John Smith

Cassandra parou o carro em frente a casa, Clara ajudou John a descer e entrar. Assim que entrou ele se deparou com sua irmã, ela olhava algo no notebook. John estava curioso para saber se a notícia do desmaio havia chegado aos grandes sites de fofocas, mas tecnicamente ele estava de castigo, nada de internet enquanto estivesse em Leadworth.

Ele ergueu os olhos para a escada. Só de pensar em subir tudo aquilo seus pulmões já doíam. Ele olhou para Clara e ela franziu o cenho.

— As escadas! — John sussurrou.

Clara ergueu o olhar para a escada.

— Não precisa se preocupar. Você vai dormir na sala enquanto se recupera. Clara, você pode dormir no quarto da Lucy. Por favor, pode nos deixar a sós?

Lucy fechou o notebook e subiu as escadas. John podia ver um sorriso de satisfação no rosto da irmã, como ela estivesse feliz por tudo aquilo está acontecendo justamente quando ele estava em Leadworth.

John se jogou no sofá, viu Clara subindo também. Sua mãe sentou no sofá de frente para ele, amarrando o cabelo. Ele sabia que ela não iria realmente brigar com ele, Cassandra nunca havia levantado a voz para ele e nem para Lucy. John havia sido criado por ela e talvez fosse por isso que não aceitava ninguém encostar do dedo nele.

— O que você tá fazendo com a própria vida? — Cassandra perguntou com a voz entrecortada. — Você fuma, você bebe, usa drogas, passa noites e mais noites sem dormir, não come direito, gasta seu dinheiro com mulheres que só fazem te usar e agora isso, câncer!

— Me deixe explicar! — John disse erguendo a mão.

— Explique. É apenas isso que eu quero!

John suspirou, tentando lembrar as palavras que o Dr. Fell havia dito.

— Eu posso me livrar do câncer se eu me cuidar... Eu tenho que me exercitar, tomar alguns remédios e pronto! A chance de ter câncer é de uns 20%

— Quando casei com o seu pai eu tinha 10% de não ser feliz e adivinha?

John coçou a nuca.

— Tudo bem! Eu fumei antes desse acontecimento, mas eu estava estressado.

— Com o quê? Como você consegue ficar estressado em Leadworth? Foi por isso que te trouxe pra cá. Pelo amor de Deus, John!

— Foi a Clara! Eu não estava conseguindo dormir e a vi correndo em direção a livraria, era quatro horas da manhã e eu fiquei preocupado. Sai e fui falar com ela, mas ela não quis falar e eu fiquei mais preocupado e estressado quando ela fechou a porta na minha cara. Sentei no gramado e fumei, só isso!

— E só isso te levou para o hospital! Você sabe como eu fiquei?

— Mãe, preciso te falar algo!

Cassandra ergueu os olhos para o filho.

— Não saia por aí me defendendo, eu não mereço. Ok?

Dizendo isso John ficou de pé e encarou a escada. Subiu cada degrau sem nenhum esforço e ao chegar ao andar de cima ficou satisfeito com ele mesmo por provar que tinha fôlego o suficiente para aquilo.

Ele olhou para a mãe. Ela estava sentada ainda olhando para onde ele estava sentado, ela parecia em coque. Talvez fosse duro demais a própria mãe escutar do filho que ele não prestava e que não queria que ela o defendesse, mas afinal o que ele havia feito para merece que sua mãe saísse por aí se humilhando?

Ele entrou no quarto e encontrou Clara se olhando no espelho, ela olhava para a sua bochecha onde a marca vermelha havia voltado a aparecer. John realmente queria saber quem havia feito aquilo com ele.

— Quem fez isso no seu rosto?

Clara olhou rapidamente para ele com os olhos arregalados de surpresa. Virou o rosto em uma tentativa inútil de esconder a marca que John já havia visto desde o dia anterior.

— Não adianta esconder. Eu vi isso desde ontem quando abri a porta e você estava de toalha.

O rosto de Clara ganhou um incrível tom de vermelho, John deu um leve sorriso, ele gostava de saber que a deixava vermelha.

— Promete não falar para ninguém?

— Depende do que for.

Clara sentou na cama, John em passos lentos sentou ao lado dela. Ele sabia que ela não iria contar, provavelmente quem quer que tivesse feito aquilo era alguém importante para ela e Clara não iria entrega-lo assim tão fácil.

— Tudo bem! — John disse erguendo as mãos. — Não quero mais saber.

* * *

Clara Oswald

Clara encarou John. Ela não iria contar para ele que foi Robb quem fez aquilo, ele certamente iria contar para a policia o que ele havia feito e ele iria preso, sairia depois de algum tempo e toda a raiva iria ser descontada nela, Clara não iria aguentar.

John a encarou também.

Os raios do sol entravam pela janela e refletia sobre os cabelos da morena, John estava a achando mais bonita agora naquela situação, ela sorriu envergonhada fazendo as belas covinhas aparecerem sobre as bochechas dela. Clara sabia o que iria acontecer em seguida então abaixou a cabeça, isso fez com que John colocasse a mão sobre a bochecha dela e erguesse a cabeça dela, fazendo-a olhar para ele. Para os seus olhos verdes e o seus lábios avermelhados.

John já estava completamente virado para Clara e ela por mais que sua lógica gritasse que aquilo era errado, sua mente se perguntava onde ela estaria errando. Por anos havia acreditado fielmente que Robb a amava, mas se ele a amava por que fazia aquelas coisas com ela? Por que era tão grosso? Ela estava perdendo oportunidades, todos os dias quando acordava e concordava com aquela situação ela estava perdendo algo, alguma oportunidade de sair daquela cidade e fazer algo com as suas brilhantes ideias. Não havia nada que a segurava ali, nada mesmo, ninguém.

John aproximou o rosto dela, ela podia agora senti a respiração dele sobre o rosto dela, tão próximo! Ela também podia sentir o cheiro dele, algo de hospital, um pouco de fumaça de cigarro e talvez um pouco de limão, ela lembrava que o único sabonete que tinha no banheiro social era um líquido de limão. Sendo assim ambos cheiravam a limão.

Sua mente então reagiu.

Clara pôs a mão entre seus rostos, John se afastou assustado arqueando as sobrancelhas.

— Algum problema?

— Eu tenho namorado.

Clara conseguiu ver o espanto passar ligeiramente pelo rosto do ator. Ele ficou de pé, passando a mão pelo moletom que não estava nem um pouco bagunçado. Seguiu para uma das malas e pegou algumas coisas, saindo apressadamente do quarto.

Clara bateu na cama furiosa. Ela não deveria ter dito aquilo, afinal quem merece um namorado como Robb? Ela deitou na cama e sentiu o mesmo cheiro de antes: cigarro e limão. A noite não seria nem um pouco fácil para ela.