Clara Oswald

— Você pode me dizer o que faz andando com atorzinho pela cidade?

Clara analisou o namorado. Queria que ele não estivesse ali, ele estava claramente chapado e bêbedo, era desse jeito que ele passava a maioria do tempo. Tudo havia começado depois que uma grande editora em Londres havia humilhado ele e rejeitado os seus livros, ele estava falido e ele sempre descontava toda a raiva em Clara.

— Ele é o meu amigo!

— Em dois dias? — Robb perguntou a segurando pelo braço com força.

— Você está me machucando!

Robb apertava a mão em volta do braço da morena e ela se segurava para não gritar. Clara sentiu mãos grandes segurarem seu braço e a separar das mãos violentas do namorado.

— Vá falar com a Cassandra, eu cuido dele.

Clara saiu correndo pelo corredor, sem querer saber quem foi que a libertou das mãos do namorado. Clara encontrou Cassandra na sala de espera, Peter estava lá com o pequeno Arthur nos braços.

— Ele acordou? — Cassandra perguntou, seus olhos estavam incrivelmente vermelhos.

— Acordou. Ele pediu que chamassem o médico dele.

Peter coçou a nuca irritado.

— Ele já tem um médico aqui.

— Ele não liga, ele quer o médico dele.

Clara não sabia exatamente porque estava enfrentando Peter daquela forma, afinal ele sempre havia a ajudado em tudo e ela mal conhecia John. Ela sabia que John provavelmente estava com câncer e Peter não estava ajudando em nada, na verdade ele nunca ajudava em nada relacionado ao filho mais novo da esposa.

O rosto de Peter ficou vermelho e ele ergueu os olhos castanhos para Cassandra.

— E então?

Cassandra ergueu o rosto. Seus olhos estavam vermelhos e o seu rosto inchado. Sua mão tremia e ela olhava para Peter como se ele fosse um total estranho, olhava do mesmo jeito para o Arthur.

— O deixe trazer — ela disse por fim.

Peter riu em desaprovação.

— É por isso que ele é desse jeito. Você faz tudo que ele quer!

Cassandra arqueou as sobrancelhas e apertou a mão em torno do lenço molhado de lágrimas que estava sobre a sua bolsa. Clara se encolheu onde estava, ela detestava ver as pessoas brigando, principalmente pessoas que ela amava.

— O que disse?

— Você ouviu bem — Peter disse. Ele apertou Arthur contra o próprio corpo.

— Nunca mais fale nada da forma que eu crio os meus filhos. Escutou bem? Você não é o pai dele e nunca vai ser, ele é o meu filho e eu faço o que quiser com ele. Ele pode está com câncer, por morrer. Você ouviu? Com câncer na porra do pulmão.

Arthur ergueu os olhos verdes em direção a mãe, os olhos estavam brilhando graças as lágrimas. Clara correu até o garoto, o pegou dos braços do pai. Ele se agarrou ao pescoço da morena e ela saiu correndo.

Ao entrar novamente no quarto do moreno, ele estava dormindo, assim como havia feito desde sua chegada ali. Ele respirava tranquilamente e aquilo aliviou Clara. Ela sentou na cadeira com Arthur em seus braços.

— Por que ele está aqui? — Arthur perguntou depois de um longo tempo.

Clara olhou para o garoto. Ele se parecia com John, os mesmo cabelos lisos e finos, a mesma cor do olho e eles eram brancos, tudo havia puxado de Cassandra. Pouco se podia ver de Peter em Arthur, talvez fosse aquilo que ela tanto gostasse no garoto, talvez ele fosse diferente do pai.

— Problemas para respirar. Só isso!

— Ele vai morrer?

— Não, claro que não.

Clara passou a mão pelos cabelos de Arthur e encarou John.

* * *

John Smith

John acordou com a sua cabeça doendo. O teto branco o fez lembrar onde estava, ele não estava mais com dificuldade para respirar o que facilitou bastante. Ele tentou sentar e depois de muita luta conseguiu e viu Clara Oswald ao lado dele.

Ela parecia cansada e os cabelos estava bagunçados, ela estava de olhos fechados e ele duvidava que ela estivesse dormindo. Quem estava dormindo na verdade era Arthur, os cabelos loiros jogados para trás e a boca aberta, ele dormia exatamente como John.

Clara abriu os olhos depois de um longo tempo. John continuava sentado com os braços sobre as pernas, os cabelos caindo sobre o rosto. Clara sorriu ao vê-lo e John retribuiu o sorriso.

— O que aconteceu com o seu braço? — ele perguntou.

Clara franziu o cenho e sorriu mais um pouco.

— Você desmaiou por falta de ar e fica preocupado comigo?

— É claro. Eu estou acostumado.

Clara ajeitou a postura.

— Eu já desmaiei outras vezes. Não por falta de ar, às vezes eu passo dias sem comer, ou fico cansado demais. É isso, nada de mais! Prometo.

Clara levou Arthur. Enquanto ela estava fora, um enfermeiro de nariz engraçado entrou. John deitou e ficou encarando o teto enquanto o enfermeiro mexia nos aparelhos ligado a John.

— Não se lembra de mim, não é? — o enfermeiro perguntou.

— Oi?

— Sou eu. Rory Willians! Costumávamos ser os únicos garotos a não ir ao baile da escola.

John encarou o enfermeiro. Ele lembrava vagamente do rosto dele, mas não muita coisa. John havia se obrigado a esquecer da maioria das coisas que havia acontecido na sua adolescência. Mas ele lembrava de Rory e da sua melhor amiga, a belíssima Amélia Pond.

Outra enfermeira chegou, trazendo uma cadeira de rodas. John vestiu suas roupas e sentou na cadeira, ele se sentia desconfortável com aquilo. Sair do hospital em uma cadeira de rodas. Ele encontrou sua mãe e Clara o esperando na saída.

Cassandra apenas tomou o lugar do enfermeiro enquanto Clara sorria ao lado do moreno. John não estava entendendo nada, por que sua mãe não estava brava com ele?

— Você vai brigar comigo quando chegamos em casa, não é? — John perguntou se acomodando no banco de trás ao lado do irmão mais novo.

— É claro! — Cassandra disse. Ele viu Clara rindo e riu também.

Sua mãe acelerou, o hospital foi ficando para trás. Clara sorria enquanto fazia algo no celular. John achava aquilo estranho, mas ele gostava do sorriso dela, gostado do modo com ela ria de qualquer coisa e de como suas covinhas apareciam todas as vezes. Gostava do fato dela ter ficado ao lado dele, de não ter reclamado com ele, e o mais estranho era que ele gostava do fato dela ser incrivelmente baixa e sexy!