Um amor para amar escrita por Scarllot


Capítulo 5
Capítulo 5




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– não trapaceei, toda vez que você perdia dizia isso.

– claro assim que eu falo você sai na frente. – sentamos perto da beirada.

– bobo de você.

– achei que nunca mais viria aqui.

– porque achou isso?

– estava na argentina, não sabia que um dia ia te encontrar de novo, se passou tanto tempo, você mudou muito, está mais bonita, uma mulher de negócios.

– obrigada, mas acho que um dia a gente ia acabar se topando de novo.

– verdade.

– está ficando tarde acho melhor irmos já vai começar a escurecer, estamos um pouco longe.

– vamos sim, sua mãe já deve estar fazendo a janta.

– mais só pensa em comer.

– queria ver você passar 13 anos sem comer a comida deliciosa da sua mãe.

– nem imagino.

– eu te ajudo a montar.

– obrigada, uma corrida até lá?

– claro.

– tchau.

– mais ela fez de novo, eu pego você Stela.

– cadê o Joe minha filha?

– deve estar chegando por ai.

– vocês dois não acham que já passaram da idade de ficar apostando corrida com cavalo.

– olha ele chegando ali.

– não valeu sua trapaceira.

– valeu sim, eu ganhei.

– você saiu de novo na frente dele?

– não sai na frente de ninguém ele que é lerdo de mais.

– deixa vai ter volta amanha.

– fico ansiosa.

– ansiosa ou não, vão tomar banho os dois que a janta está quase pronta.

– sim senhora querida mãe, mas só pra senhora não esquecer não somos mais crianças.

– pra mim vocês não cresceram.

– foi o que minha mãe disse quando fui visita-la.

– e como ela está?

– está bem dona Mara, ela e meu pai continuam os mesmos, quando eu estava na argentina estava ligando sempre pra eles, ela já foi me visitar muitas vezes desde que eu estou morando lá.

– que bom meu filho. Minha filha eu e o seu tio vamos ter que ir em uma fazenda aqui perto, estávamos esperando vocês chegarem para irmos.

– o que vocês vão fazer lá, já vai escurecer.

– uma égua não está conseguindo parir vieram agorinha pedir ajuda do seu tio.

– isso vai durar a noite toda.

– a senhora quer que eu leve vocês?

– não Joe, não precisa, fica vocês dois aqui, a janta já está quente no fogão acredito que mais a noite estamos aqui.

– eu vou ficar esperando a senhora chegar pra dormir.

– não precisa minha filha, não demoramos, agora deixa eu ir que se tio tá me esperando.

– boa sorte lá.

– obrigada.

– eu coloco os cavalos no estábulo.

– tem certeza?

– tenho sim.

– eu vou tomar um banho então, qualquer coisa me chama.

– eu ainda lembro algumas coisas dessa fazenda, vou ficar esperando pra jantar.

– eu não demoro.

*após o banho

– acho que vou levar a sua mãe pra cozinhar pra mim o tempo que eu passar aqui.

– já tentei levar ela pra São Paulo, não consegue ficar nem três dias, fica louquinha, ai acabo eu vindo pra cá todo mês ver ela.

– que fazenda é essa que eles foram?

– do seu Alberto, lembra dele?

– aquele velho pão duro ainda tá vivo?

– mais vivo do que nunca, ele economiza com veterinário pra fazer parto, meu tio cobra mais barato.

– ele ainda tá pão duro.

– você não imagina o quanto.

– e aqueles dois filhos dele?

– sei que um ajuda ele na fazenda, mas o outro eu não sei, minha mãe deve saber.

– eu estou satisfeito.

– o tanto que você comeu, a comida da argentina nem é tão ruim assim.

– mas nada se compara a comida da dona Mara.

– deixa o prato ai que eu levo pra cozinha.

– eu vou tomar um banho.

– tá bom, vou ficar por aqui tirar essa louça.

– não quer ajuda.

– não.

As coisas estavam tranquilas, eu diria que tranquilas até de mais, pensei que seria difícil resistir ao que estava sentindo, mas até que estava sendo divertido ele ter vindo comigo. As vezes relembrar alguns momentos da nossa vida nos fazem refletir, e eu pude refletir como eu estava vivendo, quão sistemática eu estava sendo, antes eu levava a vida como uma corrida de cavalos o foco de ganhar, mas se não dava eu estava feliz, mas agora eu estava vivendo uma vida que tinha regras, e eu apenas era uma pessoa a mais que estava vivendo pelo trabalho.

Mas eu também pude constatar que ainda amava Joe e que aos vinte e noves anos eu não sabia como lidar ou demonstrar isso. O que você faria? Eu no caso não fiz nada, passei o dia todo apenas sendo a velha e melhor amiga dele, algo que eu sempre fui e porque eu deixaria de ser agora, depois de tanto tempo, ou porque ele deixaria de ver como amiga?

Sim eu também concordo, nada que se mudou no começo não se muda no final, eu posso até estar errada mais acredito que no meu caso não, mas eu gostaria de estar errada.

Bem já faz tempo que ele foi tomar banho e não estou mais ouvindo o chuveiro, acredito que ele tenha dormido ou pegado no sono sem querer, uma das coisas que sempre faço quando venho pra cá é ir até a minha casa da arvore, sim eu tenho uma casa da arvore que por sinal eu, Joe, Lucas e meu pai fizemos com um pequeno apoio moral da minha mãe e claro bolo de chocolate pra dar força.

Esse era um lugar que no começo eu buscava para lembrar de Joe, mas que hoje eu ia apenas para por minhas ideias no lugar, ficar um pouco sozinha num lugar que seja só meu e que não tenha mais ninguém.

– eu posso entrar?

– claro. – esse lugar deixou de ser só meu.

– te procurei, pensei que estivesse dormindo ai eu vi uma luz acesa.

– a casa do seu Zé, lembra-se dele.

– lembro, ele ainda continua sozinho.

– continua meu tio não tem coragem de mandá-lo embora, mesmo velho ele é a companhia do meu tio nos afazeres da fazenda.

– porque não me chamou?

– eu pensei que você estivesse dormindo.

– não, eu estava procurando uma coisa que comprei pra você.

– pra mim?

– não é muita coisa, só olhei e pensei em você. – uma caixa de joia.

– obrigada, não precisava.

– abre.

– nossa linda a pulseira, não precisava. – sim eu não ia mais tira-la, não pelo menos nas próximas semanas.

– eu posso por?

– claro. Obrigada mesmo é linda.

– eu não acredito que essa casa continua aqui.

– continua, ela meio que viro meu refugio. Começou a chover.

– nossa e forte, deixa eu fechar essa janela antes que fiquemos molhados.

– minha mãe não volta tão cedo, a estrada vai ficar um atoleiro.

– e nem nós vamos sair daqui. – um trovão ecoou.

– droga.

– você ainda tem medo de trovão.

– não é medo...

– a sim é susto.

– você lembra.

– claro, quantas vezes eu fui até o seu quarto quando chovia e você estava de baixo da coberta encolhida, eu ficava com você até você dormir.

– a sim, você ia pra lá porque também tinha medo, quer dizer susto.

– a sim claro, já que vamos ficar por aqui eu posso ver se uma coisa que guardei continua no mesmo lugar?

– pode, o que é? – ele mexeu dentro de um pode perto da janela. – o que tem nesse papel?

– nada de mais.

– me deixa ver.

– não é nada. – eu puxei o papel dele.

– Stela me devolve.

– só depois que eu ler. – me arrependeria disso.

“ minha querida Stela,

Hoje eu percebi uma coisa que lutei por muito tempo contra, mas percebi que não podia mais fazer de conta que não era nada. Eu gosto muito de você mesmo que só me veja como seu melhor amigo. Tentei não me apaixonar por você, mas eu não consegui o que pra mim é uma pena, nunca vou poder ser visto por você alem de um amigo. Estou indo pra argentina e o que eu mais queria era me casar com você e te levar comigo. Mas como não posso te deixo apenas essa carta que acredito que um dia você ache, e um beijo que te roubei enquanto dormia.

Prometo um dia voltar e se tiveres lido essa carta me mande algo dizendo que vai me esperar, porque eu vou vir te buscar.

Eu te amo.

Do seu querido Joe.”

– eu pedi pra você não ler.

– eu nunca encontrei. Por que você não me disse nada.

– eu não sabia como você reagiria.

– mas naquela noite antes de você ir viajar eu te beijei, disse que ama você.

– eu sei, e naquela hora eu fiquei tão feliz, mas eu não podia, naquele dia o Lucas tinha me dito que gostava de você e que ia te pedir em namoro, ele é o meu melhor amigo não podia fazer aquilo com ele.

– ele nunca me pediu em namoro.

– quando ele foi pra argentina ele me disse que perdeu a coragem e quando perguntei se você estava sozinha ele me disse que você estava namorando.

– e você achou melhor não falar nada e nem me procurar, todos os dias eu ia na casa da sua mãe por noticias suas.

– ela me disse, mas eu estava sofrendo Stela, não queria saber se você estava com alguém que não fosse eu.

– teria sido mais fácil se você tivesse me dito naquela noite.

– eu quis de dizer, mas não consegui.

– difícil de acreditar. – seu Zé como sempre ligou o som e como todos os dias a noite ele ouvia Nothing'sGonnaChangeMy Love For You, eu nem contei direito sobre ele. Desde que meu pai comprou essas terras ele contratou seu Zé a esposa dele para ser o capataz da fazenda, porque vinham os apenas nos finais de semana, e ele a esposa dele cuidavam daqui quando não estávamos, quando fiz dez anos a esposa dele faleceu, e a partir daí todos os dias a noite ele ouve Nothing'sGonnaChangeMy Love For You que era a musica que tocou no casamento dele.

– eu não deixei de pensar em você por nenhum momento, nunca me esqueci do seu beijo. – ele se aproximou de mais de mim segurando o meu rosto com as mãos e apoiando nossas testas.

– eu ...- me levantei abrindo a porta que dava pra escada e desci na chuva sem terminar de falar.

– volta aqui Stella, está chovendo. – Joe desceu atrás de mim semolhando na chuva.

– eu não sei o que te fez me achar, mas eu não quero brincar de relembrar o passado.

– eu não estou aqui pra relembrar o passado.

– e porque você voltou?

– pra isso. – ele se aproximou lentamente dos meus lábios, meu coração bateu tão forte, eu queria isso a muito tempo, ele por fim me beijou, um beijo ardente e sufocante como se estivesse guardado a muito tempo. – esperei tanto por isso.

– foi você que quis esperar.

– desde o dia que eu te vi no restaurante – ele me beijou – todos os dias que fui na sua casa-ele me beijou- quando fui no seu escritório – ele me beijou- quando voltei pra pegar o casaco e você me perguntou se eu tinha esquecido alguma coisa, queria ter beijado você.

– eu estou aqui agora.

– e eu não acredito nisso.

– vamos subir lá dentro não estava molhando.- entramos na casa da arvore novamente. Fiquei em silencio, de verdade eu não sabia o que dizer. Ele ficou uns segundos me olhando e se aproximou de mim tirando a camisa.- Você é linda – nos beijamos deitando sobre um colchão pequeno, Joe me beijava e me acariciava de uma forma que eu não consigo explicar, ele demonstrava o quanto me desejava e o quanto tinha esperado por isso. Era como se um turbilhão de carinhos que estavam oprimidos e agora estavam sendo liberados em uma explosão. Fizemos amor ali mesmo, e eu posso dizer amor porque realmente nos amamos.

Agora quem não acreditava era eu, passei anos esperando por isso, Joe foi carinhoso, atencioso, tudo que eu esperava dele. Fiquei com medo de eu ter pegado no sono e estar apenas sonhando, mas ele me fez perceber que aquilo era verdade.

– você é linda, não imagina o quanto eu quis isso meu amor.

– eu estou com medo que isso acabe.

– isso não vai acabar, eu não vou deixar. – um trovão ecoou.

– ai!

– calma, nunca mais eu vou deixar você, nada vai te acontecer.

– parece mentira.

Me lembro que essa talvez seja a ultima coisa que eu disse, após isso nada me vem a cabeça, acho que meu auto anestesiei.

A chuva já tinha passado e sol batia bem no meu olho me acordando o que foi trágico, após eu levantar e bater a minha cabeça em uma madeira do teto a coisa toda enlouqueceu.

– Caramba, minha cabeça.

– Stela.

– Joe. Eu to nua eu devia estar nua?

– o que foi? Que horas são?

– hora de você me ajudar a lembrar o que aconteceu aqui.

– senta aqui do meu lado, calma deixa eu ver a sua cabeça.

– foi só uma batida. – eu disse isso colocando minha blusa.

– Stela calma, nós ficamos juntos você não lembra?

– pensei que era um sonho, isso não podia ter acontecido.

– e porque não.

– porque você é o meu melhor amigo e já passou tanto tempo porque agora.

– tá arrependida?

– não, quer dizer estou, ai eu não sei o que eu sei é que preciso achar meu sapato e sair daqui.

– esta bem ali.

– obrigada. – eu sai deixando Joe sozinho, ainda pude ver ele colocando as mãos sobre a cabeça e deitando para trás soltando um pequeno bufo (se é assim que se diz).

Minha mãe e meu tio já tinham chegado e infelizmente minha mãe havia reparado que eu e Joe havíamos dormido junto o que pra ela foi muito bom por causa do seu pequeno comentário.

– até que em fim né minha filha.

– mãe sem comentários eu vou tomar um banho, tomar o meu café e dar uma volta a cavalo, ainda to processando o que aconteceu.

– já que você perguntou o parto da égua foi difícil mais o filhote dela ta bem.

– tá mãe, bom pra égua.

Não sei se vocês entendem o que eu estava sentindo mais não dava, eu estava confusa, sei que aos vinte e nove anos estar confusa por ter transado com um cara era muito estranho, mas como eu disse nós não transamos, eu me entreguei pra ele de uma forma que eu não sabia que poderia.

E o que eu ia fazer agora? O que você faria? Pensei que quando eu acorda-se e olha-se pra ele poderia dizer “oi meu amor” mas não foi bem assim, eu entrei em choque. Foi mais difícil do que eu pensava, e se daqui dois dias eu ou ele perceba-se que não era isso que devia ter acontecido e pelo motiva da vergonha a nossa amizade dessa vez acabe de vez. Eu sei que estou fantasiando coisas, que devia apenas curtir o momento, mas eu não sou assim, e tenho medo de perder as coisas por uma simples atitude errada.


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