Eu Queria Que Não Fosse Assim escrita por A Garota Dos Livros, Mais um romance por favor
Eu estava conversando com Clair, quando Mindle chegou com o cara. Ele, definitivamente, não é do tipo que sairia com ela, mas quando eles chegaram todos pararam para olhar. Eles se sentam numa mesa mais ao fundo, escondidos.
Privacidade para o casal. Claro!
Um dos funcionários chega para atendê-los e eu não consigo desviar os olhos. Mindle vê acena passa mim, eu viro o rosto e saio, deixando Clair falando sozinha. Para não ter que ficar vendo aquela cena ridícula, assumi o lugar do caixa, dando-lhe um tempo de folga. Jack subiu ao palco e abriu a noite do karaokê, assim que avistou Mindle sentada com o cara no fundo, olhou para mim, então disse:
– Algum voluntário ? - ninguém se manifesta - Então, vou ter que dar uma sugestão. O casal ali da ponta, vocês parecem ótimos cantores - Mindle fuzila Jack com os olhos, mas o cara fala alguma coisa - Vamos, casal, subam.
O cara pega na mão de Mindle e a puxa até o palco.
Not About Angels começa tocar, e o cara começar cantar desgraçadamente mal. Ele olha para Mindle pedindo ajuda. Ela fecha os olhos e toma coragem, então começa cantar. Eu não sei que diabos eu estava fazendo, mas eu parei, e tive certeza que nunca tinha ouvido nenhuma voz mais linda. Ela abre os olhos e encara os meus, não consigo disfarçar o quanto estou encantado por sua voz. A musica pareceu curta demais, porque quando acabou, eu ainda queria ouvir sua voz.
Ela e o cara saíram de cima do palco junto com os aplausos e gritos das pessoas, todos estavam tão encantados quanto eu. Ele não parava de falar e ela estava claramente sem graça pelo jeito que sorria.
– Mesa cinco - ele diz.
– 108,40 reais.
– Não ganhamos desconto, minha musica arrasou no seu karaokê - ela diz.
– Não - respondo seco, vendo a proximidade com os dois estão, mesmo com o caixa vazio.
O cara tira o dinheiro da carteira.
– Pode ficar com o troco.
Ele coloca o braço nos ombros de Amy, abraçando-a e fazendo com que ela chegue mais perto. Ele deixou muita gorjeta.
– Menina desgraçada! - Jack chega revoltado - Nem pagou a conta, não é ?! Também, sou muito burro de colocar que as melhores vozes do karaokê ganhavam a noite grátis, vou tirar isso amanhã!
– Ela não ganhou noite grátis.
– O que ? Não deu a ela ? - Jack perguntou com vontade de rir.
– Não.
– Esse é meu garoto!
...
Amy havia cortado a mão feio e Jack estava furioso com o cara da Mindle porque ele ofereceu emprego a Amy, tem certeza que não é apenas isso o que ele quer dela.
Acabei de acordar e ouvi o som da porta do quarto de Jack sem batida com força.
– Se você não confia em mim, não vejo porque ainda estamos juntos - Amy gritou.
– Hey espera! - Jack grita, mas eu não ouço resto, só escuto a porta se fechada pouco minutos depois, sabendo que Jack não voltou para o quarto sozinho.
Meu celular toca. É meu pai.
– Filho - ele diz sério - venha aqui antes da aula.
– Oi, pai. Aconteceu alguma coisa ?
– Só venha aqui.
Então ele desliga.
Tomo um banho rápido e saio de casa. Vou direto para o trabalho do meu pai, sei que ele não vai estar mais em casa a essa hora. Entro na empresa, e nem preciso avisar ninguém, a recepcionista me vê e avisa minha chegada. Entro no elevador, e quando ele para caminho direto para o sala do meu pai.
– Seu pai está te esperando - diz Betty, a velha senhora que adora papel e é secretária do meu pai.
Entro na sala e meu pai está sentado a mesa, me esperando.
– Sente-se - ele diz sem me olhar.
Quando me sento, ele, enfim, me olha.
– Você tirou cem mil da minha conta para dar a um estranho.
– Já disse o que aconteceu.
– Disse, e é por isso mesmo que a partir de agora vai trabalhar pra ganhar seu próprio dinheiro.
Começo rir, ele não pode estar falando sério.
– Não estou brincando, Alec. Não vou depositar mais um tostão em sua conta. Já é um homem, tem um bar, viva dele.
– Está falando sério?
– É claro que estou.
Me levanto indignado.
– Está fazendo isso por causa de cem mil ?
– Não, estou fazendo isso porque você não pode correr pra mim toda vez que fizer alguma cagada. Não é a primeira vez que faz isso.
– Não pode fazer isso!
– Já estou fazendo - ele se volta para os papéis.
Faço uma pausa, para me acalmar.
– Não vai fazer isso, não é ?
– Vou.
– Até quando ? - quase grito.
– Até me provar que não é mais um menino mimado.
– A culpa é sua se eu sou assim, meu velho - digo em tom de deboche.
– Eu sei, por isso estou tentando te consertar.
– Ok, eu me viro.
Saio batendo todas as portas que posso da empresa e entro no carro, saindo como um furacão.
...
– Vou matar aquele desgraçado! - Jackson grita no telefone.
– O que foi ?
– Amy esqueceu o celular comigo e aquele filho de uma égua ligou, não disse o que queria, só que precisava falar com ela.
– Jack, o que você vai fazer ?
– Vou acabar com a raça daquele desgraçado.
– Jack, não...
Então ele desliga. Pego as chaves do carro e saio, não tenho ideia de onde o tal cara mora, mas eu conheço alguém que sabe.
Chego na casa de Mindle poucos minutos depois, já era tarde da noite por isso ela apareceu de pijama.
– Alec? O que faz aqui?
– Jack vai fazer cagada, ele está indo atrás do imbecil do seu amigo porque ele ligou para Amy, mas quem atendeu foi o Jack.
– Droga!
– Preciso que me leve até lá pra impedir o Jack de fazer besteira.
Ela assente e pega as chaves na maçaneta da porta e o casaco, em seguida saímos para o meu carro. Ela me mostra o caminho. Quando paramos na frente de um prédio muito bonito o celular de Mindle, que estava no bolso do casaco, toca.
– Amy! O que foi ? - ela diz preocupada.
Não ouço nada, mas quando ela desliga, seu rosto está pálido.
– O que foi ?
– Jack sofreu um acidente.
– Mas o que...?
– Ele estava vindo pra cá, estava muito rápido, ele não viu um pedestre e desvio dele em cima da hora, perdeu controle e caiu.
Ela mal tinha acabado de falar quando liguei o carro e sai para o hospital.
...
Mindle estava abraçada com Amy que chorava compulsivamente enquanto eu andava de um lado para o outro.
O celular de Mindle toca e ela atende.
– Oi... Sim... Estou no hospital... Não, eu estou bem... Foi um amigo... Melhor não... Espera, melhor você nã...
A pessoa desliga na sua cara, cortando sua frase.
– Q-quem era ? Amy pergunta.
Mindle abre a boca para responder mas o médio apareceu e nós três voamos em cima dele.
– C-como ele está? - Amy pergunta.
– Quebrou um braço, foi feio, tivemos que fazer uma cirurgia. Ele também está todo ralado. Mas fora isso, nada mais aconteceu.
Respiramos aliados.
– Podemos vê-lo ?
– Ele acabou de sair da cirurgia. Voltem amanhã, que poderão vê-lo.
Com isso o médico vai embora.
Eu estava irritado. Como tantas coisas ruins podiam acontecer no mesmo dia ?
– Kate! O que aconteceu ?
Quem era Kate ? E por que aquele cara estava aqui?
– Estou bem. Eu disse, foi um amigo – ela responde.
– Foi o Jack, Felipe - Amy soluçou, Mindle continuava abraçada com ela.
Kate era a Mindle. E o cara chamava Felipe.
– O que aconteceu ? - ele me ignorava e estava em pé na frente das duas.
– Foi sua culpa! - praticamente gritei - Por que tinha que ligar para Amy essa hora ? E pior, porque não disse o que queria? Claro que não, preferiu irritar o Jack, aí ele foi atrás de você e sofreu a porcaria de um acidente.
– A culpa não é dele! - Mindle se levanta em defesa dele.
– E você... - me dirijo a ela, que se assusta com meu tom de voz - Pra começar, isso é culpa sua! Se não tivesse trazido esse desgraçado nada disso teria acontecido. E pelo amor de Deus! Qual é o seu problema? - grito na cara do namoradinho da Mindle - Já olhou para ela ? Viu a desgraça que essa garota é !? Acho que não! Você são perfeitos um para o outro.
Amy me olhava de olhos arregalados, e quando olhei para Mindle, seus olhos estavam vermelhos. Vi um punho chegando perto do meu rosto, mas ele não me acertou. Mindle segurou o braço do cara que me olhava furioso.
– Vamos embora - ela pediu com a voz baixa.
– Vamos - ele respondeu - E você - chegou perto de mim - se eu souber que chegou perto dela de novo...Juro que acabo com a sua raça.
Ele se afastou e arrastou Mindle para fora, ele a puxou para perto com um abraço e beijou seus cabelos bagunçados.
– Como você pôde ? - Amy grita - Você nem o conhece! Filho de uma ...
– Senhores! - uma enfermeira chega - Por favor! Isso aqui é um hospital, parem com essa gritaria!
Amy sai batendo o pé. Vou embora pouco tempo depois.
Que merda eu fiz!
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