–Desde quando você é virgem, Wilson? - a voz rouca do grisalho soou na cozinha espaçosa.

Se aquela era uma pergunta tendenciosa? Imagine.

–Que tipo de pergunta idiota é essa? - rebateu com outra pergunta, os olhos pregados nas panquecas que fazia.

House deu de ombros enquanto se debruçava sobre a bancada fria da cozinha. Os olhos azuis fitando as costas de Wilson, os lábios entortados num sorriso divertido.

–Estamos juntos a três meses e ainda não fizemos sexo, não por falta de insistência minha - declarou. - Só pude deduzir que você é virgem. Inocente como uma garotinha assustada.

Wilson teria rido da frase citada, isso se House não estivesse falando a verdade.

Tirou a última panqueca da frigideira, depositando-a sobre a pilha que jazia sobre a bancada. Esfregou a mão no rosto e suspirou, virando-se para a figura divertida de House. Por que tinha que ter esse tipo de conversa logo pela manhã?

–Você sabe muitíssimo bem que eu não sou virgem - respondeu num suspiro que beirava a impaciência. - O fato de não termos feito sexo não significa nada.

–Oh, me desculpe por achar que pessoas em relacionamentos transam umas com as outras - disse da forma mais sarcástica que conseguiu.

–Eu sei disso, House - replicou com os olhos castanhos nos do grisalho. - Eu só...

–Então talvez você esteja com medo do sexo anal - House sugeriu com uma naturalidade absurda. - Nisso eu posso quase garantir que você é virgem.

O moreno levou ambas as mãos até o rosto e apertou a região com força, inclinando a cabeça para trás de maneira derrotada. Definitivamente odiava aquele homem.

Wilson levou as mãos para a cintura e fitou os olhos muito azuis do amigo. Piscou algumas vezes, enquanto mordiscava o lábio inferior de maneira nervosa. Aquilo não acabaria nada bem.

–Certo, House, eu sou virgem - disse de forma impaciente. - Ao menos... Bem, você sabe. E acredito que você também seja.

House o olhou de forma divertida. Seus olhos brilhavam de malicia e seus lábios se entortavam de uma maneira charmosamente sacana.

–Está perguntando se eu já dormi com um cara? - escarneceu. - Não, você vai ser o primeiro.

Wilson sentiu o rosto esquentar, mas não pode quebrar a conexão que havia entre seus olhares. Estava começando a entender para onde aquela conversa iria levar e o nervosismo começava a se formar, pouco a pouco, em seu estômago.

Observou a figura alta de House sair de seu posto na bancada e passar a mancar até si. O sol matutino brilhava nos olhos de House, e Wilson o achou extremamente sedutor com toda a indecência que pairava em volta da figura do grisalho.

Seu coração passou a palpitar um tanto mais rápido a cada passada de House em sua direção. E em poucos segundos, não havia mais caminho a percorrer.

House estava ali na sua frente, e Wilson o conhecia bem demais pra saber que ele não teria escapatória naquela manhã.

Sua pele se arrepiou quase por completo quando a barba mal feita de House arranhou em seu pescoço. Sentiu lábios quentes lhe beijando de forma calma e mãos firmes começando a percorrer seu corpo, sob a camiseta de dormir que usava.

Os lábios subiram e acariciaram a boca entreaberta do moreno, de forma leve e provocante. Percorreu uma linha de beijos suaves dali até a ponta de sua orelha, voltando o caminho novamente e mordendo os lábios de Wilson de maneira sedutora. Adentrou a língua ali e sentiu o hálito de ambos se misturar, assim como as línguas que se tocavam de forma apaixonada.

Não demorou, Wilson já reagia as carícias que recebia do outro, ansiando por mais do que House podia lhe oferecer. Passou a devolver os toques com a mesma intensidade. Sentindo o homem que amava sob a ponta dos dedos e sobre a sua língua.

Ainda sentia todo o nervosismo do que aquilo significava, mas procurou fazer o máximo para não pensar naquele futuro próximo do qual não podia mais adiar. Amava aquele homem e estava mais do que disposto - mesmo com o já citado medo. - a passar por todas as experiências que aquela relação traria a ambos.

Queria aquilo tanto quanto House. E, mesmo agindo como uma virgem temerosa e ansiosa, queria poder sentir e fazê-lo sentir tudo o que podiam provocar um ao outro.

E House não o deixara pensar. Por um momento sequer, tudo foi apenas uma onda intensa de sensações tão instigantes quanto excitantes. Foi tudo por instinto. Fora quente, leve e, ao mesmo tempo, ardente e forte. Fora doloroso e indescritivelmente prazeroso.

E então, eles estavam deitados contra o chão frio da cozinha. Os corpos suados, as respirações ofegantes, sujos e infindavelmente satisfeitos.

Wilson tinha um sorriso enorme nos lábios, a cabeça deitada contra o peito de House. Sentindo o frio do chão abaixo de si em contraste com a quentura do corpo do grisalho.

–E então, como foi a sua primeira vez? - House perguntou em tom zombeteiro. - Espero que você consiga levantar depois.

Wilson rolou os olhos ante o tom sarcástico do outro, mas sorriu de forma carinhosa. Aquela fora a primeira de muitas outras vezes. Podia sentir seu coração bater quase em sincronia com o outro e, Wilson esperava, que fosse sempre assim, para o resto de suas vidas.