Confusões, Confissões e Paixões! escrita por Suzanna


Capítulo 56
Passado Vindo á Tona




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__ Agora nada. Mais se você tivesse chegado minutos atrasados... – provocou à mulher em minha frente, ela segurava a mão do Ian que por sua vez estavam em seus seios, meus olhos encontraram os olhos dele e num ato rápido ele tirou as mãos.

__ Não está e nem haveria nada. Claire só veio me devolver à chave! – explicou Ian.

__ Ah. E para isso você necessitava pegar os seios dela?! – ironizei fechando a porta e jogando minha bolsa sobre o sofá.

__ Mais não é um safado?! – Claire disse tentando sair como vitima.

__ Cala boca, sua vadia! – resmunguei.

__ Lucy, ela pôs as chaves entre os seios, eu simplesmente não quero que ela tenha contato algum com nossa casa e arrisquei pegar. – tornou explicar.

__ Ok. Não seja por isso! – respondi me aproximando da mulher e com nojo total pegando as chaves entre seus seios com as pontas dos dedos.

__ Que ousadia! – reclamou Claire.

__ Te mostrarei “ousadia” se não sair logo daqui e se ousar voltar! – gritei irritada.

__ Nos vemos logo, docinho! – ela disse sorridente, provocativa e mandando um beijo para o homem de toalha atrás de mim.

__ Lucy... – ele começou assim que a vadia saiu pela porta, virei-me em sua direção mostrando toda minha raiva, joguei as chaves em seu corpo e suspirei irada.

__ Devo alerta-lo de que está de toalha?! – perguntei, ele negou e eu sorri debochada, indo para o quarto.

***

Tinha a sensação de que uma boiada inteira tinha pisado minha cabeça, ela latejava pedindo socorro e meu corpo gritava por descanso, havia acabado de tomar um banho e tinha vestido uma roupa fresca digna desse calor terrível, me jogara na cama e agora me levantava novamente atrás de uma aspirina, Ian havia ido trabalhar e eu estava sozinha – caralho, cadê os remédios dessa casa?! – procurei pela cômoda do quarto, o armário do banheiro e o da cozinha, caminhei até a escrivaninha da sala e abri a gaveta, fazendo com que o porta-retratos que estava encima da mesma caísse no chão e fizesse aquele barulho terrível de vidro quebrando, rapidamente me abaixei e peguei, fitei os cacos estilhaçados no chão e depois meus olhos se chocaram com a foto...

FLASH ON:

O cheiro de homem maduro contaminava toda a casa. A marca de um professor organizado e focado em seu trabalho se transmitia em cada canto ali existente. Retratos com fotos que mostravam sua família me distraiam enquanto ele preparava café para ambos. Num deles havia uma foto bem interessante. Uma mulher que aparentava seus vinte e poucos anos estava nas costas do Ian enquanto ambos sorriam. Poderia ser sua EX, namorada, esposa, irmã?!

***

_ Já foi casado antes de vim para cá? – eu tinha que saber, na foto eles transmitia bastante intimidade para serem irmãos.

_ Não. Por que a pergunta? – clima estranho bateu no ar. Ele pareceu não gostar muito. Simplesmente olhei em direção ao retrato e ele entendeu. _ Isso? Não cheguei a casar, mas fui noivo. Eu tinha vinte e quatro anos e ela vinte e um, nos conhecemos na faculdade e começamos a namorar, marcamos a data de noivado e fizemos planos. Até que um dia ela estava viajando para ver os avós que estavam bem doentes, estava nevando e a pista estava escorregadia e... – ele mal conseguia olhar em meus olhos, parecia incomodado demais com o assunto, talvez aquilo ainda mexesse com seus sentimentos.

_ Tudo bem... Eu já entendi. – sorri falso e alisei seu cabelo.

_ Emma Calvin... – fiz uma cara tipo ‘o que?’ e ele sorriu fraco.

_ Era o nome dela, Emma Calvin. – agora sim. Sorri meiga e acariciei seu rosto.

FLASH OFF:

Novamente o passado dele voltava a bater na porta e me pegar!

***

Acabei não achando um remédio, voltei para cama com o porta-retratos nas mãos e o observei deitada até sentir meu celular vibrar ao meu lado:

“E ai, vai se encontrar com sua mãe?” – Emily.

“Não. Sem clima.” – Lucy.

“Oque houve?” – Emily.

“Claire esteve aqui, peguei Ian com a mão nos seios dela
tentando pegar a chave daqui de volta e nós discutimos,
além de que o passado dele resolveu bater na minha porta.” – Lucy.

“ Lucy, esquece isso. Ian também teve que aceitar
todo seu passado para vocês ficarem juntos.” – Emily.

“Eu sei, mas no meu caso o meu passado não convive
em um porta-retratos lindo e que se encontra encima da
escrivaninha da sala e que eu acabei de quebrar sem querer.” – Lucy.

“ Finge que não viu, não destrói tua relação por conta de alguém que nem
está mais viva e que não pode atrapalha-los de modo algum.” – Emily.

“Emily, depois nos falamos, Ian chegou.” – Lucy.

Coloquei o aparelho debaixo do travesseiro e esperei ouvir ele se aproximar – no fundo eu estava com medo de sua reação – eu havia quebrado o seu retrato com aquela mulher e isso com certeza irá, incomoda-lo – já que ele fez questão de guardar essa porcaria – virei de lado na cama e fitei a janela ao lado – não destrói tua relação por conta de alguém que não está mais viva – sorri sarcástica, do que adianta se mesmo morta ela faz diferença.

__ Lucy, que cacos são aqueles no chão da sala? – sua voz ecoou pelo quarto, me fazendo tremer, senti-o se aproximando e vi-o pegar o porta-retratos na cama.

__ Ian, foi sem querer. Eu não queria... – ele me interrompera.

__ Por que diabos fez isso? – perguntou com o tom furioso, oque me fez tremer mais.

__ Já disse que foi sem querer! Eu também não entendo o porquê de você guardar isso, você disse que não te incomodava mais. – gritei me levantando.

__ Como você quebraria isso sem querer? – gritou e ignoraram minhas palavras, se aproximando, fazendo eu me encolher-me, eu não tinha boas lembranças de quando ele estava irritado.

__ Está com medo de mim? – perguntou num tom mais calmo.

__ Não. Só não tenho boas lembranças de quando está bravo! – respondi me afastando com os olhos marejados.

__ Só... Só me explica por que fez isso. – pediu ele ofegante.

__ Eu não fiz nada, Ian. – respondi pegando minha jaqueta dentro do armário, vestindo-a e correndo para sala.

__ Lucy, aonde você vai? – perguntou.

__ Espairecer a mente, eu aconselho fazer o mesmo! – respondi batendo a porta e sumindo dali antes que as coisas ficassem feias.


***

__ Não Emily, eu estou bem, tomei um café e depois vou para casa! – acalmei a morena que estava aflita do outro lado do telefone.

__ Mais já são onze da noite, é perigoso ficar sozinha na rua. – insistiu a morena, ela queria que eu fosse dormir em sua casa.

__ Daqui á pouco estou indo para casa e a rua ainda está bastante movimentada, não se preocupe comigo! – mais uma vez tentei acalma-la.

__ Ok, nos falamos amanhã já que é assim! – ela disse se considerando vencida.

__ Isso mesmo. Boa noite! – respondi.

__ Boa noite e se cuida. – resmungou ela.

Desliguei o celular e guardei no bolso do short, comecei a caminhar pelas ruas ali perto á procura de uma padaria aberta – não conhecia bem aqui, ainda – encontrei um pequeno botequim aberto e adentrei na esperança de encontrar alguma bebida quente e que me acalmasse, mais foi uma má ideia – cigarros diversos nas prateleiras – o garçom se aproximou assim que me sentei no banco de frente para o balcão.

__ Posso ajuda-la? – perguntou o rapaz que demonstrava seus trinta anos, por ai.

__ Um cigarro, por favor! – resmunguei.

__ Tem idade para fumar? – perguntou o homem mandando-me um sorriso.

__ Eu tenho dinheiro para pagar! – respondi desafiadora, ele deu de ombros e me entregou um cigarro e um isqueiro.

Dê-me um cigarro. Foi isso o que eu pedi, é disso que preciso. O café, quente e amargo, que queimara minha língua há minutos atrás já não me consolavam, nem inebriava da sua personalidade fria e vazia.

Fumar um cigarro é como esquecer. Toda a balbúrdia interna transforma-se em Bach. Quando se está no fundo do poço, tudo o que se pode fazer é abraçá-lo, e convencer a si mesmo de que existe outro poço, lá embaixo. Lá. Acender. Sugar. Soltar. É como lançar perfume na merda.

O cigarro… perfuma… a merda.

Cigarro de menta, de baunilha, cigarro de cigarro… Algumas pessoas acham que fumando cigarros de menta ou de chocolate seus cabelos permanecerão cheirando a Seda. Mas elas estão enganadas. O cigarro pode até perfumar a merda, mas em outras ocasiões, ele expõe o odor. Ele liberta em sua fumaça toda a nossa podridão, o escarro, a paixão, o ódio, o ciúme e a saudade, tudo o que é desprezível sobre nós mesmos. E nós mal sabemos que fumamos nós, que ficam presos na garganta, o grito sufocado pelo soluço que não veio. A fumaça é a nossa sujeira interna, eterna.

Nós nos libertamos na fumaça. Toda a merda. E eu me engasgo, pois não quero libertar você. Você é minha merda preferida.

__ Ei, tem tequila aqui? – perguntei para o garçom que limpava o balcão.

__ Mocinha, eu te vendi o cigarro, tequila já está indo longe demais. – respondeu.

__ Não interessa, estou pagando, não estou?! – ironizei, ele sorriu debochado e se aproximou, inclinou-se no balcão e ficou bem próximo do meu rosto.

__ Eu juro para você que se não estivesse com esse anel no dedo, eu pensaria em seu caso e te serviria tequila e oque mais você quisesse. – disse liberando seu hálito de menta em meu rosto e piscando um olho.

__ Está flertando comigo?! Sabe que tenho idade para ser sua filha?! – respondi sorrindo e ele se afastou.

__ Quantos anos acha que eu tenho? – perguntou rindo.

__ Trinta. – respondi.

__ Fico feliz em demonstrar ser tão experiente, mas só tenho 23 anos! – respondeu voltando a se aproximar.

__ Então sim, eu estou flertando contigo! – concluiu sorrindo e mordendo os lábios.

***

Aquele cara era mesmo um sem noção – Jacob Hill – esse era seu nome, ele colocara no papel em que ele escrevera seu telefone e me entregara, eu sorria enquanto voltava para casa, no fim ele havia me dado à tequila – somente um copo – subi as escadas no prédio e encarei a tela do celular – 00h45min e duas ligações perdidas do Ian – suspirei rezando para ele está dormindo e abri a porta com minhas chaves, toda a casa estava escura, tentei não fazer barulho, fechei a porta e coloquei a chave e meu celular sobrea mesa de centro.

__ Onde estava? – a voz suave e preocupada dele me assustou e me fez acender as luzes e fita-lo sentado no sofá.

__ Por ai... – respondi encarando a droga do porta-retratos sobre a mesa de centro.

__ Podemos conversar agora? – perguntou se levantando e se aproximando de mim, me fazendo dar passos para trás.

__ Melhor deixarmos para amanhã! – respondi.

__ Lucy, está com medo de mim?! Eu jamais te machucaria, aquele dia foi um erro dos grandes, o qual até hoje me condeno! – disse tentando tocando meu rosto.

__ Ian, eu estou cansada. – informei me afastando.

__ Você fumou. – afirmou ele.

__ E dai?! – ironizei.

__ Lucy, você jurou que iria parar. – ele disse.

__ E você disse que ela não te incomodava mais! – rebati apontando para a foto.

__ E não incomoda. – respondeu.

__ Então porque diabos, essa merda continua encima da escrivaninha?! – perguntei irritada, eu acordaria os vizinhos daquele jeito.

__ São mínimas recordações, fotos são para isso, para recordar. Não há valor nessa foto para mim. – respondeu passando as mãos pelos cabelos.

__ Não é oque parece. Eu sei que você teve que aceitar todo o meu passado para ficarmos juntos, mas meu passado não fica encima da escrivaninha mandando um oi pela sala. – eu disse com os olhos marejados.

__ Lucy... – ele começara e eu o interrompera.

__ Pode, por favor, ir para o quarto?! Dormirei na sala. – eu disse me deitando no sofá e fechando os olhos querendo encerrar o assunto.

***

Senti meu corpo ser levantando do macio e ser agarrado por dois fortes braços, abri os olhos devagar e vi o rosto dele com a expressão triste e preocupada, fechei meus olhos novamente e senti seu cheiro invadir meu nariz, minha cabeça recostada em seu peito, nesse momento o medo todo saia de mim e eu me sentia protegida.

__ Eu jamais amei alguém como eu te amo Lucy. – sussurrou ele ao meu colocar na cama e cobrir meu corpo, deitou-se ao meu lado e em um ato de puro desejo e felicidade por ouvir aquilo, virei-me para ele, beijei seus lábios e o abracei deitei a cabeça sobre seu peito nu.

(...) Passado! Arma poderosa que só funciona quando
o presente está sem escudo.


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