Juliet - A New History escrita por Camí Sander, Mel Crownguard


Capítulo 5
Capítulo 2 - Cadê o Thony?! Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Demorei! Mas Voltei! Então, provavelmente ninguém está lendo, mas se estiver, saiba que eu descobri onde tinha enfiado a história e estou voltando a escrevê-la... um pouquinho a cada dia, mas é o que consegui. Então, bom capítulo!



"–Já estava com saudades de mim, meu amor? - uma voz grossa e melodiosamente familiar se pronunciou. Dava para perceber que estava sorrindo."



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Ergui a cabeça e dei de cara com o garoto do refeitório. Merda de garoto bonito! Eu não sabia dizer se seus olhos eram verdes ou azuis. Ele usava lápis preto ao redor, o que o deixava... com os olhos mais perfeitos que eu já vira. Seus cabelos apareciam parcialmente pelo boné virado para trás. O que dava para ver eram fios pretos e lisos, pareciam sedosos... e bagunçados. Sua pele era clara – não como a minha, mas era mais clada do que a maioria – e as bochechas rosadas. Seu rosto tinha um formato ovalado, mas era fino e combinava perfeitamente com o corpo esguio e levemente musculoso.

Ele me olhava com um sorriso largo e os dentes levemente desalinhados, sugeriam que ele não precisava de aparelho para ter o sorriso mais encantador do mundo. Eu não sabia se sua expressão era para ser simpática ou debochada; por mais que ele parecesse se divertir com a situação.

Eu estava em choque novamente - no refeitório estava assustada demais por ter errado a pessoa para me prender a algum detalhe, agora não. Obriguei-me a me conter e, para disfarçar meu deslumbramento, pigarreei.

–Este lugar pertence ao Anthony – tentei parecer firme. - Procure um que esteja disponível – e dei-lhe as costas, prendendo a respiração e me afastando ligeiramente dele.

Esse garoto parecia hipnotizante, impossível ignorá-lo. Droga, Thony, onde você se meteu? Agora eu era tentada a ficar olhando o garoto pelo canto dos olhos, tentando não demonstrar meu ligeiro interesse. Consegui reparar no momento em que ele puxou as mangas compridas até os cotovelos antes de se virar para mim e encontrar meu olhar.

–Confundido novamente com o seu namorado – ele suspirou e sorriu de canto. - Você devia saber reconhecê-lo melhor, amor. Oh, você quer que eu seja o seu namorado. Eu aceito – e riu.

–Não inventa, mané – bufei e virei-me para o quadro.

–Assim me ofende, meu amor! - fingiu mágoa. - Bom... você pode considerar isso uma outra parte do que ganhei no jogo contra seu namorado.

Com essa nova informação, foi impossível não encará-lo novamente.

–Esse lugar? - arqueei uma sobrancelha.

–Mas é claro que não – agora ele estava ofendido. - Por que eu iria querer um lugar público que não é propriedade do derrotado como aposta?

–Não entendi. Se não é o lugar, o que poderia ser? Por que você está aqui me importunando?

–Por causa de você, meu amor. A sua companhia não é pública.

–Como é que é? - gritei levantando-me de supetão.

–Shiu! Meu amor, fale mais baixo, ninguém precisa saber disso! - ele sussurrou.

Respirei fundo e voltei a sentar-me enfurecida. Fuzilei-o com o olhar antes de rosnar:

–Por acaso eu sou um prêmio idiota? Propriedade de Anthony? Onde está escrita essa merda? Porque, até onde eu sei, nunca fui dele para que ele desse a minha pessoa para você!

Ele pareceu confuso, enrugando a resta ao tentar unir as sobrancelhas e franzindo os lábios.

–Então... quer dizer que ele não é seu namorado? - perguntou e coçou o queixo.

–Claro que não! Nunca foi... - então criei coragem. - Quem te falou que eu era?

–Não é óbvio, amor? - ele riu mais alegre.

–Anthony? - arregalei os olhos. Ele dissera? Por quê? Só se ele... ele... gostasse de mim...

–Eu quem não fui – ele bufou, parecendo lembrar-se de algo.

Ah, santo Cristo! Como eu sou burra! Devia ter afirmado ao invés de desmentir. E devia ter falado com o Thony antes de qualquer coisa. Isso me lembrou que foi o THONY quem não falou comigo... provavelmente por causa do jogo. Ele sabia que eu iria descobrir e não queria contar...

–Qual jogo? - perguntei ao garoto. Legal, eu não sei o nome dele.

–Pôquer mentiroso – respondeu sorrindo. - Você conhece?

–Sim – sorri agradecida e voltei-me novamente para o quadro antes de acrescentar somente para mim: - infelizmente sim.

Eu era pequena, mas amava meu avô. Ele era a maior referência de pai para mim, até que ele começou a ficar estranho. Um dia ele estava fora de casa há mais tempo do que devia e minha mãe me contou o que acontecia. O vovô era viciado. Viciado em jogo. Havia alguns anos que ela estava tentando controlá-lo. Já tinha levado ele em grupos de ajuda e internado ele. Disse ela que ele estava melhor, mas dava para ver a preocupação em seus olhos. Vovô me ensinara o jogo “pôquer mentiroso”. Ele disse que eu era péssima, porque não sabia mentir direito, mas podia melhorar. Naquele dia, ele não voltou para casa. E não voltaria mais. Vovô se envolvera em uma briga de bar e acabou sendo esfaqueado no estômago. O pessoal do bar encontrou ele agonizando, até chamaram uma ambulância, porém não dava mais tempo. O fel já tinha corroído seus órgãos internos quase inutilizando-os. Era uma questão de minutos até pararem de vez.

Dali em diante, nunca mais peguei num baralho para jogar essa porcaria. Esse jogo tinha matado meu avô e Thony sabia bem toda a minha aversão com relação à jogos de azar. Fiquei tentada a saber mais sobre o garoto e me peguei perguntando se ele era um viciado.

–Talvez – ele respondeu com ar misterioso.

–Ok. Então deixe-me entender. Por que você quis “isso”? - dei ênfase à palavra, demonstrando que eu sabia bem do que estava falando.

–Porque, para mim, “isso” é importante – ele revirou os olhos como se fosse óbvio.

–Garoto, você nem conhecia “isso”! - retruquei impaciente. Estava claro que “isso” era EU!

–Mas posso conhecer – ele deu de ombros. - Se “isso” quiser.

–Tenha a certeza de que “isso” não quer! - agora eu estava ficando irritada com ele.

–Duvido, mas vou esperar para ver – ele ainda demonstrava uma convicção gigante.

–Vai ver – grunhi e levantei-me para falar com a professora que estava sentada em sua carteira, procurando alguma coisa em sua bolsa. - Com licença, professor Roberts, acho que há algo errado.

Ela não parou o que estava fazendo ao levantar a cabeça e arquear uma sobrancelha.

–O que seria exatamente, senhorita Foy?

–Minha dupla na aula – expliquei tentando mostrar calma. - Sempre fiz dupla com Anthony nas aulas de história, no entanto ele não está na sala e um outro garoto insiste em sentar-se ali.

Ela desviou o olhar para a minha mesa e deixou a bolsa de lado para unir as mãos e apoiar a cabeça nelas, ao me fitar.

–Bem, querida, creio que não tenha sabido e sinto-lhe dizer, porém seu antigo colega, Anthony, não está mais fazendo parte dessa turma. Ele trocou seu horário com esse rapaz e agora, consequentemente, esta será sua dupla.

A raiva me atingiu de tal maneira que, se eu chegasse a ver Anthony agora, eu arrancaria a cabeça dele com as unhas – e olha que minhas unhas não são compridas! - e daria de presente às tietes dele, pelo natal. Controlei minha voz ao fazer a pergunta crucial.

–Ah, entendo, professora. Mas a senhora saberia me dizer o motivo da troca?

–Hmm, isso a senhorita terá que perguntar à ele – ela enrugou a boca. - mas você parece um pouco desapontada, querida. Há mais algum problema?

–Não, não, professora. Obrigada – tentei sorrir, virei-me e voltei ao meu lugar.

Anthony estava à minha esquerda. Com toda a certeza ele trocou de horário porque perdeu A MINHA COMPANHIA no jogo de pôquer. Mas, então, já que ele estava tão sem vontade de me ver, eu ia dar motivo. Ia fazer da boa fama dele um belo desastre. Eu ia fazê-lo se arrepender de me perder num jogo idiota. Quem aposta a melhor amiga como prêmio de jogo? Eu fui só um jogo para ele? E eu achando que gostava daquele idiota! Porque Anthony era um idiota!

Ao chegar em minha carteira, não consigo segurar o impulso de olhar para o garoto novo. Infelizmente, ele está com um sorriso gigantesco, vitorioso, o que aumentou, consideravelmente, a minha raiva. Sentei-me bufando e decidi, se eu seria obrigada a conviver com ele durante uma hora inteira, que saber seu nome não seria má questão.

–Qual seu nome? - perguntei baixinho, torcendo, ao mesmo tempo que não, para que ele não escutasse, ou ignorasse.

–Thomas Germanota – ele responde.

Olhei para sua face ao perceber o quão rápido ele me respondeu. Ele tinha algum tipo de audição superdotada? Assim que me viu encarando-o, ele deu um sorriso. Ficamos um tempo em silêncio. Ele com aquele sorriso dele e eu com cara de tacho, esperando que ele pergunte de volta.

–Não vai querer saber o meu? - indaguei depois de não aguentar mais.

–Eu já sei – ele sorriu novamente, dando uma piscadela.

Bufei e voltei-me para a aula. Bem, era de se esperar. Já que ele tinha me “ganhado” de Thony. O próprio traidor deve ter contado. Ah, Anthony, você me paga, garoto! Tentei prestar atenção na aula, mas era impossível com ele ao meu lado. Era impossível ignorá-lo com ele me encarando tão intensamente, deixando-me envergonhada. Para ajudar, a bendita professora marcou um trabalho para fazermos em sala de aula com a dupla. De uma coisa eu tinha certeza: eu não devia ter falado para ela que estava tudo bem em fazer dupla com Thomas.

Assim que a aula acabou, encontrei-me com Ronnie no corredor e tentei puxá-la o mais depressa possível. Eu não queria esbarrar em Anthony hoje. Minha raiva estava maior do que tudo o que eu conhecia. Como ele pôde aceitar ter me colocado no meio de uma aposta de jogo ridícula? Como, ele dizendo que era meu namorado, pôde ter PERDIDO a aposta sendo EU como prêmio?

Ronnie me analisava desconfiada. Ela tentou me perguntar o que estava acontecendo, mas a interrompi antes mesmo da primeira sílaba ser verbalizada.

–No carro – falei sem parar de andar.

Porém, eu só podia ter deixado a sorte em casa, mesmo, porque assim que estávamos à poucos metros da saída, esbarro em, ninguém mais ninguém menos do que Anthony! Nem olhei para a cara dele, já fui empurrando para o lado para passar. Quem disse que seria fácil? Ele agarrou meu braço livre e me impediu de continuar. Além do mais, Ronnie estancou ao seu lado. Grunhi de raiva e voltei até eles, apenas para me virar e encará-los... ok, fuzilá-los mesmo.

–Então – Thony coçou a cabeça sem o boné enquanto encarava o chão. - Jullie, podemos conversar agora?

–Não – respondi, curta e grossa, tentando me desvencilhar dele.

–Por favor, Jullie, precisamos conversar – olhamos os dois para Ronnie. Eu suplicante para uma fuga e ele como quem se lembra de algo. - Sozinhos.


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Notas finais do capítulo

E então?? Quem sabe o que vai acontecer????? Quem dá um palpite??? Comentem, se gostarem. Comentem se não gostarem... Comentem se quiserem compartilhar algo! Como a sua última briga feia com seu melhor amigo! Enfim, beeijos, flores!!!



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