Eu ainda contemplava aquela mulher por uns míseros segundos e cheguei à conclusão que nunca havia a visto na vida.

– Foi difícil te achar, sabia? – Ela falou quebrando o silencio constrangedor de segundos.

– Desculpa, mas eu te conheço? – Perguntei tentando não soar ignorante.

– Meu nome é Julie – Falou me estendendo a mão e mostrando um sorriso contagiante, eu apertei a sua mão levemente – E você é a Mayane não é mesmo?

Assenti com a cabeça, tentando entender como ela sabia meu nome.

– Pronto agora nos conhecemos! – Falou dando o seu sorriso contagiante.

Olhei pra ela esperando que ela me dissesse algo, pois eu não estava entendo nada. Foi então que ela percebeu o Alex ao meu lado, com uma expressão que não conseguia definir.

– Ai que fofinho, é seu namorado? – Perguntou me encarando e percebi que Alex sorriu sem graça por causa do “Fofinho”.

– Sim – Respondi e ela me lançou um olhar levado.

– Bom anne – Falou – Se é que posso te chamar assim – Falou soando mais como uma pergunta.

– Prefiro May – Respondi sem graça e com nenhum pingo de animo na voz, ela estava me deixando confusa.

– Você deve estar me achando uma doida....

Sim, eu estava achando ela completamente doida.

– Oque acha de irmos pra sua casa? – Perguntou.

Ok, ela acha que vou leva-la até em casa se nem a conheço? Nunca.

– Bem é que... – Tentei arranjar uma desculpa.

– Ok, acho que entendi May... – Falou – Você mal me conhece e eu já pesso pra você me levar até a sua casa, que bobeira a minha. Então, por favor confie em mim, eu não quero fazer nada de ruim. Eu quero te falar de uma oportunidade única pra você. Oque acha de irmos até aquela lanchonete da esquina para conversarmos?

Olhei pra Alex confusa, e agora confiar ou não naquela mulher que parecia ser simpática e sem rumo a maldade?

– Ela vai sim – Alex falou por mim – Mas eu a acompanho.

A mulher pareceu pensar e concordou, então fomos até a lanchonete inseguros.

**

– Eu vou começar a contar o motivo de eu te procurar assim – Julie falou assim que nos sentamos na lanchonete.

– Ok, mas, por favor, seja rápida, por que eu preciso ir pra casa- Falei tentando não ser mal educada enquanto olhava o cardápio para pedir algo.

– Eu estava presente no dia em que você cantou na Pizzaria Talents – Falou e eu ruborizei na hora, eu queria que aquele dia não tivesse existido, mas se isso acontecesse eu não estaria com Alex.

Alex só observava enquanto mordia o lábio inferior, se eu o conheço bem, com certeza deve estar achando aquela mulher louca, e que veio tentar puxar um assunto chato, para nos fazer de “otários”.

– E você veio apenas para a elogiar? – Alex perguntou com sarcasmo , com certeza pensando oque eu havia falado antes. Julie o olhar como se tivesse se arrependido de ter o chamado de “Fofinho”.

– Não, posso terminar de falar? – Perguntou e eu assenti olhando para Alex, como se pedisse para que ele calasse a boca, e ele me olhou como se fosse pra mim ir calar como sempre fazia, por que sempre no final eu o calava com um beijo, mas eu não faria aquilo diante de uma mulher que eu nem conheço.

– Eu amei muito a sua voz, e gravei você cantando no meu celular – Continuou – Eu queria ter falado com você naquele dia, mas você saiu correndo do palco, logo que terminou de cantar. Então eu passei dias indo na pizzaria para ver se eu a encontrava novamente lá, mas você nunca mais voltou. Então resolvi perguntar para o dono da pizzaria se ele te conhecia, então ele apenas me falou que você sempre vinha com uma menina loira de cabelo comprido e uma ruivinha. Ele falou que conhecia a loirinha e falou que conhecia a casa que ela morava então me passou o endereço. Eu fui hoje de manhã a casa dessa loirinha e a mãe dela falou que ela não estava e que o pai havia acabado de levar ela e a amiga dela para a escola. Eu perguntei se a tal amiga era a do vídeo na qual era você cantando que eu gravei no meu celular. Ela sorriu e confirmou que era e me falou que seu nome era Mayane. Então eu pedi para que ela me informasse a escola que você estudasse, então eu esperei que acabasse as aulas, para mim falar com você.

Eu e Alex nos entre olhamos e percebemos que aquela historia não tinha logica alguma.

– E eu quero explicar o motivo de eu te procurar tanto – Continuou com o seu sorriso contagiante – Como eu disse, eu amei a sua voz, e vi que você tem um dom para cantar. Por isso gravei e mostrei para o meu irmão que é um empresário musical, que como eu adivinhava também adorou a sua voz, e queria te ver cantar pessoalmente.

Olhei para Alex como se não soubesse oque responder e ele me olhou surpreso. Foi ai que eu lembrei que esse era um dos seus sonhos, quando ele cantou pra mim, ele me falou que queria cantar e tocar.

– Não é nenhum golpe – Julie falou assim que viu que eu não responderia nada – Confie em mim, eu achei sua voz maravilhosa – Continuou enquanto revirava a bolsa e eu pensei que ela fosse sacar uma arma, mas ela apenas me entregou um cartão e que continha o nome “Enzo Music Producer”.

Olhei pra ela, para entender o por que do nome Enzo.

– É o nome do meu irmão, se estiver interessada é só ligar e pode levar algum responsável, e agora eu preciso ir – Falou enquanto se levantava e se despedia de nós com um abraço de frações de segundos. Levantamos também e saímos da lanchonete.

– Você vai ir lá? – Alex perguntou no caminho para casa.

– Eu não gosto de cantar, só cantei aquele dia por que eu estava meio desnaturada, e você sabe que meu pai não me deixa tocar muito menos cantar.

– May você sabe que esse é o meu sonho, e agora a oportunidade venho pra você correndo e você que deixar de lado?

– Isso mesmo, o sonho é seu e não meu. Eu sempre quis ser escritora.

– Mas você já pensou no futuro que vai ter?

– Ok, pode ser que eu tenha um ótimo futuro, mas e o meu pai?

– E quem disse que ele precisa saber? – Falou com um olhar atrevido.

– Eu não posso ficar escondendo, você lembra que na ultima vez deu problemas...

Ele deu um suspiro e percebi que estava pensando.

– Apenas vai nessa produtora e veja como tudo é lá, se você gostar tenta fazer um esforço de conversar com o seu pai. Eu sei que vai ser um pouco difícil dele aceitar, mas eu acho que ta na hora dele parar de mandar em você se nem fazer questão que você existe, ele faz.

Assimilei suas palavras em quanto parávamos em frente de casa.

– Eu prometo que se eu conseguir algo nessa produtora eu irei falar de você, por que você sim tem talento e você que merecia ganhar essa oferta, e pra mim, cantar não vai passar de um passatempo, eu vou ficar apenas algum tempo e depois deixo tudo.

– Desculpa, mas eu não quero – Respondeu desanimado – Eu quero conseguir por mim mesmo, não por minha namorada.

– Você e esse seu orgulho – Murmurei e roubei um beijo dele pronta pra entrar em casa.

**

– Eu posso te levar a essa produtora, mas eu não quero mentir para ninguém – Mari falou depois que havia contado tudo.

– Eu prometo que vou conversar com o meu pai – Falei.

– Vou ligar pra esse produtor – Falou enquanto pegava o celular.

Fiquei aguardando eles terminarem de falar. Depois que a Mari terminou perguntei ansiosa pra ela.

– Ele falou que o os outros dias dele estavam muitos cheios, e que o único tempo livre dele seria às duas horas. E também me falou o endereço.

Olhei no relógio e vi que já era uma e dez.

– Não olha com essa cara espantada- Falou – Nós chegamos lá a tempo.

Subi correndo as escadas e fui tomar um banho. Vesti uma roupa descente e calcei uma sandália.

Pedi para que o pai da Lucy nos levasse, já que o João Pedro saia muito cedo com o carro para o trabalho. Lucy ficou eufórica com a noticia da produtora e fez questão de contar pra Pâmela.

Meu abusado ligou para saber se eu iria a tal produtora e eu garanti que sim, ele falou que queria muito me acompanhar mas agora não dava mais tempo.

O carro parou em frente a um imenso portão branco, aonde se destacava uma enorme placa com o nome Enzo Music Producer.

Descemos do carro e entramos no local. Havia uma menina que começou a fazer perguntas e nos levou até a sala do “Senhor Enzo”. Enquanto andávamos reparava em como o lugar era perfeito, o chão brilhava e mostrava o meu reflexo. Haviam varias salas e pude ouvir em uma delas algumas vozes.

A moça pediu para aguardamos sentadas em umas cadeiras, bem cuidadas. O ar condicionado estava ligado e refrescava o ambiente, que senti vontade de não sair mais de lá.

– Pode entrar o senhor Enzo esta aguardando – A moça falou assim que saiu da sala.

Levantamos em passos apressados e sentimos um aroma de café, vindo da sala do produtor, e logo um homem que aparentava ser apenas um pouco mais velho que Julie nos cumprimentou com um sorriso pedindo para que nos sentássemos.

– Querem um pouco de café? – Perguntou assim que nos assentamos.

Pegamos uma xicara, e logo uma mulher acrescentou o café e saiu.

– Minha irmã Julie falou muito de você – Ele começou a falar – Desculpa, meu nome é Enzo, acho que já sabia não é mesmo? Mas eu preciso manter os modos.

Dei um sorriso e o cumprimentei. Alguem bateu na porta e logo a mulher que havia nos atendido na primeira vez, falou que a senhorita Julie queria entrar. Ele pediu para que a chamasse e lgo Julie entrou irritada.

– Fala serio Enzo! Toda vez eu vou ter que ficar esperando essa reverencia toda? Eu sou sua irmã.

Logo ela percebeu que eu estava lá e me cumprimentou.

– Eu sabia que você iria vim! – Falou – Você é muito boa para cantar, Enzo você precisa ver pessoalmente.

– Sim, eu vou leva-la até a sala de musica.

Ele pediu para que acompanhássemos e nos dirigiu até uma sala em que era dividida em duas parte, na primeira parte havia algumas cadeiras e alguns computadores com alguns aparelhos eletrônicos e equipamentos e perto dos computadores havia alguns fones. Havia um enorme vidro aonde podia ver a segunda parte da sala. A segunda parte da sala era coberta de instrumentos musicais, e havia um microfone no meio.

Enzo pediu para que eu entrasse na sala e me posicionasse em frente ao microfone. Ele perguntou se eu sabia tocar algum instrumento e eu afirmei que sabia tocar violão. Então ele pediu para que eu cantasse, e tocasse ao mesmo tempo.

– Qual musica vou tocar e cantar? – Perguntei.

– Você sabe tocar e cantar outra musica sem ser a que você cantou na pizzaria?

– Sei, mas é internacional.

– Melhor ainda – Falou sorrindo e senti empolgação na sua voz.

Me posicionei em frente ao microfone e coloquei os fones de ouvido. Peguei o violão e olhei para Mari que sorria. Pensei em cantar a musica que eu ouvi em uma novela que assistia. Told You So seria a musica que eu iria cantar e tocar.

– Were you really surprised
When she left all your memories behind
She never said she was hurting
But what girl means it when they say they're fine?

And she's crying
And she's dying for you to take her home
And she doesn't want space, she just wants to be chased
And for you to show her she's not alone

So don't wait and let her go
Cause I don't want to be the one
Who has to say, I told you so
I told you so

Of course she wants attention cause you never mention
How much she means to you
It shouldn't be news that she wants to be important to you
So don't play the fool

She's crying
And she's dying for you to take her home
And she doesn't want space, she just wants to be chased
And for you to show her she's not alone

But you already know that so why are you sitting back
And waiting for her to change her mind
And telling yourself it'll be just fine
When you know I'm right

She's crying
And she's dying for you to take her home
And she doesn't want space, she just wants to be chased
And for you to show her she's not alone

So don't wait and let her go
Cause I don't want to be the one
Who has to say, I told you so
I told you so

Were you really surprised
I told you so

Terminei e vi todos sorrirem e não pude deixar de sorrir também...