I'm forever yours escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 45
Capítulo 44




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“Karina, amor... Vem deitar.” Pedro estava escorado à porta do corredor, observando a namorada digitar compulsivamente no notebook, sentada no sofá. “K, já passa das 2h. Você trabalha amanhã e eu tenho ensaio da banda. Vamos dormir.”

“Já falei para você deitar, Pedro. Eu preciso terminar isso.” Ela esfregava os olhos.

“Karina, não vai adiantar você mandar e-mail para todos os bancos de medula do país ou do mundo. Eles têm um cadastro e quando aparecer alguém compatível com o João, nós vamos saber.” Ele suspirou, caminhando até o sofá e sentando ao lado dela. Quando ela o ignorou, ele fechou o computador.

“Está querendo apanhar?” Ela rosnou, os olhos fundos de olheiras o fuzilando.

“Você não dorme há dois dias, esquentadinha. Até a Fabi com um recém-nascido em casa tem dormido mais do que você. Não quero ver você adoecendo, minha linda.” Ele acariciou o rosto dela, limpando uma lágrima solitária. “Todo o pessoal da academia e da Ribalta, além do resto do bairro, fez o teste. A Sol e o Wallace até soltaram um apelo na página da banda e umas 50 mil pessoas mandaram a identificação que foram fazer o teste. Nós estamos fazendo tudo o que é possível, mas às vezes a vontade de Deus é diferente da nossa.”

“Não ouse dizer isso, Pedro Ramos.” Ela quase gritou, tremendo pela vontade repentina de chorar.

“Ouso sim, Karina, porque é a verdade. Você sabe que eu quero que o João se cure tanto quanto você, mas nem sempre podemos ter o que queremos.” Ele suspirou, a abraçando apertado.

“Você não entende, Pedro.”

“Eu entendo, meu amor, claro que entendo. O João esteve ao meu lado a vida inteira, nos momentos bons e ruins; assim como ele esteve ao seu lado no momento mais difícil da sua vida. E você quer retribuir isso, quer salvá-lo. Mas só o que nos resta agora, Karina, é termos fé.” Ele sorriu triste, piscando para desanuviar suas próprias lágrimas.

“Eu sonhei tanto com o que aconteceria quando eu e você voltássemos, pudéssemos ser uma família com a Clarinha... E eu não to fazendo nada disso.” Ela admitiu com tristeza.

“Família não é só alegria e bons momentos, minha linda... Agora vem, deita com o seu maluco favorito e deixa eu cuidar de você enquanto você descansa.” Ele se levantou a puxando pela mão, a abraçando e guiando para o quarto dos dois.

~P&K~

“Vem, mamãe... Nós vamos nos atrasar.” Clarinha corria pela casa, procurando tudo o que precisava. “Cadê o presente do Pedrinho?”

“Na mesa, filha. Agora se acalma, seu pai ainda nem chegou.” Karina ria da afobação da filha, ansiosa por finalmente poder conhecer o priminho caçula. Ela havia agido da mesma forma com o nascimento de Julia e de Anabelle, e a mãe suspeitava que fosse ser igual com o nascimento de Wallace Jr. dali alguns meses.

Após uma noite bem dormida (e parte da manhã também), Karina se encontrava mais disposta para trabalhar e ser simpática. Havia inclusive cedido aos pedidos da filha e aceitado ir visitar o afilhado, algo que havia evitado nos últimos dias. Tinha medo de, no fundo, estar culpando o bebê por algo que nem era sua culpa.

“Cheguei! Onde estão as mulheres da minha vida?” Pedro gritou ao abrir a porta, colocando a guitarra no chão e jogando a mochila no sofá.

“Estão atrasadas, papai, por sua causa.” Bronqueou Ana Clara, irritada. “A mamãe disse para a madrinha que nós íamos as 19h e já são 19h20. E se o Pedrinho dormir?”

“Ela sabe que um bebê de alguns dias dorme, não é?” O homem perguntou para a namorada, que riu ao negar.

“Deixa ela ficar animada. Você lembra como foi com a Anabelle.” Riu a loira, apanhando a bolsa do sofá. “Vamos, manezinha que está mais para esquentadinha 2.0.”

“Hey, eu não sou esquentadinha.” Protestou a criança.

“Imagina, só está precisando de um balde de gelo na cabeça.” Pedro a apanhou do chão, causando gargalhadas na filha.

Do corredor puderam ouvir o choro estridente de João Pedro, comprovando as palavras de Gael de que o neto tinha pulmões de aço como os da avó paterna e daria um ótimo cantor. Tocaram a campainha e logo a porta se abriu, revelando Julinha com um bico.

“Ô minha flor, o que foi?” Karina logo se abaixou e apanhou a sobrinha no colo, a acalentando.

“A mamãe não olha mais para mim, só quer o bebê fedido.” Choramingou em seu dialeto infantil, abraçada ao pescoço da mulher.

“Não tem mais ninguém aqui com vocês?” Perguntou Pedro e ela negou.

“A vovó e o vovô foram pro hospital ver o papai.” Ela avisou, preocupando os tios.

“Fica aqui com o tio Pedro e a Clarinha, a titia já volta.” Karina a sentou no sofá e correu em direção ao quarto do afilhado, encontrando a amiga desesperada para tentar acalmá-lo. “O que aconteceu?”

“Ele piorou mais, K. Ele estava com falta de ar e...” Fabi começou a soluçar alto, enquanto João Pedro chorava com mais força. “Eu to com medo, Karina. Pela primeira vez desde que tudo isso começou, eu to com medo de verdade.”

“Eu vou ligar para o meu pai.” Karina pegou o celular, discando o número já conhecido. Ele atendeu no terceiro toque. “Pai, o que está acontecendo?”

Karina, eu ia te ligar. Você precisa correr para o hospital.

“Pai, como ele está?” Os olhos dela já estavam cheios de água, desespero transparecendo por eles.

Piorando, mas isso pode mudar. Karina, os resultados saíram. Filha, você é compatível com o João.” As palavras foram como um coro de anjos no ouvido da loira, que sorriu de orelha a orelha.

“Pera... Você está falando sério?” Fabi estranhou o comportamento da amiga, que de repente parecia brilhar. “Eu sou compatível?”

Você é, minha filha. Mesmo sem a ligação sanguínea, você e o João são totalmente compatíveis. Vocês são irmãos de alma e Deus resolveu dar uma forcinha no sangue.” O mestre brincou, fazendo a filha rir sozinha, enquanto observava Fabi chorando de alívio. “Corre para cá.

“Você é compatível?” Pedro perguntou, parado à porta. “Você pode salvar o João?”

“Se ele quiser ser salvo, sim. Você sabe que o transplante só funciona quando o corpo do doente aceita.” Ela secou os olhos fungando, se esforçando para permanecer com os pés no chão.

“Com a Julinha e o João Pedro esperando por ele, você acha que ele vai rejeitar alguma coisa? O João sempre foi sanguessuga, aceita até injeção na testa se for de graça.” Pedro debochou, fazendo as duas mulheres rirem enquanto ia pegar o afilhado dos braços da mãe. “Tá ouvindo, carinha? Sua madrinha é tão foda que vai lá salvar aquele lesado do teu pai, para você poder chorar bastante no ouvido dele.”

“Eu preciso correr para o hospital.” Lembrou Karina.

“Vão vocês duas e levem o Pedrinho. Eu vou com as meninas para casa e deixo elas com a minha mãe. Encontro vocês em uma hora.” Ele propôs, correndo para a sala e encontrando a filha e a sobrinha com expressões curiosas. “Vamos para a casa da vovó Delma?”

“Tem algo errada com o padrinho, papai?” Perguntou uma temerosa Clarinha, abraçando a priminha que já começava a chorar.

“Ao contrário, grãozinho... Nós achamos um remédio que pode fazer sarar a doença do tio João.” Ele se abaixou em frente as duas, acariciando seus rostinhos.

“E qual é, tio?” Os olhinhos da criança brilharam diante da esperança de ter seu papai curado.

“A tia Karina, meu amor. Aprende uma coisa desde já, Julinha: a ligação entre dois irmãos é a coisa mais poderosa que existe, mais poderosa que o sangue ou que papéis. A Karina e o João não são filhos dos mesmos pais, igual você e o Pedrinho, mas eles têm uma ligação tão forte no coração que o sangue deixa de ser importante. E Deus entendeu isso e deu uma forcinha para que a tia Karina possa ser o remédio do seu pai.” Ele explicou com a voz embargada, vendo os olhinhos das crianças se enchendo de água. “Então eu vou levar vocês para a vovó Delma enquanto a Karina, a Fabi e o Pedrinho vão para o hospital. E logo, logo, o João vai estar curado e todos nós vamos vir aqui comemorar, está bem?”

Talvez fosse erado dar esperanças as duas crianças, já que mesmo com a compatibilidade entre os irmãos, a chance de algo dar errado ainda existia. Mas também existia a chance de dar certo, e Pedro sabia que esperança era a única coisa mais forte que medo.

E ele tinha fé em sua esperança, tinha fé em João e tinha fé em Karina. E acima de tudo, tinha fé em Deus e, se mesmo com todos os seus erros Ele não tirara Karina e Clarinha dele permanentemente, com certeza não privaria Julinha e João Pedro do pai que tanto amavam.


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Notas finais do capítulo

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