"E scusa se ti amo e se ci conosciamo

Da due mesi o poco più

E scusa se non parlo piano

Ma se non urlo muoio

Non so se sai che ti amo

E scusami se rido, dall'imbarazzo cedo

Ti guardo fisso e tremo

All'idea di averti accanto

E sentirmi tuo soltanto

E sono qui che parlo emozionato

e sono un imbranato!"

Imbranato - Tiziano Ferro

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'Jean, para.' perdi a calma por um instante. Respirei fundo, ele me olhou com uma sobrancelha arqueada. 'Para de falar disso, não dá mais.' levou os dois canudos da lata de Pepsi Twist à boca, tomou um gole longo e barulhento. Virei meu rosto para o outro lado.

'Por quê?' disse após engolir.

'O quê?' ele cutucou minhas costas, mas não o encarei. Fechei os olhos e suspirei.

'Por que não dá mais? Qual o problema de eu falar de Mikasa com você?' continuou a me cutucar até eu virar para dar um tapa em sua mão. Ele segurou meu rosto, me impedindo de voltar a olhar para o outro lado.

'Porquê...' suspirei mais uma vez. 'Por nada...' ele balançou a cabeça, negando minha explicação. 'É só que é estranho você se abrir tanto comigo sendo que a gente se conhece há tão pouco tempo.' inventei a primeira desculpa que pude.

'Mas não é estranho a gente transar se conhecendo há pouco tempo?' sorriu, eu corei fortemente. Aquele era um argumento que destruía com vigor minha mentira. 'Não acho estranho eu me abrir com o menino que eu fico. Até porque, sei lá, eu confio em você, não sei explicar.' se aproximou para me dar um selinho, mas consegui desviar um pouco o rosto e ele não tocou meus lábios. 'Marco?' sua expressão ficou triste. Aquilo quebrou meu coração.

Contextualizando: meu pai havia ido transferido do trabalho havia dois meses. Conheci Jean e meus colegas atuais no colégio e foi amor à primeira vista. Eu nunca havia me apaixonado daquele jeito. Eu literalmente achei que fosse morrer do coração a primeira vez que o vi. Coisa de perder todo o ar e aqueles clichês de romance adolescente, sabe? Pois é.

Ele acabou por se interessar por mim também e comentar com Connie - seu melhor amigo. Acontece que eu havia perguntado a Connie se eu tinha chances com Jean, então quando o garoto pelo qual eu era apaixonado foi dizer ao seu melhor amigo que achava que queria ficar comigo, ele logo recebeu um "ele também quer pegar você, ele me disse". E foi dessa maneira sutil que nós começamos a ficar.

E foi uma ficada que evoluiu bastante rápido no âmbito sexual. Em dois meses já estávamos fazendo tudo o que um casal de fato fazia. Só que Jean tinha uma paixão absoluta por Mikasa, uma das pessoas de nosso grupo, e não parava de falar disso comigo.

'Jean...' respondi em voz baixa, fechando os olhos para não ver seu rosto triste.

'Eu fiz alguma coisa de errada?' balancei a cabeça. 'Não mente pra mim.'

'Eu não -' comecei num tom muito alto. Parei, respirei fundo e abaixei meu tom de voz. 'Eu não to mentindo. É só que...' mordi o lábio inferior. 'Não é nada... Eu só to sendo patético.'

Ele tocou nossas testas, nada mais. Abri os olhos e dei de cara com uma expressão de sofrimento. Meu coração pulou uma batida. Seus olhos fechados, seu cenho franzido, seus lábios formando uma linha fina, quase não visível.

'Eu não vou mais falar da Mikasa, tá? Não achei que isso fosse te magoar.' assenti. 'Na verdade eu nem sei o motivo de eu falar tanto dela...' riu uma risada rápida de quem não achava graça no que dizia, uma risada um pouco triste. 'Acho que eu só tinha medo de te afastar por estar ficando tão dependente de você.' fechou os olhos com força.

'Eu acho que eu te amo.' falei sem mais nem menos. As palavras simplesmente saíram. Tentei me afastar, em pânico, mas ele não deixou. 'N-não, eu quis dizer q-que eu -'

'Eu também.' me cortou, já de olhos abertos e sorrindo. 'Como a gente é idiota...'

'A gente é muito atrapalhado...' ri com ele. 'E agora?'

'Agora?' assenti. 'Bom, por mim a gente tá namorando, mas sei lá, né.' ele sorriu. Dei um selinho nele. 'É. Namorando, com certeza.'