O dia estava tranqüilo no Shibusen, as aulas ocorriam devidamente como o planejado e não havia nenhuma crise acontecendo no momento, mas apesar disso eu ainda não me sentia em paz. Eu estava ansiosa e preocupada com o dia que chegaria em breve e que era inevitável. Exatamente, Soul será uma Death Scythe muito em breve e não posso fazer nada em relação a isso, afinal esse é o seu sonho. Eu suspirava constantemente e tinha um olhar completamente abatido, o que não passou despercebido pelo garoto albino ao meu lado.

Soul: Ei Maka. – ele falou tirando-me de meus pensamentos. – Tem algo errado? – ele perguntou sem ao menos olhar para mim.

Eu queria mesmo falar algo para ele, usar palavras tais como: “Ashiteru” ou “Quero estar com você para sempre”, mas isso parece impossível para mim. Sou uma grande covarde mesmo.

Maka: Ah, n- não. Eu só estou cansada. – menti usando um sorriso amarelo que não enganaria ninguém, mas ainda assim Soul deu se ombros.

E assim eu passei toda a aula. Observava meus amigos felizes, conversando e atrapalhando a aula enquanto apenas ficava cabisbaixa sem dizer nada. Não queria estar agindo dessa maneira, mas o medo de que Soul vá realmente sumir de minha vida era maior que tudo... menos que meu amor estúpido por ele. Depois de algumas horas a aula finalmente havia acabado e todos rumavam para sua casa, exceto eu, Soul, Kid, Liz e Patty que ficamos na sala a pedido de Kid.

Soul: Então... o que quer? – perguntou despreocupadamente com as mãos no bolso de seu habitual moletom amarelo.

Kid: Bem, é que meu oto-! – foi interrompido por uma jovem totalmente eufórica.

Patty: O Shinigami quer ver vocês! – disse pulando na frente do rapaz o deixado irritado.

Kid: H- Hai. – disse com um nervo saltando de sua testa. – O assunt-. – foi novamente interrompido pela mulher de cabelos castanhos que falou bem mais reservadamente, o que o fez bufar e encostar-se na mesa.

Liz: O assunto é o próximo trabalho de vocês. – disse olhando para nós com o indicador levantado. – Esta bem perto, não é Soul? – perguntou sabendo que ele entenderia a pergunta.

Ele nada respondeu, apenas confirmou alegremente com polegar levantado, o que me fez lembrar do que eu estava lutando para esquecer. E pensar que há apenas um ano e meio atrás nós estávamos sem uma única alma, ansiosos para coletar todas as cem almas necessárias, mas agora cá estou eu triste pelo fato de que meu melhor amigo realizara o sonho que sua vida... tsc, que baka eu sou.

Fui acordada de meus devaneios pelo meu parceiro segurando minha mão e arrastando para a saída. Apesar de tudo, quase ri, ao ouvir os gritos de Kid vindos da sala.

Kid: ODEIO SER INTERROMPIDO. VOCÊS SÃO REALMENTE MUITO BAKAS E - . – ouvi uma pancada, o que indicava que ele havia apanhado de Liz.

Agora andávamos lentamente pelo corredor que levava a Sala da Morte. Eu e Soul não trocávamos uma única palavra até porque ambos pareciam estar pensativos, desta vez ele parecia um pouco mais do que eu, o que não era normal, até porque esse albino tagarela tanto quanto o Black Star. Mas de qualquer forma eu ainda pensava em nosso próximo trabalho... será a nonagésima nona alma dele e ai só faltará a alma de Bruxa.

Finalmente chegamos a Sala da Morte, e lá estava o Shinigami-sama esperando por nós com meu papa ao seu lado acenando silenciosamente para mim.

Shinigami: Maka-chan, Soul-kun, como é bom vê-los! – falou acenando para nós dois e depois inspirando profundamente. – Então, vocês se saíram bem no último trabalho na Itália, não é? – perguntou em tom tremido e coçando a cabeça.

Soul: É verdade que nós conseguimos, mas não foi fácil. Não é, Maka? – falou esperando minha resposta, mas não ouviu nada de mim até por que eu tinha mente longe. – Ei Maka. – chamou minha atenção, cutucando-me no ombro.

Maka: Ah... hai. – sacudi a cabeça. – Ele era um tanto diferente da discrição que recebemos. Lá dizia: “grande e lento, sentindo assim dificuldade para passar por corredores estreitos e desviar de golpes cortantes rápidos”. Essa descrição fazia o trabalho perfeito para a gente, mas, como eu disse, ele era diferente. – parei de falar para meu parceiro concluir.

Soul: EXATO. É verdade que ele era grande, mas ele era incrivelmente rápido. – disse apontando para o Shinigami-sama. – E por causa disso minha artesã se feriu! – agora apontava para o curativo em minha perna.

Spirit: MAKAAAAA. – gritou pulando na minha direção. – VOCÊ SE FERIU? VOCÊ ESTA BEM? VOC- ? – foi parado por um golpe na cabeça vindo do Shinigami-sama.

Shinigami: SHINIGAMI SHOP. – gritou aplicando um forte golpe na cabeça do Death Scythe. – Não interrompa! – falou ouvindo risadas minhas. – Então, voltando... o que eu queria falar com vocês na verdade era sobre seu próximo trabalho.

Eu gelei nesse momento, fiquei pasma sem saber o que falar ou que fazer. Nós definitivamente não podíamos pegar esse trabalho, pois assim restaria apenas uma única alma de Bruxa para que Soul se tornasse uma arma do Shigami-sama e assim eu o perderia, não é? Mas eu não posso recusar, seria um completo egoísmo para com minha foice, que estava muito mais que perto de seu objetivo.

Shinigami: Antes de lhes passar os detalhes tenho que saber com certeza que aceitarão, pois essa não será uma missão tão simples. – falou em seu estranho tom de seriedade. – Então... vocês aceitarão? – perguntou de aproximando um pouco mais de nós.

Meu parceiro sorriu para mim; talvez o seu melhor sorriso. Um sorriso que dizia de uma forma muito discreta: “Esta tudo bem, eu estou aqui, sua baka”... que me fazia esquecer minhas preocupações, minhas dúvidas e medos, além de me passar uma coisa que sempre vinha dele, mesmo que sem sorrir: coragem. Este sorriso me confortou e me fez pensar no quão apaixonada por esse bendito albino eu realmente estava. Eu estava corada e quase imóvel ao encarar aquele rosto sorridente praticamente selvagem que tanto me encantava. Suspirei pesadamente antes de começar a falar com uma certa carga de confiança.

Maka: Será a sua nonagésima nona alma, não é Soul? – falei retribuindo o sorriso que ele me deu, querendo nesse momento abrir meu coração a ele – Nós aceitamos!

Soul parecia completamente ansioso e animado pelo trabalho... entretanto... eu... DROGA.