Eu era só mais uma garota comum na escola onde estudava, diferente de todos, eu não conversava durante a aula, não passava bilhetinhos, mas também não prestava atenção na aula. Todos os dias eu me esforçava para prestar atenção, eu realmente queria ser uma aluna aplicada, mas na segunda aula eu sempre pegava meu caderno e fazia algum esboço entre suas linhas de escrita. Hoje, desisti de tentar me empenhar nos estudos, mal entro na sala e já saco meu caderno da mochila.
Assim como não converso com ninguém, ninguém conversa comigo. Apenas me enviam olhares atravessados quando o professor me chama a atenção por estar estudando, e, claro, me chamam de “Riley, a estranha”.

"Riley, favor prestar atenção na aula" meu professor gritou de cima do pequeno altar, tirei meus olhos do rabisco e olhei para ele. Estava com uma expressão séria,logo que abriu a boca para dar o sermão, preparei-me psicológicamente para não manda-lo para aquele lugar. "Riley, você não se importa nem um pouco com suas notas, ou já está contentada com a recuperação?" ele fechou o pincel e caminhou até a frente da mesa de um dos alunos que sentavam no inicio da fila onde eu estava, ele pegou o livro e o folheou, como sabia que eu não o responderia - eu nunca respondia - mandou os alunos abrirem o livro na página 22, e lerem o texto 3. Fingi que ia pegar o livro, mas logo que ele deu as costas para escrever algo no quadro, coloquei-o devolta na mochila e agarrei minha caneta. "Nota é uma ova." murmurei como resposta para a pergunta do professor.
O sinal toca, aula de geografia acaba, e os alunos são liberados. Pego minhas coisas e imediatamente saio da sala, sinto um prazer enorme em sair daquela prisão de livros e perfume caro. Vou até o final do corredor, onde está meu armário, guardo minhas coisas e pego o livro de inglês, ao fechar o armário me assuto com o que tem atrás dele. Jannie, minha única e melhor amiga, segurando o celular contra o ouvido. "Claro, mãe, ela está bem aqui. Vou passar pra ela." ela tira o celular e abafa o microfone com a mão, "Diz pra ela que vou dormir na sua casa e que não precisa me buscar." ela sussurrou, eu tirei o telefone de suas mãos e coloquei no ouvido. "Oi Srta. Downley, é a Riley, tudo bem?" digo com a voz mais simpática e inocente possível, "Oi minha querida, a Jannie disse que vai dormir com você, é isso?" ela questionou o que Jannie disse, parece que essa desculpa está ficando velha, "É sim, vamos comer chocolate e brincar de guerra de travesseiros" Jannie começa a rir silenciosamente com essa última frase, "Ok, querida, beijo." ela desligou.
"Pronto, pra onde vai dessa vez?" perguntei entregando seu celular, "Vou ficar com você, achou mesmo que eu ia pra alguma festa em plena quarta-feira?" ela tentou parecer indignada, mas não caí em seu truque. "Bom, não sei, você tá ficando com o Max,talvez fossem sair pra algum lugar..." tranquei meu armário e andei em direção à sala de inglês, Jannie me seguiu. "Riley, acorda, ele tá com a Margaret agora, me deu o maior fora, eu já te disse isso, mas você só se importa com esses seus desenhos." parei de andar e olhei-a sem pressa, "Você vai dormir ou não lá em casa?", "Vou, consegui uns cigarros de um amigo meu, no lugar de sempre?" ela disse diminuindo o volume da conversa. Jannie e seus cigarros, nunca fumei um, ela apenas os leva para sentir que faz algo de errado,"Você sabe que sim." voltei a andar, mas dessa vez ela não me seguiu.