–Dois ferimentos feitos com uma Calibre 38, um deles passou exatamente pelo coração. O atirador estava a aproximadamente 2 metros da vítima e sabia onde e como atirar. Ela tem uma tatuagem no pescoço, feita pouco tempo. Sofia é o nome dela, não? Bem, então não faz muito sentido fazer uma tatuagem da letra ''R''. Antigo namorado, talvez. Porque o atual se chama Liam Kaynes. Coletei sêmen do corpo da menina, e o dono já tinha sido fichado há alguns anos. Bell e Gregson estão com o rapaz lá em cima.

Joan ouviu o legista em silêncio, Mal compreendia o sentido daquelas palavras. Sua mente estava longe, à procura de Sherlock Holmes. Ela tinha ligado, enviado diversas mensagens, mas ele tinha praticamente desaparecido.

–Senhorita Watson? Está ouvindo?

–Sim, estou. Obrigada por tudo. Vou subir para o interrogatório.

Levantou-se e checou o celular novamente.

Nada.

Suspirou, enquanto pegava um copo de café.

Havia um papel pregado na cafeteria, com a letra de Sherlock.

''Foco - Sherlock''

Ele está comigo, pensou, agora menos preocupada.

Ela faria o que ele pedia.

Foco em Sofia e foco na investigação.

Respirou fundo quando Marcus virou o corredor.

–Nós encontramos o Hayden. O capitão e eu vamos interrogá-lo agora. Quer vir?

Ela assentiu com a cabeça e o acompanhou até a sala de interrogatórios.

–Sherlock estava procurando por você. Disse que tinha uma mensagem.

–Já recebi o recado. - ela ainda segurava o papel dobrado por entre os dedos.

Gregson estava com um rapaz jovem e desnorteado sentando à sua frente. Parecia totalmente apavorado por estar preso em uma delegacia às 10 horas da manhã.

Se fosse levar em conta apenas sua intuição, Joan afirmaria com toda convicção que Liam Hayden era inocente.

–Agora você podem me dizer por que estou aqui? - perguntou assim que os viu entrar.

–Quantas garotas chamadas ''Sofia'' o senhor conhece, senhor Hayden? - perguntou Gregson.

–O que? O que isso tudo quer dizer?

–Só responda as perguntas, Sr. Hayden.

Ele suspirou.

–Só uma. Minha namorada.

–Quando foi a última vez em que você a viu ou falou com ela?

–Ontem à noite. Nós jantamos fora e depois fomos para o meu apartamento. Hoje de manhã, acordei por volta das 8 horas e ela já havia ido trabalhar.

–Você sabe onde ela trabalha?

–Ela é secretária de um grande empresário. Um desses capitalistas desenfreados. Mark David, Mark Donald, algo assim.

–Sofia não era americana, certo?

–É brasileira. Se mudou para cá há quatro meses, mais ou menos. Nós nos conhecemos a pouco mais de três.

–Conhece alguém que, de alguma maneira, gostaria de machucá-la?

Ele pareceu surpreso com a pergunta.

–Não, claro que não. Vocês estão me assustando! O que está acontecendo?

–Sofia Meirelles foi assassinada no Central Park às 09h02min dessa manhã com 2 tiros no peito. – Marcus abriu uma pasta com fotos do cadáver da menina.

Hayden virou o rosto, com os olhos cheios de lágrimas.

–Eu não quero olhar para isto.

Bell pegou a pasta de volta.

–Sofia está... Morta?

–Sinto muito, Sr. Hayden.

Liam tentou encontrar uma expressão mais conformada. Disse com a voz embargada, mas firme:

–Não conheço ninguém que possa querer mal a ela. Sofia era uma pessoa maravilhosa. Não sei de mais nada.

Gregson levantou-se e foi seguido por Joan e Marcus.

–Ele parece inocente para mim. – disse o detetive – Não penso que ele possa ter matado a moça.

–Mas Hayden tem motivos – argumentou Joan, olhando para o celular – Pesquisei por Sofia Meirelles na internet. Ela é casada.

–Vou segurar o Hayden mais um pouco – disse Gregson e depois, apontando para os detetives – Vocês dois, achem o marido.

Harry Adams era agora o suspeito n°2.