O Alvorecer De Um Novo Sol escrita por Marimachan


Capítulo 11
Capítulo 9 - Entre Pai e Filho


Notas iniciais do capítulo

Informações MUITO importantes nesse capítulo! ;) Até mesmo por isso o capítulo ficou bem gorduchinho. Hehehe'...
Boa leitura. ^^



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22 anos atrás...

― Você é idiota ou o quê?! Nunca mais me assuste desse jeito, maldito!

― Mas eu não fiz nada! – o biquinho que Luffy fazia de inocente era quase convincente. O pior é que ele sabia que para o garoto à sua frente ele realmente não havia feito nada demais.

― Como assim não fez nada? Você me fez pensar que estava no meio da explosão, idiota. Como você pensa que eu fiquei ao cogitar essa ideia?! – o pirata mais velho continuava a dar bronca no mais novo aos gritos.

― Hey, chefe. Até parece que você não conhece o Luffy. – Lucky Roo dizia divertido enquanto saboreava seu costumeiro pedaço de carne.

― Ele tem razão Shanks-san. O Luffy faz isso o tempo todo. – Nami concordou com o pirata aliado.

― Isso não me deixa menos puto. – Shanks não deu o braço a torcer. – Nunca mais faça isso, ouviu?! – advertiu, pegando Luffy pela orelha, o arrastando para mais próximo de si como um verdadeiro pai faria com seu filho imprudente.

O caso ali era que o dito pai era apenas um amigo de longa data que se preocupava demasiadamente com o Rei dos Piratas.

― Ai, ai, ai, ai, ai! Isso dói, Shanks! Eu já disse que não fiz nada demais! Eu só fui pro outro lado da cidade procurar um lugar pra comer depois de fazer o que combinamos! – Luffy tinha um biquinho choroso e algumas pequenas lágrimas surgiam no canto de seus olhos por conta da dor.

― E não deu notícia nenhuma! Eu quase entrei no meio daquela confusão pra te procurar e pus o plano a perder, idiota! Por sua culpa ia tudo por água abaixo. – soltou a orelha de Luffy, respirando fundo. – Tudo bem... O que importa é que saiu tudo como esperado. Destruímos a fábrica e demos o primeiro passo, certo? – Sua expressão mudara completamente e um sorriso animado surgiu em seus lábios. – Vamos comemorar!

Shanks caminhou pelo deque do Sunny animando ambas as tripulações, como se nada daquilo tivesse ocorrido há poucos segundos. Luffy fora atrás dele, também bastante animado e sem se importar com a bronca que levara. Nami observava isso perplexa, assim como os outros Mugiwaras.

― Esse cara... – Benn comentou com um riso divertido.

Já estava acostumado com as mudanças de humor instantâneas do capitão. Shanks era puramente instintivo e quando se tratava de seus amigos isso era ainda pior. Ainda mais se tratando de Luffy, o qual era realmente especial para ele.

― Bem... Vamos ao trabalho, então! – Sanji se pronunciou, já subindo as mangas de sua camisa social e se encaminhando para a cozinha. – Oe, amigo! Poderia me ajudar nesse banquete? – se dirigiu ao cozinheiro dos Piratas do Ruivo, que imediatamente seguiu em direção à cozinha do Sunny.

(...)

― E então? Como foram os planos? – a voz grave do outro lado do Den den Mushi perguntou.

O ruivo estava sentado na cadeira à mesa que havia em seu quarto. Depois de uma festança e tanto, a maioria de seus nakamas se encontrava bêbada e jogada pelo grande navio. Os Mugiwaras estavam no Sunny, terminando de arrumar as coisas e se preparando para irem dormir. Ele resolvera ligar para seu aliado de longa data, deixando-o a par da situação atual.

― Correu tudo como esperado e planejado. A fábrica foi completamente destruída, sem feridos, sem vestígios. Tudo saiu perfeitamente bem. Exceto, é claro, o idiota do seu filho que me deu um susto no final de tudo. – declarou de forma tranquila.

― Luffy? O que ele aprontou dessa vez?

― Depois da explosão ele simplesmente sumiu. Eu realmente pensei que ele estivesse no meio dela, mas no final de tudo ele estava apenas comendo em um restaurante do outro lado da cidade. Aquele idiota. – Shanks contou agora um pouco mais irritado, relembrando toda a confusão. O homem do outro lado riu divertido. – Não ria, idiota! Ele é seu filho e eu é que tenho que me desesperar com as atitudes dele.

― Oras, ninguém mandou se afeiçoar tanto a ele. Não me culpe. Você foi a maior influência dele 14 anos atrás. – o homem retrucou, obrigando o ruivo a concordar com suas palavras.

― Não acha que está na hora de entrar diretamente em contato com ele, Dragon? Afinal, você é o pai dele e ele sequer o conhece pessoalmente. Agora que ele já está completamente envolvido nisso, não vejo motivos para continuar servindo de ponte entre os dois. Ele já sabe quem é você, já sabe que está completamente envolvido com você e também já sabe que boa parte de todos os nossos planos é você quem está por trás. Acho que está na hora de se encontrarem finalmente, não concorda? – Dragon ficou em silêncio por alguns instantes. – Hey, idiota, ainda está me ouvindo?

― Não e sim. Não é a hora para isso ainda. – fora firme.

― Não me diga que está com medo, Dragon. Está mesmo com medo de encarar seu filho frente à frente depois de todos esses anos? – Shanks tinha um tom de incredulidade e diversão na voz. – Vamos lá, ele pode ser o Rei dos Piratas, mas ainda é inofensivo! Acredite. – o ruivo riu da ideia de seu amigo com medo do filho, se divertindo com isso.

― Não fale besteiras, idiota! Não estou com medo do Luffy por questões de força ou qualquer outra coisa parecida. Na verdade, meu receio é outro totalmente diferente. – Dragon tinha certa seriedade na voz.

― Você tem medo é da indiferença, não é? – Shanks finalmente compreendeu os sentimentos do companheiro. – Você tem receio de que Luffy não queira se aproximar de você pelo simples fato de você não ter permitido tal aproximação durante esses anos todos.

― Vamos concordar... O mais próximo de pai que Luffy teve na vida foi o meu e convenhamos que o meu velho não foi lá tão significante na criação dele. Eu sequer existia para ele até alguns anos atrás. Além do fato de que... – Uma pausa hesitante.

― Entendi... O problema aqui não é apenas sua ausência na vida do Luffy. É sua ausência na morte de Olivia. Você tem medo de que ele encare isso de forma intuitiva. “Onde estava você quando ela morreu?”, é essa a pergunta que você teme que venha dele, não é? – Silêncio... – Olha, faz sentido. Só não sei se realmente essa seria a reação dele. Luffy é uma incógnita em alguns sentidos, Dragon. Você só saberá como ele agirá com relação a você, quando tentar alguma aproximação. E vamos lá... Luffy é um garoto extremamente acessível! Pessoas estranhas conquistam a simpatia dele o tempo todo, porque seria tão diferente com o pai?

― Não sei. Preciso pensar sobre isso. Mas... De qualquer forma... Obrigado, Shanks. – realmente estava grato pelas palavras do amigo. Com certeza pensaria melhor sobre aquilo. – Agora preciso desligar. Entro em contato logo.

Shanks ouviu o Den den mushi desligar e balançou sua cabeça em negação.

― Idiota... Por que tem que ser tão cabeça dura? – perguntou a si mesmo sobre as atitudes do líder revolucionário, mas logo foi interrompido.

― Oe, Shanks! – a voz reconhecida por ele de longe invadiu o silêncio de seu quarto. ― Com quem estava falando? – O moreno perguntou curioso, enquanto se sentava na cama.

― Seu pai. – observou a leve careta que Luffy fez ao ouvir a resposta, se perguntando se talvez Dragon realmente tivesse razão. – Oe, Luffy. Diga-me uma coisa. Você não gostaria muito de conhecê-lo? Nunca se encontraram. Eu gostaria de conhecer meu pai, se estivesse no seu lugar. O que me diz?

Shanks o encarou atento, esperando pela resposta de forma ansiosa. Se o que Dragon suspeitava fosse verdade, as coisas não seriam tão agradáveis quanto imaginava. Luffy era extremamente amigável e acessível, isso não era mentira, porém quando ele se fechava a alguma possível aproximação de quem quer que fosse, ele realmente não mudava de ideia por nada.

Luffy deu de ombros, mostrando total indiferença.

― Eu não me importo. – o ruivo o encarou, surpreso pela resposta do garoto.

― Por que não? Afinal de contas ele é seu pai, Luffy. Você deveria se importar com ele, não acha? – continuava tentando investigar mais a fundo os sentimentos do recente Rei dos Piratas.

― Eu me importo com as pessoas que fazem parte da minha vida. Eu me importo com meus nakamas, com você, com o Rayleigh, com o vovô, o Sabo, a Makino, o prefeito, todos os amigos que fiz até aqui, me importava com o Ace, a mamãe... Mas não ligo pra quem não faz. Os outros que fazem parte da vida de quem não faz da minha que devem se importar. O Sabo se importa com ele porque faz parte da vida dele, da minha não. Então não, não acho. – deu de ombros novamente.

Shanks ouvira cada palavra daquele discurso com real perplexidade. Fazia todo o sentido o que Luffy dizia, é claro, mas estava surpreso pelo fato do mesmo sequer considerar que Dragon fazia parte da vida dele. No entanto, já deveria imaginar... Sangue não importava nada para o rapaz. O que importava era presença, amizade. Dragon nunca se fizera presente na vida dele, então na concepção de Luffy ele nunca seria seu pai verdadeiramente.

Talvez a aproximação que sugerira a seu amigo fosse muito mais complicada do que imaginara antes. Mas se o problema era Dragon fazer parte da vida dele ou não, talvez não fosse tão difícil assim resolver aquele impasse.

(...)

― Seion... Você já decidiu quando vamos partir?

Issa observava a água do rio seguindo seu caminho de forma tranquila. Nara cochilava próxima deles, na sombra de uma árvore qualquer e Ken estava em cima de uma macieira que havia ali por perto, obviamente, comendo maçãs.

― Eu não sei exatamente. O tio Franky disse que ia começar a construir o navio com a ajuda dos carpinteiros da cidade amanhã. Assim que ele terminar a gente pode ir. Acho que no final de semana. – Seion sorriu gentil.

― Ã-hã. Como será que vai ser? Nós estaremos realmente por nossa conta... Longe de todos que amamos... Você não acha que sentiremos muito a falta deles? Digo... Eu não estou repensando minha decisão de virar uma pirata. Muito pelo contrário! Estou mais decidida que tudo quanto a isso, mas realmente acho que sentiremos muitas saudades dos nossos pais, amigos na cidade... Essas coisas. Você não acha? – encarou o amigo, esperando a resposta.

― Sim... Vou sentir muita falta da mamãe se estressando com tudo, do tio Zoro me dando broncas enquanto treinamos, da tia Robin me contando histórias fantásticas, dos seus pais fazendo tortas deliciosas pra gente, da mãe do Ken brigando com ele por viver na rua e até mesmo do Kashi-san correndo atrás de nós quatro com uma vassoura na mão porque soltamos os cães e roubamos peras no mercado dele. – Seion riu das lembranças. – Mas ainda vamos ter a nós mesmos que nunca deixaremos o outro se esquecer de tudo isso, certo? – Ele continuou a sorrir, agora se virando para sua futura médica.

― Yosh! Aliás... Nós podemos voltar de vez em quando... Só pra fazer uma visitinha, sabe... – Issa disse com um olhar pidão, como se estivesse pedindo pelo amor de Deus que concordasse.

Seion riu com a expressão da amiga.

― Tudo bem... Mas só de vez em quando! – deixou claro. Sabia o quanto ela era apegada aos pais.

― Hai! Obrigada, Seion! – sorriu feliz e abraçou o garoto, que riu novamente da reação da amiga, não deixando de retribuir o abraço.

Depois de se desvencilharem, voltaram a observar o rio.

― Sabe, Issa... Eu quero navegar os cinco mares e descobrir todas as aventuras e pessoas que existem em cada um deles. Só que às vezes eu fico pensando em como isso foi bem mais difícil pro papai e pros outros piratas da época dele...

― Verdade... Na era em que eles viveram com certeza foi bem mais difícil ser um pirata. Eles eram perseguidos e corriam risco de vida todos os dias porque da marinha da época, além de que existia o Calm Belt e eles tinham que entrar na Grand Line de forma muito maluca. Meus pais me contam que naquela época piratas, não importava qual índole ou intenção eles tinham, eram perseguidos até a morte pelo governo. A Grand Line, principalmente o Novo Mundo, era muito mais, muito mais assustador do que hoje em dia... Parece muito maluco tudo isso considerando que nascemos em um mundo completamente diferente, né?

― Sim... Hoje não existe mais Calm Belt, somente os piratas realmente perigosos à tripulação são perseguidos e o Governo consegue controlar as coisas de certa forma. – completou satisfeito e orgulhoso.

―Sim. – sorriu ao ver o orgulho que Seion tinha daquelas pessoas. – Falando no governo... Você tem falado com seu avô, Seion?

― Não... Quer dizer, eu falei com ele há umas três semanas, depois não nos falamos mais. Acho que ele anda bastante ocupado com o governo... – Issa pôde ver uma careta por parte do amigo.

― E você não sente falta dele? – perguntou curiosa. Seion deu de ombros.

― Sei lá... Eu não me importo tanto com isso. A mamãe vive dizendo que eu devia me aproximar mais dele, mas eu não consigo... – confessou frustrado. – Não sei o que é... Só não me sinto tão à vontade perto dele como me sinto com o Shanks-san, por exemplo... A mãe disse que isso é incrível e assustador, porque o papai também agia da mesma forma.

Issa o encarou confusa.

― Como assim? Seu pai e seu avô não se davam bem?

― Não sei... Acho que não é bem isso. A tia Robin disse que eles só não eram próximos e parece que às vezes o papai não deixava o vovô se aproximar dele da forma como devia. Mas eu não sei nada além disso. Depois de tanto tempo a mamãe desistiu de tentar me aproximar mais do vovô. – riu, como se aquilo não fosse nada de mais.

Issa acenou ainda não entendendo muito bem a situação, mas resolveu deixar aquilo de lado. Levantou-se limpando sua calça das gramas.

― Está ficando tarde, acho melhor voltarmos. Amanhã voltamos para continuar o treinamento.

―Yosh! Vamos embora, to morrendo de fome. – se levantou em um pulo, colocando sua mão direita sobre a barriga roncando.

― Você sempre está com fome, Seion. – riu.

Ken vinha caminhando em direção a eles com algumas maçãs na camisa e uma na boca. Seion, por sua vez, se aproximou da árvore onde Nara dormia profundamente e a acordou com um grito. A reação dela fora bem rápida. Um pulo e suas espadas já empunhadas. Percebendo que era apenas Seion, que agora estava rindo da cara dela, se irritou, xingando-o dali até à cidade.

Fora uma volta pra casa bastante comum...


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Notas finais do capítulo

Qualquer erro, por favor, reportem nos comentários. Revisei uma dúzia de vezes, mas sempre pode fugir algo aos meus olhos. :)
Até o próximo! O/