Contos Perdidos escrita por Bucaneiro


Capítulo 15
Baile a Dois


Notas iniciais do capítulo

Tenho que admitir que estou um pouco chateado, pois muitas poucas pessoas tem comentados, a você leitor fantasma, comente não tenha medo eu realmente quero saber sua opinião, obrigado.
Boa leitura. Um abraço.



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Passamos pela cidade e chegamos ao rei.
– Vossa senhoria poderia nos emprestar um pouco de suas riquezas?
– Há! Primeiro entras em minha cidade, mata minha filha, me derrota e humilha e ainda tem a audácia de pedir dinheiro? Faça-me um favor, vá procurar dinheiro em outro canto eu tenho assuntos mais importantes do que sua situação financeira! – Ele se virou e ficou planejando algo como um mapa, então vi um pequeno monte azul-bebê pulando nos pés e se movendo sorrateiro e cortou a corda do saco de ouro do rei e voltou com um sorriso na cara enrugada.
– Você não fez isso! – Sussurrei atônito -
– Sim, eu fiz – Ele sussurrou com a voz aguda-
– Mas você é um conselheiro e...
– E...? Eu sou um conselheiro, não um santo – Ele cortou

Andamos pela cidade comprando alguns suprimentos, quando já tínhamos o suficiente o baixinho de azul bebê avistou uma cabana com umas letras mal pintadas
“ Coxinhas de Trazos” – Li com o pouco que o conselheiro me ensinara sobre Likama’r durante a viagem, O pequeno conselheiro parecia descontrolado, cheguei até a questionar o porquê. A barraca tinha paredes de madeira não pintada e uma placa preta com letras vermelhas mal pintadas, definitivamente não era um lugar atrativo. Só tive tempo de ver o conselheiro voltando com várias coisas no palito e ele babando e dizendo: - Coxinhas de Troll!- ele devorou um pacote de uma vez
– Mas Trolls não são...
– Não eles, não são pessoas. São pequenos animais criados em algumas fazendas- Respondeu com a boca cheia·- Certas, mas e o resto do ouro? – Ele levantou os olhinhos enegrecidos no meio de seu rosto enrugado, eram como dois botões em um tecido que aparenta ser muito sedoso e levantou os braços indicando os pacotes-
– Certo então... Só nos resta seguir viajem.

Andamos por vários dias em direção ao norte e encontramos abrigo finalmente em uma árvore convidativa no meio da estrada, Deitamos em baixo dela e o conselheiro adormeceu imediatamente e então sem ordem alguma Louise saiu do Lampejo, ela parecia tristonha.
– O que aconteceu, meu amor?
– Nada é só que... - Sua voz reverberava metálica e distante-
– Fale, pode confiar em mim.
– Eu não pertenço a este mundo mais... Acho um erro você me prender aqui, dizem as velhas histórias que os que morrem espiritualmente aqui vão para um mundo muito parecido com o que você conta... Querido, meu tempo já chegou. Só está adiando o inevitável, venha. Conceda-me esta última dança?

Ela segurou minha palma e eu sua cintura, então dançamos. Não com alegria ou comemoração, Eu fechei os olhos se fosse para ver a ela indo embora preferiria não ver. Dançamos lentamente, como o simples e calmo bailar do sol no gigantesco céu ou talvez como a valsa romântica da lua e estrelas no céu enegrecido e por incrível que pareça eu sentia Louise, seu peso sob minha mão, seu cheiro, seu caloroso olhar sobre mim e então seu beijo, um beijo de despedida, infelizmente. A dança foi ficando mais rápida assim como as bruxuleantes chamas, dançávamos sem melodia, sem brinde e sem regalias, apenas dançávamos e nos expúnhamos um ao outro, confiávamos o coração ao outro, coração este que assassinei. Arrisquei abrir os olhos e seu brilho alaranjado era intenso, como o sol do fim de tarde. Então para meu pesar essa bela visão tremeluziu e ela me beijou novamente e eu ainda pude dizer as últimas palavras
– Não chore minha querida. Viveremos juntos, Prometo.
– Eu te amo, meu querido, tenho certeza.
Então ela se foi, não foi uma morte heroica, teve um castigo infernal. Mas ela suportou tudo isso por mim.
O conselheiro estava acordado observando tudo com pequenos olhos marejados e somente disse:
–Coxinhas de Troll não vão dar um jeito nisso, Viajante. - E voltou a dormir
Peguei o mesmo livro da outra noite e abri na terceira página do livro e li:

Meu amor se foi.
Sem ao menos dizer Oi.
Seu charme.
Este me causava alarde.
Suas belas curvas me provocavam.
Seus olhos me atiravam em um abismo.
Este que só tinha fim em teu sorriso.

Não acharei outra.
Nem quero.
Quero meu amor.
Aquela que não me apunhalou.
Aquela que não me causou dor.

Tive o prazer de encontrar alguém.
Não em vida.
Pois é meu amigo.
Tive essa sorte.
Um Alguém para chamar de Morte.

Sequei as lágrimas e me deitei ao lado da fogueira.


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