Love or not Love? escrita por EuSemideus


Capítulo 5
Iv


Notas iniciais do capítulo

To postando no fim de semana!!! Uhulllllll!
Espero q gostem!



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IV

Percy

O mundo parecia uma folha em branco para o rapaz. Não havia escuridão, ou mesmo luz. As pessoas, carros, prédios, cores, sons... Tudo havia simplesmente desaparecido.

Por um momento, Percy sentiu-se solitário, um tanto abandonado. Estava sozinho em meio aquela imensidão pálida. Nem mesmo um mísera formiga lhe fazia companhia. Seu coração pesou. Onde estariam seus pais? Seu irmão? Nico? Onde 'ela' estaria?

O moreno fechou os olhos com força. A verdade era que não fazia ideia de onde ele próprio estava. Teria morrido? Seria o céu daquela maneira? Onde estavam as ruas de ouro? O coral de querubins? A ideia aos poucos foi se desfazendo. Ele não sentia como se estivesse morto, só fora da realidade.

Abriu os olhos e ponderou se não havia enlouquecido e estava estava em uma sala de isolamento. Não. As paredes seriam acolchoadas e mais, 'haveriam' paredes. Percy, naquele instante, parecia estar entre o nada e lugar nenhum.

Fechou os olhos novamente e concentrou-se. "Pensamentos felizes", a frase ecoava por sua mente. Aquela era uma das maneiras que encontrara durante a vida de passar por momentos difíceis. Quando o tudo dava errado e o mundo parecia cair, a única coisa que conseguia fazer sua mente voltar a trabalhar eram boas lembranças, "pensamentos felizes".

Quando abriu os olhos, para sua decepção, o mundo continuava branco. Com alguma expectativa olhou em volta, mas, para sua surpresa, não estava mais sozinho. Ali, ao seu lado, estava ela. Os cabelos loiros caiam por seus ombros, os olhos cinzentos brilhavam e um sorriso estampava seu delicado rosto.

– O que você está fazendo aqui? - indagou o moreno confuso.

Annabeth sorriu e pegou sua mão.

– Pensamentos felizes - ela respondeu simplesmente.

Percy despertou com telefone tocando ao seu lado. Abriu os olhos vagarosamente e viu a noite se fazendo presente pela janela de seu quarto.

Ainda sonolento, estendeu a mão até o criado mudo e pegou o parelho. Assim que fitou sua tela viu o mesmo rosto que iluminara seu sonho, brilhar em meio a escuridão. Annabeth.

Sem hesitar, atendeu a ligação. Fazia quase uma semana desde o dia que a levara ao Central Park, desde então esperava ansiosamente por uma ligação da loira, que parecia querer tortura-lo com tal demora.

– Alô?

– Perseu? - o voz aveludada que tanto ansiara ouvir novamente, se fez presente.

– Olá, Annabeth - ele disse já com um sorriso no rosto.

– Está com voz de sono - ela constatou - Já estava dormindo?

O rapaz, confuso, olhou para o relógio digital ao lado de sua cama. Ele marcava 8:12 pm. A maioria das pessoas ainda estavam acordadas àquela hora, porém o caso de Percy era diferente. Pegara um plantão de 24hs no dia anterior. Das 2:00 pm até o mesmo horário do dia posterior. Assim, quando chegou ao seu amado apartamento, a única coisa que pode fazer foi dormir.

– Mais ou menos - ele respondeu meio inseguro - Mas estou mais interessado no que você tem a me falar.

– Ah, sim... - disse Annabeth - Você é médico da minha mãe?!

Percy riu.

– Bem, eu tinha minhas dúvidas, agora estou certo que sim - admitiu ainda rindo - Vocês são bastante parecidas.

Por um momento, pode ver Annabeth balançando a cabeça e com um sorriso no rosto. O pensamento fez um sorriso bobo surgir em seus lábios. "Pensamentos felizes", frase ecoou novamente em sua mente.

– Porém, não é só isso - disse a loira com ar de mistério - Está livre amanhã à tarde?

– Sim, por quê? - ele indagou.

– Pegue-me ás 2:30 pm, amanhã - ela ordenou - É a minha vez de jogar.

O único som que ouviu após aquele sentença, foi o "tu" do telefone, indicando que a ligação havia sido encerrada. Percy sorriu. Teria, sem dúvidas, um longo dia.

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Annabeth

Annabeth fechou a porta de casa e trancou-a, segurando o telefone entre o a orelha e o ombro.

– Não seja tão dramática, Annie - disse a morena do outro lado da linha.

– Thalia Christine Grace, eu não estou sendo dramática! - exclamou Annabeth - Estou sendo realista!

– Não me chame pelo nome do meio! - reclamou Thalia - E sim, você está exagerando!

– Ah, é claro! - disse Annabeth sarcasticamente, segurando o telefone com uma das mãos e rumando em direção ao elevador - Até porque é exagero querer saber o nome do NAMORADO da minha MELHOR amiga!

– Você vai saber quem é na sexta! - a morena de olhos azuis exclamou - Que por acaso é depois de AMANHÃ!

Annabeth bufou e entrou no elevador. Sem pensar muito, apertou o botão do térreo. Ela tirou o telefone da orelha e conferiu as horas, 2:29 pm. Pelo menos daquela vez não chegaria atrasada.

– Tudo bem, Thalia - ela cedeu - Você sabe que isso tudo é só porque eu me preocupo, não é?

– Eu sei, e te amo por isso, mas não precisa se preocupar - garantiu a garota de olhos azuis - Dessa vez é diferente. Garanto que vai gostar dele. Acho que acertei pela primeira vez.

Annabeth acabou sorrindo inocentemente. Era amiga de Thalia há tempo o bastante para ter visto uma grande quantidade de seus "erros". Alguns afetavam mais a garota, outros menos, mas, no fim, ela sempre voltava a ser a Thalia de sempre.

– Tudo bem, vou confiar - disse a loira.

– Ótimo! - comemorou Thalia - Agora pare de me perturbar e vá aproveitar seu encontro com o médico gato!

Annabeth sentiu suas bochechas esquentarem e viu a porta se abrir.

– Eu já disse que não é um encontro! - ela reclamou deixando o elevador e passando rapidamente pelas portas da portaria.

Thalia riu. Se Annabeth a bem conhecia, a morena estava com os olhos fechados e a cabeça jogada para trás.

– Tchau, Annie - ela disse rindo.

– Tchau, punk.

Annabeth desligou o telefone e guardou-o na bolsa. Assim que olhou para frente, viu-o. Perseu estava encostado em seu carro preto. Usava jeans escuros e blusa verde também escura. Os cabelos estavam parcialmente alinhados, mas algumas mechas rebeldes cismavam em permanecer em lugares completamente sem sentido, porém, aquilo lhe dava um charme que somente o moreno tinha.

Perseu levantou a cabeça e sorriu ao vê-la. Annabeth sorriu ao ver os olhos verdes do rapaz brilharem. Ela simplesmente amava aquele verde.

– Annabeth - ele disse abrindo a porta do carro.

A loira sorriu e entrou. No início pensara que aquele jeito de Perseu era só para impressiona-la, mas começara a perceber que ele agia daquela maneira naturalmente, era um verdadeiro cavalheiro.

Segundos depois os dois já estavam dentro do carro. Annabeth ditava as ordens, mandando Perseu entrar nessa rua, pegar aquele retorno e fazer tal curva.

– Não vai mesmo me dizer para aonde estamos indo? - ele indagou novamente.

Annabeth sorriu divertida.

– Surpresa, lembra? - ela brincou - Não se preocupe, estamos quase chegando.

Dito e feito. Minutos depois estavam parados em frente a um grande prédio com muros gigantescos. Ambos eram branco gelo, e o prédio era quadrado, sem nenhum atrativo. Tinha três andares e muitas janelas, todas gradeadas. Perseu parou perto do grande portão de ferro e leu o que estava escrito no muro em letras de alumínio. "Orfanato de Nossa Senhora - NY"

– Um orfanato? - ele perguntou surpreso.

Annabeth assentiu.

– Sim, minha primeira tentativa é um orfanato.

Percy saiu do carro e abriu a porta para que ela deixasse o veículo. Annabeth caminhou até o porteiro e sorriu. Esse retribuiu seu sorriso e abriu os grandes portões para que o casal passasse.

Dentro do muros havia um grande gramado. Um pequeno parquinho, uma piscina e um campo de futebol improvisado eram bem visíveis. Crianças de todas as idades corriam de um lado para o outro. Alguns meninos brincavam descalços e sem camisa, enquanto as meninas, em geral, permitiam-se permanecer apresentáveis.

Mesmo assim, aquele ambiente era um tanto deprimente. Annabeth já frenquentara o estabelecimento tempo o bastante para entender como tudo funcionava. Era triste saber que 80% daquelas crianças não seriam adotadas. Enquanto para para outras crescer era algo bom, para eles era quase uma maldição. As poucas chances de sair dali se restringiam aos recém nascidos. Crianças com 2 e 3 anos raramente eram adotadas, porém, acima disso... Era um milagre.

Os órfãos ficavam ali até os dezoito anos, depois eram colocados para fora sem dó nem piedade, e eram obrigados a se virar para sobreviver nas ruas de Nova York.

– Por que me trouxe até aqui? - perguntou o rapaz.

Annabeth o fitou e logo percebeu seu olhar chocado, provavelmente nunca tinha ido a um orfanato.

– Os orfanatos são contraditórios. Eles podem tanto ser a prova da existência do amor, quanto o ponto final para notar a utopia que na verdade é esse sentimento - disse Annabeth - Talvez eu possa te mostrar que a segunda opção é a mais realista.

Antes que Perseu pudesse responder, uma menina se aproximou deles. Ela era pequena, quatro ou cinco anos talvez. Sua pele era clara, os cabelos loiros presos em duas tranças e os olhos de um verde azulado muito claro.

– Oi, vocês vão adotar alguém? - ela perguntou.

A menina tinha uma expectativa clara, mas seus olhos já tinha um brilho de decepção, como se soubesse que a resposta seria negativa.

– Não acho que possamos - respondeu Perseu abaixando-se na altura da pequena - Qual é o seu nome?

Perseu abriu um sorriso, mas Annabeth logo percebeu que era forçado. O rapaz estava claramente abalado com aquele ambiente. Ele tinha uma ligação muito grande com crianças, provavelmente nunca tinha estado em um local onde elas só tivessem a si mesmas como verdadeiro apoio.

– Melany - ela respondeu com um suspiro - Mas pode me chamar de Mel.

Melany tinha um semblante triste, que parecia ser quase natural para ela. A loira mais velha se surpreendeu quando Percy pegou a pequena nos braços, fazendo-a arregalar os olhos e sorrir.

– Agora sim! - exclamou o rapaz, passando a sorrir verdadeiramente - Estava mesmo querendo ver esse sorriso lindo!

Perseu a jogou para cima e Melany gargalhou.

– Você é legal - ela constatou - Qual é o seu nome?

– Perseu, mas pode me chamar de Percy - apresentou-se o moreno - Essa aqui é a Annabeth.

Annabeth viu a pequena vir a cabeça e analisa-la. Ela inclinou a cabeça e suas tranças caíram para o lado.

– Você a bonita - concluiu Melany - Ela é sua namorada, tio Percy?

Novamente, Annabeth sentiu seu rosto corar. Nem entendia o porquê daquilo. Sempre que insinuavam qualquer coisa entre ela e Perseu, sua pele esquentava e tomava um tom avermelhado.

Perseu limitou-se a sorrir e ajeitou Melany nos braços.

– Quem é a responsável por aqui? - ele perguntou.

– Ah... - disse Melany - É Sr.D, mas só o Quíron e a tia Héstia estão aí hoje.

Os olhos de Annabeth brilharam.

– Onde está Quíron? - ela indagou.

– Na secretaria - respondeu a pequena dando de ombro.s.

Annabeth segurou a mão livre de Perseu e puxou-o, ainda segurando Melany, na direção que desejava. A loira ignorou o formigamento que sentiu ao tocar a mão dele e o fato de que ela parecia envolver perfeitamente a sua. Queria tanto ver seu antigo amigo.

Segundos depois ela já batia em uma porta de madeira escura, dentro do estabelecimento. Um "Pode entrar" entrou por seus ouvidos e Annabeth abriu a porta.

Lá estava ele. Os mesmos cabelos castanhos cortados e penteados de lado, os olhos tranquilos e o rosto amigável. O senhor levantou os olhos e viu, por dentro dos óculos, a loira, abrindo um sorriso feliz em resposta.

– Annabeth! Minha querida! - ele exclamou.

Logo saiu de trás da mesa, revelando sua antiga cadeira de rodas, já tão conhecida da moça. Annabeth correu e abraçou-o.

– Oh, Quíron, senti tanto a sua falta.

Ela sentiu uma mão acariciar seus cabelos.

– Eu também, minha filha - ele respondeu carinhosamente.

Annabeth se afastou e viu que Perseu a olhava confuso. Quíron sorriu para o rapaz e estendeu a mão. O moreno estendeu a mão livre e apertou-a.

– Prazer, sou Quíron.

– Perseu, mas pode me chamar de Percy - respondeu Perseu.

Quíron levantou as sobrancelhas.

– Perseu, como o herói grego - ele concluiu e fitou Annabeth - É impressionante como esses nomes passaram a ser comuns entre nós, não é?

Annabeth riu, balançando a cabeça.

– Quíron, posso levar o Perseu para dar um volta no orfanato? - ela indagou.

O senhor assentiu.

– Sinta-se em casa.

Annabeth sorriu e deixou a sala de seu velho amigo, para ela, quase seu avô. Quando olhou para Perseu, Melany já não estava mais em seus braços. Então viu ao longe, no fim do corredor, um vulto loiro a correr atrás de um moreno.

– Você já veio aqui antes - concluiu Perseu.

Annabeth assentiu enquanto andava.

– Costumava vir aqui três vezes por semana ler para as crianças - ela contou.

– Por que parou? - ele indagou.

– Fui estudar na Grécia - ela respondeu dando de ombros.

Annabeth não viu o rosto de Perseu, mas tinha certeza de que ele tinha arregalado os olhos. Aquela era a reação de todos ao saber onde ela cursara sua faculdade de arquitetura.

Annabeth se viu, então, nos fundos do orfanato. Novamente crianças corriam e brincavam por todos os lados, na grama, sob o sol da tarde.

– Sabe, Perseu, quando vinha aqui, fiz algumas estatísticas - Annabeth sentou-se em um banco e viu o rapaz sentar-se ao seu lado - Concluí que somente 20% das crianças que estão aqui os pais morreram ou não tem condições mentais ou financeiras de cria-las.

Annabeth parou e olhou no fundo dos olhos verdes de Perseu.

– Todas as outras foram abandonadas - contou - Algumas recém nascidas no hospital ou foram achadas no lixo ou nas ruas. Outras, já maiores, eram deixadas aqui na porta pelos pais ou, até, em uma avenida movimentada, e achavam sozinhas o caminho.

O olhar de Perseu se tornou triste e ele voltou-se para as crianças. Annabeth baixou os olhos e deixou uma única lágrima rolar.

– 50% das crianças que vem para cá com mais de dez anos, sofreram algum tipo de abuso - ela disse - Como você quer que eu acredite no amor, quando sei que pais são capazes de tirar a inocência de seus filhos? Que são capazes de deixa-los a sua própria sorte quando ainda mal podem andar?

Annabeth levantou a cabeça e viu que Percy a fitava.

– Eu não sei - ele respondeu visivelmente abalado.

Leiam as notas finais


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Notas finais do capítulo

Gente, meu BOO vai chegar dia 8, então, por favor, sem spoilers ok? N gosto...
Bem, eh isso!
Bjs, comentem!
Até!
EuSemideus



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