O Estranho que Apareceu na Minha Vida escrita por Bloody Butterfly


Capítulo 2
Minha vida depois da garota de olhos azuis


Notas iniciais do capítulo

Fiquei feliz com os comentários e decidi escrever um segundo cap. ainda hoje (ou seria amanhã?). Enfim, espero que estejam gostando!



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POV. Will

Meu nome é William Scott Jefferson e minha vida é uma porcaria. Ótimo jeito de contar uma história, não? Mas é a verdade. Tenho quinze anos e moro com meus pais adotivos desde que o serviço social me achou na estação de trem quando eu tinha quatro anos.

Meus verdadeiros pais me largaram lá. Nós já voltamos foi a última frase que ouvi antes de ser abandonado. Depois foi uma confusão de papéis e registros que só Deus sabe como acabou, e fui adotado. Nada muito diferente da maioria das histórias de meninos abandonados por aí, né?

Então agora, onze anos depois, continuo achando minha vida uma merda. Legal? Nem tanto. Natalie e Charles, meus pais adotivos, estão passando por um processo de divórcio bem complicado. Com complicado quero dizer que ocorrem brigas 24 horas por dia, algumas que chegam aos socos e tapas. E, como nenhum dos dois tem outro lugar para morar, estão sob o mesmo teto, comigo no meio.

Esse divórcio começou há uns seis meses, mas o tribunal não ajuda, por isso eles são 'casados' perante a lei, o que me enlouquece. Acho que também foi há uns seis meses que eu comecei a beber e sair de casa. Meus amigos me incentivaram e eu estava de saco cheio de tudo, acabei cedendo.

Ficava bêbado várias vezes, quase sempre quando Charles batia na minha mãe adotiva. Já até ousei me drogar uma ou duas vezes, mas não era normal. Minhas notas no colégio caíram e passei a gazear aula pra ficar com a roda dos meus amigos mais encrenqueiros. Meus 'pais' estão tão ocupados brigando um com o outro que estão pouco se lixando se eu estou em casa ou não. Na verdade acho que só vão lembrar de mim quando o pessoal do IML for bater na porta deles dizendo que eu tive uma overdose ou que me suicidei, sei lá. Essa é só a porcaria da minha vida mesmo.

Agora acho que tudo estava ainda pior. Por mais que ficar bêbado fosse normal eu nunca tinha acordado no quarto de uma estranha em um hotel. Deus, o que eu fiz? Será que ataquei mesmo a menina? Merda, agora estou ferrado de vez.
Sabe da maior? Eu era virgem. Sério! Álcool e algumas drogas leves foi tudo o que eu fiz na vida. Namorar? No estado que eu estou? Impossível, não acham? É claro, não sou alcoólatra, ainda, mas mesmo assim, problemático como sou uma namorada só me faria mais mal.

Me senti culpado pela menina. Acabou que me vesti bem rápido, arrumei a cama e apanhei um pedaço de papel, escrevendo um breve bilhete para ela. Saí do quarto e olhei o número na porta: 504. Desci pelas escadas até o térreo e deixei o bilhete na portaria, indo em seguida.

Comecei a andar pelas ruas de Manhattan, vendo os carros passarem nas avenidas e as pessoas correrem nas calçadas. Acho que fiquei com aquele peso na consciência. Nem sabia o nome da garota e já tinha dormido com ela. Que droga, detesto me sentir assim.

Não queria voltar pra casa, por isso acabei dando voltas e pulando refeições. Estava com o telefone no bolso, mas não tinha nenhuma ligação. Creio que nem devem ter percebido que não dormi em casa. Maravilha.

Já eram três da tarde quando lembrei que tinha aula de manhã. Grande coisa. Eu estava um trapo, em todos os sentidos. Não me lembrava de praticamente nada da noite anterior, o que não era novidade, mas eu queria pela menos lembrar quem ela era. Meus pensamentos vaguearam de novo.

Fora que ela deve me odiar a esse ponto. Eu mesmo estava me odiando no momento. Quis me desculpar, mas não sabia como. Parei na frente de uma floricultura, tendo uma súbita ideia. Entrei e arrumei um buquê de tulipas, eram as mais bonitas que achei. Paguei e quando voltei para as ruas tentei me lembrar do caminho para o prédio dela.

Fiquei perdido três vezes e pedi informação cinco vezes, entretanto consegui chegar lá por algum milagre paralelo. Hesitei na portaria, todavia decidi entrar mesmo assim. O porteiro nem olhou na minha cara direito e me deu permissão para entrar sem nem avisar. Acho que se lembrou de mim da mesma manhã.
Parei na porta do 502, preocupado.

Talvez ela nem esteja. Pensei indeciso Mas se fosse assim o cara da portaria teria avisado.

Porcaria, detesto ficar indeciso. Acabei apertando a campainha e esperando. Meu coração acelerou quando ouvi passos do lado de dentro irem atá a porta. Vozes conversavam coisas que eu não podia ouvir e de repente a garota abriu a porta de ficou no batente, assustada ao me ver.

–O QUÊ ESTÁ FAZENDO AQUI DE NOVO?! -gritou ela, pra mim, o rosto ficando vermelho de raiva.

–Bi? -uma voz feminina sussurrou do lado de dentro.

A menina saiu para fora e fechou a porta, me olhando com raiva.

–O que você quer? -falou em um tom mais controlado.

–M-Me desculpar. -gaguejei (droga, por quê não consigo falar que nem gente?).

Acho que é porque a garota é muito bonita. Ela é alta, mesmo que baixinha comparada a mim, seus cabelos são loiros e os olhos são incrivelmente azuis. É magra e tinha um estilo próprio para se vestir, usava uma calça skinny azul, e uma camiseta branca em cima de uma camisa xadrez rosa e preta e All stars pretos desamarrados.

–Se desculpar? Você é idiota? -indignou-se ela- Que inferno de dia. E o que está segurando pra trás assim?

–Ah, -tirei o buquê de trás das costas, só naquele momento reparando que o estava segurando- Era pra você como presente de desculpas. Só pra saber que eu estava falando sério.

–Tá tirando uma da minha cara? -ela ficou ainda mais vermelha- Você me ataca bêbada, tira minha virgindade, sai sem dizer nem o nome e agora me traz flores? Qual é o seu problema?

–Muitos. -respondi, já me arrependendo de ter vindo- E eu também não sei seu nome. Na verdade não lembro de nada, eu também estava bêbado.

–Que ótimo! -ironizou ela.

–Mas pelo menos vim pedir desculpas! Isso... nunca tinha acontecido antes e... sinto muito.

Ela pensou por um segundo.

–Você... fala sério? Não fez de propósito?

–Não! -me apressei em contar- É claro que não! Se fosse de propósito eu não estaria aqui me desculpando!

Ela fez uma careta.

–De qualquer jeito, só vai embora.

–Não vai nem me dizer seu nome?

Ela olhou bem dentro dos meus olhos e suspirou.

–Bianca. Meu nome é Bianca.

Consegui dar um sorriso.

–Então me desculpe, Bianca. Meu nome é Will. -ofereci-lhe as flores.

–Imaginei pelo cartão. -ela olhou o buquê, cética- Não vou aceitar isso porque não te perdoei.

–Ah, pelo menos fica pra você. -pedi- Vai ser estranho voltar pra casa trazendo tulipas e acho que você imagina o motivo.
Ela deu um leve sorriso, mas depois ficou carrancuda e tirou as flores das minhas mãos.

–Tá bom. -balbuciou, olhando para o chão.

Sorri.

–Tomara que não me odeie para sempre, Bianca do 502. -falei em tom de despedida.

–Espero que chegue o dia que eu esqueça que você existe, Will de 'não-sei-onde'. -respondeu ela no mesmo tom.

No fim essas foram as palavras que troquei com ela naquele dia. Mas ainda assim continuei com a sensação de ter feito algo que não pode ser reparado, um erro que não posso concertar.

Saí dali pra ir pra casa e ouvir alguns gritos, só pra variar.


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Notas finais do capítulo

Como ficou? Bem, o próx. cap. vem logo, aproveitem!



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