Abro os olhos, estou numa cama super confortável e gigante. A janela tem uma cortina clara e o sol bate forte atrás dela. Levanto e saio andando pelo corredor, lembro de ter chegado até a casa de Felipe, chorei muito depois de ontem e Felipe ficou comigo até onde me lembro.

–Bom dia! – ouço uma voz da cozinha, ainda estou no corredor mais já sinto o cheiro maravilhoso.

–Bom dia? – falo confusa. – Caiu da cama?- Felipe nunca gostou de acordar cedo.

–Na Itália as manhãs são lindas é fácil se acostumar a acordar cedo. E alem do mais, o café da manhã é refeição mais importante do dia.

Quando ele disse que era a refeição mais importante acho que ele falava serio, na mesa mau cabiam os pratos de tanta comida. Panquecas, frutas, sucos, saladas, pães, torradas, doces, bolos, e outras coisas que eu nem sabia que existia.

– Que horas são?

–Oito horas.

–Tenho que trabalhar.

–Ok, eu te deixo lá. Tenho que resolver as coisas do restaurante pra podermos abrir. Você acha que a Amy vai desistir depois desse acidente do Jack.

–Improvável. Amy gosta dele apesar de negar isso. Mas ela sabe dividir muito bem profissional do pessoal. Fique tranquilo você ainda tem sua gerente administrativa, ela é de confiança.

–Ótimo. – ele respira aliviado. – Então vamos que eu te dou uma carona, até a escola.

Eu assenti e ele saiu depois de arrumar as coisas e eu fui à varanda era linda a visão de lá de cima. Podia ver uma pontinha do mar, e o cheiro dele quase chegava até você. Apesar de ser um bairro bom, o prédio não era tão perto da praia, mas como era a cobertura era possível ver a beleza da praia.

Fui até o quarto pra pegar meu celular, o travesseiro onde dormi tinha uma mancha provavelmente das lagrimas. Lembro das palavras de Alec e meus olhos enchem de novo, não acredito que ele teve coragem de falar aquilo. Quem ele pensa que é? Eu estava com muita raiva, mas também estava chateada eu nunca pensei que fosse ouvir aquilo ainda mais dele que não tem nada a ver com a minha vida. Olho-me no espelho fixado na parede do quarto, eu estava com a mesma roupa de ontem,um moletom do Felipe por cima, cabelos presos em um coque e com olheiras enormes.

–Kate?- Felipe fala da porta. – Você não está levando a serio aquilo que aquele idiota falou.

–Não, ele é um imbecil. Só estava em como sou diferente, e como as pessoas riem de mim. Quero dizer antes eu nem ligava, mas do jeito que ele falou fez parecer que a culpa é minha, não que não seja, ah não sei..- me sento na cama olhando pros pés e ele se senta ao meu lado.

–Você é linda Kate, por dentro e por fora.

–Odeio mentiras e você sabe. Eu não me visto bem eu sei, não precisa mentir.

–Mas você se sente bem assim, não é?

–Sim, não, não sei. – eu olho pro espelho. – Eu me sinto confortável, mas é como mamãe me vestia. Não que eu queira me vestir igual a Amy ou a modelo da televisão, acho que não tenho atitude pra isso, mas melhorar isso aqui, - falo pegando no moletom dele.- não seria má ideia.

Ele me olha pelo reflexo do espelho e não fala nada durante alguns minutos.

–Já sei. Cancela sua aula.

–O que? Tá doido? Não Posso, e minhas crianças?

–Ok, te espero na porta da escola, meio dia e meia.

–Onde vamos?

–Surpresa, mas você vai gostar.

Eu rio e o abraço.

–Você é o melhor irmão do mundo.

–Eu sei. – rimos e ele levanta me puxando pela mão.

...

Como prometido ele está me esperando de moto na frente da escola.

–Não vai me contar aonde vamos?

–Não. – eu subo na moto, e abraço-o. –Vamos minha cinderela!

–O que? – falo mais ele já está acelerando na avenida.

Ele anda pelas ruas e eu começo a gostas desse negocio de moto, o vento bate em meus cabelos e me acalma. Chegamos ao estacionamento do shopping. Entramos e ele não diz uma palavra até então, e eu estou muito curiosa, mas ele só tem um sorriso sugestivo nos lábios. De repente seu celular toca, e ele diz estou com o pacote.. sim..cinco minutos..ok. E desliga.

–Eu espero que eu não seja o pacote. – ele apenas sorri. Chegamos a praça de alimentação e ele vai em direção a uma mesa com garotas sentadas.

–Operação cinderela: etapa um concluída com sucesso. – ele diz e eu não me seguro e caio na gargalhada. Olho pras garotas e vejo Amy se levantar.

–Etapa dois sendo iniciada, eu assumo daqui comandante. – ela faz continência pra Felipe e eu rio ainda mais.

–O que acha que estão fazendo?- eu pergunto olhando pros dois.

–Te dando o sonho de ter um dia no shopping comigo, e meu grupinho secreto. - Amy aponta pras meninas. - Logicamente, bancados pelo cartão de credito sem limites do seu irmão gato e rico. – Felipe fica vermelho e ri. – e o meu também.

Eu olho pra Felipe que me encara com um sorriso enorme.

–Não precisava fazer isso.

–Eu sei, mas você é minha irmã mais nova então me obedeça e vá lá e arrase nas compras. E vamos sair hoje a noite. – ele me beija na testa. –Se cuida e qualquer coisa que precisar me ligue ou vá até a livraria do shopping, com certeza estarei lá.

–Apaixonado por livros, desde mil novecentos e ..- ele tapa minha boca.

–É falta de educação falar a idade das pessoas. – rio e ele me vira na direção das meninas. – agora vai e se divirta.

Amy me pega pela mão e dá tchau pro Felipe. Entramos na loja mais próxima.

– Meninas, missão de hoje. Transformar nossa Kate em cinderela. – as meninas me estudam atentamente. – Kate hoje você é nosso objeto de estudo, vamos te deixar irreconhecível, você tem minha palavra. Essas são: Alessa, especialista em sapatos. Bianca, especialista em maquiagem. Vitoria apaixonada por acessórios. E Mary, minha amiga de longa data e vindas ao shopping, nós duas temos doutorado em transformação.

–Eu to com medo. – digo olhando pra elas, brincando.

–Vem com a gente que você se acostuma.

A tarde foi infinitamente longa, elas me fizeram provar o shopping inteiro. Estamos na ultima loja de roupa e a Mary cismou que quer um vestido pra hoje á noite.

–Mary, se você me disser aonde vamos fica mais fácil escolher. – estava no provador, com dez vestidos pendurados.

–Não posso, mas te garanto que você tem que arrasar. Sai pra eu ver.

Pego qualquer um aleatório. É cheio de paête preto, e de mangas com as costas toda de fora. Abro a cortina do provador e elas me analisam.

–Não é esse, prova outro. – elas dizem e logo se dispersam procurando outros vestidos.

–Vocês vão sair também?

–Sim, vamos com você. – eu me sinto aliviada por saber que elas iram comigo, ainda não estou muito confiante.

Saio do provador, dessa vez o vestido é preta, a parte de cima é toda brilhante e tem um babado em cima da saia que a Mary falou que é peplum. Todas me olham boquiabertas e Mary é quem fala.

–MEU DEUS! Ajuda meninas, por que esse é o vestido. – eu me olho no espelho gigante na parede, é bonito apesar de eu achar um pouco curto e o decote meio grande.

–Eu gostei, mas isso aqui tá muito grande. – aponto pro decote.

–Grande o que menina, o que é bonito é pra ser mostrado. – eu fico vermelha e me calo. As meninas já me pedem pra colocar um dos sapatos que comprei e começam a mexer no meu cabelo, colocam uma pulseira preta também. -É esse! Oficialmente achamos o vestido.

Respiro aliviada, tiro os sapatos e sento no sofá, eu não aguentava mais provar nada.

–Agora são vocês. – elas me olham confusas. – Acharam que eu não ia dar opinião no de vocês? Podem começar a provar, uma de cada vez, por favor, porque eu to começando nesse negocio de moda agora. – elas riem e logo fazem fila pro provador.

Começa por Alessa ela tem o cabelo vermelho, vermelho mesmo, é alto e com pele clara. Escolho um preto de mangas e muito curto, todo decorado com perolas e pedras nos ombros e costas alem do longo decote mostrando bastante suas costas.

Depois veio Bianca, ela tem cabelos curtos e é menor que eu. Ela vai com um vestido de mangas curtas com a parte de cima transparente, e rosa.

Vitoria, tinha os cabelos castanhos e parecia uma boneca de porcelana, Mary chegou comentar sobre sua cintura fina. Pra ela foi um vestido ajustado na cintura e preso no pescoço todo de tule transparente azul bic.

Finalmente Mary entra no provador, quando ela sai eu me calo.

–Fala Kate!

–Não vou me atrever a dar palpite, você é muito melhor que eu nisso.

–Não seja boba, você foi perfeita até agora.

Ela é loira de cabelos compridos, alta com belas curvas. Escolho um vestido com a saia toda de tule preta e a parte de cima com renda preta e muita transparência. Ela ficava simplesmente perfeita, e ela também gostou.

–Pronto, agora vamos encontrar a Amy.

–Onde ela tá?

–Tentando fazer um milagre.

Não entendo mais saímos da loja, e fomos pro salão quando ouço a voz da Amy gritando com alguém.

–.. Por favor, é um caso de emergência.

–Não tem como a nossa agenda tá lotada, só semana que vem.

Chegamos e ela conversa com um cara magro que nega com a cabeça, quando ele olha pra mim pergunta.

–É ela?

–Sim. – Amy responde cabisbaixa.

–Código vermelho! – ele grita pro salão e todos param o que estão a fazer.Ele me pega pela mão e me senta rapidamente na cadeira e olha pra mim através do espelho. – Você vai ter que confiar em mim. Olho pra Amy e ela faz que sim com a cabeça.

–Ok.

Depois de muitas horas sentada minha bunda está quadrada já, mas ele diz estar acabando, eu não pois me viraram de costas pro espelho por que é surpresa.

Finalmente ele me vira pro espelho e estão todos atrás de mim esperando minha reação. Não acredito no que vejo, estou com os cabelos ruivos e cacheados, uma maquiagem leve com delineado fino e um batom vermelho vivo. Minhas unhas também estão pintadas de vermelho. Elas sorriem e acho que esperam que eu diga algo.

–Gostei! – digo e todos imediatamente pulam e gritam de alegria, Amy agradece a todos.

Parecemos um pequeno grupo de super modelos, eu me olho no espelho ainda incrédula pro que aconteceu hoje, nunca pensei que eu pudesse me ver assim. Ligo pro Felipe mas ele diz que primeiro é pra eu ir com a Amy que ele tem alguma coisa pra fazer primeiro e já me encontra.Eu pergunto pra ela aonde vamos e como tudo hoje ela me responde que é surpresa.

...

Após elas rodarem comigo por ai, finalmente paramos e eu olho pela janela estamos na frente do bar do Alec, olho pra Amy.

–Nós não vamos entrar ai. Eu não vou entrar ai!

–Kate pensa comigo, qual é o melhor jeito de calar a boca do idiota do Alec mostrando pra ele que tudo o que ele disse ontem não passa de idiotice da cabeça dele.

Eu penso, ainda estou chateada com ele, não sei qual seria minha reação ao vê-lo. Mas com essa aparência acho que vale a pena.

–Ok, mas não vamos falar com ele. – ela sorri.

–Não vai precisar, você vai ver!

Entramos no bar, que estava cheio e toda atenção se volta pra gente. Alec está no caixa, sentamos em uma mesa e ele empurra o garçom e rouba sua bandeja pra vir nos atender.

–Posso atender senhoritas?- ele diz cordialmente, eu seguro o riso. - O que desejam beber essa noite?

–Uma rodada de Martini! – Alessa diz.

– Pra mim não.. – eu contesto e todos olham pra mim, e ai eu vejo que não devia ter aberto a boca.

–O que posso oferecer pra uma ruiva tão bonita? – eu sorrio. –Confesso que nunca vi beleza assim. – as meninas todas riem e eu olho nos seus olhos com ar de indiferença.

–Whisky, puro com gelo.

–Ousada!

Ele sorri e pede pro garçom trazer a rodada de Martini. Vejo-o pegar a garrafa de Whisky, e preparar.

–Desde quando você bebe Whisky? – Amy pergunta.

–Não se, vi isso em um filme. – todas riem, até ele chegar.

Ele chega com meu copo, e eu agradeço, ele ainda serve as meninas quando meu celular toca. Eu atendo, e todos olham inclusive Alec. É Felipe.

–Onde você está?- pergunto.

–Sai aqui fora um pouquinho. – me levanto e todos me acompanham. Quando chego do lado de fora vejo Felipe sorrindo feito um bobo. Atrás dele tem um laço gigante em cima de um carro. Está escuro não consigo ver que carro é, me aproximo.

–Meu Deus! O que fizeram com você? – ele pergunta e rimos, enquanto isso todos do bar estão olhando pra gente. – Tenho um presente pra minha princesa!

–O que? – ele sorri e sai da frente do carro, é um Fiat 500 vermelho.

–Vermelho por que é sua cor preferida, e o modelo porque é inspirado nos clássicos como você gosta.

–É perfeito! – eu o abraço. Olho pra todos que aplaudem e gritam e começo a ficar com vergonha. Apenas uma pessoa está parada olhando pra nós com olhar de raiva, Alec.