Eu, Aliquam e Fidelitas enfrentávamos diversos problemas em relação aos suprimentos e ao menos graças a Aliquam, nos não enfrentávamos problemas de localização. Já fazia uma semana desde a fuga das garras gélidas de Dricofagis, caminhávamos corpulentos pela estrada barroca e nossos corpos estavam pútridos e doloridos, nossas almas pesavam no vazio interior que um dia pequei em chamar de mente. Passamos o dia inteiro a andar e finalmente avistamos uma pequena fumaça no horizonte, corremos o mais rápido que pudemos e quando lá chegamos não houve pódio ou sequer concorrência, apenas um vasto rastro de destruição.

Corpos largados pelo chão e assassinados das mais variadas maneiras, queimados, esviscerados, rasgados, esfolados, empalados, decapitados, desmembrados e esquartejados.
– Nunca vi tamanha barbaridade! – Fidelitas deixou escapar com o ar surpreso -
O chão estava cinzento e a terra remoída por ódio e rancor, como ainda me doía falar escrevi com a tinta de minha medula, sem nenhuma firula ou ego, rabisquei e violentei o papel de meu reles crânio humano:
Morrem em batalha.
Morrem em Vida.
Morrem em Morte.
São todos homens que estão de partida.
Os cortes que agora quebram a navalha.
Estes sim, são de sorte.

Morrem em destino,
Morrem em fé,
Morrem em sua sina.
Desistem do sonho de menino.
Pois meu caro leitor,
Esta vida que tanto me anima.
Não passa da ritmada dança bagunçada de um cabaré.

Morre-se pela espada.
Morre-se de espada.
Ora, mas que vida ingrata!
Responda-me Senhora Morte se isto já não basta?

Óbvio que não.
Como sou tolo!
Estás a apreciar de camarote.
Todos os esforços são em vão.
É o maior consolo.
Obrigado pelo espetáculo, Dona morte.

Meu olhar era como a canção de partida, triste inda que distante. Fidelitas cortou minha composição ensurdecida com um simples gesto como quem diz “Vamos procurar suprimentos, você fica aqui e descansa um pouco”. Deitei sobre a mochila e dormi da melhor maneira que a placa pesada de metal em meus lábios poderia permitir.