Stella escrita por Cicatriz Vermelha


Capítulo 2
Minha vida começa.




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Cheguei em minha primeira aula, Sr. Coplet estava olhando com seu olhar sério e cansado para nossa turma. Era visível que ele daria de tudo para não estar ali, no meio de adolescentes que queriam saber de tudo, menos de Química. Todos estavam conversando com suas duplas e Stella ainda não havia chegado, o que me fez tremer de ansiedade. O que fazer, era minha paixonite!

Após 5 minutos, achei que ela não viria. Parei de tremer e de suar, limpei-me com minhas mangas e distribui os materiais em cima da mesa, organizei-os de uma forma que eu conseguisse entender, porém eu nunca consegui entender muito bem ALGUMA coisa de Química. Se você perguntasse o que é uma Substância Pura Simples eu não saberia o que responder, e olha que eu vi isso no 8° ano. Em poucos minutos, senti um puxão no cabelo e praguejei mentalmente para a pessoa que o tinha feito.

–Ei, você é o famoso Tay?

Seus olhos eram maravilhosos, sua pele, a mais branca que já tinha visto. Ela tinha a aparência de uma garota frágil. Mas também tinha um ar de guerreira. Ela era espetacular. Ela parecia uma música. Uma melodia que acelerava e acalmava constantemente. Parecia uma harmonia louca e deliciosa de se ouvir. Daquelas que você poderia ficar ouvindo por horas e nem mesmo pudesse pensar em mudar, de tanto que a música o encantou. Essa foi minha primeira impressão de Stella; quando vi que tinha ficado a olhá-la a demasiado tempo, ela me chamou a atenção:

–Alô? -ela me encarou e suspirou- Não me diga que você é mudo.

Clareei minha garganta numa tentativa falha de respondê-la:

–N-não... -E desviei meu olhar, pois ela era muito intensa, e eu deveria me acostumar com aquilo, mas iria demorar um pouco. Nunca curti contato visual, meus olhos azuis cor de gelo não me permitiam ficar muito tempo olhando, pois as pessoas começavam a encará-los e tinha medo que vissem até mesmo minha alma.- Quer dizer, eu sou Tay, mas não sou mudo, como pôde perceber. Prazer.

Ela me olhou por um tempo e finalmente pronunciou algo:

–Vamos ver se é realmente um prazer, Taynor.-Foi quando percebi que não a tinha dito meu nome completo, como ela sabia que meu nome era Taynor? Me senti sorrir internamente e tentei esconder o sorriso bobo que insistia em aparecer em meu rosto.

Espalhamos tudo pela mesa. Sr. Coplet começou a escrever coisas na lousa, uau, eu tinha muitas dúvidas, para variar. Quando me virei para olhar Stella me deparei com algo que eu realmente não contava. Stella era muito inteligente, tipo, muito mesmo. Ela simplesmente não tinha dúvidas. Fazia todos os exercícios rapidamente e agilmente, bufava de vez em quando, como se alguns exercícios fossem muito óbvios e ela estivesse entediada de resolvê-los.

–Hm, Stella?-Eu perguntei um pouco receoso.

Sem ao menos tirar os olhos de seu fichário ela me responde:

–Sim?- Disse concentrada, tentando resolver um exercício que até mesmo para ela estava difícil. Suas sobrancelhas estavam franzidas, como se estivesse fazendo certo esforço para achar as respostas que ela sabia que estavam dentro de sua cabeça.

–Você entende tudo mesmo?

Ela tossiu com um som de deboche. Levantando seu olhar para mim, com suas sobrancelhas arqueadas ela perguntou:

–O que você falou?

Sem pensar muito, respondi:

–É, parece que você não tem nenhuma dúvida em relação a matéria. O que você faz para ser tão inteligente?

Ela me olhou, e eu juro, pela primeira vez ela abriu um sorriso e falou:

–Eu estudo Tay, se quiser, eu posso te ajudar com as matérias que você não está entendendo. Starbucks amanhã às 17:00?

Com um sorriso no rosto, respondi:

–Claro.-Olhei para a lousa, mas não me preocupei em me concentrar, amanhã faria várias perguntas à ela, e ela saberia todas. Sou nerd que não é bom em uma matéria. Mas não sou bobo.

Nunca consegui esquecer desse dia, por mais que eu tentasse, poderia fazer esforço imenso, mas a primeira vez que a vi, simplesmente senti. Senti que ela era a certa. Se encaixava, e agora aqui estou, a escrever tudo à ela. Todas as páginas, "capítulos" que estou escrevendo, escrevo para ela. Ela vai ler como eu me sinto. Preciso que ela pelo menos tente me perdoar.

Seu sorriso sempre foi lindo, seus beijos eram alucinantes. Não conseguia parar de beijá-la. Por que ela me deixou? Eu fui um besta desse jeito? Não consigo mais dormir, não consigo mais estudar, não consigo mais jogar videogame... Eu só penso nela e nas últimas palavras que ela me disse antes de virar as costas e ir embora.

Eu sei Stella, nunca consegui falar para você o que eu quis. Por isso quero escrever isso antes de voltar para o começo de algo que eu nunca quis que tivesse fim.

Stella,

nunca fui um garoto popular, sociabilíssimo, bonito... Mas eu te amo. E sei que eu disse isso menos vezes do que eu deveria, e que você deve ter me odiado, por que você merece ouvir "eu te amo" um zilhão de vezes por dia. Você era o que iluminava meu caminho Stella, e quando você foi embora, eu perdi meu chão, meus ideais... Eu me perdi. E lembro-me de minhas últimas palavras, de suas lágrimas sendo depositadas no chão, das coisas horríveis que te fiz passar. Você não tem ideia de como eu me sinto mal por aquilo, de quão arrependido estou... Faria de tudo por você, e eu me arrependo de nunca ter feito as coisas que você mais me pedia, como cozinhar para você, levá-la ao parque de diversões, ler mais romance...

Sei que eu nunca te comprei flores, que eu te abraçava muito mais do que o normal, que eu queria te roubar para tê-la só para mim... Aliás, era isso que eu estava planejando fazer no ano seguinte, sabia? Eu ia propor-te em casamento. Estávamos tão felizes e eu não queria abrir mão daquilo por nada, não poderia nem mesmo pensar em não te ter ao meu lado. Quer ouvir como eu ia te pedir? Sei que não tem mais importância, e sei que talvez você ignore e leia a próxima parte. Mas quero que você se lembre do que eu era, ou melhor, do que nós eramos para mim. Estava planejando em fazê-lo na noite de ano novo, uns 5 minutos antes do ano virar. Iríamos passar nosso Ano-Novo como noivos. Passou a ser um sonho depois do que aconteceu, mas é uma lembrança que inconscientemente eu fico alimentando com esperanças de que algum dia possa acontecer.

"Stella, eu não quero fazer nada de normal aqui. Não vou te envergonhar na frente de nossos familiares e amigos, já que agora somos parte um do outro. Vou dar-te tudo o que puder, meu amor, meus sonhos, meus planos... Vou ser inteiramente seu e espero que faça o mesmo por mim. Quero construir uma família inteira com você, filhos, cachorros... Quero ter uma casa bem pequena e apertada para nunca perdê-los de vista. Eu vou fazer de tudo mesmo por você, e se ainda tivermos algum problema depois de tudo o que eu tentar fazer, quero que me lembre que você me deu a chance de te fazer feliz. Toda manhã eu vou acordá-la com beijos e sussurrar um "te amo" todos os dias, e se um dia, eu não me declarar apaixonadamente e profundamente à você, quero que repense se o que estamos à fazer está certo, pois você não merece um homem que não te ame incontrolavelmente. Mas isso não vai acontecer, pois todos os dias você fará com que eu me apaixone cada vez mais por você, e cada vez mais eu irei te abraçar, cada vez mais eu irei te beijar. E assim eu nunca, vou te deixar. Quero te fazer mais feliz do que todos, quero que você pense agora se quer me aceitar. Por que é uma via de mão única, e se eu cruzar com você por ela, nunca vou deixar-te ir embora. Então, depois disso que te disse, você quer se casar comigo e ter vários filhos parecidos com você? Por que se parecerem comigo, tadinhos... Já vejo a tristeza nos olhos deles quando tiverem nossa idade. E eu esqueci de falar uma coisa, Stel... Eu te amo."

Sei que tudo poderia ser diferente se não tivéssemos feito aquelas coisas aquela noite, como fui tão idiota à ponto de te fazer sofrer? Eu fiz uma jura por você, não poderia deixá-la ir, e falhei redondamente. Agora você nem mesmo me olha, mas sempre está ocupada. Será que me trocou? Sua mão vive cheia de terra, seu cabelo sempre despenteado, com um ar mais relax do que costumava ter. Usava roupas mais largas, jardineiras (quase sempre sujas de terra) mas se eu soubesse que você gostava de plantar, nós plantaríamos um jardim imenso. Só para nós.

Eu te amo, Stel. E não posso pensar em te perder. Por favor, me perdoe.


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