Não me lembro direito como foi que nos conhecemos.

Quando eu parava para pensar sobre isso, parecia algo natural, como se fossemos amigos desde sempre.

E talvez fosse mais ou menos por aí mesmo.

Me lembro, vagamente, de tê-lo conhecido quando mudei-me para Godric's Hallow com meus pais. Deveria ter três, quase quatro anos, já que mamãe estava grávida de Hugo na época.

Segundo Hermione, eu estava realmente emburrada. Não queria ter mudado de Londres e deixar para trás as três-melhores-amigas-do-mundo que tinha. Engraçado que nem ao menos lembro seus nomes, sequer como eram ou o que gostavam. Acho que, com três anos, não julgamos muito bem nossas amizades.

De qualquer forma, certas vezes, acrediro que só me recordo de momentos que incluam um certo loiro de olhos azuis acinzentados. Talvez seja porque ele esta em todas - e quando digo todas, me refiro a todas sem grandes excessões - as fotos recordações que mamãe tem desde meus quatro anos à formatura da escola. Ou simplesmente porque ele gostava de me lembrar, a todo o instante, de momentos constrangedores que passamos na infância, no melhor estilo tia sem graça que chega nas festas para te constranger na frente de todos os seus amigos.

Scorpius Malfoy adorava fazer isso.

E, verdade seja dita, ele foi a pessoa com quem mais compartilhei meus momentos constrangedores e a quem fiz perguntas sem noção. Ele foi a pessoa mais influente e importante da minha vida.

Meu melhor amigo, cargo o qual ocupou com grande orgulho.

Talvez esse tenha sido o nosso maior problema. A amizade tão grande que chegávamos a nos comparar a irmãos. Tinha mais intimidade com ele do que com Hugo! E, por mais que Ronald Weasley odiasse, eu passei mais tempo com Scorpius do que com qualquer outra pessoa.

De qualquer forma, não sei muito bem o porquê de querer recordar todas essas coisas agora. Talvez seja a absurda falta que ele me faz, misturada com um pouco de tédio e a caixa com várias recordações que acabei de encontrar.

Ou simplesmente porque estou com um grande desejo masoquista e quero me torturar, lembrando dos erros gramaticais horríveis, dos sorrisos, das risadas e de todas as vezes que, graças e por ele, fiquei de detenção. E, com certeza, dos problemas que ele me tirou ou simplesmente me colocou.

Droga, estou tão nostálgica!