Stay With Me escrita por Fenix


Capítulo 1
O que está acontecendo?


Notas iniciais do capítulo

Essa história é baseada em fatos reais.



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Eu não sei bem como começar essa história, é algo que nunca dividi com ninguém e dá um certo medo saber que agora vão saber por tudo que passei. Isso ta sendo bem difícil pra mim, algo que muitos falam que deveria ser fácil, que eu estou exagerando, mas a verdade é que ninguém sabe o meu lado da história... Ninguém sabe até agora o que enfrento todos os dias.

Essa é a minha história, essa é a minha vida...

STAY WITH ME

Me chamo Felipe, mas raramente me chamam assim além dos meus amigos, é sempre pelo meu apelido de "Lipe".

Mais um dia se passa... Não faz muita diferença, já que todos os dias são iguais pra mim, sempre a mesma rotina, ir trabalhar, ir para faculdade, é tudo muito controlado e nem sempre eu gosto disso. Esse emprego me mata todos os dias, é tão entediante que ficar olhando para uma parede se torna mais interessante que ele em si.

Depois de trabalhar pela manhã, chego tarde em casa e vou logo almoçar, costumo ter muita fome já que fico 6 horas sem comer nada.

Minha mãe sempre fez tudo que eu queria, sou o mais mimado da família, sou o caçula e o único menino, então minhas vontades sempre foram atendidas. Lembro que quando era mais novo, minha irmã mais velha, Bruna, me levava em uma loja de brinquedos e me deixava escolher o que eu quisesse, não importava o preço, ela comprava!

Além de Bruna, tenho outra irmã, a do meio, Aline. Ela é de fato com quem eu mais brinco e sou agarrado. Ela sempre me entendeu melhor do que todos aqui em casa.

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Arrumo minha mochila e desço depressa pela escada de casa. Chegando na sala de estar, meu Pai, um homem de 54 anos, parcialmente careca e um pouco gordo, com 1,66 de altura. Está sentado no sofá lendo seu jornal sagrado pela manhã;

– Pai, estou indo! - Eu aviso me direcionando para a porta.

– Vai para onde?

– Pra praia, a Ana e a Carol me chamaram!

– Ta com o celular e a carteira?

– Estão comigo!

– Ta bem, qualquer coisa liga!

– Tudo bem! - Finalmente abro a porta e saio de casa.

Meus olhos não se deparam com nada além do carro estacionado em frente a minha casa.

Meus amigos, pessoas incríveis que conheci há muitos anos, outros há poucos meses, mas cada um se mostra mais verdadeiro que outro, e apenas isso basta. Vejo Joe no volante, Carol ao seu lado e Ana atrás de olhos escuros e cabelo preso estilo rabo de cavalo.

– Você não está esquecendo nada certo? - Pergunta Carol, desde a última vez que eu fiz todos voltarem porque tinha esquecido as bebidas e comidas em casa.

– Não! - Respondo com um sorriso gentil e entro no carro - Olá! - Abraço Ana e aperto a mão de Joe - Ainda se lembram de como chegar lá?

– Um pouco! - Joe responde.

– Qualquer coisa tenho um aplicativo no celular, não vamos nos perder - Brinca Carol.

Olho para Ana e começamos a conversar. Conheço-a há alguns anos, fizemos o ensino médio juntos e apesar de não nos vermos há meses, nossa amizade nunca ficou abalada por isso, é como se o tempo não tivesse passado. De todos daquela sala, Ana foi sempre a minha única amiga. Éramos inseparáveis, o bom é que somos assim até hoje.

– Quero aproveitar meus dias de solteira novamente - Carol põe o óculos de sol com uma risada debochada.

– Solteira? - Pergunto.

– Sim, o Ian já é passado - Ela responde.

– Você parece não ter ficado abalada - Comento.

– Fiquei abalada foi quando ele começou a conversar comigo pelo chat.

– O que houve? - Pergunto.

– Ele escriva tão errado, que eu me senti professora de jardim de infância.

– Ele tem quantos anos?

– Vinte!... Olha isso - Ela mostra-me uma parte da conversa no celular.

– Wow... - Digo ao deparar-me com erros grotescos - Ele tem vinte, mas ainda está cursando o ensino fundamental, né?!

– E ainda é um escroto! - Diz Carol.

– Ah, uma hora você encontra o cara certo - Devolvo o celular.

–É... Até lá, eu vejo o que eu faço! - Ela diz com uma risada.

Meu olhar desvia-se dos cantos e observo Joe que estava me olhando pelo retrovisor central do carro. No momento em que nossos olhares se encontram, ele volta a focar-se na estrada. Não sei bem o que foi isso, mas talvez seja pelo fato de eu estar sentado no meio do banco. Ele poderia estar olhando para o carro atrás do nosso, porém podia jurar que nos encaramos por milésimos de segundos. Às vezes as coisas acontecem tão rápido que você não sabe direito como explicar.

Joe é amigo da Carol, nos conhecemos durante uma ida ao cinema no início de 2010, e desde então sempre que saímos juntos, ele está com a gente. Ele é um ótimo rapaz, simpático e faz faculdade no mesmo local que faço, porém em Arquitetura.

Chegamos à praia e ajudo Joe a levar o isopor até a areia. As meninas seguem na frente com as cangas nas mãos e o guarda-sol que parecia um pouco pesado para Ana carregar. Elas são realmente lindas, Carol tem seu corpo perfeito de atleta, cabelo loiro e liso até um pouco abaixo dos ombros, olhos castanhos claros e medindo 1,67. Ana tem um corpo mais natural, magra apenas por dieta, cabelo preto liso chegando até o tórax. Estão usando roupa de praia normal, um short jeans e blusas largas, a de Carol era de renda e mostrava a parte superior o biquíni azul.

A praia é quase desconhecida por todos, acabamos encontrando-a sem intenção no verão de 2011 e desde então só viemos para cá. É sossegado e não tem tantas ondas, além da água não ser tão fria.

O tempo ajudou muito, está sol e sem nuvens, conseguimos aproveitar bastante. Fico com Ana no mar a maior parte do tempo. Ela ri alto quando quase fui derrubado por uma onda que não vi chegando.

– Você é muito lerdo - Ela diz ao meio das gargalhadas.

– Ninguém te perguntou nada - Pulo em cima dela.

Sim, é assim que demonstramos nosso afeto um pelo outro. Voltamos para a superfície e ficamos rindo. Pelo menos ela, eu engoli água de verdade e estou tossindo pra valer.

– E você e seu Pai, já estão se falando? - Ana pergunta.

– Um pouco... Ele ainda fica falando coisas idiotas pra mim - Minha voz sai um pouco baixa, não só pelo fato de estar tossindo pela água de sal ter queimado minha garganta, mas também por ser um assunto que não gosto de comentar.

– Já falei pra você ignorar isso, deixa pra lá, as coisas sempre ficam bem no final.

– É..! - Assenti com um sorriso de canto.

Depois de horas já ali, vejo Joe se aproximar da beira do mar.

– Pessoal, temos que ir!

– Mas já? Vamos ficar mais um pouco, Joe - Ana grita. Estamos longe da beira, tão fundo que nossos pés não tocavam no chão.

– Ana, você falou a mesma coisa há 1 hora - Ele responde.

– É melhor irmos logo ou vamos perder nossa carona - Comento com ela.

Ela da uma risada negando a cabeça e nadamos para a areia. Arrumamos nossas coisas e voltamos para o carro. O sol já está se pondo e tivemos uma bela paisagem enquanto estávamos descendo a serra. Britney Spears começa a tocar na rádio e não pude me conter. A letra de suas músicas parecem sair da minha boca involuntariamente. Carol não me deixa cantar sozinho, ela ainda chega a dançar um pouco ao som de 'Till The Word Ends'. O dia pode ter sido cansativo, mas nunca o bastante para curtir Britney Spears.

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– Oi filhão, como foi a praia? - Essa é a primeira coisa que ouço ao chegar em casa e fecha a porta.

– Legal! - Respondo tentando o máximo não ser tão ríspido com meu pai, e sigo para cozinha.

– Não tinha nenhuma menina para você ficar olhando não? - Ele pergunta me seguindo.

– Pai, eu estava só com meus amigos - Minha voz da uma leve estremecida. É irritante quando ele insiste com esse tipo de coisa.

– Mas não chegou junto nem na Carol? Ela é uma menina linda.

Abro a geladeira enquanto só desejo apenas que esse momento não estivesse acontecendo, pego uma lata de refrigerante e viro-me para ele.

– É pai, ela é! - E caminho para fora dali.

Não sinto acompanhar-me para sala e resisto a tentação de olhar para trás. Ele não se cansa do mesmo velho joguinho.

Durante a noite, fico no meu quarto com a porta fechada e a luz apagada, apenas mexendo no meu laptop, conversando com alguns amigos no chat e ouvindo música pelo fone de ouvido.

Um colega veio falar comigo, Leonardo, eu não costumo conversar sempre com ele, mas de vez em quando é uma boa pessoa e não sei o motivo, mas confio nele. O conheci durante uma festa de aniversário da Ana. Alguns dias antes eu tinha falado que estava pensativo e queria conversar algo sério com ele, e hoje ele me resolveu cobrar o que eu tinha dito.

– Felipe, me conta, o que você queria falar comigo naquele dia?

– Eu? - Finjo que não lembro para desviar o assunto.

– Sim. Sabe que pode conversar comigo sobre qualquer coisa. O que ta havendo?

– Não é nada demais, de verdade - Digo.

"Não é nada demais" acho que essa é a mentira que eu mais conto para todos que eu amo, por pior que eu esteja, nunca vou querer conversar direto com a pessoa, imagino que meus problemas não passam perto do que a outra pessoa ta passando, ou que ela não vai estar interessada no que eu vou dizer. É loucura, eu sei, mas eu sou assim, eu dou tudo de mim para te alegrar, mas não sei se alguém poderia me ajudar com isso.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem!Essa é a primeira história em primeira pessoa, estou tentando me acostumar =)



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