Carry On Wayward Son escrita por Bella P


Capítulo 5
Capítulo 4




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— O que você fez no cabelo? - James perguntou ao sentar ao lado de Rose em um dos sofás da sala comunal.

— Nada, quero dizer... - Rose deu de ombros, ajeitando as mechas alisadas de seu cabelo que caíam sobre as suas costas e ombros.

— Você está usando batom? - James continuou, aproximando-se da prima para olhar melhor os lábios dela.

— Não! - Rose recuou com um rubor surgindo em suas bochechas. - Quero dizer, é brilho labial. - James arqueou as sobrancelhas.

Rose não era o tipo de garota de se importar muio com a aparência. Vez ou outra se arrumava, mas geralmente era em ocasiões especiais. Muito especiais aliás, pois ela detestava ter trabalho. Era uma garota prática e se um elástico de cabelo resolveria o problema dos seus fios rebeldes, o usaria, não iria simplesmente alisar o cabelo por completo só para domá-lo. Ou usar brilho labial sem motivo aparente.

— Certo. E por que da produção toda? - James afastou-se dela com uma expressão desconfiada.

— Nada. Eu só quis variar um pouco. - ela se explicou, mas James não acreditou nem um pouco. Nesse mato havia cachorro, com certeza. E as suas suspeitas foram confirmadas quando o quadro de entrada da torre se abriu e Benjamin Campbell passou pelo batente.

Prontamente os olhos castanhos de Rose foram para o rapaz e ela ficou com as bochechas rubras, desviando o olhar quando Ben tomou a rota para o sofá onde eles estavam.

— Ah, agora entendi. - James zombou.

Achava que a fascinação da prima pelo novato era somente isto: fascinação. Obviamente que estava enganado. Rose estava apaixonada. Porque somente tamanho sentimento iria deixá-la tão... desajeitada.

— Cala a boca. - Rose sibilou para James. O conhecia bem o suficiente para saber o que significava o sorrisinho que ele ostentava: pura tormenta da parte dele pelas próximas semanas. - E vê se desaparece.

— Por quê?

— James... - Rose sibilou mais uma vez em um tom de alerta.

— Não, eu quero saber. Por que preciso desaparecer?

— Eu juro que o tio Harry vai ficar com um herdeiro a menos se você não desinfetar nos próximos segundos. - ameaçou, mas James não se moveu, apenas cruzou os braços sobre o peito e acomodou-se melhor no sofá, tudo sob o olhar assassino de Rose.

— Ei. - Ben cumprimentou ao chegar perto deles, sentando no sofá do lado oposto de Rose que prontamente desfez o olhar assassino e virou para ele com um enorme sorriso no rosto.

— Ben! Ei! - cumprimentou e James soltou uma risada muito mal disfarçada. - James! Você não tinha uma coisa para fazer? - rosnou entre dentes.

— Não necessariamente. - James provocou e Rose o fuzilou com o olhar e discretamente deu um beliscão no braço do primo que pulou fora do sofá. - Agora eu lembrei! Eu tenho que ir... lá! - e se afastou aos tropeços sob o olhar confuso de Ben e vitorioso de Rose.

— O que você fez para Rosie desta vez? - Lily perguntou ao ver o irmão se aproximar da mesa onde estava, esfregando o braço beliscado.

— Nada. - James se defendeu e Lily apenas o mirou descrente. - Aparentemente eu estava interrompendo os pombinhos. - ele apontou por sobre o ombro e Lily inclinou-se para trás na cadeira para ver além de James que Rose e Ben conversavam no sofá. - Suspeito que ela vai convidar Ben para ir com ela no próximo final de semana à Hogsmeade.

Lily sacudiu a cabeça de maneira exasperada.

— Pobrezinha. Vai quebrar a cara. - falou e James puxou uma cadeira, sentando ao lado da irmã.

— Por quê? - está certo que Ben agia como se estivesse desconectado do mundo, como se não estivesse disposto a se apegar a nada e nem a ninguém. Mas no último mês, desde que chegou a Hogwarts, o rapaz havia convivido bastando com a família Potter-Weasley para James considerá-lo um amigo, e esperava que Ben tivesse a mesma consideração por eles. E, além do mais, sendo a sua prima ou não, Rose era uma menina maravilhosa e Ben não teria razão para não gostar dela.

Lily apenas mirou o irmão longamente. Às vezes esquecia que James não era tão perspicaz quanto parecia ser.

— Parece que ela quebrou a cara. - comentou e James virou sobre a cadeira para ver que agora Rose possuía uma expressão tristonha, um sorriso amargo no rosto e os olhos brilhavam com lágrimas não derramadas. A expressão de Ben indicava o seu desconforto, a reação básica de alguém que não fazia a mínima ideia de como consolar uma mulher chorando.

Ainda com o sorriso amargo no rosto, Rose disse algo para Ben que deu um pequeno aceno positivo de cabeça para ela. James a viu se inclinar, beijar Ben no canto da boca e com um pulo sair do sofá e correr escada acima para o seu dormitório.

— Melhor eu ir falar com ela. - Lily disse, já fechando livros e cadernos, os abraçando sobre o peito e recolhendo a sua mochila em seguida, fazendo segundos depois o mesmo caminho que Rose.

James bufou e com uma expressão decidida e passos pesados foi na direção de Ben que tirava o seu livro de Transfiguração da mochila e o colocava sobre a mesa, alheio a aproximação de um Potter nada contente.

— Há alguma coisa errada com a minha prima? - James rosnou, atraindo a atenção daqueles que estavam por perto para eles.

— Não há nada de errado com Rose. - Ben deu de ombros, voltando a atenção para o seu livro, mas James ainda não estava satisfeito.

— Se não há nada de errado, por que a dispensou? - continuou irado e Ben lançou um olhar para os colegas ao redor deles que, ao serem flagrados espionando, rapidamente deram as costas para a dupla, e depois voltou o olhar para James.

— Ruivas não fazem o meu tipo. - James quase socou Ben.

— Você partiu o coração dela simplesmente por causa da cor do seu cabelo? - falou entre dentes trincados e Ben rolou os olhos.

— Ruivas não fazem o meu tipo, ou loiras, ou morenas. - completou e James piscou várias vezes, sem entender.

— Hã? - Ben rolou os olhos mais uma vez, mirou James intensamente e depois de segundos viu as íris negras do amigo finalmente brilharem em compreensão. - Ah!

— É Potter, "ah". Eu achei que o interesse dela fosse passageiro, achei que ela tinha percebido como Lily percebeu.

— Lily sabe? - James arregalou os olhos e sentou ao lado de Ben no sofá.

— Bem – Benjamin deu um sorriso de escárnio para o amigo. - quando alguém flagra um garoto checando o traseiro do seu irmão, fica difícil de não perceber. - James piscou várias vezes novamente, até entender.

— Eu? - falou com as bochechas rubras e Ben riu.

— Não Potter, Albus. - soltou exasperado.

— Então você... - Ben rolou os olhos pela terceira vez naquela noite.

— Potter, só porque eu acho o seu traseiro bonito não quer dizer que eu estou a fim de você, ou quero dormir com você. Embora se você oferecer, posso até considerar. Afinal, meu tipo são morenos. - James ficou vermelho como um pimentão e Ben gargalhou.

— Você está me zuando, não está? - perguntou ao perceber o brilho de divertimento nos olhos do amigo.

— Sim e não. Você é atraente Potter, eu sou gay, mas isto não quer dizer que eu vou ficar dando em cima de você descaradamente. Não é assim que a coisa funciona. Então pode relaxar.

— Okay... okay. Mas e quanto a Rose?

— Rose vai ficar bem. Dê tempo à ela.

— Certo... Então, se você não vai a Hogsmeade com ela, pode ir comigo. - Ben arqueou uma sobrancelha para ele. - Como amigos! Puramente amigos! Quero dizer, eu não tenho encontro, você não tem encontro... - James gaguejou, voltando a ficar rubro.

— Melhor parar Potter, porque se você for mais fundo no poço chegará ao centro da Terra. - James fechou a boca em um estalo. - E o que aconteceu com as suas milhares de namoradas?

— O quê?

— A sua fama o precede. - James deu de ombros. Andava meio sem inspiração desde que Josie morreu. Sentia-se culpado. Deveria tê-la acompanhado até a sua sala comunal naquela noite, havia percebido que ela parecia um pouco apreensiva, mas achou que era apenas o medo comum de ser pega no flagra nos corredores após o horário de recolher. Portanto, por enquanto, preferia ficar solteiro, mesmo que muitas meninas já tivessem se oferecido para consolá-lo.

— Estou dando um tempo.

— Tempo?

— Sim. E então?

— Okay, te encontro às dez horas no portão da escola.

— Beleza! - James pulou para fora do sofá. - É um encontro então. Não! Quero dizer... - gaguejou mais uma vez, ruborizando.

— Centro da Terra, Potter! Centro da Terra! - Ben gritou para ele aos risos enquanto via o amigo sumir escada acima.

oOo

Ben não visitara muitos locais puramente mágicos em sua vida. A sua única experiência consistia em um passeio no Beco Diagonal quando ele tinha dez anos. Um que fez a sua mãe colocar uma peruca loira, lentes de contato azuis, segurar na mão dele e andar pelas ruas do Beco sem preocupação alguma na vida. Como se aquelas pessoas que passavam por ela não estivessem prestes a descobrir que ela havia voltado do mundo dos mortos se o seu disfarce não desse certo.

— O ser humano é incapaz de ver o que está bem diante do seu nariz, Benny. Incapaz. - Astoria explicou quando viu o olhar preocupado do filho. Ben aceitou a desculpa, mas teve a sensação de que o velho Olivaras não estava tão senil quanto todos pensavam, pois ele não parou de olhar para mãe e filho como se estivesse lendo as suas almas. Ben suspeitava que ele havia descoberto o segredo dos Campbell, mas com certeza levou este para o túmulo ao morrer dois anos atrás.

— Okay! - James surgiu ao lado de Ben no portão principal de Hogwarts. - Para a sua primeira visita a Hogsmeade, você precisa ir em um dos pontos turísticos clássico. O Três Vassouras. - e começou a caminhar estrada abaixo, sendo seguido por Ben, enquanto vários outros alunos passavam apressados por eles, rindo e conversando alto.

Em minutos chegaram ao Três Vassouras, entrando no bar que já estava devidamente lotado com alunos de Hogwarts. Serpentearam mesas, encontrando uma milagrosamente vazia perto de uma das janelas, e prontamente sentaram antes que alguém a tomasse deles. Um garçom se aproximou rapidamente, anotando os pedidos deles com James insistindo que Ben deveria tomar cerveja amanteigada porque era um sacrilégio ele ser um bruxo com tanto conhecimento do mundo mágico e, ainda sim, com pouca experiência no mesmo.

— Não é grande coisa. - Ben provocou assim que as bebidas chegaram e tomou um gole de sua cerveja. James arregalou os olhos e sacudiu a cabeça em desapontamento.

— Você é uma negação como bruxo, Campbell. Uma negação. - a resposta de Ben para ele foi somente um sorriso de canto de boca.

— James Potter. - uma voz melodiosa fez os dois rapazes interromperem a sua conversa e virarem para ver quem havia chegado.

Era uma jovem extremamente bela. De olhos chocolates destacados por delineador, cabelos longos, ruivos e lustrosos, pele alva, corpo curvilineo envolto em um vestido azul marinho feito sob medida. Usava um longo casaco de veludo preto sobre o vestido e botas de salto fino e cano curto acinzentadas, o que faziam as suas pernas já longas parecerem mais longas ainda.

— Evangeline! - James deu um enorme sorriso para ela.

Evangeline Beauregard era uma sétima anista da Corvinal que era o sonho de consumo de dez entre dez garotos de Hogwarts. Linda desde o primeiro dia em que pisou na escola, era a musa de muitos meninos, a deusa inalcancável deles. A inveja de muitas garotas e tão popular quanto James com quem vivia uma relação de ida e volta. Às vezes namoravam, às vezes flertavam, às vezes fingiam que o outro não existia.

Talvez Evangeline tenha sido a garota com quem James mais se relacionou. Entretanto, mesmo diante de toda a beleza e popularidade, isso não fazia James querer se amarrar à ela, coisa que surpreendeu a muitos. Meninos se estapeava em Hogwarts querendo a atenção de Evangeline e não ficaram chocados ao ver que ela havia colocado James em sua mira. Ambos eram populares, formavam o casal perfeito. Chocados ficaram quando viram que eles não duraram nem duas semanas juntos.

Mas Evangeline era uma mulher inteligente e o bom de ter essa relação estranha com ela era que a garota entendia as regras do jogo melhor do que ninguém. E ela, assim como James, não era de se apegar. Mas, diferente de James, ela fazia questão de manipular os seus parceiros, fazendo os tolos acreditarem que tinham uma chance, somente para depois dispensá-los. Evangeline era bela e muitas vezes cruel, mas em outras divertida e uma ótima companhia.

— Quem é o seu amigo? - Evangeline perguntou com um sorriso sedutor.

— Ele é gay! - James prontamente soltou. Talvez fosse hora de sair do seu celibato. Já ficara de luto por Josie tempo o suficiente.

Ben chutou James na canela, fazendo o outro garoto pular em seu assento.

— Sério Potter? - rosnou para ele. - Por que não fala mais alto? Acho que não te ouviram... lá em Budapeste.

— Desculpa. - James corou e Evangeline riu, puxando uma cadeira e sentando-se elegantemente nesta.

— Bem, é uma pena. Mas loiros não são realmente o meu tipo. - ela brincou, lançando um longo olhar para Ben. - Mas se você estiver disposto a experimentar a fruta, estamos aí. - piscou um olho de cílios longos e James engasgou em sua bebida.

— Eu disse que ele... - começou, mas foi logo interrompido por Ben.

— Vou pensar com carinho na sua proposta. - Ben respondeu em um tom de flerte. Só porque era gay não significava que iria dispensar uma menina bonita. Teve as suas experiências quando mais novo, quando ainda estava se descobrindo, antes de perceber que preferia meninos a meninas. E além do mais, flertar estava em seu sangue e Astoria dizia que conviver com Dean apenas piorou a situação.

— O quê? - James soltou abobalhado. - Mas você não era...

— Potter! - Ben o cortou. - Centro da Terra. Centro da Terra! - lembrou e James corou. Evangeline apenas arqueou uma sobrancelha bem feita, não compreendendo a piada, e Ben sorriu para ela e levantou-se da cadeira. - Vou pegar mais uma bebida para nós. Aceita alguma coisa Evangeline?

— Não, obrigada. - respondeu e viu Ben desaparecer entre mesas a caminho do bar. - É uma pena. - suspirou, voltando a atenção para James. - Eu faria miséria com aquele traseiro.

— Ei! - James protestou. - Pensei que eu fosse o seu traseiro favorito. - Evangeline riu.

— Ciúmes meu querido? - James sorriu coquete para ela. - Mas então? Por quanto tempo você ficará de luto pela apagada da Hawthorn?

— Evangeline, respeito com os mortos.

— Me desculpe. Mas é uma verdade. Ainda não sei o que você viu nela.

— Ela era gentil, diferente de algumas pessoas que eu conheço. - a olhou de maneira acusadora e a jovem somente riu.

— Nunca clamei ser o contrário. Isso não o impediu de se arriscar comigo.

— Eu não sei. Acho que ainda estou traumatizado com o que aconteceu, não estou muito disposto a um relacionamento no momento. - deu de ombros.

— Bem, é uma pena. Sinto falta do seu traseiro e acho que ele seria um acessório maravilhoso em minha cama. - James riu. - Mas se você mudar de ideia. - Evangeline ergueu-se da cadeira, ajeitando o seu vestido. - Eu estou disponível... Por enquanto.

— Sei exatamente onde te procurar. - ela sorriu, inclinando-se e depositando um beijo nos lábios entreabertos de James.

— Bye, bye Potter. - e partiu, sendo logo seguida pelo grupo de meninas que sempre a rodeava.

— Então... - James ergueu os olhos de sua caneca para a outra que era depositada na sua frente por Ben que havia retornado à mesa. - seu período de solterice acabou?

— Ainda não.

— Por que não? Evangeline é... algo, com certeza. - James riu e tomou um gole da nova caneca de cerceja amanteigada.

— Evangeline é tão bela que parece um anjo, mas a personalidade é de um demônio, o que realmente é contraditório. - Ben riu.

— Você ficaria surpreso em saber que anjos não são tão angelicais assim. - e ele tinha conhecimento de causa.

— O quê?

— Nada.

— Escuta... - James franziu a testa ao ver Ben dar um gole em sua caneca. - Você não disse que não gostou da cerveja amanteigada?

— Eu nunca disse isso. Apenas falei que não era grande coisa.

— Você é estranho Campbell.

— Agora que você percebeu?

— Não, eu percebi isto de primeira, quando te conheci.

— Então por que anda comigo?

— Gosto de pessoas estranhas.

— Imaginei, já que você convive consigo mesmo nos últimos dezessete anos. - James bufou e arremessou um punhado de amendoins que pegou no prato sobre a mesa em cima de Ben. - Estranho e infantil.

— Cala a boca! - rebateu, dando uma careta para ele e Ben gargalhou.

James sorriu ao ouvir a risada de Ben, porque esta estava se tornando comum nos últimos tempos, desfazendo a postura série e distante do rapaz que conheceu ao chegar em Hogwarts. E, por alguma razão, a risada dele fez algo estranho acontecer na boca de seu estômago. Algo que ele prontamente ignorou em favor de continuar aquela conversa sem sentido.

Provavelmente a cerveja amanteigada não havia descido bem. Provavelmente.


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