Vivendo uma canção escrita por Dessa_Soliman


Capítulo 6
Uma história pra contar


Notas iniciais do capítulo

Sexto dia de desafio... Baseado na música Pra Sonhar, Marcelo Jeneci. Admito que não conhecia esse cantor, mas que, ao ouvir a música pela primeira vez, não gostei muito. Ouvindo-a ontem, para me inspirar no capítulo, vi que ela era linda e maravilhosa e eu a amei *-*
06/09/2014
Enfim, fugi novamente o nome do capítulo para algum trecho da música, e não do nome da própria, mas, novamente, vocês vão concordar comigo que esse trecho combina muito mais.



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–Que tal, na praia? – Jack sorria tanto.

Hiccup adorava ver a felicidade do namorado... ah, não, Noivo. Isso, noivo. O moreno meio ruivo chegava a ficar levemente encabulado quando pensava que eles eram noivos.

–Pra mim parece ótimo, Jack. – Hiccup sorriu para o amante.

Eles tinham muita história juntos. Hiccup e Jack passaram por muito preconceito e por muita coisa antes de poderem ficar, definitivamente, um par oficial. Antes de namorarem. Antes de morarem juntos. Ou até mesmo enquanto moravam juntos. Mas o que era sonho se tornou realidade. Eles iam se casar.

Hiccup quase nem conseguia acreditar nisso.

–E você tem que estar de branco. – Hiccup quase riu. Ele se ajeitou ao lado do Noivo. Pensar daquela forma era tão gostosa. Calmante, na verdade.

Ele largava tudo para ficar pra sempre com Jack.

–Por que eu tenho que estar de branco? – Ele não se importava, na verdade. Mas queria deixar claro que não deixaria Jack decidir tudo. Mesmo.

Apesar de que o noivo era bom naquilo. De verdade.

–Ah, sei lá, o fato de você ficar por baixo? – Ok, aquilo era desnecessário.

Hiccup socou levemente o braço de Jack, sentindo as bochechas arderem com a vergonha. Estavam juntos há cinco anos, e morando há quase três, mas ele ainda não se acostumara com aquelas frases atiradas do companheiro. Ouviu a gargalhada divertida do platinado e virou-se para encará-lo, sendo pego desprevenido pelos azuis tão maravilhosos.

–Eu nem acredito que estou planejando nosso casamento. – Jack tinha o sorriso mais lindo que Hic já vira. Era feliz, mas também era calmo. Era quase como um sorriso utópico. E o pior, ele sempre soubera dos sonhos do companheiro.

Jack era um livro aberto para ele.

Depois de tudo que conseguiram construir juntos, só faltava mesmo aquele passo. Que Hiccup tanto relutara. Mas que fora batalha perdida, porque era uma luta sem sentido.

–É. – Hiccup beijou a bochecha de Jack, sorrindo para o amante. – Vamos tirar várias fotos, sabe, para ter uma história para contar, para nossos futuros netos.

Jack nunca dera um sorriso tão brilhante.

...

Hiccup estava sonolento. O dia anterior tivera tantas emoções que ele se desgastara pelo resto da vida. Sentia-se tão exausto que nem seu corpo queria responder àqueles carinhos tão delicados em seus cabelos.

Ah, não, mentira, ele queria voltar a dormir. Era uma reação do seu corpo, certo?

–Bom dia, meu amado. Vamos acordar. Está uma manhã linda e quente lá fora, da forma que gostas. O sol brilha e os pássaros cantam. – Jack beijou seus cabelos, aconchegando-se atrás dele, abraçando-o. Hiccup pode sentir que seu marido ainda estava nu. – E é nossa primeira manhã casados.

Hiccup sorriu. Um sorriso enorme. Era tão bom sentir aquilo.

Eles estavam finalmente casados.

Ele nunca pensou que fosse gostar tanto da palavra. Da ideia. Do significado.

Virou-se para o marido, encarando os profundos azuis, tão brilhantes. E aquele sorriso fascinante. E aquele ser que transbordava felicidade. Ninguém era mais encantador que Jack aos olhos de Hiccup.

Ele amava-o tanto.

–E se fossemos ficar aqui, o resto do dia? – Hiccup se aconchegou mais ao abraço do marido, sentindo o movimento do peito enquanto ouvia a risada gostosa do outro.

Eles estavam tão felizes.

Era quase um pecado destruir aquele momento tão maravilhoso entre eles.

–Qualquer coisa para você, meu amor. – Jack respondeu, sussurrando, enquanto Hiccup beijava levemente seu pescoço.

Os dois sorriram de forma cúmplice.

...

Uma história pra contar. Jack segurava o álbum de fotos com extremo carinho. A menina, de quase oito anos, entregara-o para o avô como se fosse uma relíquia, há poucos dias, quando foram visitá-lo na casa de repouso.

No final, Jack terminara sozinho. Bem, quase. Hiccup estava com ele, todos os dias.

Mas não da forma como os outros esperavam. Na forma de lembranças. Jack passara boa parte da sua vida descolorindo os cabelos, porque achava-se mais belo daquela forma. E, de certa maneira, combinava com sua antiga profissão. Afina, ele organizava eventos, principalmente casamentos. Ele era bom nisso. E, o que melhor que uma imagem pura? Como a neve?

Hiccup sempre ria dele, no início.

Uma história pra contar.

Jack teria rido gostosamente. No final, ele terminara com cabelos brancos, mesmo. A idade o pegara rapidamente, sem perceber. Nem mesmo agora percebia. Nem mesmo agora, que estava sozinho.

Hiccup continuava em suas memórias. O que fazia levantar-se, dia a dia, e continuar vivendo, tranquilamente, recebendo a visita dos filhos e dos netos.

Mas, naquele dia específico, ele preferia ficar quieto. Sozinho. Com a presença de seu amor. Com o calor em seu peito de todo o amor que tiveram, e com as lembranças quentes e constantes.

E a saudades. Sempre haveria a saudades.

Como da vez que se conheceram. Jack organizava o casamento de uma menina chamada Astrid, e seu padrinho era Hiccup. O atual grisalho lembrava-se da primeira coisa que pensara quando o vira. Como alguém podia ser tão fofo e tão desastrado?

Mas ele se apaixonara por aquele desastre. Aquele desastre com olhos verdes, pele levemente morena e sardas. Sardas bastante visíveis. E cabelos quase ruivos. Jack achava aquele tom lindo. Jack achava Hiccup lindo.

E o primeiro beijo fora desastrado como o próprio Hiccup. Jack lembrava-se de rir, gostosamente, para segurar o rosto do ser desajeitado para guiá-lo no beijo. O moreno, meio ruivo, estava tão nervoso que não fazia ideia do que fazer. O platinado guiou as mãos do novo amante para sua cintura, e segurou-o pelos ombros.

Fora desajeitado, mas fora inesquecível.

A primeira vez que saíram – após o primeiro beijo, o casamento de Astrid e o ataque de ciúme que Hiccup tivera por causa de Jamie, seu sobrinho – fora uma das vezes mais memorável para Jack. Seu amado estava lindo daquela forma casual. Camisa preta, camisa xadrez verde e jeans velhos, com allstar.

Jack nunca vira ninguém tão lindo.

E a primeira vez dos dois fora tão desastrosa quanto o primeiro beijo. Foi o que, mesmo com todos os sinais, deixou claro para Jack que ele seria o ativo da relação.

E então eles foram morar juntos, no apartamento de Jack. Com Hiccup trabalhando como arquiteto, era fácil terem uma vida estável.

E o preconceito atingirá-os, fortemente, mas eles seguraram com firmeza.

E então o casamento.

Jack passava as páginas do velho álbum com muito carinho. As folhas da árvore, logo atrás dele, caíam, em pleno outono. Era um momento tão calmo que ele quase entrava em êxtase.

Aquilo lembrava-o Hiccup.

A última foto fez Jack soltar uma pequena lágrima, enquanto fechava os olhos e sorria.

A última foto. O último suspiro. O último bater do coração.

A família chorava, mas Jack sorria.

Eles tiveram uma história para contar, e eles contaram até o último segundo de ambos. Em suas mentes, que era onde a história deveria ser contada e repassada com carinho.


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Notas finais do capítulo

Ei. Acho que eu consegui finalmente escrever algo levemente triste. Mesmo que ainda pegajoso. E, vá lá, nem é triste nada. Termina feliz, né?
Hugh, é, eu não sirvo para a depressão.
Enfim, as partes em itálico são frases da música, achei interessante frisá-las.
Até amanhã.
Que, por sinal, é meu aniversário *-*