Algumas vezes olhar para Davi era estranho depois daquela noite de prazer que eles tinham passado juntos. Dependendo do momento, um estranho ruim ou um estranho bom. De qualquer jeito, toda a vez que ficava sem fazer nada e a mente vagava, ela sempre buscava Davi em seus pensamentos, pensando nos olhos dele o tempo todo.

Tudo parecia igual, mas tudo estava diferente.

Um diferente que fazia o corpo de Miguel se arrepiar toda a vez que se lembrava.

Os dois estavam juntos naquele momento. Sempre tentando aproveitar dos momentos em que tinham entre o horário de trabalho de um e do outro.

Os doces momentos em que tudo parecia ficar e o dia parecia parar apenas para deixar que Miguel e Davi tivessem seus preciosos momentos juntos. Quando estavam juntos, tudo parecia mais colorido, e nisso os dois concordavam. Estavam no café do shopping naquele momento. Miguel tomando seu tradicional chocolate quente e Davi tocando seu café bem forte.

– Não vai crescer nunca? – Davi perguntou, rindo.

– Cala a boca – Miguel respondeu. – Gosto de tomar chocolate quente.

– Pelo menos não é milk-shake hoje.

– O que você tem contra milk-shakes?

Davi riu alto. Miguel odiava quando faziam brincadeiras as suas custas, mas quando o namorado colocou a mão sobre a dele, perdoo-o por tudo.

Era possível ver a aliança prateada na mão do outro.

– Te amo, sabia?

– Acho que você já disse isso algumas vezes.

Eles trocaram um selinho rápido por sobre a mesa.

– Sério, pra sempre. – Davi disse, quando se afastaram.

– Não existe para sempre – foi a resposta que recebeu.

Davi franziu a testa.

– Como assim?

– Ah, nada é pra sempre de verdade. As coisas podem durar muito tempo, mas tudo tem um fim.

– Filosofando, senhor Miguel? – perguntou, sorrindo e tocando o rosto do outro.

– Só se isso significar que vou ganhar outro beijo, senhor Davi.

Davi riu mais alto ainda, mas fez a vontade de Miguel. E, céus, nunca admitiria, mas adorava o gosto que a boca dele tinha quando tomava chocolate quente.

– Você é muito bonito – Davi disse quando se afastaram.

– Sua boca tem gosto de café – o outro reclamou. – Odeio café!

– Café é bom.

– Café tem gosto de inferno.

O outro riu.

– Sabe de uma coisa? – Davi continuou. – Estou te achando muito triste. Vamos fazer alguma coisa.

E Davi se levantou, puxando Miguel junto e o levanto para passear pelo shopping, a mão de um pegando na do outro.

– Sabe – Davi disse, de repente. – Você estava errado.

Miguel olhou fixamente para o namorado, esperando que ele falasse e surpreso com o que ele dizia. – As coisas podem ser infinitas. O universo é infinito.

– Isso é o que os cientistas dizem – Miguel concordou.

Mas Davi praticamente não o ouvia. Pensava sobre outra coisa. Uma coisa que também lhe importante.

– Meu amor por você é infinito.

Apesar de sobressaltado por um segundo, Miguel sorriu. Depois disso, é claro, não teve como não abraçar o outro, mesmo que estivessem em público. Davi sabia bancar o namorado fofo quando queria.

E, bom, talvez estivesse certo. Talvez o amor deles fosse infinito.