— Não creio! – Exclamou Lex, perplexa. – E você só conseguiu fugir agora?

— Tecnicamente... Eu fiquei naquela moto por 14 dias e 17 horas mais ou menos. – Confessou Anne, baixando o tom de voz. – Por favor, nem comentem isso perto da Kate, ou eu vou acabar visitando o meu pai mais cedo do que pretendo. – Disse, fazendo todos rir.

— Mas creio não ser necessário comentar nada. – Começou Castle. – Quando a curiosidade bate, não há quem faça sossegar. Ela vai acabar descobrindo. Mas vai nos dizer o que fez nesses 14 dias.

— Ok, mas isso é segredo de ESTADO, ok? Depois que saí de L.A., fiz uma “pequena” parada em Vegas, só para conhecer, mas, lá era tudo TÃO fácil, que eu acabei ficando por quatro dias.

— Como assim, “fácil”? –Questiona Lex.

— Digamos que se você souber fazer uma boa falsificação, não existe “proibido” para você. Continuando, logo que saí de lá, basicamente fui movida a cafeína. Parava só para abastecer e comprar café. E foi assim que não vi o semáforo fechado e acordei naquele hospital. Porfavornãofalemnadaoueunãovivo. – Finalizou.

— Ok, mas só porque não houve nada de grave, além disso, tá bom? – Argumentou Rick.

— Tá bom. Mas o que eu quero saber é se esse fofucho tem dado muito trabalho. – Disse, brincando com as mãozinhas de Jamie.

— No geral, não. Mas os fios brancos na cabeça do papai e as manchas roxas embaixo dos olhos não são de noites bem dormidas. – Brincou Alexis.

— O QUÊ? ONDE TÊM FIOS BRANCOS? – Perguntou Castle, procurando um espelho, enquanto as garotas riam da reação.

— Me diz Lex. Como é ter um irmãozinho?

— Incrível. Nós dois “meio” que temos uma conexão, não é Jamie? – Falou, brincando com o pequeno.

— Deve ser muito bom. E a sua relação com a Kate, como vai?

Alexis pareceu ter sido pega de surpresa com aquela pergunta, mas respondeu:

— Na verdade, está excelente. Ela é muito atenciosa comigo, sempre me ajuda. Quando eu preciso, ela está lá. Nunca pensei dizer isso, mas ela preenche aquele vazio que a minha mãe deixou. E ela trata a mim e ao Jamie igualmente, como se eu também fosse filha dela. – Completou, enxugando uma lágrima teimosa.

— Quem sabe por que ela te considera uma filha. – Respondeu Anne, com um sorrisinho.

— Você acha? – Questionou, com certo brilho nos olhos.

— Pelo jeito que você descreveu a relação de vocês... Creio que é isso sim.

— Acharam muito engraçado debochar do meu cabelo, né? Não tinha fio branco nenhum. Ainda sou belo, jovem e cheio de energia. – Afirmou Castle, retornando a sala.

— Sério? Então pega o carrinho do Jamie ali no chão. – Pediu Anne, com um sorriso travesso.

— Claro. – Respondeu, mas quando se abaixou, pôde-se ouvir um “crec”. – Ok, eu não sou TÃO jovem. Agora, alguém me ajude.

Quando Lex se preparou para levantar, a porta da frente se abriu e uma senhora ruiva entrou no loft. Logo que viu a cena, esbravejou:

— Por Deus Richard. Quantas vezes terei que lhe dizer, se quiser pegar um brinquedo do James no chão, peça para Alexis, ou para a pequena Anne, ou até para... Espera o que eu disse? –Questionou Martha, logo se virando para Anne. –Oh, querida, eu não havia visto você aí! Como vai? Como passou este último ano? E o que houve com você? – Perguntou para ela, fazendo a última com uma cara apavorada.

— Olá Martha, quanto tempo não? Eu vou bem, o último ano foi uma droga e eu sou um ímã para acidentes. Mas nada demais. Já passei por coisa pior.

— Bom, não posso argumentar quanto a isso. Mas é muito bom rever você. Com Alexis estudando e morando longe, aqui tem ficado tão quieto e entediante.

— Vamos mudar isso então. Vem cá Jamie, vamos brincar de aviãozinho?

— Com quem? Acredito que essa perna precisa de descanso! – Respondeu Castle.

— Que nada. Terei a eternidade para descansar daqui a uns 90 anos. Agora, vem aqui pequeno. – Mas quando foi se levantar, uma dor lancinante atingiu sua perna engessada. – Ok, que tal brincar de cavalinho? – Perguntou, com a voz fraca de dor, fazendo todos na sala dar uma pequena gargalhada.

O dia passara bem rápido para Anne, que distraía James, enquanto Rick escrevia, Lex teve que voltar para a faculdade, e Martha tinha uma peça de teatro. Quando percebera, Kate estava entrando pela porta, “ouvindo” uma teoria de Johnny, que insistira em ir ao loft.

— Estou dizendo, isso têm tudo a ver com um caçador de recompensas perturbado.

— Sabe, você é bem prestativo na delegacia, mas às vezes me lembra do Rick.

— Sério? Achei que Rick fosse mais do sobrenatural. – Diz Anne, entrando no assunto.

— Own que fofinho. –Diz Johnny. – Achei que você não gostasse de crianças.

— Tá brincando né? Adoro crianças. Quanto mais fofas, mais me encantam.

— Bom ouvir isso. Rick, a nossa procura acabou.

— Oi? – Gritou do escritório.

— Anne vai ficar de babá do Jamie.

— Uou. O quê? Kate, eu posso distrair uma criança por algumas horas. Mas eu não sei nada sobre como cuidar delas.

— Ah, mas ele é bem tranquilo. Se der algo diferente para ele, o distrai por horas. Só cuidado para não esquecer que ele existe viu? – Responde Kate.

— Não tem como. Ele é muito fofo e se ele puxou ao Rick, vai ser muito hiperativo. E, vai amar Laser Tag. Não é, coisa fofa? – Disse, brincando com as mãozinhas de Jamie, que deu uma pequena risada.

— Ok, vamos coisinha linda de sua mãe, que está na hora do seu leitinho. – Fala Kate, pegando James e indo à cozinha.

— Que cena mais amável. Vou tirar uma foto. - Disse Anne, fotografando a cena.

— Recordação? - Pergunta Johnny.

— Não. Facebook. - Respondeu, enviando a foto. - Prontinho. Agora é só esperar.

— Esperar...

— Três... dois... um... agora.

— Own Kate. Olha essa foto muito fofa. - Diz Rick, caminhando até a cozinha.

— Que foto? - Questiona Kate, com um olhar interrogativo.

Castle vira o celular para ela, mostrando a foto que Anne tirou, com a legenda “Existe mãe mais carinhosa? Se não, aqui está. Se sim... Não seja besta, não tem.”