quase não respirava ao falar isso. Sua mão soltou a minha e seguiu até o meu rosto. A outra mão também. Seus dedos acariciavam minha bochecha novamente e voltaram a passear pela minha nuca. Fechei meus olhos porque queria beijá-lo. Téo me puxou carinhosamente até que nossos lábios se tocaram.

O primeiro toque foi quase como um pedido. Téo queria ter certeza de que eu queria e, por isso, foi realmente apenas um encostar de lábios. Quando não me afastei, ele teve a sua autorização. Téo beijou meu lábio inferior e sua língua começou a explorar a minha boca. Coloquei minhas mãos na camisa dele e o puxei para mais perto. Sua boca dominou a minha e me senti à vontade para explorar a dele.

A porta atrás de nós foi aberta deixando o som de música e de risadas nos invadir. Justo agora?! Afastamos nossos lábios. Alguém devia estar indo embora da festa e nos surpreendeu em um momento que eu não queria compartilhar.

Olhei sobre o ombro e vi Juliana, Raquel, Camila e Jane paradas ao lado da porta. O olhar da minha amiga era claro. Ela se sentia péssima por ter interrompido, mas o das outras era diferente. Os olhos de Juliana pareciam querer me fritar. Raquel parecia surpresa e Camila era indiferente.

— Obrigada por terem vindo. – Jane virou para elas numa tentativa de dispersar a concentração em cima de nós dois.

Téo levantou e me ajudou. Não pude deixar de me perguntar o motivo do olhar de Juliana. Será que ela e Téo já estiveram juntos?

“Acho que ela gosta de holofotes. E não tem como competir com você.”

“Uhum. Sei.”

“Você fica linda com ciúmes.”

Não eram ciúmes, era só aquela desconfiança que todas nós temos quando os homens contam alguma coisa. Observei as três entrando em um carro quando Jane começou a falar.

— Vou deixar vocês continuarem.

Ai! Queria me esconder. Como ela podia ter dito isso? Senti vergonha por sermos surpreendidos naquele momento, mas com seu comentário, nem sabia mais explicar o que estava sentindo. Tem algo maior do que vergonha, algo como hiper vergonha?! Sei lá. Só sei que Téo sorria com o comentário da minha amiga e me olhava tentando analisar minha reação.

— Pare de me olhar! – me esforcei para não sorrir.

— Não vamos mais fazer isso em público. – ele respondeu e me deixou mais sem-graça.

— Acho que deveríamos curtir a festa da Jane. Passamos a tarde inteira preparando. – sugeri antes de entrar na casa e deixá-los para trás. Pude escutá-los rir com a minha reação antes que me encontrasse com Lola no porão.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: 11/10.
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