Só Que Não escrita por SraPotter
Notas iniciais do capítulo
Enjoy it!
Acordei com o despertador gritando em meu ouvido. Cinco da manhã. Meu voo sairia às seis. Me apressei e tomei um banho rápido. Tomei café apressada e mesmo com toda a pressa do mundo já tinham dado trinta minutos. O motorista carregou minhas malas e partimos para o aeroporto. Depois de todo o procedimento normal, me sentei e esperei. Logo ouvi a chamada para São Paulo, que era pra onde eu iria. Embarquei e olhei a vista de Londres. Não podia acreditar que estava deixando tudo para trás. Dormi no avião e logo ouvi:
– Moça... moça, acorde. – alguém me chacoalhava.
Acordei e saí do avião, meio atordoada. Fui pegar minhas malas que estavam pesadas demais e chamei o táxi. Indiquei a rua para ele. Fazia muito tempo que não usava meu português, e meio que me enrolei, mas consegui. Chegamos em frente ao internato. Enorme era uma palavra que não definia aquele lugar. Era gigantesco. Olhei, admirada, e paguei o táxi. Só havia um problema: como eu iria carregar cinco malas pesadas para caramba só? Olhei o local e não havia ninguém. Arrastei algumas três malas para a recepção e depois voltei para pegar as duas. Até que apareceu uma mulher.
– Quer ajuda, mocinha?
Mocinha? Eu tenho cara de criança, pelo menos? Não falei nada.
– Yeah, eu agradeceria muito.
– Então você seria Bianca Forbes?
– Branca. – a corrigi.
– Ah, eu estava mesmo esperando você. Vou ajudar você com as malas.
Segui ela até o segundo andar. Eu levava duas malas e ela levava o resto. Paramos em frente a uma porta branca que tinha o número 02 em sua frente. Ela me deu uma chave e me instalei lá dentro.
– Vamos, vista seu uniforme e iremos visitar a escola. Amanhã suas aulas já começam.
Vesti uma blusa e um moletom fechado por cima que tinha a letra F atrás. Já estava de calça e salto mesmo. Andamos bastante e depois ela me disse:
– Você tem que ir ao seu armário pegar seu horário e tudo que precisa.
Consenti e ela se foi. Abri um armário que tinha o sobrenome Forbes na frente e lá estavam livros, a tabela de horários e um pequeno aviso escrito “SEJA BEM VINDA AO COLÉGIO FOX”. Voltei ao meu dormitório e tinha uma garota lá. Era loira, de olhos azuis, pele bronzeada e altura média.
– Você é Branca Forbes? A garota nova da Inglaterra? Prazer. Meu nome é Larissa Drummond.
Ela estendeu a mão e eu a apertei.
– Você não fala? – perguntou a garota.
– É claro que sim. – falei.
– Você tem sotaque. – constatou ela.
Girei os olhos e me deitei em minha cama.
– O almoço é daqui a pouco.
– Você podia deixar de ser irritante. – falei irritada.
– Eu só estava tentando ajudar. – ela disse numa voz afetada.
– Me desculpe. É só que é muita coisa para absorver.
– Tanto faz. Vamos descer.
Eu a segui. Descemos até um refeitório. Lá tinha vários jovens sentados em mesas de quatro ou cinco. Todos rindo, conversando. Não era como na Inglaterra. Nos servimos e depois nos sentamos numa mesa.
– Há quanto tempo mora em Londres? – perguntou Larissa.
– Desde meus 10 anos. Sabe por que meu português não é assim tão fluente?
– Por que?
– Faz muito tempo que não o uso. Desde que me mudei.
– Ah. Seu sotaque é bastante perceptível.
– Oh, yeah. – eu disse.
Ela riu. Sorri e depois de terminar de comer fui escovar os dentes, passar um batom e fui para os jardins. Não havia nada pra fazer mesmo. Me deitei na grama e logo a luz do sol foi interrompida. Abri os olhos e vi um garoto me encarando. Cabelos castanhos caídos nos olhos, olhos verdes amendoados e pele bronzeada. Ergui a sobrancelha e ele falou:
– Você deve ser aluna nova. Se eu fosse você não me deitava aí. Todo tipo de inseto passa por aqui.
Me levantei num tempo recorde e espanei minhas costas. Que nojento!
– Nossa, como você caiu nessa fácil. – disse ele se deitando na grama, gargalhando. Dentes branquíssimos também.
– Engraçadinho.
– Você com certeza não é daqui. Turista?
– Você é o primeiro que me diz isso.
Ele fez careta.
– O que faz no Brasil?
– Ah. Meu pai me obrigou a vir. E o que você está fazendo que não está na aula?
Ele riu.
– Você não tem cara de quem comparece a todas. – disse-me.
– Estaria você faltando as suas aulas? Que feio.
Era minha vez de rir. Ele riu junto.
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