Jack, talvez, nunca fosse ser tão feliz. Mesmo que vivesse eras. Mesmo que vivesse para todo o sempre. Ele nunca ia ser tão feliz quanto estava naquele dia.

Ele dissera sim. Deuses, ele dissera sim. Com um sorriso de dentes tortos e lindas sardas, mas ele dissera sim. Com seus olhos verdes incrivelmente lindos e uma cor avermelhada nas bochechas. Ele dissera sim.

Jack pulava de alegria, literalmente.

E claro, as pessoas o encaravam torto, e afastavam-se quando ele lhes cumprimentava, mas Jack não se importava. Estava tão feliz que nada lhe importaria. Nada mesmo. Cantar em alto e bom som, dançar passinhos ridículos e pular faziam parte da sua atual rotina.

E ele aceitou.

Ele nem mesmo podia acreditar.

Hiccup dissera sim. Hiccup finalmente o aceitara para sair.

Jack duvidava que alguém fosse mais feliz que ele.

...

Jack pensou que não pudesse ser mais feliz do que o dia que Hiccup aceitara sair com ele. Em um encontro. Como um casal de futuros amantes. Para um cinema.

Lugar em que rolou o primeiro beijo do casal.

Lugar em que Jack quase fora expulso por berrar feito uma garota por causa de um filme de terror. Lugar em que Hiccup sentira tanta pena de si que o abraçara. Local em que, até hoje, Jack lembrava com carinho.

Primeiro encontro, primeiro abraço, primeiro beijo.

Jack amava lembrar o sorriso envergonhado de Hiccup após o beijo deles, mas ainda se envergonhava do susto que levara com o filme, logo em seguida.

Puta que pariu, fora um dos dias mais felizes de sua vida.

Mas, admitia, qualquer dia com Hiccup era de pura felicidade. Mesmo quando brigavam. Mesmo nesses dias ele era extremamente feliz, porque um Hiccup irritado era extremamente lindo.

Ah, mas esse era outro dos dias mais felizes de sua vida.

Hiccup dissera sim. Novamente.

Novamente, depois de dois meses saindo e beijando-se em algumas oportunidades, ele dissera sim.

Dois meses e ele aceitara.

Hiccup o aceitara.

Hiccup dissera sim para seu pedido de namoro.

Ele dançava, cantava e pulava enquanto ia para casa depois de um encontro maravilhoso. Seu sorriso não deixava seu rosto em nenhum momento.

Jack tinha certeza, ninguém era mais feliz que ele naquele momento.

...

Jack dissera várias vezes que era a pessoa mais feliz do mundo. E ele o era, sem dúvidas. Jack era extremamente feliz.

Um ano de namoro.

Jack amava falar aquilo

Seu namoro, seu namorado, sua vida. Hiccup era tudo para Jack. E Jack sempre seria um idiota apaixonado.

Um ano do namoro mais perfeito que alguém poderia ter, com o namorado mais perfeito que alguém poderia desejar. Um namorado cheio de ideias, criativo, talentoso e incrível. Um namorado tímido, que corava frequentemente e que o surpreendia frequentemente.

Jack era a pessoa mais feliz do mundo.

Jack fazia aniversário de um ano de namoro com a pessoa que mais amava na vida, e tinha certeza que faria muitos outros.

Porque Jack ficaria para sempre com Hiccup.

E Jack tinha certeza que Hiccup também ficaria com ele para sempre.

...

Jack tinha muita dificuldade em enumerar os momentos mais felizes da sua vida. Ele tinha sérias dificuldades de fazê-lo, na verdade.

Porque era simplesmente impossível enumerar os dias mais felizes de sua vida desde que ele e Hiccup começaram a sair.

Ah, um dos dias, definitivamente, além do primeiro encontro, do início do namoro, do aniversário de um ano deles e de todos os momentos que passava ao lado de Hiccup, era o dia que decidiram morar juntos.

Nunca fora tão legal procurar por um bom apartamento, perto da faculdade em que ambos passaram, e ir atrás de toda a mobília e de tudo que eles iriam precisar. Nunca nada fora tão divertido quanto passar aquelas inúmeras horas planejando com Hiccup.

Ele fora extremamente feliz durante todos aqueles dias.

Mas, mudar-se realmente, fora o dia mais feliz de sua vida.

Nem mesmo os piores momentos desanimavam Jack na vida de ambos. As brigas, as sobrecargas do trabalho e da faculdade, as ofensas quanto a sua sexualidade... Nada, nada deixava a felicidade de Jack abalada.

Porque ele passava todos os dias ao lado da pessoa mais importante para ele.

Aquele que ainda tinha um sorriso de dentes tortos e sardas bem destacadas na pele levemente bronzeada. Aquele que tinha o nome mais estranho que alguém em pleno século XXI poderia ter. Aquele que ainda mantinha raízes de um suposto passado viking muito vivo em suas tradições. Aquele que tinha olhos verdes que prendiam Jack de uma maneira que encantava-o sempre. E é claro, não podia esquecer do nariz e das orelhas, que segundo Hiccup eram “nariz de batata e orelhas de abano”. Aquele que tinha cabelos castanhos... O que ainda era conteúdo de discussão no círculo de amigo de ambos, já que alguns insistiam que os cabelos de Hic eram ruivos.

Para Jack, reconhecer cabelos castanhos já era um avanço.

E o nariz e as orelhas de Hiccup combinavam muito com o rosto de seu amado. Não mudaria nada. Nem mesmo Hic mudaria algo em si mesmo. Ele tinha medo demais para passar por uma cirurgia estética. O que era bom. Jack amava Hiccup do jeito que ele era.

A felicidade de Jack era passar todos os dias ao lado de seu amor.

–Jack, cheguei. – E ainda mais...

Jack amava ver o sorriso de Hiccup toda vez que chegava em casa, mesmo depois de um dia exaustivo. Jack amava Hiccup e o sentimento quente que o preenchia nunca iria abandoná-los.

Porque Jack sabia que Hiccup era igualmente feliz.

...

Jack achava que antes ele era feliz.

Mas agora, depois de anos junto de Hiccup, depois da faculdade, depois de vários empregos e de uma estabilidade que garantia a vida de ambos, Jack finalmente olhava para trás com um belo sorriso no rosto e com ótimas memórias.

Porque a felicidade ainda os acompanhava.

Porque, depois de tantos anos, ele tinha a certeza que ele era feliz, que ele sempre fora feliz, e que ele seria feliz por muitos anos ao lado de Hiccup.

Jack amava Hiccup.

Jack era feliz com Hiccup.

Jack amava fazer Hiccup feliz.

E Jack sabia, eles sempre seriam felizes juntos.

Porque Hiccup também amava Jack.