A Herdeira (Livro 1 - Saga A Herdeira) escrita por Katerine Grinaldi


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Mais dois capítulos!
Espero que estejam gostando!
Recomendo a música: Find Me
Link com legenda: https://www.youtube.com/watch?v=A2Vbs2QxeyU



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Estava deitada no gramado, numa área afastada do portão do estacionamento, olhando o céu estrelado. Fazia um tempinho desde a última vez em que realmente prestara atenção nele. Sua cor estava grafite como num sinal de modéstia para permitir que a lua cheia e as estrelas ganhassem o espetáculo. Mas haveria um empate porque ambas brilhavam com a mesma intensidade. Bom... estava muito melhor prestar atenção ali do que pensar na minha vida. Até que ouvi alguém me chamar.

Primeiro distante e irreconhecível. Logo, em instantes, soube que era Téo. Não tinha porque fugir dele, afinal, ele estava me procurando mesmo quando havia um baile à sua espera. Sentei e acenei. Ele agachou à minha frente.

— O que houve lindinha? – e me amoleceu em dois segundos. Queria tanto um abraço, mas até que ponto isso seria saudável para o nosso relacionamento aberto? Ou para a minha ausência de sentimentos?! Dane-se! Eu queria um abraço.

Fiquei sobre os joelhos e joguei os braços ao redor do seu pescoço. Ele rodeou meu corpo com seus braços musculosos, devidamente escondidos em um paletó, e enfiou o rosto no meu pescoço. Podia sentir a sua respiração ali e era quente e provocante.

— Desculpa por ter burlado a regra. Tinha que pedir antes de fazer. – confessei próximo ao ouvido dele, ainda abraçada. Senti um conforto como se eu ainda tivesse alguém com quem contar. Ele sorriu e mesmo sem vê-lo podia sentir.

— Pode burlar quantas vezes quiser. Aquela outra também. – acho que ele estava se referindo ao beijo. Fiquei bem tentada a burlá-la também. Ai! Minha ausência de sentimentos está abalada. Afastei-me, mas Téo colocou a mão no meu rosto, acariciando-me e ainda me tinha sob seu poder. ­­— James falou que você não parecia bem.

— Quem é James?

— Meu melhor amigo. Ele te substituiu. – Téo franziu a testa, parecendo pensar em algo. — E você está me enrolando. O que houve?

— Problemas familiares. Nada muito importante. – ainda não estava pronta para desabafar sobre tudo aquilo.

— Ok. Então está preparada para uma surpresa? – ele se levantou e me puxou junto. Fui de encontro ao seu corpo. — Sabe? Sempre sinto como se ainda fosse te dar o primeiro beijo. – meu coração disparou ao ouvir sua voz tão baixa e firme, decidida a revelar aquele sentimento. Téo subiu a mão até o meu rosto e ajeitou umas mechas do meu cabelo que estavam bagunçadas. — Avise as suas amigas. Elas estão preocupadas. E não quero que ninguém nos interrompa. – um sorriso satisfeito surgiu em seus lábios.

Queria muito pegar meu celular na bolsinha apesar de ser difícil desviar o olhar. A luz do luar e das estrelas realçavam os olhos de outono de Téo, deixando-os mais misteriosos e sedutores.

“Se você não parar de me olhar, EU vou burlar as regras. E depois que eu começar...”.

Respirei fundo e começamos a caminhar enquanto digitava uma mensagem dizendo que estava tudo bem. Não estava legal naquele dia! Era um péssimo momento para estar com ele porque não tinha mais autocontrole. Estava desejando que ele burlasse as regras e, isso não era bom. Nada bom.

Andamos pelo estacionamento até chegarmos a um dos grandes portões, que naquele horário, encontrava-se trancado. Qual seria sua ideia? Téo colocou as mãos na minha cintura e me encaminhou até a grande árvore ao lado do muro. Minhas costas encontraram o tronco (não doeu nem um pouquinho até porque a intenção não parecia ser essa) e a única coisa que sentia eram seus dedos tocando a transparência do meu vestido. A cada minuto queria mais que ele ultrapasse a minha regra. E me perguntava se ele ainda não tinha lido meus pensamentos.

Ele se afastou e inclinou-se esticando as mãos na direção da grama. Afastou-a um pouco e puxou uma pequena argola revelando um esconderijo. Caramba! Passava por ali todos os dias e passaria mais algumas vezes sem saber disso. Caminhei apressadamente, curiosa para ver o que havia lá dentro e descobri uma escada e não era pequena não. Era bem larga para estar escondida. Téo sorriu com a minha surpresa.

— Mas essa ainda não é a surpresa. Isso aqui é só para se você precisar entrar na faculdade depois do horário. – começou a se aproximar de mim com um olhar muito intimidador. — quem sabe, depois de um encontro comigo. – colocou as mãos na minha cintura novamente e senti calor. Mais uma vez seguimos na direção da árvore.

Téo colocou uma das mãos ao lado do meu corpo, prendendo-me entre ele e o tronco. “Não precisa disso porque eu não estou pensando em fugir. Nem um pouquinho.” Não pude evitar enviar uma mensagem direta para os pensamentos dele. Estava esperando que ele os lesse até aquele momento e, então, decidi ser mais objetiva e consegui. Téo enrijecera com meu comentário. Não de uma maneira ruim. Estava bem longe disso. Acho que era uma tentativa de se controlar porque seu olhar estava cheio de desejo. Sua respiração acelerou e gostei do que tinha causado nele. Muito. Levei minhas mãos até o seu rosto e o acariciei. Deslizei meus dedos em seu pescoço e o senti arrepiar. Seu corpo relaxou sobre o meu e ele enfiou sua cabeça no meu pescoço.

“Lindinha, eu ainda quero te mostrar algo e estou cada vez mais longe de conseguir.”

Senti seu lábio roçar em meu pescoço. E sua outra mão, que me encurralava, começou a acariciar minha cintura, exatamente onde estava a transparência. “Você tem que me parar.”

— Ok. Vamos à surpresa. – respirei fundo tentando acreditar que tinha realmente o parado. Não que fossemos fazer nada, no meio do estacionamento e encostados a uma árvore. Nós só estávamos prestes a dar uns amassos medianos (daqueles permitidos antes das dez horas).

— Diga um ano que você gostou. Que tenha sido importante ou que você gostaria de relembrar. Só precisa dizer o ano, o resto é por minha parte. – Téo falava enquanto tirava seu paletó. Era calor ou tinha outro motivo? Porque não conseguia pensar em como aquilo podia ajudar a nos manter afastados.

— As duas coisas. – sorriu enquanto largava a peça de roupa na grama.

— Agora você ouviu meus pensamentos? – cruzei os braços e reclamei. — Pedi para você... – calei minha boca antes de confessar uma besteira.

— Para que eu burlasse suas regras? – olhou-me fixamente. — Não tinha ouvido porque meu coração estava acelerado demais. – ele se aproximou um pouco e parou como se tivesse lembrado. — O ano. Você precisa me dizer o ano. – desabotoou a manga da sua camisa social e a arregaçou.

— Quando você parar de tirar a roupa. – o olhei seriamente e o fiz rir. “Faz parte lindinha.” — 1998. - Téo esticou o braço e sabia que devia tocá-lo como tinha feito no laboratório. — Pense no motivo que te fez escolher esse ano.

Bem... queria saber se tinha existido a tal discussão entre a mamãe e a vovó e, por isso, escolhi o ano da sua morte. Fechei os olhos e comecei a pensar no meu sonho. O problema era que as imagens que vinham a todo tempo eram as do incêndio. Abri e fechei meus olhos várias vezes tentando afastar aquelas cenas assustadoras e chegar ao ponto onde queria. Não conseguia. Toda vez via o rapaz me carregando para fora do quarto e sendo consumido pelas chamas em seguida. Puxei meus dedos.

— O que é isso que você está vendo? – franziu a testa e seu rosto estava rígido demonstrando seriedade.

— É só um sonho. Esse incêndio fica voltando na minha mente.

— E esse cara? É algum parente?

— Não. Nem consigo enxergar seu rosto direito. Ele simplesmente apareceu aí. – expliquei.

— Quer dizer que ele é o cara dos seus sonhos? Olhos azuis?! – ele colocou as mãos nos bolsos da calça elegante.

Oi? Isso era uma crise de ciúmes?! Não tinha escolhido sonhar com esse cara que nem conheço. Na verdade, não andava escolhendo muitas coisas na minha vida e, sinceramente, essa era a mais insignificante.

— Vamos tentar de outra maneira. Feche os olhos. - fiz como ele mandou e esperei a próxima instrução. “Respire fundo.” “Agora pense em como tudo começou. Antes do incêndio. Volte lá.”. Téo puxou a minha mão sobre o seu antebraço.

Tudo começara com as batidas apressadas na porta. Decidi espiar e acabei ouvindo a discussão. Mas por que a vovó tinha ido à minha casa tão tarde e com tanta urgência?!

Os postes de iluminação não eram suficientes para clarear a rua. Olhando ao redor não conseguia identificar muitas coisas, apenas duas casas à direita, duas à esquerda e uma grande padaria na calçada oposta. O resto era apenas breu.

Apesar da baixa luminosidade, consegui ver uma senhora, com os cabelos bem branquinhos, passar apressadamente pela calçada e tocar a campainha de uma das casas. Ela carregava uma pequena bolsa que parecia abarrotada de coisas. Era a vovó. Tinha quase certeza. Queria me certificar, mas a porta da segunda casa à direita foi aberta.

“Júlia? Aconteceu alguma coisa?”

Estava certa, mas quem era a outra senhora? Ela parecia um pouco mais nova que a vovó e seus cabelos ainda eram tingidos numa tonalidade quase dourada. Não me lembro de já tê-la visto. Senti a mão de Téo me puxar para trás de um muro de plantas. Como podia senti-lo e por que estávamos nos escondendo?!

— Silêncio. E mantenha-se escondida.

Sussurrou em meu ouvido e mantive-me agachada olhando pelos buracos entre as folhas.

“Fique calma. Dessa maneira eu não consigo entender. O que foi que você fez?”

Vovó tinha falado alguma coisa, mas nós estávamos distraídos nos escondendo e eu não escutara. A outra senhora acariciara seus braços tentando confortá-la. Minha avó estava chorando e senti meu coração apertando. Por que ela estava assim?

“Eu lhe dei a imortalidade. Eu tinha que fazer, Samantha.”

“Mas você melhor do que ninguém sabe as decisões necessárias.”

“Não! Nem EU posso fazer isso. Já testei e eles não estão mais comigo. Vou morrer.”

As lágrimas rolaram pelo rosto da outra senhora, que pela conversa eu descobri se chamar Samantha, e acho que pelo meu também. Não podia evitar a tristeza por ver a vovó dessa maneira. Ela sabia que ia morrer e, tudo isso acontecera porque concedera a imortalidade para alguém. O que significava conceder a imortalidade? Porque não podia ser viver para sempre, não é? Senti o braço de Téo me puxando para seu peito. Acho que ele notara que, assim como elas, também estava chorando.

“Preciso falar com minha filha. Vou tentar mais uma vez e me despedir.”

Samantha lhe entregou um lenço e vovó a abraçou. Entre soluços, ela ainda disse mais coisas, mas a única que consegui entender foi “Dê um jeito de chegar até ela. Quando eu estiver morta, proteja-a.”.

“Eu tenho que fazer isso. É um juramento, lembra?”


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