Draco encarava o azul do céu, olhando para o lado e vendo, pela fresta da porta, a morena dormindo calmamente. Era um sonho... tão bom, ao mesmo tempo tão conturbado, tão estranho. Em que mundo ele imaginaria estar passando um mês dividindo com Hermione Granger, não se imaginaria gostando dela, muito menos a beijando.O que o causava repulsa há algumas semanas agora parecia tão certo...

Ele havia percebido o significado de "amor". Ele amava aquela grifinória com todos os defeitos, mas com todas as qualidades também. Eles eram tão imperfeitos, mas ao mesmo tempo se completavam como peças de um mesmo quebra-cabeça que estiveram perdidas a muito tempo.

E tudo que Draco queria era saber se ela também o amava. Se levantou, silenciosamente e caminhou até a porta, a abrindo em silêncio. Os cabelos cacheados caíam sobre os olhos fechados e sua respiração estava lenta. Sem perceber, um sorriso estampava o sorriso do sonserino. Um sorriso bobo, apaixonado.

E se ela o amasse?, ele pensava sempre, feliz com a possibilidade. Mas sua conciência sempre fazia o favor de completar, o atormentando: E se não?

– Draco? - a voz dela o despertou de seus devaneios, o fazendo corar violentamente por ter sido pego "no flagra". - O que está fazendo?

– Eu queria te perguntar uma coisa... - respondeu automaticamente, mas se arrependendo em seguida.

Estava alto demais para cair, e não tinha forças para se levantar. Então, se tudo fosse uma mentira, ele preferia viver naquela mentira, naquela doce ilusão de que o amor era verdadeiro.

– O que?

– Nada... Quer dizer, queria saber se você não pode me emprestar o seu livro de Transfigurações, porque eu transformei o meu em um sapo semana passada. - deu uma desculpa esfarrapada, sorrindo torto.

A morena pareceu desapontada, mas riu baixo e assentiu. O Malfoy coçou a nuca, nervoso.

– Eu... Vou ali me trocar.

– É... Nos vemos. - ela completou, o esperando fechar a porta.

Assim que ouviu o barulho da fechadura, Hermione se jogou na cama novamente, soltando um longo suspiro. Não acreditava que tinha sido idiota o bastante para pensar que aquela pergunta teria algo a ver com os dois.

Ele bem que poderia gostar dela como ela gostava dele. Ele bem que podia amá-la. Mas entre se decepcionar ou ficar na incerteza, ela preferia a ilusão.

E, se ele não a amasse, que mentisse para ela.