John Smith

— Você é maluco? — o homem gritou. Ele era alto, loiro e forte. Smith não ligava muito para aquilo, ele poderia gritar o tempo que quisesse, o moreno iria continuar fingindo que estava prestando atenção enquanto pensava qual seria o próximo carro que iria comprar. — Preste atenção, Smith! Você não sabe no que está se metendo! Sua carreira está em risco, pare de fazer essa pose de durão.

Smith finalmente olhou para as pessoas a mesa. Lá estava sua irmã, seu agente e por fim o seu empresário, o homem loiro, alto e forte. Ele era seu padrasto, vivia tentando enfiar um pouquinho de juízo na cabeça do moreno, mas de nada adiantava.

Smith suspirou, ajeitando-se na cadeira.

— Eu vou lá e peço desculpas. Feliz?

Peter suspirou passando a mão pelos cabelos. Ele ergueu os olhos castanhos para o moreno, seu rosto ficando levemente avermelhado de raiva. Peter sempre acabava ficando com raiva do filho adotivo, Smith era um problema de carne e osso.

— Não é tão simples! Você acabou com a vida do homem, ele tá arrasado. Você pelo menos pode ter a cara de pau de ir até o hospital e pedi desculpa. Depois falara publicamente sobre o que aconteceu e talvez... somente talvez, sua mãe não o leve de volta para casa.

Smith arregalou os olhos.

— Como assim?

Peter novamente suspirou, dessa vez revirando os olhos.

— É isso mesmo! Sua mãe o levara de volta para casa, você irá ficar um bom tempo longe de Londres e do seu trabalho. Você precisa relaxar, pensar nos seus atos e no modo como está agindo.

— E como eu estou agindo? Eu estou perfeitamente normal! Estou aproveitando a minha vida.

— Batendo em idosos? É dessa forma que está aproveitando a vida? Saindo com 4 garotas diferentes em uma só noite, usando drogas e sendo preso? É dessa forma que está aproveitando? Não, John! Você está jogando a sua vida fora! Existem formas melhores de aproveitar a vida.

A porta de vidro foi aberta. Smith olhou e viu quem ele temia não ver. Sua mãe!

Cassandra Smith era uma mulher alta e magra, seus cabelos eram escuros e denunciavam os seus primeiros fios brancos. Ela havia tido o primeiro filho aos 15 anos, John havia chegado alguns anos depois. Cassandra havia passado toda a sua vida se dedicando aos filhos da melhor forma que conseguia, mas no fim só uma soube da o valor.

— John, venha comigo!

O moreno suspirou. Sabia que brigar com a mãe não o levaria a nenhum canto, por isso apenas ficou de pé e a seguiu para fora da sala, Smith finalmente conseguiu respirar ar puro. Sua mãe o levou até o pátio do prédio, o sol batia contra a pele da mãe a fazendo ficar mais branca.

— Você voltara comigo para casa — ela anunciou calmamente. John abriu a boca para falar algo, porém somente um suspirou saiu dela. — Seus atos foram irresponsáveis, eu e o Peter conversamos bastante e chegamos a essa conclusão. Você só irá voltar a sua vida quando não estiver agindo como está agora.

— Peter não é o meu pai — Smith disse.

Cassandra virou sorrindo, os olhos verdes folha refletiam uma compaixão que o moreno nunca teve.

— Mas eu sou a sua mãe.

— Não manda em mim. Tenho 25 anos, tenho a minha própria casa.

— Não, você não tem. Sua casa foi vendida. Precisamos de dinheiro para pagar o hospital onde aquele idoso está, você não tem mais tanto dinheiro no banco. Está quase sem dinheiro, ninguém que trabalhar com você por causa do seu comportamento agressivo. Eu lhe prometo, que quando melhorar você poderá voltar. Tudo bem?

— Eu tenho outra escolha?

Clara Oswald

Clara levantou naquela manhã fria de segunda-feira com um pouco de dor de cabeça. A noite passada havia sido cansativa para ela, a sua primeira sobrinha havia nascido, ela foi ajudar e acabara saindo tarde do hospital.

A morena arrastou-se até o banheiro, tomou um banho rápido e saiu. Vestindo suas roupas e indo em direção a cozinha, Robb já estava lá, lendo seu jornal com os seus cabelos cacheados bagunçados.

— Já estou indo! — Clara gritou antes de sair.

Ela não tinha carro, por isso teve que ir de pés até o trabalho. Uma pequena livraria no centro daquela pequena cidade, Clara era feliz trabalhando ali, amava a cidade onde havia crescido, onde todos cuidavam de todo mundo e onde a vida era tranquila, onde as pessoas não ligavam muito para o dinheiro e eram humildes.

Ela chegou a livraria, sua cabeça estava latejando. Ela abriu a livraria, ligou o computador e foi pegar as várias caixas de livros novos. Por ser uma cidade pequena, os adolescentes mesmo que acostumados a tecnologia que existia hoje ainda gostavam de ler, em sua maioria os livros de ficções.

Ao voltar com as caixas, Clara notou a estranha movimentação na casa da família Smith. Clara assim como todos na cidade sabia que Cassandra Smith cuidava dos negócios do filho mais novo. Clara era amiga de Cassandra, ela era uma mulher legal, bastante diferente do filho. John Smith era o tipo de homem que a mãe de Clara iria querer longe da filha.

Clara desistiu de descobrir por vontade própria o que estava acontecendo na casa e voltou a sua atenção a pilha de livros que esperavam para ser colocados em seus devidos lugares.

O dia se passou rápido para Clara, logo ela estava fechando a livraria e voltando para casa. O frio já a torturava. Apesar de ter nascido naquela cidade, ter crescido com o frio, Clara simplesmente o detestava. Conseguia suportar as noites graças ao namorado, que dormia ao seu lado... bom, isso era antes!

Na hora do almoço ela encontrou Robb sentado de frente para o computador, os fones de ouvido no volume máximo. Fazia anos que Clara havia decidido que ela e Robb, mesmo não estando casados deveriam morar na mesma casa. Robb aceitou, mas talvez ele estivesse repensando na história. Ela às vezes podia ver o jeito com ele a olhava, não era como antes.

Como sempre o almoço foi em completo silencio. Robb comia em frente ao computador, enquanto Clara comia no quarto do casal, lendo um livro e escutando uma música relaxante.

Ela saiu sem falar nada. Voltou para a livraria e sentou de frente para o computador, a parte da tarde era a parte em que a livraria mais vendia. A primeira cliente daquela tarde foi Cassandra. Clara sorriu ao ver a mulher, o cabelo escuro estava preso em um rabo de cavalo e ela usava roupas próprias para o frio que estava fazendo. Atrás dela vinha o filho, o ator mimado de Hollywood, John Smith!

— Clara! Já conhece o meu filho? Esse é o John! John essa é a Clara, a garota que te falei.