O Alvorecer De Um Novo Sol escrita por Marimachan


Capítulo 17
Capítulo 15 - Entre Avô e Neto


Notas iniciais do capítulo

Hello, people. Postando hoje pq minha conta tinha dado um problema aki e acabou atrasando td. ¬¬'
Maaas, problemas surgiram e já foram superados. Então, aí está. ^^
Mais um Flashback gostosinho ~lê Matheus do All Blue~ O/
Embora triste tmb. :c
Boa leitura! ;)



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18 anos e 10 meses antes...

― Não saiam dessa ilha. Vou levar o Luffy até lá e depois voltamos. – Shanks era quem dava as ordens aos seus subordinados. Os Mugiwaras estavam próximos, atentos às palavras do aliado. Já haviam recebido a mesma ordem de seu capitão.

― Vê se não se meta em confusão, Luffy! – Nami alertava o moreno, autoritária.

― Né, Nami. Eu só vou visitar o vovô. – afirmava entediado pela espera por Shanks no barco.

― Por isso mesmo, idiota! – continuou em tom irritadiço.

O capitão então achara melhor se calar, apenas acenando em um meneio de cabeça que entendera o recado. Depois de tantos anos, ele já havia aprendido quando deveria se calar para não levar cascudos ou socos de sua navegadora estressada.

Depois de mais algumas palavras Shanks e Luffy já partiam da costa selvagem da ilha. O destino dos dois: o navio onde Monkey D. Garp se encontrava.

Naquele mesmo dia, pela manhã, Shanks chegara à ilha deserta ― frequente ponto de encontro entre os dois bandos piratas ― com a notícia de que Garp havia adoecido e se encontrava debilitado por conta de uma tuberculose, aos cuidados de alguns médicos da marinha em seu navio. Garp conseguira contatar o Ruivo e fizera um pedido a esse, tendo conhecimento do constante contato que existia entre ele e seu neto ― algo que até agora ninguém havia descoberto, somente Garp, que manteve pra si aquele segredo.

O herói da marinha queria ver Luffy. Estava consciente que talvez, muito provavelmente na verdade, não tinha muito mais tempo e precisava de uma última conversa com seu neto problemático. Shanks atendera ao pedido e contatara Luffy, explicando a situação e convencendo-o a ir até seu avô, mesmo que de início à contra gosto do rapaz.

Após navegarem um dia e quase uma noite inteira, chegaram ao local onde o navio de Garp estava ancorado. Estavam no meio do oceano.

Assim que vira o pequeno barco se aproximar carregando os dois piratas, Coby, que vigiava o navio naquela madrugada, correu imediatamente até o quarto do Vice-Almirante para avisá-lo. Depois de Shanks e Luffy embarcarem no grande navio da marinha, foram encaminhados ao quarto de Garp, que já esperava acordado pelos dois.

― Oe, velhote. Aqui está seu pedido. Mas você deveria me deixar em paz depois disso, foi difícil convencer o Luffy a vir aqui. – o Ruivo entrou já implicando com o marinheiro.

― Não me venha com essas baboseiras, Ruivo. Eu ainda pretendo acabar com você um dia pelo que fez. – Garp tinha a voz um pouco mais fraca que o normal, mas ainda assim mantinha seu tom imponente, embora tranquilo.

― E como vai fazer isso, Ojiichan? Você está horrível. – o moreno entrou no quarto, fazendo uma careta ao ver seu avô deitado sobre a cama, visivelmente debilitado.

― Ora, seu idiota! Tenha mais respeito ao falar comigo, ainda sou seu avô! – Garp se alterou irritadiço, mas não permaneceu assim por muito tempo, já que uma crise de tosse o atingiu.

― Não faça essas coisas, Garp-san! – um dos médicos brigou.

― Ah. Deixe-me em paz. Anda, xô. Fora. – o Vice-Almirante enxotou o médico com um gesto com as mãos, ainda se recuperando da crise de tosses. O médico saiu do quarto bufando.

― Garp-san! O médio tem razão. – Coby tentava defender o profissional. ― O senhor precisa descansar.

― Quero falar com o Luffy a sós, então sumam daqui também vocês dois! – ordenou novamente, agora apontando para os dois ruivos.

― Só vou porque me disseram que o navio tem um ótimo saquê! – Shanks mostrou língua ao marinheiro, saindo do quarto seguido por Coby, que fechou a porta assim que deixou o cômodo.

― O que foi, vovô? – Luffy sentou sobre a cama, ao lado de seu avô, em posição de lótus.

― Luffy... Não me resta muito tempo, então... Eu precisava ter essa conversa com você... – o tom de voz de Garp agora era calmo, embora parecesse trazer certa quantidade de melancolia.

― Estou ouvindo... – apenas deixou claro, permanecendo atento ao que seu avô tinha a lhe dizer.

― Sabe... Desde que sua mãe morreu e você ficou por minha conta, pensei que estaria fazendo um bom trabalho te tornando um verdadeiro marinheiro. Alguém que faria justiça à morte de Olivia. Mesmo que essa justiça a que eu servia era a própria assassina dela... Eu realmente fiquei em dúvida algumas vezes se o que eu estava fazendo era o certo. No entanto, eu pensei melhor e disse a mim mesmo que não era o caminho errado, eram apenas pessoas que seguiam o caminho certo de forma errada. Foi aí que comecei a não dar muita importância às ordens dos meus superiores e fazer o que eu achava ser a coisa certa a se fazer sempre, seguindo apenas meu instinto e meu coração. Então não desisti de tornar você um servo da verdadeira justiça. Qual a minha surpresa quando descubro que você queria se tornar um maldito pirata. – suspirou. ― Meu filho e meu neto criminosos. Que sina, não? Mas... Sabe, depois de todos esses anos eu percebi que não importava o que eu fizesse, você seguiria por esse caminho e eu não poderia impedir. No final das contas... Eu descobri que seja lá como for, a louca da sua mãe fez um bom trabalho e te ensinou a conseguir seguir o caminho errado da forma certa. – sorriu levemente, encarando o neto.

Luffy tinha sua cabeça baixa, ouvindo as palavras de seu avô. Falar sobre sua mãe sempre era algo doloroso, mas que ele estava aprendendo a lidar depois de tanto tempo.

― Você também fez... – finalmente respondeu, olhando Garp com um sorriso singelo, mas sincero. O herói riu.

― Acho que sim. – mais um sorriso, dessa vez um mais aberto. A comunicação entre os olhares dos dois era algo harmônico e tranquilo. Depois de tantos anos, finalmente neto e avô faziam as pazes de verdade, embora nenhum dos dois guardasse alguma mágoa realmente.

Mais uma crise de tosse atingiu Garp, agora mais forte que a anterior. Luffy o encarou atento e preocupado.

― Ojiichan... – iria dizer algo enquanto inclinava seu tronco levemente em direção ao avô, mas fora impedido pelo mesmo, que levantou uma de suas mãos, gesticulando que não precisava se preocupar.

Ignorando a crise, Garp continuou seu discurso:

― Saiba que estou orgulhoso de você, Luffy! Por mais que seu sonho não tenha sido o meu, você o realizou. Mesmo que tenha sido algo tão inalcançável aos olhos de outros. E nunca deixe de ser quem você é. – por um momento o mais velho encarou o moreninho fixamente. ― Prometa que nunca deixará que a escuridão esconda seu sorriso, apague sua luz ou destrua sua inocência. Sempre soube que você era um ser diferente... Especial. Tenho certeza que sua mãe também se orgulharia... Ela se orgulharia muito...

Enquanto ouvia tais palavras com atenção, Luffy podia ver o brilho dos olhos do velho marinheiro se esvair aos poucos, enquanto um sorriso terno surgia nos lábios dele, até que a vida havia finalmente se retirado daquele olhar e seus olhos então se fechado.

― Jiichan... – a voz do pirata já se tornava embargada. ― Jiichan... – o moreno ainda tentara chamá-lo mais uma vez, chacoalhando de leve o corpo à sua frente, mas a tentativa fora inútil, o que fez uma lágrima solitária escorrer dos grandes olhos negros.

Não existia mais vida no corpo de Mokey D. Garp.

― Eu prometo...

(...)

O teto era o que lhe parecia mais atraente naquele quarto. O silêncio a incomodava, provavelmente pelo fato de que nele seus pensamentos gritavam agitados. Não que tinha muito o quê pensar, mas o pouco que tinha estava deixando-a angustiada.

Nami estava sob as cobertas, deitada em sua cama, encarando o teto.

Estava sozinha, porque Robin provavelmente estava com Zoro por aí. A arqueóloga e o espadachim podiam acreditar que a enganavam, mas eles é que estavam enganados. É claro que a ruiva percebera a mudança de comportamento de Zoro para com a morena, a ausência ainda mais acentuada da mesma no quarto das meninas e a forma como o guerreiro fugia de qualquer tipo de conversa que envolvia mulheres, amor ou romantismo. Possivelmente para não se comprometer.

No entanto, o que incomodava Nami não era a ausência da amiga no quarto. Aquele fator existia desde muito antes dela se envolver com Zoro. O que importunava os pensamentos da navegadora era um jovem hiperativo e sorridente, que nas últimas horas havia perdido a vontade de sorrir.

A ruiva estava preocupada com seu capitão. Uma perda tão recente e repentina com certeza o afetara muito mais do que poderiam imaginar...

É claro que Luffy e Garp não tinham o tipo de relacionamento normal que comumente existia entre avós e netos, mas ainda assim sabia que existia um carinho especial entre os dois. Garp podia ter feito tudo o que fez, mas como ele mesmo já havia dito uma vez, fez porque amava Luffy e queria que o neto ficasse forte para poder se defender e se tornar um grande marinheiro.

Também é muito claro que o destino fora mais irônico e ao invés de tornar Luffy um herói da marinha, o tornou o maior inimigo da organização.

O fato de o marinheiro ter pedido a Luffy para ir vê-lo em seus últimos suspiros e do moreno estar tão abalado daquela forma só mostrava o quanto essa ligação, por mais estranha que fosse, existia e era forte.

E era exatamente isso que angustiava Nami.

Ela queria poder arrancar a dor que o capitão sentia. Embora ela soubesse que a dor que ele sentira quando perdera Ace fora muito maior ― não por amar menos o avô, sim pelas circunstâncias ―, sabia que o quê Luffy sentia naquele momento era tão ruim quanto.

Talvez ela pudesse ir até ele, falar alguma coisa ou quem sabe ainda poder abraçá-lo e dizer que ela estava ali pro que der e vier. O problema era que não sabia se conseguiria fazer de forma tão natural depois do que acontecera entre eles alguns dias antes. Aquele beijo “acidental” confundiu tudo e nunca tivera tanta dificuldade de manter contato com o capitão sem que os dois ficassem completamente constrangidos. Por mais que tentassem manter as coisas normais, ou ao menos o normal deles, estava sendo difícil... Quase impossível, na verdade, parar de pensar naquele acontecimento inusitado.

A garota suspirou frustrada com a tentativa inútil de parar aqueles pensamentos e dormir. Qual a surpresa dela quando a porta se abriu devagar e ao invés da arqueóloga, o motivo de sua frustração estar ali.

― Nami... Já está dormindo? – a luz da lua crescente que entrava pela janela era a única que iluminava o quarto, mas era suficiente para a ruiva poder enxergar certa melancolia no olhar de seu capitão. Aquilo só aumentou o aperto em seu coração.

― Não... Também não consegue dormir? – sentou-se para encará-lo melhor. A única resposta que teve foi uma negação silenciosa. Ela suspirou mais uma vez. ― Quer conversar sobre isso?

Após fechar a porta, Luffy caminhou até a cama de sua navegadora e sentou-se ao lado dela, pareceu pensativo por um momento, o que fez Nami o observar em silêncio, atenta.

― O vovô pediu que eu não deixasse de sorrir nunca, mas eu não consigo... Não consigo cumprir o que prometi. – começou frustrado.

Nami o encarou de certa forma surpresa. O que mais incomodava Luffy não era o fato de ter perdido também seu avô e sim o fato de não poder cumprir a promessa que fizera ao mesmo. Aquilo era realmente surpreendente, como tudo que vinha do Rei dos Piratas.

― É normal, Luffy... Você perdeu alguém especial e que você amava. A tristeza é um sentimento humano comum a todos e com você não seria diferente. Mas com o tempo, você consegue superar e aí fica somente a saudade.

― Como aconteceu quando o Ace morreu... – ele compreendia o que Nami dizia. ― Eu também não consegui sorrir logo depois que perdi ele, mas eu não tinha prometido nada sobre isso pra ele. – cruzou os braços, fazendo birra consigo mesmo. Nami riu levemente.

― Mas o que exatamente você prometeu ao seu avô?

― Ele me pediu pra... – fez uma expressão pensativa, tentando lembrar as palavras do marinheiro. ― Nunca deixar que a escuridão esconda meu sorriso, apague minha luz ou destrua minha inocência. É, acho que foi isso. – voltou a encarar a navegadora, que sorria terna.

― Você não está descumprindo sua promessa, Luffy.

― Não? – questionou confuso.

― Não. O que ele pediu foi para que as perdas que você sofreu e talvez ainda sofra não façam com que a luz que existe dentro de você se apague. Pediu que prometesse que nunca deixasse a tristeza se tornar vingança ou ódio e sim apenas saudade... Foi isso que ele lhe pediu. – Nami lhe sorriu novamente.

― Ah! Então era isso! Ufa, que alívio! – um sorriso aberto e satisfeito surgiu nos lábios do capitão. ― Eu pensei que não conseguiria cumprir minha promessa. Obrigada, Namiii! Você me ajudou muito. – a ruiva foi pega de surpresa pelos braços do capitão envolvendo-a num abraço. Gesto o qual, depois de ter passado a surpresa, fez a garota rir. Seu capitão era uma figura rara.

Ele já tinha voltado a sorrir e nem percebera isso.


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Notas finais do capítulo

E então? :)
Até o próximo! ^^