Please Stay With Me escrita por Biamk


Capítulo 5
O Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem...



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Acordei de manhã, com os olhos inchados, e o travesseiro molhado. Me arrumei para a escola e logo que atravessava a sala, lembrei que entraria no ônibus escolar sozinha. Diferente de antes, em que Jannie sempre chegava cedo da manhã com um sanduíche de atum em minha casa e íamos juntas para escola. Agora eu teria que preparar meu próprio sanduíche de atum.

Logo que subi no ônibus toda bagunça e gritaria se voltou para mim. Nunca tinham zoado de mim, mas, justo agora, quando não tinha Jannie para me defender, eles zoavam. Claro, agora entendi. Jannie era minha proteção. Por ser popular, à respeitavam, já eu, por ser amiga dela, fingiam que eu era invisível. Não tenho mais escudo, não tenho mais amiga, não tenho mais irmã. Agora meu coração aparentava um deserto quente e monótono, no qual não dava nenhum sinal de vida. Nunca pensei que a falta de alguém doía tanto assim, lembrei-me de quando Jannie perdeu o pai. Ela passou uma semana dormindo na minha casa, e chorava toda noite. Eu não sabia o que ela sentia, nunca tive um pai, não sabia o tamanho do pedaço que havia sido arrancado da vida dela. Agora eu sentia, não tão forte quando perder um pai, mas forte o suficiente para deixar uma grande cicatriz. Talvez ela voltasse para me visitar, mas só talvez.

O que costumava demorar cinco minutos, demorou uma eternidade. Quando finalmente o ônibus chegou à escola, me senti aliviada por ter saído daquele cubículo amarelo. Definitivamente, a escola perdera todo o resto de graça que ainda tinha. Entrei na sala de aula, e logo busquei meu caderno de desenho dentre tantos livros. Eu havia o esquecido em casa. Maravilha, como se não bastasse meu dia estar péssimo, ainda teria que prestar atenção na aula.

Na hora do almoço, sentaria sozinha numa mesa tão grande. Peguei minha sacola de lanche e procurei uma mesa para sentar, mas todas estavam ocupadas. Decidi sentar na menos cheia, a dos Nerds. Logo que coloquei minha sacola na mesa, um deles falou:

Nerd: Hm... Esse lugar está ocupado.

Ótimo, nem os mais rejeitados da escola me queriam por perto. Que falta que a Jannie faz. Sentei no chão, encostando minha coluna na parede pintada de vermelho e amarelo. Todos que passavam, olhavam com repugnância, sorria para cada um. Mostrando que não importa como me tratassem, eu continuava superior a todos aqueles urubus de calcinha e gorilas com testosterona da cabeça aos pés.

Mais tarde, tocou para a aula de inglês. Já estava totalmente sem paciência para qualquer um. Hoje definitivamente era o pior dia da minha vida, e nem mesmo se um unicórnio azul aparecesse em minha frente eu daria um sequer sorriso. Já estava cansada de olhares atravessados, de ser excluída, de não poder desenhar, e ainda mais de não poder desabafar tudo com a Jannie.

Peguei meu livro de inglês e fui até a sala. Como todos os dias de sexta-feira, o professor revisou a matéria passada durante a semana e enfim, sobrou aqueles 15 minutinhos básicos. O professor nos levou até o teatro da escola, eu só havia ido lá uma vez. Quando Jannie estava me apresentando a escola. Nós tínhamos 12 anos, e eu achei aquele teatro maravilhosamente grande. Ela era veterana, já eu, estava entrando agora na escola. De cara já nos demos bem, e no dia seguinte matamos aula pra tomar sorvete. Naquela época, eu achava que sabia de muita coisa. Coisas como... Identificar amor verdadeiro, de atração física. Tinha um menino muito lindo na minha turma de ciências, e ele falava comigo, e eu o amava. Pelo menos, era o que achava. Eu achava que iríamos namorar, e nos casar. Achava realmente que uma garota de 12 anos pode encontrar o amor, e ainda casar com ele depois. Ah, como eu era igênua. Meses depois o garoto disse na frente da turma toda que me achava estranha. Chorei por um dia, e ainda achei que estava sofrendo por amar demais.

Entrar naquele teatro me causou uma espécie de nostalgia que foi impossível não ficar emotiva. Foi a coisa mais legal que eu encontrei na escola. Definitivamente, eu era muito nova para entender as coisas direito. A turma toda se sentou mais na frente do palco, sentei o mais distante que as cadeiras permitiram. Depois de um tempo, quando todos se calaram, o professor entrou com uma guitarra na mão.

Prof.: Espero que gostem, vai ser muito divertido.

Divertido por acaso é sinônimo de entediante? Se for, com certeza vai ser muito divertido. As luzes se aparagam, e percebi que realmente eu estava longe demais do palco, mal conseguia enxergar o rosto do professor direito. Mas logo que ele chamou o sobrinho para o palco, eu congelei. Meu coração batia tão forte que por um segundo achei que tinha morrido, pois cheguei a ponto de ter uma leve tontura. Pelo visto, até hoje eu não sei muito bem das coisas, pois, quem eu achei que nunca mais fosse ver na vida, estava bem ali. Diante de mim e de todos os meus colegas, com uma guitarra preta metálica nas mãos, e um sorriso satisfatório.


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Notas finais do capítulo

Meu Deus, ele de novo?! Não percam o próximo capítulo... s2



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