Confusões, Confissões e Paixões! escrita por Suzanna


Capítulo 40
Jogo, Falha, Ódio...




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/541531/chapter/40

Eu odiava a ideia de estar sendo fraca e permitindo aproximação, mas também odiava ser atrapalhada nesses momentos. Eu não sei se agradeceria a Cristal ou simplesmente a metralhava mentalmente. As mãos dele em meu rosto me, mantinha congelada, sua respiração em compasso com a minha me fazia tremer. Eu não queria beija-lo, no momento os sentimentos de ambos eram tomados por saudades, mais também havia a magoa.

_ Desculpa. É que temos aula agora. – Cristal disse assim que Ian se distanciou o suficiente para eu poder respirar calmamente e assenti me levantando.

Seus olhos azuis expressavam descontentamento, mordiscava seus lábios, nervoso com a situação. Passei por ele sem dizer mais nada e sai dali:

_ Sabe que se fosse a Emily, ela te matava, não sabe?! – perguntou a garota ao meu lado. Suspirei concordando e molhei os lábios.

_ Então creio que isso fica entre a gente, não é?! – perguntei sorrindo meiga e a mesma assentiu sorrindo fraco.

***

Rotina. Uma coisa que com o tempo a gente se cansa. Repetir todo dia os mesmos atos e horários são tediosos demais. Eu já estava enjoando a decoração de meu quarto de tanto ficar na cama olhando para as paredes. Selena andava sumida. Pietro deve estar na casa de alguma garota por ai. Suspirei pela milésima vez deitada sobre a cama e encarei meu teto branco. Alcancei meu celular e disquei o numero...

_ Aceita me tirar do tédio? – perguntei assim que o moreno atendeu.
_ Depende. Como você quer que eu o tire? – perguntou malicioso.
_ Pode me levar num lugar bem legal... – respondi sorrindo.
_ E depois? – perguntou ainda malicioso.
_ Depois te dou um premio. – respondi maliciosa e ouvi seu sorriso.
_ Não tem como te negar isso, chego ai em dez minutos. – disse sorrindo.

Quer conseguir algo do Charles?! Ofereça uma noite cheia de prazer!

A água escorria em meu corpo enquanto eu pensava em tudo que estava acontecendo em minha vida. Meus olhos fechados me levavam a uma dimensão imaginaria me perdia em cada palavra, em cada gesto, em cada sentimento. Se eu pudesse te apagar da minha mente, apagaria agora. Mas toda vez que eu me lembro de nós dois, meu coração sempre chora. Voltei para o quarto e ouvi o som da campainha soar na casa. Ele não estava brincando em relação aos dez minutos.

Desci as escadas enrolada em uma toalha e abri a porta sem esperar que fosse outro alguém:

_ Pensei que iriamos sair e depois iriamos para o mais interessante. – ele disse adentrando minha casa com seu jeito malicioso.

_ Eu estava me vestindo, idiota. – resmunguei.

_ Vestindo?! Para que? Podemos ir para o mais legal. – disse se aproximando e agarrando minha cintura.

_ Nem vem... – respondi me afastando dele e sorrindo.

Voltei para o quarto com o garoto me seguindo, revirei os olhos e deixei a toalha cair pelo meu corpo. Senti seus olhos queimarem sobre mim e o encarei debochada, ele mordiscava os lábios e me observava dos pés á cabeça. Vesti cada peça da roupa com seus olhos ainda fixados em mim e sorri arrumando o cabelo:

_ Podemos ir... – falei ajeitando a bolsa no ombro e pegando o celular.

_ Tem certeza que não prefere ficar aqui? – perguntou e assenti sorrindo.

***

“Despertei ontem de um sonho bom. Quando olhei para o lado, só restava o vazio. Extravio do meu plano de ter você para sempre. Presente inesperado, como uma surpresa má. Lá no fundo sei que ainda penso que não acordei. Voltei a dormir para tentar mudar o enredo. Medo do que virá e de você desvanecer no claro. Raro momento de lucidez me tira do devaneio. Penteio meu cabelo para sair e esquecer. Que a vida devia ser diferente do que eu sei.”

Meus cabelos voavam por efeito da alta velocidade, meus olhos se escondiam atrás do capacete, minhas pernas eram pinicadas pelas pequenas pedras que voavam pelo impacto da roda ao chão, meus braços o envolviam e minha boca permanecia um sorriso. Na garupa da moto do Charles era perfeitamente como voar na imensidão da estrada. Eu conhecia aquele caminho e não curtira muito aquele rumo.

Deparava-me com a porta de entrada daquele velho bar. Sempre com seu ar clichê e sua sutileza. Trazia-me lembranças incomodativas, palavras circulavam minha mente me trazendo a tona momentos que lutava em esquecer. Suspirei e adentrei o lugar logo depois do moreno.

_ Lembra daqui, não lembra?! – perguntou sentando-se á uma mesa vazia.

_ Como esquecer?! – sussurrei e me sentei ao lado do moreno.

_ Aqui está bom para você? – perguntou.

_ Está... – respondi desanimada e observando os cantos do lugar.

Não era fácil seguir em frente quando nem eu mesma sabia como seguir em frente. Simplesmente o passado fazia mais parte do meu presente do que o próprio presente. O futuro parecia nunca chegar. Era como se dias, meses, anos se passassem e eu, simplesmente, continuasse vivendo o mesmo dia.

Perdia-me em meus pensamentos mais obscuros enquanto ouvia o garoto fazer o pedido de uma garrafa de vodca. Talvez eu precisasse mesmo de uma doze de álcool pra esquecer meu cansaço.

_ Vamos ver quem conhece quem melhor aqui. – disse me despertando dos devaneios, percebi que seu sorriso era de desafiador á malicioso.

_ Explique-se... – pedi.

_ Faço perguntas sobre mim para ver se me conhece e se errar eu escolho se você bebe uma dose de vodca ou paga alguma prenda e se você acertar eu que pago a prenda, você faz o mesmo comigo. – explicou e curtir o joguinho.

A garçonete chegou com a garrafa de vodca e dois copos pequenos, especialmente para doses mínimas:

_ Primeiro as damas. – como se ele fosse um cara educado. Deboche.

_ Qual foi a cor da minha lingerie na nossa primeira transa? – perguntei já imaginando oque pediria a ele.

_ Você estava uma delicia naquela, lingerie azul marinho, mais ainda te prefiro sem nenhuma. – respondeu exatamente a cor certa e ainda acrescentou um elogio bem malicioso.

_ Bela observação, Benson! – disse sorrindo e ele sorriu vitorioso.

_ Uma dose de vodca. – ele disse enchendo o copo e me entregando.

Bebi em um gole que desceu rasgando minha garganta e embrulhando meu estomago vazio:

_ Qual a minha posição favorita? – perguntou. Pelo visto o rumo da conversa seria sexo.

_ Você ama quando está no controle. Ficar por cima é sempre sua escolha. – respondi sorrindo confiante.

_ Isso estava fácil demais. – ele disse sorrindo debochado.

_ Uma dose de tequila. – falei rindo e ele me observou confuso.

_ Bebeu um copo e já está vendo coisas?! Só temos vodca. – ele disse sorrindo e ainda confuso.

_ Nós só temos vodca. Mais aquela mesa ali não. – respondi apontando para uma mesa com inúmeras mulheres com aparência de seus cinquenta anos.

_ Você não presta... – brincou.

Seguiu para a mesa das coroas e fez charminho para elas, o vi dizendo algo no ouvido de uma e logo depois voltando com uma dose de tequila na mão, virou a mesma na boca e sorriu vitorioso:

_ Qual minha cor favorita? – perguntei enquanto ele se sentava.

_ Branco. – ele respondeu se recuperando da forte bebida.

_ Só conhece em mim a parte de sexo. Minha cor favorita é preta. – respondi vitoriosa e o moreno revirou os olhos sorrindo.

_ Que tal aparecer pra mim numa lingerie preta hoje? – perguntou debochado e malicioso.

_ Duas doses de vodca. – ignorei sua pergunta e ordenei a prenda.

Enchi o primeiro copo e ele virou de vez, coloquei mais uma dose e tornou virar. Haja garganta!

_ Uma musica que amo quando estou entediado? – perguntou assim que limpou a garganta.

_ Summer. – respondi.

_ Garota, eu estou me arrependendo da hora que te propus esse jogo. – ele disse sorrindo e num tom brincalhão.

_ Mostre sue charme de conquista para aquele homem no balcão. – ordenei e seus olhos me encararam arregalados.

_ Você me paga... – ele disse se levantando e indo em direção ao homem.

Ouvi os gritos do homem dizendo “sai sua bicha” e “não sou gay”. Sorri exageradamente e observei o moreno voltar constrangido para mesa.

O jogo estava indo muito bem, poderíamos nos considerar já tontos de tantas doses misturadas. Eu havia errado tantas perguntas e ele mais ainda, bêbados não nos conhecíamos:

_ Uma expressão? – perguntou me olhando engraçado.

_ Ironia. – respondi confiante.

_ Errado. Malicia! – consertou sorrindo vitorioso.

Revirei os olhos e sorri impressionada:

_ Vou me aproveitar do momento. Quero um beijo. – ele disse malicioso como sempre e arqueei a sobrancelhas.

_ O trato não era prenda? – perguntei.

_ É. Eu sei que me beijar não é uma prenda. Mais vamos esquecer esse fato. – respondeu piscando e sorrindo.

Fiz um breve “ah” e assenti. Ele ficou de pé e segurou minha mão me ajudando a levantar. Sorri ao encarar seus olhos com a expressão perdidamente bêbada. Os dedos dele deslizaram pelo meu cabelo, e eu segurei nos seus braços para permanecer firme enquanto nos pressionávamos juntos como duas lâminas em um impasse.

Ele é mais forte do que qualquer pessoa que eu conheço, e mais caloroso do que as pessoas percebem; ele é um segredo que eu tenho guardado, e guardarei para o resto da minha vida. Sorri para ele e me dei conta de que mordia meus lábios. E quando seus lábios encontraram os meus, eu senti que podia ser quem eu quisesse e viver oque eu quisesse. Senti-me como a pessoa mais clara do mundo.

Quando enfim podemos respirar, senti seus braços me envolverem em um abraço e depositei minha cabeça no seu ombro. Meus olhos se chocaram com os belos pares de olhos azuis e depois com a vulgar mulher ao seu lado. Afastei-me do moreno e encarei melhor a cena. Senti uma apunhalada no peito ao saber que ele havia visto tudo e que a partir desse dia sua magoa seria ainda maior.

_ Olá, professor Ian e professora Claire... – disse o moreno sorrindo e me abraçando de lado.

– É como rachaduras dentro de você.
Como se houvesse falhas que fazem com
que as partes não encontrem direito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Confusões, Confissões e Paixões!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.