Eles estavam finalmente juntos de novo. Sem complicações, sem recusas, sem medos dessa vez. Apenas um casal normal, de volta ao amor. Ah, como era bom ver o mundo com os olhos dos apaixonados. Beijavam-se quando tinham vontade, andavam de mãos dadas por aí, contando para todo mundo que estavam juntos – ou quase isso.

Bia ria deles às vezes. Eram tão exagerados quando queriam. Céus, como conseguiam dizer tantas veze o quanto se amavam?

–Vamos concordar que os dois se amando igual, pode ser? – a morena perguntou, às gargalhadas, enquanto acompanhava o casal sentado no sofá de seu apartamento e trocando de juras de amor. – Menos melozice, ok? Nem eu sou assim com o Gui…

– O Gui é puro mau humor, Bia – Miguel protestou. – Sabe que não faz parte de quem ele é ficar todo de amorzinho.

– Sabe que ele é uma boa pessoa… – a menina começou, na defensiva.

– Não estou questionando isso. Mas você sabe que Gui é um cara de poucos sorrisos.

Às vezes, na verdade, levando em consideração o perfil de cada um, era impressionante o quanto Bia e Gui funcionavam como um casal. Contudo, Miguel e Davi achavam que eles eram um casal melhor ainda.

E foi isso que Davi falou.

A menina riu.

– Só em seus sonhos, idiota. – ela disse, sentando-se no sofá de frente ao deles. – Eu e Gui somos muito melhores.

– Pelo menos eu e o Miguel podemos nos ver todo dia.

Uma almofada voou em direção a Davi. Mas, ao contrário do que imaginava, Bia ainda ria.

– Vou deixar o casal sozinho, então – Falou enquanto se levantava e pegava a bolsa em cima da mesinha de centro. – Acontece que eu tenho uma vida social pelo menos. Não ficou só em casa de amorzinho que nem vocês.

– Você só tá dizendo isso porque seu namorado mora longe…

– Sabe, Davi, da última vez que eu chequei estava na minha casa. – ela falou, mas não estava magoada – Se eu quiser, se expulso daqui.

– A casa é do Miguel também – falou, abraçando-se mais ao menino. – Ele me protege.

A menina ria.

– Certo. Comportem-se, hein? – recomendou, antes de ir até a porta. – Eu já volto.

E, assim, Davi e Miguel ficaram com a casa só para eles.

Beijaram-se. As línguas explorando amplamente, sentindo o gosto um do outro.

Afastam-se sorrindo.

Havia momento que Miguel não sabia se era mesmo real estar com Davi. Parecia bom demais para que tudo aquilo correspondesse à realidade. Estavam juntos e nada podia os afastar. Havia apenas amor entre os dois.

Será que alguém mais no mundo se sentia do mesmo jeito que ele ou era o único privilegiado que podia usufruir de alguém como Davi? O pensamento era egoísta, mas se as pessoas se sentissem como ele, teria certeza de que não havia mais guerra ou sofrimento no mundo. Apenas amor e nada mais.

Ah, céus, como era bom voltar a sentir aquilo!

O melhor era que tinha certeza de que Davi era seu agora.

– Te amo – o outro disse, com aquele seu sorriso, os olhos mel pingados de verde e o cheiro de mar.

Miguel sorriu. Nada poderia estragar aquilo.

– Também te amo.

E os dois se beijaram de novo. E de novo. E novo.

Até que Miguel estava por cima de Davi.

E, enquanto ainda beijava o namorado, Miguel pensou:

Como é bom ter tudo isso de volta!