O majestoso astro-rei brilhava alto no céu azul anil, onde reinava soberano. O dia estava belo e quente, tanto que a maioria dos shinigamis que treinavam não usavam a parte de cima do Kimono negro devido ao calor intenso.

O tempo parecia passar tranquilamente para todos, menos para ele, o poderoso capitão do sexto esquadrão, Kuchiki Byakuya.

Sentia-se estranhamente inquieto desde o dia em que Kurosaki Ichigo partirá as pressas para o palácio real, deixando-o frustrado para trás por não poder acompanha-lo em busca de informações sobre a morte de Ruchia.

Em seu apurado senso de justiça, tinha plena consciência de seu direito de obter tais informações, pois todo assunto que envolvia sua falecida irmã, automaticamente, o envolvia também. Afinal, Rukia era seu maior orgulho, e não daquele pirralho arrogante de cabelos alaranjados.

Uma ansiedade sufocante crescia pouco à pouco em seu interior conforme os dias iam passando e isso o irritava. Sabia que algo estava prestes a mudar drasticamente, mas mesmo assim, negava-se a se iludir com tipo de esperança.

Já havia aceitado sua culpa pela morte de Rukia, e também já tinha consciência de que falhará miseravelmente em manter sua promessa para com Hisana e não seria agora que tudo se acertaria como em uma fábula utópica, onde os personagens ansiavam por seu maravilhoso final feliz. Já viverá o bastante para saber que final feliz não existia para ninguém. Todos sofreriam a perda um dia, esse sim era o final e perder alguém nunca seria algo feliz, já sentira na pele essa dor duas vezes, e não a deseja nem a seu pior inimigo.

Observou entediado todos os relatórios sobre sua mesa, todos estavam terminados e na mais perfeita ordem, tempos de paz abatiam-se sobre a Soul Society e o mundo humano e com isso o trabalho ficava cada vez mais escasso.

Mesmo não suportando Ichigo, ansiava por sua volta, desejava acabar de vez com aquela angústia que o tomava e sabia que aquilo só acabaria quando todo o assunto sobre a morte de Rukia fosse esclarecido e encerrado, deixando-o a remoer sozinho sua grande culpa.

Suspiro cansado, realmente o dia estava muito quente e aquelas vestes de capitão não ajudavam em nada, desejava ir para casa, banhar-se, mas nunca abandonaria seu posto por algo tão egoísta e imaturo.

— Kuchiki-Taichou. — A voz suave de Ayame, sua nova tenente, ecoa ao adentrar o ambiente acanhada.

— Sim. — Respondeu indiferente a jovem shinigami, que ocupará o posto de Renji após sua nomeação como capitão do terceiro esquadrão.

— Chegou uma mensagem do Kyōraku-Soutaichou. — Respondeu polidamente com a tão usada borboleta infernal pousada em seu dedo. — A presença de todos os capitães da Gotei treze é solicitada com urgência no primeiro esquadrão. — Completa repetindo a mensagem que havia ouvido minutos antes.

Mesmo mantendo indiferente com sua usual mascara de frieza, algo em Byakuya agitava-se com essa inesperada mensagem, sabia que aquilo tinha uma grande chance de ter a ver com Rukia e era isso o que mais desejava.

Sem perder tempo, sumiu em um shunpo instantaneamente, aparecendo segundos depois em frente a grande porta dupla do primeiro esquadrão.

— Kuchiki-Taichou! — Ouviu seu nome ser chamado dando de cara com Renji, que parecia tão apressado quanto ele.

— Renji. — Saldou deixando o escandaloso ex-tenente para trás ao adentrar a grande sala do comandante da Gotei Treze.

Todos os outros capitães já ocupavam seus devidos lugares, com exceção de Shiba Isshin, que ocupava o lugar do filho com suas antigas vestes de capitão, causando um grande estranhamento de Byakuya, que tinha um mau pressentimento sobre aquilo.

— Vejo que já estão todos aqui. — Dispara Kyōraku, ao ver Renji adentrar a sala, rumando para seu devido lugar. — Podemos começar enfim. — Completa sem aquela animação característica de sua personalidade. — Primeiramente quero notifica-los que Shiba Isshin é o novo capitão do nono esquadrão. — Declarou observando todos, que murmuravam surpresos pela noticia.

— E o que houve com o Ichigo?! — Indagou Renji exasperado.

— Isso é o que eu vou lhes explicar agora. — Respondeu Kyōraku de maneira imponente, fazendo o silencio voltar ao ambiente, fazendo com que somente suas palavras fossem ouvida por todos ao relatar tudo o que acontecerá nesses últimos dois dias após a chegada de Ichigo.

Um silencio opressor pairava pelo ambiente após todos os fatos serem revelados pelo comandante, que os observava seriamente, olhando principalmente para Byakuya, que mantinha-se inabalável aparentemente, mas que queimava de raiva por não ter sido avisado de tudo isso antes.

— Espera! — Exclamou Renji. — Isso tudo o que eu acabei de ouvir é real? A Rukia esta mesmo viva? — Questionou ansioso.

— Sim, Abarai-Taichou. — Respondeu o Soutaichou encarrando-o. — Urahara-san nós notificou pela manhã que o paradeiro de Rukia-chan fora localizado por Kurosaki-san. — Completou.

— E ela é uma humana sem poderes ou força espiritual alguma? — Insistiu ansioso.

— Sim, mas não é somente esse o ponto dessa reunião. — Disparou com seu tom de voz serio. — O que quero dizer é: Se Rukia-chan está mesmo viva e bem como o Reiou disse que estaria, o surgimento de um novo inimigo é iminente e é por isso que lhes chamei aqui. — Declarou. — Quero que preparem-se para enfrentar algo realmente poderoso, não podemos estar desprevenidos. — Completou sem deixar o tom serio.

— Hai. — Responderam todos em conjunto.

— Soutaichou. — Chamou Renji, prendendo a atenção de todos para si. — E quanto a Rukia? Quando poderei vê-la? — Questionou sem surpreender ninguém, afinal todos sabia a historia que ele compartilhava com a ex-tenente.

— Isso é algo que só o tempo dirá. — Respondeu calmamente para o ruivo tatuado.

— Mas Soutaichou... — Começou ele mais uma vez, mas é interrompido por Nemu, que chega ajoelhando-se perante Mayuri.

— Mayuri-sama, perdoe-me pela invasão, mas venho lhe notificar que foram detectadas duas pressões espirituais gigantescas em dois pontos distintos da cidade de Karakura. — Disparou rapidamente com a cabeça baixa.

— Parece que o tempo está a seu favor, Abarai-san... — Sussurra Hirako ao lado do ruivo, que encarrava Byakuya seriamente.

— Interessante! — Exclama Mayuri rindo do desenrolar dos acontecimentos. — Muito interessante!

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O dia parecia passar rapidamente em Karakura e Rukia já se via fora dos muros da escola ao lado de Yosen, que a puxava rapidamente em meio a multidão de alunos apressados.

— Yosen. — Chamou em vão pela quinta vez desde que ele começara a arrasta-la apressado para fora da sala de aula, sem dar-lhe tempo para nada a não ser pegar o material e olhar de relance para o garoto ruivo, que conversava impaciente com o professor. — Yosen. — Repetiu ganhando o silencio como resposta mais uma vez. Seu sangue ferveu, odiava ser ignorada pelo mesmo, principalmente quando era arrastada como se fosse uma criança. — Idiota! — Exclamou atingindo-o com um forte chute na perna esquerda, fazendo com que o garoto quase fosse ao chão levando-a junto.

— Ficou maluca, nanica maldita?! — Indagou raivoso ao recuperar-se do golpe, soltando-a.

— Eu é que pergunto! — Devolveu encarrando-o irritada. — Acha que é só ir me puxando por ai é?! Sou uma garota frágil, seu brutamontes! — Completou apontando o dedo no meio da face irritada do rapaz.

— Frágil?! Você quase arrebentou minha perna, sua maluca! — Exclama Yosen, segurando o pequeno dedo da garota para afasta-lo de seu rosto, ignorando todos os olhares que eram direcionados a eles.

— Você mereceu. — Afirma a baixinha voltando a caminhar.

— Que seja. — Responde alcançando-a.

— Mas por que toda essa pressa? — Questionou Rukia, curiosa, observando o pôr do sol alaranjado a sua frente.

— Ah... É-É que abriu uma doceria nova perto de casa e queria te levar lá. — Declarou apressado, tentando esconder que fugia de Ichigo, que agora era seu mais novo colega de classe.

— Serio? — Perguntou Rukia desconfiada. — Você vai pagar? — Questionou mais uma vez.

— Claro, mas bem que pudíamos dividir, né?! — Indagou recebendo um olhar mortal da pequena garota.

— Nem vem, você que me arrastou igual uma boneca de papo pela escola, então você paga para se redimir com minha pessoa. — Exige sorrindo de maneira debochada.

— Certo. — Responde revirando os olhos negros. — Mas na próxima você paga. — Impõem sorrindo aliviado por não ter sido descoberto pela melhor amiga.

— Vai sonhando.... — Sussurra para si mesma caminhando ao lado do garoto, alheia a mudança drástica no ar de Karakura, que parecia cada vez mais pesado naquele anoitecer.

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Caminhava frustrado pelo tão conhecido corredor de seu antigo, que já não era mais tão antigo assim, colégio. Acabara de ser liberado pelo velho professor de historia, que lhe fizera preencher uma grande e entediante formulário escolar.

Havia esquecido-se como a escola poderia ser irritante e para piorar, perderá Rukai de vista quando aquele maldito Yosen a tirou, praticamente, arrastada da sala de aula. Queria ter quebrado todos aqueles malditos dedos que a tocavam, mas conteve-se, afinal o desconhecido era ele, não o idiota arrogante.

Bagunçou os cabelos, irritado, precisava de um bom banho para relaxar e extravasar todo aquele estresse, mas sabia que ainda tinha muitas coisas a fazer e uma delas era encontrar a residência de Rukia, para deixa-la segura de algum modo.

Talvez buscar Kon na Soul Society fosse uma idéia a se pensar, o pequeno leão de pelúcia poderia servir de ligação entre eles, avisando-o quando algo não estivesse bem com ela. Sim, era isso o que faria, decidiu por falar com Urahara mais tarde a fim de saber se aquilo seria possível.

Caminhava apressadamente em direção ao Uarahara Shop, quando sentia duas energias espirituais esmagadoras pairando pelo ar. Suas entranhas se reviraram prevendo o perigo eminente.

Automaticamente a imagem de Rukia passou por sua mente. Questionava-se sobre o quão segura ela poderia estar no momento.

— Merda! — Praguejou tocando o antigo distintivo de madeira no peito, deixando o novo corpo artificial cair. Sabia que não poderia ser descuidado, então escondeu o corpo em uma sala vazia da escola, sumindo apressado logo em seguida.

Um mal pressentimento apoderava-se de Ichigo. Não sabia em qual direção devia seguir, pois os dois indivíduos poderosos moviam-se separadamente em duas direções. Decidiu seguir a mais forte de todas, surpreendendo-se ao parar em frente a casa de Ishida, parcialmente destruída.

— Ishida! — Gritou impaciente ao adentrar a sala toda destruída. — Inoue! — Exclamou chamando-os.

— Kuro-Kurosaki-Kun... — Ouviu a voz baixa da amiga chamar enfraquecida no cômodo ao lado, que encontrava-se no mesmo estado da sala.

— Inoue?! O que houve? Cadê o Ishida? — Questionou Ichigo apressadamente, mas sem obter resposta, pois a companheira acabará por perder a consciência.

Uma explosão balança no andar superior balança as estruturas da casa, que ameaçava desabar.

— Mas que merda é essa?! — Gritou Ichigo tirando Inoue rapidamente do meio dos escombros, deixando-a em um lugar seguro fora da casa, para desaparecer em um shunpo logo em seguida.

A incredulidade tomava conta de Ichigo quando, ao tocar seus pés no telhado destruído da casa de Ishida, encontrou o mesmo todo ferido em frente ao inimigo de estatura baixa.

— Olha o que temos aqui! — Exclama a estranha figura arrastando Ishida semi-inconsciente pelo pescoço. — Kurosaki Ichigo, você facilitou meu trabalho vindo até mim. — Declarou deixando seu capuz cair sobre seus ombros, revelando a face infantil moldada pelos curtos cabelos loiros.

— Quem é você, maldita? — Rosna Ichigo segurando firmemente sua grande espada negra. — Solte o Ishida agora e talvez eu tenha piedade de você. — Completou em posição de ataque.

— Você não está em posição de exigir nada, Kurosaki Ichigo. — Diz cantarolante, estalando os pequenos dedos.

Instantaneamente, vários Hollows de pequeno e grande porte cercara-os, mostrando para Ichigo que, realmente, aquela não era uma situação favorável para ele e seus companheiros desacordados, a única coisa que podia fazer agora era lutar por eles e esperar que Rukia estivesse bem, em algum lugar seguro.

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— Andem mais rápido, escoria! — Gritou impaciente o peculiar homem de aparecia despojada, devido ao moderno corte de cabelo moicano; forçando as amedrontadas almas a passarem apressadas pelo estranho portal, denominado garganta.

Estava frustrado por ter ficado com a parte mais entediante do trabalho, capturar Plus e Hollows era algo considerado fácil de mais para ele. Preferia ter partido logo para pancadaria.

Sabia que Ishida Uryuu não seria um alvo fácil de se capturar, mas sempre foram um homem que gostava de desafios a altura.

— Rapido! Rapido! Rapido! — Exclamou empurrando as ultimas almas hesitantes, para depois fechar de vez o portal, mas tarde cuidaria deles.

Com seu trabalho cumprido a unica coisa que podia fazer por hora, era esperar.

A cidade parecia calma observada de longe, sempre achara os humanos sem graça, ate mesmo quando ainda era um deles e essa opinião não havia mudado.

Nada ali parecia prender-lhe a atenção, até que em meio aquele amontoado de pessoas a encontro, a culpada de todos os seus maiores problemas e frustrações. Pode ver que ela estava diferente, era ela, a garota que lhe havia tirado uma parte de si. Era ela, a pequena shinigami, Kuchiki Rukia.

Sorriu maldosamente, finalmente teria sua vingança.

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Caminhava apressadamente junto de Rukia pela grande e movimentada avenida da cidade, queria tira-la o mais rápido possível dali. O ar estava pesado, podia sentir claramente aquela mesma força agressiva e opressora que sentira a dias atras.

— Mais rápido, Rukia! — Exclamou puxando-a pela mão. — Vamos! — Repetiu.

— Calma, Yosen. — Rebateu ela tentando acompanha-lo. — Acho que vai chover.... — Disparou olhando o céu cheio de nuvens pesadas. — Devíamos nos abrigar em alguma loja. — Completou Rukia, sem desviar os olhos violáceos do céu. Podia sentir que algo estava terrivelmente errado, mas ainda não conseguia saber o que era.

— Não. Vou te levar para sua casa o mais rápido... — Disparou sendo interrompido por uma explosão, que jogou vários carros para longe. — Mas que merda é essa? — Questionou posicionando-se a frente de Rukia, que não conseguia ver nada a não ser uma grande nuvem de fumaça.

— Parece que finalmente o destino conspirou a meu favor! — Exclamou gargalhando o estranho homem, que andava em meio ao fogo. — Prazer em revê-la, Kuchiki Rukia. — Completou olhando a garota, que ainda estava parada atras de Yosen sem nada ouvir ou ver o que acontecia a sua frente, mas mesmo assim, algo revirou-se dentro de si.

Um desespero doloroso tomava-a pouco à pouco, suas pernas fraquejavam perante a grande pressão sobre si, seus olhos ardiam, fazendo com que lagrimas escorressem deles.

Naquela noite a escuridão tomou conta da cidade. Amigos e inimigos confrontariam-se e talvez, mas só talvez, em meio ao caos a memoria perdida finalmente renascesse trazendo um pouco de paz e esperança para aqueles corações atormentados. Paz essa que não duraria muito mais tempo.