O Alvorecer De Um Novo Sol escrita por Marimachan


Capítulo 57
Capítulo Extra IV - Eternamente Sorrindo II


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Mais um daqueles surtos em que tenho uma vontade absurda de escrever alguma coisa triste. :c E bem, depois de pedir muitas opiniões, resolvi postar. ^^
Boa leitura! ;)



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Era domingo. O dia estava ensolarado, ao contrário dos últimos que o antecederam e por esse motivo, parecia estar ainda mais alegre. A praça da pequena cidade estava repleta de famílias fazendo piqueniques, crianças correndo por todos os lados com seus pais e cachorros, e a atmosfera era de pura satisfação por terem o final de semana debaixo de Sol.

À certa distância, o garotinho observava tudo de forma atenta. Os risos e gritos de empolgação, entretanto, não pareciam de acordo com as pequenas e tímidas lágrimas que escorriam em suas bochechas rosadas.

Dali de trás do pequeno arbusto, o moreninho admirava cada sorriso infantil espalhado pela grama verde; cada gesto carinhoso de todos aqueles homens para com seus filhos; cada advertência; cada elogio. Cada detalhe da paisagem alegre que o cercava. Detalhes que deveriam arrancar mais sorrisos daqueles que a observavam, mas que agia de forma contrária para o pequenino que em seus plenos sete anos não havia tido uma única oportunidade de experimentar o que todas aquelas crianças experimentavam naquele momento.

Ele queria poder dizer que saía aos finais de semanas com seu pai para a praça da cidade, com seu cachorro; queria demonstrar o quanto se sentia feliz quando recebia um elogio dele ao fazer uma boa jogada com sua bola; queria receber broncas dele nas vezes em que fazia algo perigoso. Mas ele não podia dizer nada daquilo.

Não podia dizer, porque não existia um pai com quem ele pudesse fazer tudo isso.

Na verdade, tudo o que ele queria era apenas ter seu pai ali. Também queria gritar pra todo mundo que esse era seu desejo.

Mas ele não podia.

Não podia, porque tinha que sorrir. Sim, ele precisava sorrir para que sua mãe sorrisse também. Ele não podia dizer a ela que queria ser como aquelas crianças, porque isso a faria ficar triste e ele não queria ver sua mãe triste. Era por isso que em dias ensolarados como aquele, acordava cedo e fugia para o parque.

Para poder chorar pelo que ele queria. Era por isso que quando dava a hora dela se levantar, voltava pra casa correndo e a recebia na cama com o seu melhor e maior sorriso.

Seu tio sempre dissera que quando se ama muito alguém, se faz tudo para vê-la sorrindo e sempre alegre e, jamais, se permite que suas próprias tristezas entristeçam-na. Ele não entendia muito bem de tudo aquilo, mas sabia que amava sua mãe o bastante para querer vê-la sorrindo, assim como seu tio o ensinou.

Pensando melhor, vai ver era por isso que o mais velho sempre era tão rabugento. Talvez assim ele nunca precisasse falar de coisas tristes com sua tia e sua prima.

“Porque quando a gente ama, a gente faz sorrir e não chorar, certo?”

E era por essa convicção que ele fugia quando sentia todos aquelas coisas tristes. Sua mãe tinha que vê-lo sempre sorrindo, então ele choraria sozinho. Desejaria ter seu pai sozinho. Porque assim sua mãe sempre sorriria com ele.

E foi com esse pensamento que levou suas mãozinhas ao rosto e enxugou a pele úmida. Já estava quase na hora dela se levantar, tinha que voltar sorrindo logo. Quando pensou nisso, entretanto, sentiu algo ser colocado sobre sua cabeça.

Ainda sem saber o que significava aquilo, levantou os braços, tocando o chapéu, que ficava realmente grande. Suas lágrimas queriam sair novamente, mesmo que ele não soubesse o porquê. O simples toque naquele objeto o remeteu a tantos sentimentos, que seria incapaz uma criança conseguir administrá-los.

Sua força de vontade, contudo, era maior. Ele não iria chorar. Não na frente dela.

― Ficou muito bem em você. – a voz gentil tão conhecida elogiou, em meio a um sorriso carinhoso.

Assim que ouviu-a, tratou de virar-se e então encontrou sua mãe. Os cabelos alaranjados até a cintura caíam sobre os ombros, enquanto o sorriso doce se misturava às tímidas lágrimas que desciam de seus olhos castanhos.

A cena fora um choque, mas a única reação que o pequeno teve foi a que sempre tivera em situações como aquela. Ainda segurando o chapéu sobre sua cabeça, o maior sorriso que ele se lembrava ter dado surgiu.

― Amar também é chorar junto com a pessoa que ama quando ela chora, sabia? – abaixou-se, ainda deixando as lágrimas rolarem em meio à contínua curva terna em sua boca, que não havia ido embora.

E, realmente sem saber o que fazer, ele apenas continuou sorrindo. No entanto, agora o sorriso tão grande era umedecido pelo abundante sabor salgado que banhava seus pequenos lábios. Logo ele acenou positivamente, ainda que o choro tivesse tomado proporções muito maiores que seu próprio sorrir, em meio ao abraço apertado de sua mãe.

― Hum!


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Notas finais do capítulo

Desculpa por ter feito isso. Realmente me sinto uma pessoa horrível, mas eu gosto de sofrer e acabo fazendo vocês sofrerem também. -_-
Mas espero que ainda assim tenha gostado. ^^
Até mais! :)



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