Até a Lua escrita por A Garota Dos Livros


Capítulo 18
Lynchburg




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Então era isso, Lynchburg, Tennessee, 5740 habitantes, 3,1 quilômetros quadrados de água.

– Bem vindos ao condado de Moore - Caleb disse colocando os óculos escuros.

Estávamos parados na frente do que parecia ser uma pequena pousada bem simples, mas charmosa. Não é o tipo de lugar que Caleb escolheria normalmente, mas nós entramos e assim que entramos a senhora atrás do balcão olhou diretamente pra mim.

– Não pode ser ela disse - e se levantou.

Ele veio até mim e nenhum dos dois fez nada quando a mulher me puxou para um abraço apertado.

– Você está tão grande!

– Desculpe, mas eu...

– Sim, claro - ela me soltou - não se lembra de mim, já faz muitos anos. Bom, eu sou uma velha amiga dos seus pais. Me chamo Abigail.

– Conheceu meus pais?

– Eu os vi nascer, minha querida, eles eram daqui.

Olhei para Caleb. Claro, por isso Lynchburg, por isso o Tennessee. Por isso um lugar tão longe de toda a segurança que poderíamos ter.

Abigail olhou para nós e nossas mochilas.

– Vão ficar?

– Sim - Caleb respondeu.

– Bem, podem ficar aqui - ela disse - de qualquer jeito, acho que foi por isso que entraram, certo?!

– Certo - ele respondeu de novo sorrindo.

Ele sorria não do jeito que Caleb faz, do jeito que Cícero fazia. E eu nunca ia entender o que acontecia com ele.

– Ótimo - disse Abigail.

Ela nos conduziu pelo lugar mostrando a sala de estar, cozinha, fundos e por fim, os quartos, acabamos cada um em um quarto um do lado do outro, o meu era o único que possuía um banheiro, os garotos teriam que usar o banheiro no final do corredor, que na verdade seria apenas dos dois.

– Caso precisem de algo, estarei lá em baixo. Há, antes que eu me esqueça, meu neto, Charlie, mora aqui também, ele é um bom menino, vão gostar dele.

Ela sorriu então foi embora, entrei pela porta do quarto com a mochila nas costas e o notebook contra o peito. Havia uma cama de casal embaixo de uma janela grande, uma cômoda encostada a parede ao lado da porta, na parede de frente para a cama tinha uma TV e do lado da TV a porta que ia para o banheiro, encostada a parede do fundo, ficava uma mesa antiga de madeira. O quarto de Caleb ficava ao lado do meu e o de Brad na frente.

Joguei a mochila na cama e me sentei a mesa, o notebook continuava com as mesmas coisas. Alguém bateu na porta.

– Posso? - Caleb perguntou.

Não respondi, mas ele entrou mesmo assim.

– Por que não me contou que meus pais eram daqui?

– Eu não sabia.

– Ah, por favor - me viro para ele - viemos exatamente para cá. Você nunca ficaria em um lugar como esse onde as pessoas vivem fazendo perguntas!

– Ana, eu não vim para cá por causa disso, eu não sabia sobre os seus pais, não sabia sobre esse lugar, só achei que deveríamos vir pra cá, por sua segurança.

– Minha segurança?

– Eu não sei explicar, ta bom? Só me pareceu certo vir pra cá.

– Desde quando vc age assim?

– Eu não sei! Pensei em vir pra cá porque seria seguro, eles nunca nos procuraram em um lugar tão longe de assistência.

– Você não age assim!

– Eu sei que não!

Ele olhou para mim e parecia um pouco confuso.

– O que está acontecendo, Caleb?

– Eu não sei.

Fiquei olhando para ele, o jeito como o cabelo contrastava com a pele branca e os olhos pareciam escuros demais para as feições bonitas.

– Eu não sei porque, mas parece que a gente só fica dando voltas - ele diz engolindo seco - eu quero poder ajudar mais, mas não posso.

– Me ajudar mais? Só se me desse seu rim.

Ele riu.

Olho para o computador e pesquiso pelas pastas. Nada havia mudado, não que eu esperasse algo mudar mas é que é estranho ter algo constante no estado atual da minha vida.

" Até a Lua "

Dessa vez eu abri a pasta e ignorei o estranho silêncio de Caleb atrás de mim. Na pasta só haviam fotos minhas e fotos com meus pais. Fotos das nossas férias na praia e dos aniversários no quintal de casa, fotos até perto do jardim onde minha mãe nunca me deixava chegar perto onde eu quebrei o vaso dela no dia que ganhei o colar.

– São fotos muito bonitas - Caleb disse subitamente.

Eu sorri, de um jeito meio triste.

– Obrigada.

...

Descobri que Charlie tem a minha idade e dobro de esquisitice. Ele chegou na pousada com mais três amigos e todos nos ignoraram.

– Eles não vai jantar? - perguntei quantos todos nós sentamos a mesa menos Charlie e os amigos esquisitos dele.

– Vão, já estão vindo.

E estavam, Abigail acabou de falar e os três se sentaram a mesa daquele jeito estranho.

O jantar foi silencioso e estranho enquanto os amigos de Charlie nos encaravam.

Comi o mais rápido que consegui e me levantei da mesa, levei meu prato pra cozinha e fui para o quarto. Era estranho ser encarada e depois de uma viagem tão longa eu só queria dormir.

A cama estava incrivelmente acolhedora e quando eu estava quase dormindo alguém bateu na porta.

– Que foi?

– Só queria ver se estava bem - Brad disse ainda com a porta fechada.

– Ah, estou, obrigada.

– De nada, e hm, eu vi o cartaz daquele filme, queria saber vc quer ir amanhã a noite.

– Quero - disse sorrindo.

– Ótimo, então, boa noite.

– Boa noite.


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