Stay With Me escrita por Fenix


Capítulo 3
Até onde vou suportar isso?




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Meu dia se resumiu em choros infinitos em meu quarto nessa tarde fria, enquanto todos estão na área da festa comemorando pela vitória do Brasil. A solidão me cercou de uma forma tão abrupta que não tive tempo de reagir.

Estou triste e com tantas coisas para falar, mas sem ninguém para ouvir. Acho que se tivesse alguém eu também não falaria, pois o silêncio é o pedido de socorro de quem sofre. Eu estou realmente entrando em paranoia, hoje está sendo o pior dia da minha vida, eu não consigo parar de chorar, e me odeio por tudo isso, me culpo por cada lágrima que escorre por meu rosto da forma fraca que um ser humano poderia ser.

Sem aguentar mais esse peso e ficar calado, peguei meu laptop e gravei um vídeo, como se eu tivesse conversando com alguém, e talvez eu possa assistir a esse vídeo mais tarde e poder assistir o quanto alguém pode se perder de si. Eu não imagina que chegaria a esse ponto, a ponto de nem me reconhecer mais.

Toda a história do filme parece gravada na minha cabeça, me arrependo imensamente de ter assistido, mas ao mesmo tempo eu agradeço por ter me mostrado quem eu realmente sou. Nesse momento eu não me vejo longe do fim que o Bobby teve. Neste instante eu posso sentir na pele o que ele sentiu, e falta muito pouco para ir até o banheiro e tomar uma caixa de aspirinas, essa dor em meu peito está me sufocando.

Só de imaginar o que todos vão pensar ao descobrir, e principalmente o que minha família vai falar para mim e para os outros. Deus, eu já não sei mais o que fazer! Todos os olhares virados pra mim, os tratamentos frios e ríspidos de desaprovação... Será se alguém já passou por isso e aguentou? Será se eu vou aguentar?

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O final de semana finalmente passou, os dias eram intensos, mas nada comparado aos pensamentos noturnos antes de dormir, era o momento em que tudo pesava cada vez mais, e aquela sensação ia pressionando meu peito de forma que me inquietava na cama. Saio de manhã para faculdade, desço a escada e logo vou para porta da sala, antes que alguém pudesse falar qualquer coisa comigo.

— Vamos! - Grita Michele, parada no carro em frente minha casa.

Dou uma risada rápida e caminho até ela, entro no carro e nos abraçamos.

— Cadê o pendrive? - Ela logo pergunta.

— Está na mochila! - Respondo com minha voz um pouco suave.

— Nossos pontos dependem desse pendrive... - Ela brinca, e ao notar que eu apenas sorri de canto, pergunta - Aconteceu alguma coisa?

— Não! - Respondo desviando o olhar para a janela.

Não é fácil enganar a Michele, é uma das pessoas mais observadoras que eu conheço. Sabendo que eu estava muito mal por algum motivo, ela não insistiu e arrancou com o carro.

— E como foi a praia?

— Legal...!

— A Carol foi? - Ela diz brincando.

— Boba, sabe que eu não gosto da Carol.

— Aahh Claro... - Sua voz irônica sobressai por suas palavras.

— É sério... Ela é legal e tudo... Mas não me vejo namorando com ela.

— E por quê?

Mantenho-me quieto olhando para frente, minha respiração profunda responde brevemente sua pergunta.

— Seus pais falaram alguma coisa? - Michele volta ao assunto percebendo que não teria a resposta da pergunta anterior.

— Sempre falam... - Bufo encostando a cabeça no banco do carro - Está cada vez pior!

— Relaxa, uma hora você vai namorar.

— É fácil falar.

— Porque?

— Ah, qual é? Olha pra mim... Que garoto vai querer ficar comigo? Prefiro acreditar que estou melhor sozinho.

— Para Fê, você é lindo!

— Hm... - Queria tanto realmente vê essa pessoa bonita que tanto falam. Se sou tão bonito assim, porque me sinto tão mal sempre que me olho no espelho? Porque ainda estou sozinho apesar de nunca demonstrar fraqueza na frente de ninguém? Eu estou sempre tentando ser feliz e alegre com todos ao meu redor, e mesmo eles não tendo noção do que acontece aqui dentro de mim, eu tento ser a melhor que já conheceram.

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— Felipe eu vou saindo que eu ainda tenho que ligar para o Jhonatan - Michele me diz já com suas coisas guardadas na mochila.

— Tudo bem, eu vou arrumar as minhas coisas e te encontro no corredor - Eu digo já levantando da cadeira.

Ela sai depressa da sala, me deixando sozinho com um garoto. Na verdade eu nem tinha percebido que ele estava ali até sua caneta cair e rolar para próximo de mim. Meu olhar foi direto ao chão e caminhei para pegá-la, assim que me levanto, deparo-me com um rapaz alto, cabelo castanho arrepiado e olhos escuros, as suas roupas são simples, mas seu sorriso foi único.

— Obrigado! - Ele diz com um sorriso que me forçou a sorrir também.

— De nada! - Eu digo tentando me conter. Viro para minha cadeira e penso que eu não poderia olhá-lo assim, dessa forma. Respiro fundo e volto a atenção as minhas coisas. Ele é tão lindo e eu só queria tirar esse pensamento da minha mente.

— Ah, você sabe onde fica a sala 405? - Perguntou ao passar por mim.

— No quarto andar, primeiro corredor à esquerda - Respondo sem olhar para ele.

Sinto sua presença ainda por alguns segundos até ele se afastar. Paro de arrumar as minhas coisas e sento na cadeira pondo as mãos no rosto. Porque eu o respondi assim? Eu poderia ajudá-lo, poderia ter lhe mostrado a sala, e poderíamos ter sido grandes amigos... Como sempre eu estraguei tudo, essa chance nunca vai aparecer novamente! Não sei o que tem de errado comigo.

Sai da sala com minha mochila nas costas, encontro Michele na porta desligando o celular, ela caminha comigo pelo corredor. Passamos por um grupo de seis pessoas que estavam conversando encostados nos armários, eles cochicham algo e ficam olhando para mim, meu olhar fixa neles e todos começam a dar umas leves risadas de repente. Não... Isso não pode estar acontecendo, olho para frente sem jeito, me sentindo estranho e incomodado por estar ali agora.

— Michele, eu te vejo depois! - Digo a ela e me afasto o mais depressa que posso.

— Felipe, onde você ta indo?... Felipe! - Ela diz parada no corredor.

Viro no primeiro corredor que vejo, eu só queria sair do campo de visão daquelas pessoas. Porque isso está acontecendo comigo? É como se Deus tivesse me testando... A cada dia que passa uma batalha diferente... Quando foi que de repente todos ficaram me julgando? Será que estou destinado a esse caminho?... E enquanto a minha escolha? Eu não quero sofrer... Só quero ser eu! Essa é a única coisa que eu não posso ser!... Vai ser difícil quando todos virarem o rosto para mim, até onde vou suportar isso?


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Notas finais do capítulo

Capítulo 4 vai ser postado na Sexta-Feira!! =)



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