Karina POV

Passaram-se dois meses desde que Cobra fora preso, ele foi transferido para uma penitenciária de sua cidade natal, eu estava feliz com a notícia pois além de estar bem longe de mim, eu iria seguir tranquilamente com minha vida sem interrupções.

A banda de Pedro está cada vez mais popular, fazem no mínimo três shows por semana, ele não poderia estar mais feliz, e eu orgulhosa. A única parte ruim nisso tudo é que tínhamos pouco tempo um com o outro.

Eu participei de dois campeonatos de MMA desde que meu pai deixou que eu lutasse, ganhei uma medalha de ouro e uma de prata, confesso que me decepcionei um pouco, porém ainda tinha muito pela frente, logo me animei novamente.

Meu pai tentava disfarçar mas eu percebia que estava muito orgulhoso de mim, não tem sido fácil pra ele me observar enquanto lutava, sempre tentava me fazer mudar de ideia, mas é claro que em vão, nunca abandonaria minha carreira. Nasci pra lutar.

_Ansiosa? - perguntou Pedro, ele estava me levando a uma clínica para fazer alguns exames, daqui uma semana eu iria participar de outro campeonato, mas antes eu teria de checar se estava tudo bem comigo, de acordo com meu pai, eu não lutaria se não fizesse isso todas as vezes. Eu achava idiotice, pois todos somos obrigados a fazer um exame antidoping antes das lutas. Mas seu Gael é seu Gael, melhor não contraia-lo.

_Pra esse exame idiota? Não. Pelo campeonato? Talvez um pouco. - confesso.

_Vai dar tudo certo, você ganha fácil daquelas lutadoras. - diz ele sorrindo, coloco a mão em sua nuca e o massageio, eles estava dirigindo a mais ou menos duas horas. A clínica ficava a quase três horas de casa. Só meu pai mesmo pra marcar uma consulta nesse fim de mundo.

* * *

Pedro POV

Estou a meia hora sentado na sala de espera da clínica, o médico pediu que eu me retirasse do quarto, isso nunca acontecera antes, geralmente quando trago Karina aqui eles só tiram uma amostra de sangue e conversam com ela. Eu já estava ficando preocupado.

_Pode entrar. - diz a enfermeira enfim. Eu a sigo até a sala do doutor. Karina está pálida, e não me olha quando entro.

_Alguém me explica o que ta acontecendo pelo amor de Deus?

_A Karina não vai poder lutar na semana que vem. - o médico fala. Eu olho pra esquentadinha mas ela continua sem me olhar.

_Porque? - pergunto.

_Sua mulher está grávida.

Eu demoro um longo tempo pra assimilar a notícia, a Karina está grávida? É isso mesmo que eu ouvi? Não sei o que dizer, é claro que estou feliz, muito feliz, mas porque a Karina não me olha? Fico sem saber como reagir.

_Karina! - exclamo e enfim ela me olha, e sorri, vou até ela e a beijo. Estava tão feliz, nunca pensei que uma notícia como essa poderia me deixar tão contente, confesso que não pensava em ter filhos com frequência, o pensamento deve ter passado pela minha cabeça apenas uma ou duas vezes, mas ainda assim amei saber que logo teria uma criança em casa.

_Eu, mãe? - pergunta Karina, ela parece em choque, acho graça de sua expressão.

_Doutor, mas porque eu tive de me retirar da sala para que o senhor fizesse esse exame, afinal não é só uma amostra de sangue? - perguntei, intrigado. O médico ri.

_Eu me lembro da última vez que o senhor esteve aqui, quase desmaiou ao me ver tirando o sangue dela, fez o maior escândalo dizendo que eu estava tirando sangue demais e ficava me dizendo como eu devia fazer as coisas. Achei desnecessária sua presença hoje, já que tive de tirar um pouco mais do sangue dela.

Tudo bem, talvez eu realmente tivesse exagerado um pouco da outra vez, mas não era pra tanto. Voltei minha atenção a Karina que estava paralisada no mesmo lugar.

_Você não está feliz com a notícia? - pergunto, preocupado.

_Vou deixar vocês conversarem a sós, mas somente por dez minutos, tenho mais pacientes pra atender. Se me dão licença. - disse se retirando da sala.

_Karina? - insisto.

_Eu to, mas é que eu nunca me imaginei sendo mãe. Será que eu vou dar conta?

Ah, era isso que a preocupava.

_Claro que vai dar conta, eu te garanto isso, você é toda preocupada, atenciosa, e tenho certeza que defenderá esse bebê como ninguém, esse é o lado bom de ser esquentadinha, você não será uma boa mãe, mais sim uma ótima mãe, e eu farei de tudo pra ser um pai maravilhoso.

Ela me abraça.

_Obrigada, eu realmente precisava ouvir isso.

_Que isso, só falei verdades esquentadinha. Agora a gente tem que ter uma conversa séria.

Ela me olha curiosa.

_Temos que escolher nomes! - falo.

_É muito cedo pra isso Pedro.

_Mas eu já sei qual nome eu quero. - aviso e ela ri.

_To até com medo de perguntar. - comenta.

_David. - afirmo.

_Você estava falando sério mesmo? - diz ela. - Achei que ia vir com um nome totalmente maluco.

_É claro que estava falando sério! - finjo indignação.

_E porque David, posso saber? - questiona.

_Por causa do Dave Keuning, o guitarrista do The Killers. - falo. Esse cara era fera na guitarra, um dos meus ídolos.

_Mas pode ser uma garota também, você sabe disso não sabe? - brincou ela.

_Se for eu deixo você escolher. Combinado? - pergunto e ela acena afirmativamente.

* * *

Karina POV

Quando contamos a família e aos amigos sobre o bebê, todos ficaram super felizes, principalmente Tomtom que já estava fazendo planos pra ser babá, se fosse possível ela estava mais animada que Pedro e eu que somos os pais da criança.

Seu Gael quase chorou ao receber a notícia, e quase me levou as lágrimas também, ele nunca pensou que seu primeiro neto seria um filho meu, afinal Bianca sempre foi mais "namoradeira". Toda vez que alguém se aproximava dele ele falava "Eu vou ser avô!", era até fofo. Quem diria que o mestre durão se derreteria com a notícia de um netinho.

* * *

8 meses depois...

Pedro POV

A esquentadinha está dando a luz, eu estou na sala de parto com ela, ela aperta a minha mão com tanta força que acho que nunca mais conseguirei tocar minha guitarra. É angustiante essa demora, não me atrevo a chegar perto do doutor, estou muito bem, obrigada, ao lado da minha namorada. Eu não conseguiria ver o bebê saindo de dentro da esquentadinha sem desmaiar, uma vez uma professora de biologia na escola, passou o vídeo de um parto pra turma assistir, e eu quase morri ao ver a cena, mesmo sabendo que agora era meu filho que estava nascendo eu não consegui criar coragem pra ver aquilo de novo.

_Aaaah. - gritava Karina ao sentir dor e eu gritava também porque ela esmagava meus dedos. O médico algumas vezes parava o que estava fazendo e me olhava irritado, mas o que eu podia fazer? Doía pra cacete.

Aquela aflição durou por mais alguns minutos até que ouvi o choro de um bebê. Karina soltou minha mão, estava exausta tadinha, e eu fui até a enfermeira que segurava meu filho nos braços. Sem dúvidas era um menino, sorri ao ver aquela carinha, tão pequeno, mas tão amado.

* * *

_Nasceu! - digo quando saio do quarto para avisar a todos que nos esperavam na sala de espera. Eles me abraçam e me parabenizam.

_Deu tudo certo então? - pergunta Gael. - A Karina ta bem?

Ah é claro, a mãe de Karina havia morrido ao dar a luz, ele devia estar muito preocupado com a filha, e com razão.

_Está ótima, só que muito cansada. - tranquilizo-o e ele parece ficar aliviado. Bianca o abraça.

_Coitadinha dessa criança, tem um pai e uma mãe malucos - diz João ao me abraçar.

_Muito engraçado Johnny. - ironizo.

* * *

_Ele é tão lindo. - comenta Bianca, ao olhar David através do vidro.

_É claro que é, afinal de contas é meu filho. - digo.

_Convencido. - retruca ela sem tirar os olhos do bebê. - Quero um pra mim.

_Eita. - diz João arregalando os olhos.

_Calma seu bobo, não to falando agora. - responde ela rindo.

Karina e David, ficaram quase uma semana ainda no hospital, ela porque não queria sair de perto do filho, e ele porque estava em observação, mas no fundo correu tudo bem, recebemos eles com uma pequena festa surpresa, e ela adorou, porém estava cansada demais pra aproveitar a festa. Ela não dormira direito a semana toda, as camas do hospital eram muito desconfortáveis.

_Você vai voltar a lutar? - pergunta Fabi, que tinha vindo pra cidade só pra conhecer David, ela e Karina não eram mais tão próximas e durante um tempo haviam perdido o contato, porém um pouco antes de David nascer ela ligou pra gente e eu a convidei para a festa.

_Sim, mas só quando ele estiver um pouco mais grandinho. - admite Karina.- Além disso, Pedro tem show quase toda noite, não posso deixar meu bebê sozinho.

_Ela é uma mãe super-protetora, não me deixa chegar perto dele se não tiver lavado as mãos no mínimo duas vezes. - digo.

_Certa ela! - diz Fabi. - Quer que seu filho contraia alguma doença? - Preferi não responder.

Karina e eu, finalmente construímos uma família juntos, mas para a felicidade ficar completa, só faltava uma coisa.

_Gente, eu tenho uma coisa pra fazer. Banda cheguem aqui.

A banda se posiciona e começam a tocar a música "Esse seu jeito", minha primeira composição, tendo como musa a Karina. A esquentadinha me olha confusa, e retiro uma caixinha que venho guardando em meu bolso já faziam alguns meses e me ajoelho em sua frente.

_Casa comigo minha esquentadinha?

Ela coloca a mão sobre a boca surpresa.

_Sim. - responde e eu coloco a aliança em seu dedo, ela é dourada com um único diamante para enfeitá-la, simples aos olhos de alguns mas perfeita para nós.

_Esse diamante simboliza nosso relacionamento. - explico. - O diamante é a pedra mais resistente que se conhece, isto significa que não pode ser riscado por nenhum outro mineral ou substância, exceto por outro diamante. Então, esse diamante nos representa, muitas coisas já entraram em nosso caminho tentando nos separar, porém nós resistimos, ninguém irá conseguir nos separar, a não ser que eu te machuque ou vice versa, mas saiba que eu nunca faria algo para te magoar, e sei que você também não me magoaria, eu te amo mais do que tudo nesse mundo. E sei que ainda temos muito pela frente, mas saiba que meu amor por você é superior a tudo que possa vir a acontecer no futuro.

Os olhos dela enchem-se de lágrimas e ela me beija ternamente.

–Fim!