Juntas Pelo Acaso escrita por Lary SwanMills


Capítulo 19
I love you too.


Notas iniciais do capítulo

É aquele ditado, né: Quem é vivo, sempre aparece.
Tô com uns planos aí de finalizar a fic, então vou voltar a postar ela.
Espero que ainda tenha leitores. :)
Bom capítulo pra vocês!



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  O fusca amarelo corria pelas ruas de Storybrooke, contrastando com as cores monótonas da noite na cidade. Enquanto dirigia até onde ela imaginava encontrar Regina, Emma repetia em sua cabeça a cena que havia acabado de protagonizar. Definitivamente não foi a forma mais apropriada de se declarar, mas mesmo assim não conseguia entender o sumiço da prefeita, por mais que tentasse.

  Lembrou-se do conselho de sua mãe, de que seria bom dar um tempo à Regina, mas voltou a descartar a ideia. Isso não se aplicava à elas. Emma nunca deu “um tempo à Regina” e não seria agora que iria começar, pensou. As coisas sempre foram intensas, desde o dia em que se conheceram, e no fundo, sempre funcionou. Assim, deicidiu continuar dirigindo até chegar ao cemitério da cidade, onde estacionou o carro em frente ao cofre da prefeita.

    - Ok, Swan. Você pode fazer isso, é só uma conversa. – sussurrou para si mesma, enquanto parava na porta de forma hesitante. A loira então respirou fundo antes de aumentar o tom o da voz. – Regina, eu sei que você está aí! Vim conversar com você. – chamou, em vão.

    Emma esperou um pouco antes de tentar outra vez.

    - Ok, estou entrando. Tá muito frio aqui fora. – disse enquanto dava os primeiros passos dentro do lugar. – Aparece logo, esse seu cofre me dá arrepios.

    Emma esperou. Chamou mais uma, duas, três vezes. Nenhuma resposta. Preferiu pensar que Regina não estava, pois era melhor do que a opção de estar sendo ignorada. A xerife deu um suspiro frustrado, se jogando numa cadeira que tinha ali por perto.

    - Argh, porque você tem que ser tão difícil as vezes, senhora prefeita? – murmurou.

   Emma sabia que lidar com sentimentos era tão complicado para Regina quanto para ela mesma, mas a loira gostava mais quando as coisas eram simples. Como quando as duas ficavam por horas discordando sobre algo apenas para rirem depois, quando cuidavam juntas das crianças, ou quando passavam tardes agradáveis no parque sem se preocuparem com o resto. Emma sorriu com o pensamento e então levantou-se num pulo. Com um sorriso no rosto e torcendo para que sua intuição não falhasse, a loira voltou para o carro, tinha um novo destino dessa vez.

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     Regina se assustou ao ouvir um barulho conhecido, que se sobressaia no lugar silencioso onde ela estava. A prefeita seria capaz de reconhecer o motor daquele fusca em qualquer lugar, mesmo contra sua vontade, mesmo no meio do transito de uma cidade grande. A morena viu uma sombra se aproximar no meio da escuridão, e continuou sentada no mesmo lugar. Seus ombros subindo e descendo com a respiração pesada eram seu único movimento.

    - Se pretendia chegar de surpresa, devia ter arranjado um carro mais silencioso, Swan. – zombou, ao mesmo tempo em que se virava para encarar a xerife. A loira ainda vestia a roupa do jantar, inclusive os sapatos de salto alto. Regina esboçou um sorriso ao vê-la.

  Emma retribui o sorriso, um pouco sem jeito. Não sabia direito por onde começar, tinha tantas perguntas. Resolveu iniciar com a mais simples.

  - O que você tá fazendo aqui? Te procurei primeiro naquela sua tumba do terror. – Regina revirou os olhos para a última frase, embora tenha achado engraçada.

  - Eu não sei, na verdade. Eu só pensei que queria estar em um lugar que me trouxesse paz, e quando percebi estava aqui no parque. – explicou, dando de ombros.

  Regina chegou um pouco para o lado, e fez um gesto para que a xerife sentasse com ela, e Emma o fez. O silêncio então tomou conta do lugar. Nenhuma das duas sabia por onde começar, e nem quem deveria tomar a iniciativa da conversa.  Acabaram tomando fôlego ao mesmo tempo.

  - Emma, eu...

  - Regina...

  Elas riram ao falarem juntas. Se calaram e Regina fez sinal para que Emma falasse. Deixar a xerife se expressar era o mínimo que podia fazer depois de ter fugido do jantar. Emma sussurrou um ‘obrigada’ antes de continuar.

  - Regina, você sabe que eu sou péssima nessas coisas, né? De conversar, de se abrir, etc. E, pra variar, eu fiz tudo errado. – suspirou,baixando brevemente o olhar antes de voltar a encarar a morena. – Eu não devia ter gritado que te amava. Não ali, na frente da minha mãe, e da Ruby, num jantar armado... Foi tudo errado, me desculpa. – falou de forma acelerada, como sempre fazia quando estava nervosa. Ela então encolheu os ombros ao acrescentar: - Mas isso foi culpa sua.

  Regina, que até então escutava atentamente a loira, se sentiu ofendida ao ouvir a acusação.

  - Culpa minha? – indagou, arqueando uma sobrancelha, sem esconder a descrença na voz. – Qual a explicação mirabolante que você tem para que isso seja culpa minha?

  - Fala sério, todo aquele plano foi ideia sua. – Explicou, ignorando a indignação da prefeita. – Você sabe que eu não consigo pensar direito sob pressão. E eu estava sob muita pressão ali.

  Regina revirou os olhos, mas acabou rindo da explicação da loira, que a acompanhou na reação. Era incrível como Emma conseguia arrancar risadas dela até mesmo em situações como aquela. Claro que parte das gargalhadas eram de nervoso, e Regina aproveitou para extravasar sua ansiedade. Então, se recompôs, voltando a olhar Emma.

— Eu vou apenas ignorar esse absurdo de acusação e seguir a diante. Podemos? – disse, já decidida. Emma apenas assentiu, ansiosa para ouvir o que a prefeita tinha a dizer.

  - Emma, se tem alguém aqui que deve desculpas, esse alguém sou eu. Me desculpa por ter sumido daquele jeito. Você não deve ter entendido nada, e eu simplesmente não agi certo, então te peço perdão. – Embora estivesse nervosa, Regina mantinha a voz calma e sua fala pausada como de costume, como se quisesse se assegurar de que Emma escutava cada palavra.

  - Até você me encontrar aqui eu tive um pouco de tempo para pensar e tentar entender o que aconteceu. E, sabe qual é a verdade, Emma? – os olhos castanhos levemente mareados acompanhavam os movimentos dos verdes enquanto Regina falava. – A verdade é que eu não sei muito bem como amar. – ao perceber o que disse, a morena deu um sorriso triste. Ela limpou uma lágrima discretamente antes de continuar. – O engraçado é que eu já falei isso uma vez, pro Henry. Mas essa é a verdade.

  Emma segurou a mão de Regina que se sentiu encorajada pelo gesto.

  - Eu não sei como amar, Emma. E todas as outras vezes que eu tentei, deram errado. Eu já perdi muito, e sei que com você também foi assim. – a loira concordou um aceno de cabeça, sem interromper a fala da outra. - Quando você gritou naquela sala que me amava, eu sabia que era uma coisa que não tinha volta, e aquilo me assustou. E então eu não pensei em outra coisa a não ser sumir dali. – ela parou de falar, um pouco nervosa, e respirou fundo ao acrescentar. – Bem, e uma outra coisa contribui pra isso...

 - Outra coisa? – Emma indagou, sem entender. Regina a encarou com uma expressão séria.

— O fato de você ter se declarado, na frente da sua mãe e daquela lobinha. – disse, um pouco mais recomposta. – Simplesmente ultrajante, Emma Swan. Sinta-se agradecida por eu ainda falar com você.

  Emma riu respeitando o tempo que sabia que Regina precisava, mas logo voltou ao assunto.

  - Eu sei como é sentir, medo. – a xerife disse, retomando o tom sério da conversa. – Ou você já esqueceu quem saiu correndo quando demos nosso primeiro beijo? – Regina sorriu da cara de culpada que a loira fez. E usou a lembrança como incentivo.

  - Eu me lembro. E lembro também que você se desculpou dizendo que tinha medo de estragar o que já tínhamos.

 - E você, Regina? Qual o motivo do seu medo? – perguntou, quase num sussurro. Ela viu Regina respirar fundo de olho fechados, antes de fita-la novamente.

  - O que me dá medo é que eu também te amo. – confessou, com a voz embargada.  – Eu amo você, Swan.

   Emma soltou um suspiro pesado, um pouco aliviada com o que acabara de ouvir. Ela sorriu para a prefeita que imediatamente sorriu de volta. 

  - Ugh! Esse é o problema! – Regina resmungou, deixando Emma sem entender. – Esse é o problema: Eu te amo demais, Emma. E seja lá o que for isso que temos, envolve muito mais que apenas nós duas. Eu não suportaria perder tanto de uma vez. – explicou, olhando para as mãos das duas.

  - Você sabe que meu histórico com o amor não é nenhum romance do Nicolas Sparks. – o tom de deboche fez a xerife rir.

  - Acho que tanto o seu histórico quanto o meu estão mais pra novelas mexicanas. – Emma constatou, ao que Regina concordou com a cabeça. – Mas é sério, eu entendo seu medo, Regina. Até isso temos em comum, você não vê?

  - Sim, suponho que tenha razão. – Ela deu um sorriso fraco. Não podia negar que tinham muito em comum. De todos os poderes que Emma tinha, Regina poderia falar com certeza que  o maior de todos era fazer com que ela se sentisse compreendida e segura. De um jeito que ela não conseguir se sentir com mais ninguém.

 – Talvez isso nos faça únicas mesmo.  – a prefeita disse em voz baixa, mais para si mesma do que outra coisa, mas isso fez Emma sorrir. Regina então suspirou, olhando para o chão. – E então, foi isso que aconteceu. Me desculpe, não queria ter agido daquela forma.

   - Não, tá tudo bem. – Emma disse, dando de ombros. – Acho que agora estamos quites de sair correndo uma da outra.

— Sim, estamos. – Regina concordou, e as duas ficaram apenas se encarando em silêncio por um tempo. Com uma sensação de paz dessa vez. A morena então se colocou de pé e estendeu a mão para que Emma fizesse o mesmo. – Vamos começar isso de novo, sim? Sem sua mãe e aquela garçonete mal-vestida. Só nós duas. – sugeriu.

  - OK! – a xerife respondeu, prontamente. Ela observou Regina alisar a frente do vestido, nervosa, antes de segurar sua mão. Decidiu falar primeiro, sem medo algum. Regina despertava nela a segurança de dar o primeiro passo. 

  - Eu amo você, Regina. – Emma disse num folego só, dando um passo para se aproximar mais da morena. – E te conheço o suficiente para afirmar que eu amo todas as partes de você, mesmo as que você não consegue amar, eu amo elas por você.

  Regina passou os braços em volta do pescoço de da loira, acabando de vez com a distância entre elas. Seus olhares se encontraram e não se desviaram por um momento sequer enquanto a morena falava.

  - Eu também te amo, Emma Swan. – respondeu, sem conter o sorriso que iluminara seu rosto. A medida que as palavras saíam de sua boca, Regina deixava ir embora também todo tipo de receio que poderia ter em relação aquele sentimento. Ela queria viver aquilo com Emma. E tinha certeza disso agora. Emma sorriu de volta, tentando controlar a emoção. – Eu amo você, e amo tudo que você já me deu, tudo o que temos juntas. E tudo que ainda vamos ter.

  - Que ainda vamos ter? – Emma perguntou se fazendo de desentendida. – Já tá me pedindo em casamento? Vamos com calma. – brincou, levando um tapa em seu braço como resposta.

  -  Eu me pergunto se um dia você vai aprender a hora de ficar calada, Swan. – a morena revirou os olhos e deu um beijo rápido na loira antes de completar: - No dia que isso acontecer, aí sim penso em casamento.

  - Meu Deus, Regina! Assim você fere os meus sentimentos. – Regina riu da cara de ofendida que a xerife fez, e Emma acabou se rendendo e rindo junto com ela. A xerife então se calou, deixando o som da risada de Regina preencher seus ouvidos. Naquele momento ela se sentiu a pessoa mais grata do mundo, e provavelmente a mais feliz também. Ela observou um sorriso aparecer no rosto de Regina, substituindo a risada, e a morena abrir a boca pra falar.

  - Obrigada, Emma. – sussurrou, fazendo Emma se perguntar se ela estava lendo seus pensamentos. – Só... Obrigada.

   A loira então puxou Regina para um beijo calmo e delicado. Um beijo entre duas pessoas que se amavam, e que finalmente tinham certeza e consciência desse sentimento. Que não tinham a menor pressa em terminar com aquele momento. Mas que ao mesmo tempo, transbordavam de ansiedade pelo que ainda estaria por vir.  


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